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4. ORIGENS, OCUPAÇÃO E URBANIZAÇÃO NO RIO DE

4.3 de fortificação defensiva à Capital da República

4.3.1 ciclo do ouro

Em fins do século XVII, com a descoberta de jazidas auríferas em Minas Gerais, a cidade do Rio de Janeiro tornou-se passagem obrigatória de pessoas e mercadorias e começou a apresentar um incremento nas atividades econômicas e um crescimento populacional. Na época o ouro era escoado por Parati (vide Tabelas 4.2 e 4.3)2, conectada a Vila Rica (1711), hoje Ouro Preto capital então da Província de Minas Gerais, por uma estrada direta. Porém, a "comunicação entre Minas e Rio de Janeiro passando pelo porto de Parati, a sudoeste do Rio de Janeiro demonstrou-se pouco satisfatória. Foram então procuradas novas veredas na serra" (STEIN, 1990 :8).

Em 1725 o "Caminho Novo de Garcia Rodrigues" foi concluído e tornou-se a principal ligação entre a cidade do Rio de Janeiro e as Minas Gerais3. Até então, o único acesso pelo sul para as Minas Gerais partia da cidade de São Paulo, através de Cachoeira Paulista. O fluxo de mercadorias foi, então, direcionado para a cidade do Rio de Janeiro, que prosperou ao se tornar o principal escoadouro da produção de ouro e diamantes para Portugal e centro de abastecimento de escravos, sal, instrumentos de ferro e gêneros alimentícios para uma vasta área (LOBO, 1978:28 e FERNANDES Fº, 1983 :5). Em meados do século XVIII vastas áreas a oeste e ao sul da colônia dependiam do comércio com o Rio de Janeiro, pois o "Caminho Novo" ia até a região de Cuiabá no

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“inicialmente era um núcleo agrícola com o nome de Santo Antônio de Caceribu” CIDE, 1993b :78.

Elevado a condição de vila pelo Alvará de 15/05/1679 CIDE, 1989 :18. “Teve sua sede deslocada para

Santana de Macacu em 1877, em 1898 mudou o nome para Santana de Japuíba, foi elevada a cidade em 1923, e em 1929 a sede foi novamente transferida” CIDE, 1993b :78.

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"originada como ponto de embarque do ouro, proveniente das Minas Gerais e do açúcar produzido nas

planícies vizinhas". FAPERJ, 1983 :99.

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“Esse caminho teve seu traçado seguido aproximadamente pela Linha Auxiliar da E.F. Central do Brasil e

pela rodovia que liga Miguel Pereira a Paraíba do Sul”, esta estrada decaiu de importância com as

ferrovias e até hoje o trecho entre Avelar, distrito de Paty do Alferes, próximo de Miguel Pereira, e a BR- 393 não foi pavimentada. LACORTE, 1976 :25.

E ste r Limon a d - O s Lu g a re s d a Urb a n iza çã o 8 7 Mato Grosso e colocou toda a zona mineradora, que compreendia parte de Minas Gerais e Goiás em contato com o porto do Rio de Janeiro (LOBO, 1978 :40).

A descoberta das lavras mineiras atraiu de Portugal em meio século quase 1 milhão de pessoas e impulsionou o surgimento de vilas e povoados, e fez surgir 8 vilas entre 1711 e 1718 em Minas Gerais, área que mais rápido se transformou (REIS, 1968 :64-65 e 81). Neste período, a imigração portuguesa para o Brasil chegou a causar o despovoamento de algumas regiões em Portugal, para contê-lo o governo português foi obrigado a adotar medidas severas. Por volta de 1720 a Colônia contava com sessenta e três vilas e oito cidades, com uma maior concentração em São Paulo1, enquanto a rede urbana existente no atual território fluminense resumia-se a seis cidades e vilas além do Rio de Janeiro a saber, Angra dos Santos Reis da Ilha Grande, Nossa Senhora da Assunção do Cabo Frio, Parati, São Salvador dos Campos de Goitacazes, São João da Barra e Santo Antônio de Macacu.

O ciclo do ouro, no século XVIII, contribuiu para o surgimento de apenas dois aglomerados urbanos (pousos) no planalto fluminense, ao longo do caminho novo das Minas Gerais, Inconfidência, enquanto posto de troca de mulas2 e Paraíba do Sul, que vegetou durante quase um século, "malgrado o tráfego diário pelo arraial, de tropas e boiadas cada vez mais numerosas com a crescente importância da capital e das cidades mineiras em pleno apogeu da mineração" (LAMEGO, 1963 :128 e DUARTE, 1979 :86). Além desta não surgiu ao longo deste caminho nenhuma vila ou pousada que viesse a evoluir para cidade. Em uma minuciosa relação de cidades e vilas surgidas no século XVIII, no atual estado do Rio de Janeiro, elaborada por Aroldo de Azevedo só se encontra a vila de Magé, em 1789 (vide Tabela 4.3).

A necessidade de proteger a zona mineradora, de diminuir a evasão fiscal e o desejo de expandir a colônia até a bacia do Prata fez o governo português estender a jurisdição do Rio de Janeiro à região das Minas e ao sul da colônia e, em 1763, propiciou a transferência da Capital da Colônia e das funções político-administrativas de Salvador na Bahia para o Rio de Janeiro. Nessa época a cidade do Rio de Janeiro contava com

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A distribuição geográfica das aglomerações já apontava para uma maior concentração em São Paulo com 16 vilas até 1705; na Bahia, com 10 povoações até 1701. A multiplicação de povoados talvez deva- se à autorização dada pelos donatários aos capitães-móres para fundarem vilas e à preocupação de consolidar posições já ocupadas, em relação aos espanhóis. As áreas do Rio de Janeiro e da Bahia registraram um acréscimo de quatro vilas cada uma, devido ao crescimento populacional e às autorizações régias para os governadores fundarem vilas. REIS, 1968 :64-65, 81-82.

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Paraíba do Sul tem sua origem no ponto de travessia do rio Paraíba pelo caminho das Minas Gerais, FAPERJ, 1983 :83. Inconfidência permanece até os dias de hoje como vila do 2o. distrito do Município de Paraíba do Sul. FAPERJ, 1983 :83.

E ste r Limon a d - O s Lu g a re s d a Urb a n iza çã o 8 8 pouco mais de 40.000 habitantes1. No último quartel do século XVIII a atividade comercial caiu pela metade em função da decadência das minas e das restrições comerciais impostas por Portugal com a instalação do Governo Central da Colônia no Rio de Janeiro.

No documento 1996 Limonad Os Lugares da Urbanizacao[1] (páginas 102-104)