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CAPÍTULO 4: CARACTERIZAÇÃO DOS ESTUDOS DE CASOS Neste capítulo, apresenta-se a descrição do contexto histórico, das

5.1. DESCRIÇÃO DA APLICAÇÃO PRÁTICA DOS MÉTODOS DE

5.1.2. Cidade de Afuá

A visita à Cidade de Afuá ocorreu em agosto de 2013. Por ser muito distante de Belém, 254 km, a viagem de barco até Afuá dura aproximadamente 36 horas. Por conta disso e, para organizar melhor o tempo, a pesquisadora resolveu ir até Macapá (Amapá) de avião (40 minutos) e seguir de barco até a Ilha em uma viagem de aproximadamente 5 horas.

O fato da pesquisadora não conhecer a Ilha tornou a experiência mais interessante, pois por meio da observação participante, pôde-se perceber e identificar os problemas existentes relacionados à acessibilidade espacial desde a saída do Porto em Macapá até a atracagem e desembarque em Afuá.

Dessa forma, por exemplo, foi possível presenciar no momento do desembarque as dificuldades e as diversas táticas que os passageiros encontravam para conseguir fazer a transferência do barco para o trapiche. Neste processo, foram observados mães com criança de colo, idosos, crianças, convalescentes cirúrgicos e como era organizada a retirada das bagagens e das cargas.

A partir deste primeiro contanto a pesquisadora, no papel também de turista não conseguiu de imediato se orientar na cidade devido à ausência de elementos informativos no local, sendo necessária a ajuda de terceiros para obter quaisquer informações.

A partir dessas observações e outros métodos de visitas

exploratórias, levantamentos técnicos e entrevistas foram compondo-se

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A primeira atitude foi estabelecer contato com a Prefeitura Municipal de Afuá para conseguir informações primárias e autorização direta para a pesquisa de campo e entrevistas dos funcionários públicos. Assim, a pesquisadora apresentou-se aos funcionários responsáveis pela autorização esclarecendo o objetivo da pesquisa e como poderia proceder para obter a concessão dos dados necessários.

Diante isso, o interesse deste Órgão pela pesquisa foi considerado positivo, visto que a permissão de acesso direto dos dados- Plano Diretor da Cidade, Código de Postura, Mapas da cidade em DWG- foram entregues a partir de um documento de comprometimento da pesquisadora com o retorno da pesquisa à Prefeitura de Afuá para futuros projetos de acessibilidade à cidade.

A partir da autorização, deu-se início às entrevistas que, com a experiência na Ilha do Combu, foram de cunho informal, utilizando um gravador, uma máquina fotográfica e bloco de anotações para comentar alguma observação identificada que pudesse ser relevante para compor as avaliações.

Por estar envolvido diretamente à infraestrutura da cidade, um dos arquitetos da cidade de Afuá, foi o primeiro a ser entrevistado, sendo sua fala e visão a respeito da acessibilidade de grande valia, pois foi possível compreender pelo seu conhecimento técnico como são realizadas as construções, as técnicas apropriadas e reais dificuldades que envolvem os custos, a manutenção e a questão da sustentabilidade na cidade.

Como autoridade e sendo parte essencial para fundamentar este trabalho, foi entrevistado o Vice- Prefeito da cidade, Henrique da Cunha, para a contribuição e conscientização de informações acerca das políticas públicas que envolvem a acessibilidade na cidade, conhecimento do local e interesses futuros para esta questão.

Na ocasião, a fim de se obter informações sobre a existência de pessoas com deficiências na Ilha, foi entrevistada a coordenadora do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) de Afuá. Esta entrevistada além de descrever várias situações importantes ao trabalho, indicou e recomendou as pessoas que poderiam agregar positivamente a pesquisa. Dentre estes, foi possível contato apenas com um cadeirante que mora na Ilha, que consentiu uma entrevista e, posteriormente, a realização do método do passeio acompanhado.

Entrevistar este participante foi enriquecedor, pois ele explicou sua trajetória e as dificuldades encontradas e vencidas ao longo dos anos na Ilha. Ao final da entrevista, foi feita a proposta do método do passeio

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explicar com detalhes como seria o processo, este se dispôs a realizá-lo. Assim, a pesquisadora pediu para ele levá-la para passear pela cidade, através de um trajeto que passasse tanto pelas calçadas de madeira, quanto pelas de concreto englobando o Trapiche Municipal de Afuá e a Praça principal localizada na orla chamada Albertino Baraúna (Figura 64).

Este participante estava ciente que deveria ir relatando em um gravador as dificuldades encontradas pelo caminho, o porquê de algumas tomadas de decisão ao longo do passeio como paradas, mudanças de direção, caminhadas lentas ou rápidas e as preferências por alguns caminhos durante o percurso. Por sua vez, a pesquisadora o acompanhava, sem o conduzir, com a máquina fotográfica para registrar todas as situações ocorridas. O bloco de anotações auxiliou na descrição dos pontos relevantes que foram observados pela mesma e muitas vezes não comentados pelo voluntário.

Figura 64- Trajeto do passeio Acompanhado

Fonte: Própria autora, 2013; CIDADE DE AFUÁ, 2006.

Depois desta fase, foram desenvolvidos os levantamentos técnicos com medições das calçadas em madeira e das calçadas em concreto. Diante isso, foram delimitadas as áreas de estudo, onde se escolheu algumas calçadas de madeira localizadas nos dois bairros existentes na cidade como exemplos gerais, pois as calçadas têm as mesmas características e medidas. As informações foram inseridas nas

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tabelas de análise de acessibilidade dos acessos indicados e explicados anteriormente (tabela 01).

Vale salientar que, por estar sozinha, a pesquisadora enfrentou algumas dificuldades para fazer os levantamentos métricos junto aos registros fotográficos e anotações observadas.

Portanto, na cidade de Afuá, utilizou-se um diagrama esquemático (Figura 65) a fim de se entender melhor como foi realizado o processo metodológico para se alcançar as informações necessárias e obter os resultados desta pesquisa.

Figura 65- Diagrama esquemático do processo metodológico para a Cidade de Afuá

Fonte: Própria autora, 2013.

Assim, a partir destes estudos exploratórios foi desenvolvida análise de acessibilidade espacial para seleção de situações exemplares (positivas e negativas) identificadas na Ilha do Combu e na Cidade de Afuá. Estas análises foram essenciais para o desenvolvimento das soluções espaciais de acessibilidade mais adequadas a estes ambientes, expostos no capítulo 6.

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