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CIDE-combustíveis

No documento CS TRIBUTÁRIO (páginas 37-41)

LEI x LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA

1.4.3. CIDE-combustíveis

A lei fixa as alíquotas mínimas e máximas da CIDE-combustível, sendo possível ao Poder Executivo reduzir ou restabelecer tais alíquotas, dentro da margem legal.

Art. 177, § 4º A lei que instituir contribuição de intervenção no domínio econômico relativa às atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível deverá atender aos seguintes requisitos:

I - a alíquota da contribuição poderá ser: (...)

b) reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo, não se lhe aplicando o disposto no art. 150, III, b;

LEGALIDADE TRIBUTÁRIA E TAXAS JUDICIAIS

Como visto acima, a taxa é uma das espécies de tributo, portanto, está sujeita ao Princípio da Legalidade. Justamente por isso, o STF (ADI 1709) entendeu que a instituição dos emolumentos cartorários pelo Tribunal de Justiça afronta o princípio da reserva legal. Somente a lei pode criar, majorar ou reduzir os valores das taxas judiciárias.

NORMA TRIBUTÁRIA EM BRANCO

Norma tributária em branco é aquela que precisa ser complementada, por exemplo a lei que instituiu a Contribuição do SAT não trazia a definição de atividade preponderante e nem o risco que era gerado aos empregados (leve, médio ou grave) a complementação foi feita por ato infralegal.

O STF entendeu que seria possível a complementação de norma tributária em branco por ato infralegal, sem violação ao Princípio da Legalidade.

CS – TRIBUTÁRIO 2020.1 37 CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO. SEGURO DE ACIDENTE DO TRABALHO. SAT. LEI Nº 7.787/89, ARTS. 3º E 4. Lei nº 8.212/91, art. 22, II, redação da Lei nº 9.732/98. Decretos 612/92, 2.173/97 e 3.048/99. (...) Desnecessidade de Lei Complementar para a instituição da contribuição para o SAT. (...) As Leis 7.787/89, art. 3º, II, e 8.212/91, art. 22, II, definem, satisfatoriamente, todos os elementos capazes de fazer nascer a obrigação tributária válida. O fato de a Lei deixar para o regulamento a complementação dos conceitos de "atividade preponderante" e "grau de risco leve, médio e grave", não implica ofensa ao princípio da legalidade genérica, C.F., art. 5º, II, e da legalidade tributária, C.F., art. 150, I. (STF; RE 343446; SC; Rel. Min. Carlos Velloso; Julg. 20/03/2003; DJU 04/04/2003; p. 00040).

LEI DELEGADA

A lei delegada, prevista no art. 68 da CF, possui força de lei ordinária. Portanto, desde que a matéria não seja reserva à lei complementar, poderá dispor sobre matéria tributária.

DECRETO OU REGULAMENTO DELEGADO

As causas de exclusão, suspensão e extinção do crédito tributário devem estar previstas em lei. Ocorre que, em determinado Estado, a lei concedeu isenção, mas não especificou os casos do benefício fiscal para o tributo, apenas estabeleceu, genericamente, a possibilidade de isenção, que seria preenchida conforme a discricionariedade do Poder Executivo. Perceba que a referida lei estava delegando ao PE concessão de benefício fiscal, contrariando o disposto no art. 97 do CTN.

Portanto, não é possível.

