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CAPÍTULO 3: PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Neste capítulo, estão expostos os conceitos referentes aos

3.3. DESENVOLVIMENTO DA 2ª ETAPA

3.3.1. Pesquisa de campo

A partir da pesquisa bibliográfica e da pesquisa documental, a metodologia foi ampliada para o desenvolvimento das pesquisas de

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participante, as entrevistas e os passeios acompanhados. Por razões de

distância e tempo, visto que a pesquisadora mora atualmente em Florianópolis, Santa Catarina, a pesquisa de campo foi realizada no período de janeiro e fevereiro de 2013 na Ilha do Combu e em agosto, do mesmo ano, na Cidade de Afuá. Após a defesa de Qualificação desta pesquisa em outubro de 2013, a pesquisadora precisou voltar às visitas à Ilha do Combu que ocorreram no período de fevereiro a meados março de 2014, e em outubro a dezembro de 2014.

Dadas estas informações, seguem-se, primeiramente, os conceitos centrais da Pesquisa de Campo e alguns dados importantes ocorridos durante a aplicação deste método. Cabe esclarecer que a descrição em detalhes destes métodos, será apresentada no capítulo 5, pois são relevantes para a compreensão de como ocorrera o processo das avaliações de acessibilidade nas duas ilhas.

a) Visita Exploratória e Observação Participante

As visitas exploratórias ocorridas nas duas ilhas, foram fundamentadas a partir do pensamento de Lakatos e Marconi (2010, p.171). Para eles, a visita exploratória tem por objetivo a formulação de questões ou de problemas, com tripla finalidade: desenvolver hipóteses, aumentar a familiaridade do pesquisador com um ambiente a fim de realizar uma pesquisa futura mais precisa.

Este método foi imprescindível para se conhecer e entender na prática o modo de vida dos ribeirinhos, a sua cultural local e, principalmente como funciona a realidade da Ilha do Combu e da cidade de Afuá no que tange suas estruturas físicas para assim, verificar a questão da acessibilidade nessas comunidades.

Em conformidade com Severino (2007) as visitas in loco foram relevantes para as investigações preliminares, pois auxiliaram na delimitação de pesquisa nas duas ilhas, e preceder à etapa descritiva deste estudo.

Concomitante as visitas exploratórias, empregou-se também o método de observação participante. De acordo com Richardson (2008, p. 82) quando a observação é adequadamente conduzida pode revelar inesperados e surpreendentes resultados que, possivelmente não seria examinada em estudos que utilizassem técnicas diretivas. Assim, as observações podem obter informações de fenômenos novos e inexplicados que desafiam nossa curiosidade.

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Os dados obtidos destes dois primeiros métodos tiveram resultados positivos. As observações ajudaram a pesquisadora a identificar os principais problemas existentes nas calçadas e nos trapiches. A cada visita eram feitas novas anotações, das quais resultaram nas primeiras ideias para as futuras intervenções que, aos poucos, foram amadurecidas ao longo desta pesquisa.

Dessa forma, compreende-se que este método é muito importante porque permite captar a perspectiva dos sujeitos investigados, ou seja, seu modo de pensar e sentir, seus valores, sua visão de mundo, etc. (LUDWIG, 2012).

b) Entrevista não estruturada

Ao realizar as primeiras visitas à ilha do Combu, observou-se que as pessoas ficavam intimidadas e receosas diante das perguntas feitas a partir de um questionário e/ ou das anotações realizadas. A partir dessas observações, resolveu-se utilizar o método das entrevistas não

estruturadas, pois, em geral, as perguntas são abertas e podem ser

respondidas dentro de uma conversa informal (LAKATOS e MARCONI, 2010).

Dentre várias abordagens, utilizou-se o método de Richardson (2008, p. 210, grifo nosso), no qual recomenda que durante uma entrevista, o entrevistado deve ter liberdade de falar e abordar o tema na forma que ele quiser. O entrevistador não deve fazer perguntas técnicas de difícil compreensão, mas deve permitir análise detalhada, manifestar interesse e prestar atenção do início ao fim, desempenhando apenas a função de orientação e estimulação do entrevistado.

Ao seguir esta lógica, utilizou-se de instrumentos como o gravador portátil e um pequeno bloco de anotação para descrever situações observadas durante a entrevista de forma discreta. Tal procedimento resultou em uma mudança clara dos entrevistados, ao ficarem mais à vontade para responder as perguntas solicitadas. A partir deste resultado positivo na Ilha do Combu, este método pôde ser empregado na Cidade de Afuá com mais fluidez.

c) Passeio Acompanhado

Outro procedimento interessante para esta pesquisa é o método do Passeio Acompanhado, desenvolvido por Dischinger (2000) em sua tese de doutorado, na qual consiste em identificar a percepção do espaço

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e o comportamento dos usuários a partir dos percursos realizados no local de estudo.

O pesquisador, em comum acordo com o entrevistado, define data, local e um roteiro ou percurso, para a realização de atividade rotineira do mesmo. Para a realização do passeio o entrevistador acompanha o entrevistado durante o desenvolvimento das atividades sem interferir no seu desenvolvimento, exceção feita quando o mesmo se expõe a algum tipo de perigo (por exemplo, pessoa cega se dirigindo a um obstáculo).

Solicita-se ao entrevistado que descreva quando enfrenta dificuldades e como supera ou não as mesmas. O entrevistador pode questionar o entrevistado interrompendo as atividades se não compreender como as dificuldades foram superadas, ou porque são intransponíveis ou especialmente difíceis.

Ainda de acordo com Dischinger (2000, p.144) todo o diálogo deve ser gravado e os eventos mais importantes devem ser fotografados, ou o passeio pode ser filmado e fotografado. Após a realização do passeio, os registros de voz devem ser transcritos e analisados, e deve ser elaborado um "mapa" do passeio, organizando as fotografias de modo a ilustrar as situações mais relevantes que devem ser acrescentadas em um registro sequencial e temporal do passeio.

No entanto, para esta pesquisa a aplicação deste método necessitou alguns cuidados. Por envolver caminhadas nas calçadas de madeira, entendeu-se que haveria alguns riscos em potenciais associados a possíveis presença de barreiras ou dificuldades ao caminhar tais como: calçadas estreitas, com pisos quebrados, muito lisos ou escorregadios, presença de obstáculos (poste, lixeira, etc.); presença de trânsito de bicicletas, e etc..

Para amenizar estes riscos, o método foi realizado conforme o conhecimento e o limite pessoal do voluntário, pois foi ele, por conhecer e vivenciar o local que ajudou a pesquisadora a escolher onde aconteceria o passeio, o que minimizou os possíveis riscos a sua segurança.

Portanto, os passeios acompanhados auxiliaram nas análises das condições de acessibilidade espacial nas duas ilhas, a partir das experiências individuais de usuários com ou sem deficiência, ao mostrarem as dificuldades enfrentadas para realizarem suas atividades.