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ão sei precisar quando o nome Macau apareceu nos mapas

e documentos do Rio Grande do Norte. Não encontrei nas sesmarias do Rio Grande do Norte esse nome.

A sesmaria pedida por Francisco Carvalho Alcacer (Valcacer), em 1780, menciona locais como Ilha do Pisasal, Água Maré, Mangue Seco, Trapiche. Outra do mesmo Valcacer, datada de 1782, cita locais como Camboa dos Barcos, Barra do Amargoso, Armazéns, Fazenda Amargoso, mas o nome Macau não aparece, embora o documento pedisse todas as ilhas que estivessem dentro da solicitação.

No livro de Dioclécio D Duarte – A indústria extrativa do sal e a sua importância na economia do Brasil – ele escreveu: As salinas do Assú e Mossoró (Revista do Instituto Histórico e Geográfico e

Etnográfico do Brasil – Tomo XLVI – pág. 174) que se estendem em um espaço de costa, desde Água Maré até a barra de Assú, por 36 léguas, eram uma costa realenga, habitada por pescadores, que seca- vam o seu pescado e vendia para o Recife de Pernambuco e tiravam sal, que traziam para o pontal da barra do Assú e barra dos Cavalos, onde fundiam as sumacas, e eles vendiam o sal cada um alqueire a 60 e 80 réis.

Frei Manoel (de Jesus Maria), religioso carmelita do convento da Cidade de Olinda, no ano de 1792, tirou esse terreno por sesmaria em nome do seu pai e aposentou-se lá de morada, dando 200$000 ao convento, e com a procuração do pai desapossou desta costa todos os moradores, deixando somente àqueles que estiveram pela dura condição de lhe darem metade de sua pescaria, depois de beneficiada e não tirarem o sal.

Compra a fazenda de criar gado junto ao rio das Conchas, chamada Cacimbas do Vianna, por 1:000$000 e a fazenda chamada Amargoso, por 1:200$000, e por este modo fica só com o exclusivo do sal, que vendia às sumacas a 160 e 200 réis.

Sabe ganhar amizade dos carregadores da comarca de Paraíba e com violência despeja um grande numero de povos que ali habita- vam, tão úteis a Pernambuco pelo fornecimento do seu pescado seco; não obstante do maior número desses povos terem sido mais antigos em habitar este terreno e por isso tinha a preferência na conformi- dade da carta régia sobre as sesmarias e Ord. Do livro 4 tits. 57 e 58, que mandam preferir a posse a donativos das terras que contestam sobre aquele que tiram por sesmaria.

Finalmente cresce a indignação nestes povos sobre este padre e houve uns assassínios, em que ele saiu culpado indo esse processo crime a Lisboa foi sentenciado para Angola, não chegando a cumprir este extermínio, porque morreu no ano de 1806.

Suas terras foram repassadas para sua irmã D. Rosa da Fonseca, sendo ambos filhos de Francisco Carvalho de Valcácer e Joanna Maria da Fonseca.

Na escritura das terras vendidas por Dona Rosa da Fonseca, no ano de 1797, está escrito que Macau, Trapiche, Quatro Bocas, Armazéns e Barreiras foram herdados dos seus pais Francisco Carvalho de Valcácer e Joanna Maria da Fonseca; na relação das 13 léguas pertencentes ao coronel Bento José da Costa, consta que a Ilha denominada Macau, com uma légua de Leste a Oeste tinha 4 fogos, não servia para criar, por não ter água.

Quando em 1810 foram feitas as avaliações das terras per- tencentes aos bens de Domingos Affonso Ferreira e sua mulher Donna Maria Theodora Moreira de Carvalho, a descrição feita pelo Administrador dessas ditas terras, José Álvares Lessa, era a seguinte: Ilha denominada, do Macáo, com uma légua de comprimento do Norte, e Cambôa dos Barcos a Leste, e Nascente até a Cambôa do Amargozinho, e com largura de três quartos de légua; tem ruins sali- nas, bons pastos para gado, porém não tem água doce; vista e ava- liado por cinquenta mil-réis.

Segundo Francisco de Assis Gondim Menescal, em Algumas notas sobe as propriedades da Companhia Comércio e Navegação no litoral do Estado do Rio Grande do Norte (Coleção Mossoroense), quem recebeu as terras e tomou posse como Administrador das mes- mas foi o procurador dos compradores, Felipe Rodrigues Santiago. Ele perante o tabelião público da Vila Nova da Princesa, Manuel José de Azevedo, lançou três vezes terras para o ar, abriu e fechou portei- ras do curral da mesma fazenda, meteu e fincou estacas e finalmente cortou ramos e fincou uma grande cruz de pau de emburana entre o curral e a cerca. Completa mais: fincou finalmente uma cruz de trinta ou quarenta palmos no porto onde chega a maré.

Já em 1810, estava como Administrador José Álvares Lessa. Em 1818, quando da invasão dos piratas ingleses à Ilha de Manoel Gonçalves e adjacências, chefiava o degredo da Ilha, Alexandre José de Sousa. Naquela mesma data já se encontrava o capitão João Martins Ferreira, como administrador das terras de Bento José da Costa.

Essa posse foi mantida por 71 anos, sendo transferida, em 26 de fevereiro de 1868, por Bento José da Costa (Junior) e sua mulher Emília Júlia Pires Ferreira ao capitão José Gomes de Amorim.

Diz Nestor Lima: desabitada, a princípio, quando outros pon- tos como Alagamar e a Ilha de Manoel Gonçalves eram povoadas, Macau teve como primeiros habitantes e povoadores os portugue- ses capitão João Martins Ferreira, e seus quatros genros Antonio Joaquim de Sousa, José Joaquim Fernandes, Manoel José Fernandes, e Manoel Antonio Fernandes, além de Manoel Rodrigues Ferreira, João Garcia Valadão, Francisco José da Costa Coentro, Elisiário Antonio Cordeiro e o brasileiro Jacinto João da Ora, que habitavam a Ilha de Manoel Gonçalves e de lá se mudaram para a incipiente povoação de Macau.

Continua Nestor, com o decorrer do tempo, vieram estabele- cer-se novos habitantes, com casas de comércio e fábricas de sal. Para a nova povoação foi transferida, por lei de 9 de novembro de 1835, a cadeira de instrução primária do povoado de Oficinas, pertencente ao município de Assú.

Segundo Cascudo, criado a dois de outubro de 1847 pela transformação da sede própria do Município de Angicos para a Povoação de Macau, elevado ao predicamento de Vila. Cidade em 9 de setembro de 1875.

Já Nestor Lima escreveu que esse território pertenceu primi- tivamente ao município de Assú, desde 1783; depois, a Santana do Matos; em seguida a Angicos, e finalmente, tornou-se autônomo, a

contar de 1847. Seus limites eram em geral os seguintes: ao Norte, o Oceano Atlântico; a Leste, o município de Touros, e hoje, Baixa Verde; ao Sul, aos municípios de Angicos e Assú, e a Oeste, o de Assú.

Pelo porto de Macau passavam as mercadorias com destino ao centro do sertão: a lei nº 28 de novembro de 1836, na presidência de João Ferreira de Aguiar, criou a mesa de arrecadação de rendas provinciais, com um administrador, que servisse de tesoureiro, um escrivão e os fiscais que fossem necessários.

Câmara Cascudo dá mais notícias: Nesse 1825 parece ter tido Macau um surto de desenvolvimento. João Martins Ferreira, seu filho e quatro genros, pioneiros na fixação social, construíram a casa comercial, escrevendo na fachada, 1825.