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DEUS DARÁ E OS PITTAS DO RN (I)

O

s Pitta surgiram nas minhas pesquisas de várias formas: na

escritura das terras de Domingos Affonso Ferreira e Bento José da Costa; nos registros da Igreja, por conta de seus escravos; na

menção, em alguns registros, da Fazenda Olho d’Água dos Pitta; e na vida de meu tetravô Cosme Teixeira de Carvalho, pois, antes dele casar com Dona Maria Ignácia, foi casado com Dona Aldonsa da Fonseca Pitta.

Segundo o descendente Manoel Américo de Carvalho Pitta, no seu livro sobre os Pitta, o velho Sesmeiro Simão da Fonseca Pitta se fixou por Santana e era o pai de Luiz da Rocha Pitta. Acredito que não, por conta dos dados que colocarei logo abaixo. Diz mais, que Luiz casou com uma filha de Balthazar Soares, e que este último era casado com uma filha de Antonio Lopes Viégas e Anna Barbosa da Conceição. Até o momento não encontrei nenhuma informação que confirme que Leonarda Maria da Apresentação, esposa de Luiz da Rocha Pitta, era neta do fundador de Angicos.

Manoel Varella Barca, no seu testamento, datado de 10/4/1844, diz: Declaro que sou procurador e administrador de várias fazendas pertencentes às casas dos senhores Christovão da Rocha Pitta, da cidade da Bahia, e viúva Costa, da Praça de Pernambuco. Possivelmente, ele teria informações importantes sobre os Pittas.

Os Pittas já estão no Rio Grande do Norte há bastante tempo. O livro Questão de Limite faz referência a uma carta régia, datada de 14 de dezembro de 1701, mencionando que quarenta vaqueiros enviados por Antonio da Rocha Pitta pretenderam expulsar os gados existentes na Ribeira do Assú, procedimento que foi sustado pelo capitão general de Pernambuco.

Por volta de 1733, os filhos e herdeiros do coronel Antonio da Rocha Pitta e de sua mulher Dona Aldonsa de La Penha Deus Dará, coronel Luiz da Rocha Pitta Deus Dará, Francisco da Rocha Pitta, Simão da Fonseca Pitta e Dona Maria Joana requereram e tiveram, posteriormente, confirmação real de duas sesmarias: a de Pao Ferro e a de Campo Grande, ambas na Ribeira do Apodi. Os documentos

são os de números 196, 197 e 256, do segundo livro de Sesmarias do Rio Grande do Norte da Coleção Mossoroense.

Em 1719, Luiz da Rocha Pitta Deus Dará já era coronel do Regimento de Infantaria da Ordenança da Bahia de Todos os Santos. Não encontrei mais nenhuma informação sobre sua presença aqui no Rio Grande do Norte.

No livro de João de Lyra Tavares, Apontamentos para a História Territorial da Parayba, vamos encontrar várias sesmarias concedidas a Simão da Fonseca Pitta e ao seu sobrinho Christovão da Rocha Pitta. Transcrevemos aqui os trechos iniciais de algumas delas para nos situarmos no tempo e nas informações especiais que elas contêm.

A de número 418 de 21/7/1753 – Simão da Fonseca Pitta Deus Dará, diz que ele suplicante estava possuindo e dominando no sertão de Piranhas desta Capitania, há mais de quarenta anos, dois sítios de criar gados chamados Batalha e Tais, por herança de seu pai defunto Antonio da Rocha Pitta Deus Dará. Na verdade o sobre- nome Deus Dará vem de Dona Aldonsa e não de Antonio da Rocha. A de número 481 de 11/1/1759 – Simão da Fonseca Pitta, morador na cidade da Bahia, diz que era senhor e possuidor de uma sorte de terras de criar gado no Rio das Piranhas desta Capitania que houve por herança do defunto seu irmão Luiz da Rocha Pitta Deus Dará.

A de número 488 de 19/2/1759 – Simão da Fonseca Pitta, morador na Bahia, como herdeiro á beneficio do inventário do defunto seu irmão Luiz da Rocha Pitta Deus Dará.

A de número 641 de 4/3/1768 – Christovão da Rocha Pitta, morador no seu engenho Caboto, termo da cidade da Bahia.

A de número 791 de 2/3/1781 – capitão mor Christovão da Rocha Pitta, diz que possui um sítio denominado Santana, na Ribeira do Piranhas, que herdou do seu tio Simão da Fonseca Pitta.

É importante ressaltar que Borges da Fonseca, na sua Nobiliarquia Pernambucana, escrevendo sobre Aldonsa e Antonio da Rocha Pitta diz que Simão (da Fonseca) Pitta não tem filhos e só os tem uma irmã sua D. Maria (Joanna Pitta Deusdará) que casou em Portugal com Manoel Homem (Freire de Figueredo). Aliás, uma das filhas se chamava Anna Aldonsa de Figueredo Deus Dará.

O fato de Simão herdar terras de Luiz da Rocha Pitta Deus Dará e Christovão herdar de Simão sugere a possibilidade dos dois primeiros não terem filhos. De quem Christovão era filho? Ele, tam- bém, não deixou filhos legítimos, mas tinha filhos bastardos, inclu- sive um com o mesmo nome dele. Outro detalhe, nas informações sobre as sesmarias da Paraíba, é que os sesmeiros são citados como moradores na Bahia, nas datas apresentadas.

Através do trabalho de Pedro Puntoni, sobre Bernardo Vieira Ravasco, encontramos dados sobre as origens de Dona Aldonsa de La Penha Deus Dará. Leonarda Vieira Ravasco, irmã do Bernardo Vieira Ravasco e do Padre Antonio Vieira, casou com Simão Álvares de La Penha Deus Dará, filho de Manuel Álvares Deus Dará um dos apoiadores da restauração pernambucana, e Aldonsa de La Penha. Quando faltavam provimentos para os soldados, Manuel Álvares dizia: Deus dará. Ficou com o apelido. Depois conseguiu autoriza- ção real para acrescentar tal apelido ao nome, o que conseguiu pelos relevantes serviços prestados durante a invasão holandesa. Dona Leonarda, Simão e os filhos morreram em um naufrágio quando via- javam para Portugal.

Francisca de La Penha Deus Dará, irmã de Simão Álvares, e cunhada de Leonarda, casou com o dono do Engenho Caboto, Simão da Fonseca de Siqueira, e tiveram uma única filha, Dona Aldonsa da

Penha Deus Dará, que casou com o riquíssimo coronel Antonio da Rocha Pitta. Por isso, os filhos do casal aparecem com os sobrenomes Rocha Pitta, Fonseca e Deus Dará.