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. DIREITO TRIBUTÁRIO. LEI PARAENSE N. 6.489/2002. AUTORIZAÇÃO LEGISLATIVA PARA O PODER EXECUTIVO CONCEDER, POR REGULAMENTO, OS BENEFÍCIOS FISCAIS DA REMISSÃO E DA ANISTIA. PRINCÍPIOS DA SEPARAÇÃO DOS PODERES E DA RESERVA ABSOLUTA DE LEI FORMAL. ART. 150, § 6º DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. AÇÃO JULGADA PROCEDENTE. 1. A adoção do processo legislativo decorrente do art. 150, § 6º, da Constituição Federal, tende a coibir o uso desses institutos de desoneração tributária como moeda de barganha para a obtenção de vantagem pessoal pela autoridade pública, pois a fixação, pelo mesmo Poder instituidor do tributo, de requisitos objetivos para a concessão do benefício tende a mitigar arbítrio do Chefe do Poder Executivo, garantindo que qualquer pessoa física ou jurídica enquadrada nas hipóteses legalmente previstas usufrua da benesse tributária, homenageando-se aos princípios constitucionais da impessoalidade, da legalidade e da moralidade administrativas (art. 37, caput, da Constituição da República). 2. A autorização para a concessão de remissão e anistia, a ser feita ―na forma prevista em regulamento‖ (art. 25 da Lei n. 6. 489/2002), configura delegação ao Chefe do Poder Executivo em tema inafastável do Poder Legislativo. 3. Ação julgada procedente. (STF, ADI nº 3462-6).

Salienta-se que o STF tem autorizado delegação, desde que a lei preveja os requisitos mínimos.

CS – TRIBUTÁRIO 2020.1 38 Ao remeter a disciplina do parcelamento às regras atinentes à moratória, a lei complementar exigiu que a legislação definidora do instituto promovesse a especificação mínima das condições e dos requisitos para sua outorga em favor do contribuinte. Em matéria de delegação legislativa, a jurisprudência da Corte tem acompanhado um movimento de maior flexibilização do Princípio da Legalidade, desde que o legislador estabeleça um desenho mínimo que evite o arbítrio. O grau de indeterminação com que operou a Lei estadual 11.453/2000, ao meramente autorizar o Poder Executivo a conceder o parcelamento, provocou a degradação da reserva legal, consagrada pelo art. 150, I, da CF. Isso porque a remessa ao ato infralegal não pode resultar em desapoderamento do legislador no trato de elementos essenciais da obrigação tributária. Para o respeito do princípio da legalidade, seria essencial que a lei (em sentido estrito), além de prescrever o tributo a que se aplica (IPVA) e a categoria de contribuintes afetados pela medida legislativa (inadimplentes), também definisse o prazo de duração da medida, com indicação do número de prestações, com seus vencimentos, e as garantias que o contribuinte deva oferecer, conforme determina o art. 153 do CTN. [STF, ADI 2.304, rel. min. Dias Toffoli, j. 12-4-2018, P, DJE de 3-5-2018.]

Além disso, o STF entende que é inconstitucional a delegação, sem parâmetro legal, aos conselhos de fiscalização de profissões de competência para fixar ou majorar as contribuições de interesse de categoria profissionais e econômicas.

Repercussão Geral nº 704.292, fixou-se a tese de que “é inconstitucional, por ofensa ao princípio da legalidade tributária, lei que delega aos conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas a competência de fixar ou majorar, sem parâmetro legal, o valor das contribuições de interesse das categorias profissionais e econômicas, usualmente cobradas sob o título de anuidades, vedada, ademais, a atualização desse valor pelos conselhos em percentual superior aos índices legalmente previstos”

MEDIDA PROVISÓRIA

Admite-se, salvo nos casos de matéria tributária reservada à lei complementar (art. 62, §1º, III da CF).

Art. 62, § 2º, CF. Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada

COMPETÊNCIA

Conforme já se manifestou o STF, a matéria tributária não é de competência exclusiva do chefe do Poder Executivo. Assim, qualquer parlamentar pode apresentar projeto de lei referente à matéria tributária.

Obs.: A competência privativa refere-se, unicamente, aos casos de territórios (art. 61, §1º, II, b, da CF).

CS – TRIBUTÁRIO 2020.1 39 Art. 61, § 1º, CF. São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que: (...)

II - disponham sobre: (...)

b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços públicos e pessoal da administração dos Territórios;

PRINCÍPIO DA TRANSCENDÊNCIA FISCAL

Também chamado de princípio da transparência dos impostos ou princípio da transparência da carga fiscal, previsto no art. 150, §5º da CF.

Art. 150, § 5º, CF. A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços.

Apenas em 2012, com a edição da Lei 12.741/12, o dispositivo constitucional foi regulamentado. A ideia é dar conhecimento ao consumidor sobre o valor pago em impostos ao adquirir determinado produto ou serviço.

Atenção! Esta matéria foi regulamentada por lei ordinária, não violando o art. 146, II da CF.

LEI ESPECÍFICA

Os benefícios fiscais, de maneira geral, devem ser concedidos por intermédio de lei específica. Ou seja, lei que trata, justamente, do tributo que está sendo utilizada/dada determinada benesse.

Uma lei que trata de IR irá conceder os seus benefícios. Não pode uma lei que discipline a matéria de licitação trazer benefícios relativos, por exemplo, ao imposto de importação, conforme dispõe o art. 150, §6º da CF, sob pena de configurar contrabando legislativo.

Art. 150, § 6º, CF. Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, § 2º, XII, g.

CORREÇÃO MONETÁRIA

Inicialmente, destaca-se que a incidência de correção monetária pressupõe previsão lega. Contudo, a aplicação do índice de correção monetária que, tecnicamente, aumenta o valor do tributo, não necessitará de lei, nos termos do art. 97, §2º do CTN.

Art. 97, § 2º, CTN. Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II deste artigo, a atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo

Os entes federados podem estabelecer índices próprios de correção monetária? Como

CS – TRIBUTÁRIO 2020.1 40 próprios de correção monetária. Os Municípios igualmente, em razão de sua competência suplementar, podem ter índices próprios relativos aos seus tributos. Importante, salientar que não podem ultrapassar o percentual superior ao índice oficial de correção monetária (usado pela União), nos termos da Súmula 160 do STJ.

Súmula nº 160, STJ. É defeso, ao município, atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual superior ao índice oficial de correção monetária. No mesmo sentido, o STF firmou entendimento na ADI 442. Vejamos:

ADI 442, STF. (...) 3. A legislação paulista é compatível com a Constituição de 1988, desde que o fator de correção adotado pelo Estado-membro seja igual ou inferior ao utilizado pela União. 4. Pedido julgado parcialmente procedente para conferir interpretação conforme ao artigo 113 da Lei n. 6.374/89 do Estado de São Paulo, de modo que o valor da UFESP não exceda o valor do índice de correção dos tributos federais.

Havendo atualização da correção monetária que ultrapasse o índice oficial, será considerado majoração do tributo, ferindo, consequentemente, o princípio da legalidade.

É inconstitucional a majoração, sem edição de lei em sentido formal, do valor venal de imóveis para efeito de cobrança do IPTU, acima dos índices oficiais de correção monetária. Com base nessa orientação, o Plenário negou provimento ao recurso extraordinário em que se discutia a legitimidade da majoração, por decreto, da base de cálculo acima de índice inflacionário, em razão de a lei municipal prever critérios gerais que seriam aplicados quando da avaliação dos imóveis. Ressaltou-se que o aumento do valor venal dos imóveis não prescindiria da edição de lei, em sentido formal. Consignou-se que, salvo as exceções expressamente previstas no texto constitucional, a definição dos critérios que compõem a regra tributária e, especificamente, a base de cálculo, seria matéria restrita à atuação do legislador. Deste modo, não poderia o Poder Executivo imiscuir-se nessa seara, seja para definir, seja para modificar qualquer dos elementos da relação tributária. Aduziu-se que os municípios não poderiam alterar ou majorar, por decreto, a base de cálculo do IPTU. Afirmou-se que eles poderiam apenas atualizar, anualmente, o valor dos imóveis, com base nos índices anuais de inflação, haja vista não constituir aumento de tributo (CTN, art. 97, § 1º) e, portanto, não se submeter à reserva legal imposta pelo art. 150, I, da CF. (STF, RE 648245/MG, rel. Min. Gilmar Mendes, 1º.8.2013) (Informativo 713, Plenário, Repercussão Geral).

No documento CS TRIBUTÁRIO (páginas 37-41)