LEI x LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA
3. ESPÉCIES DE RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA
RESPONSABILIDADE PESSOAL, SOLIDÁRIA E SUBSIDIÁRIA
PESSOAL (arts. 131 e 135) SOLIDÁRIA (art. 134) SUBSIDIÁRIA (art. 133, II)
O responsável (terceiro) responde exclusivamente.
O devedor, em solidariedade, responde sem ordem de preferência.
O terceiro responsável, em subsidiariedade, responde com ordem de preferência. 1º Contribuinte – devedor principal
2º Responsável - terceiro
RESPONSABILIDADE POR TRANSFERÊNCIA
Dá-se APÓS a ocorrência do fato gerador, em razão de circunstâncias posteriores previstas em lei, provocando uma transferência da responsabilidade para um terceiro, podendo o contribuinte permanecer ou não no polo passivo da obrigação.
Segundo o Prof. Sabbag, surge posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação tributária. Há modificação do polo passivo por fato superveniente: a obrigação surge para “A” (contribuinte) e, em seguida, é transferida para “B” (responsável tributário) em decorrência de um evento posterior, previsto em lei. Assim, na responsabilidade por transferência, o sujeito A realiza o fato gerador, mas, por conta de um evento posterior, B é que tem que pagar o tributo.
CS – TRIBUTÁRIO 2020.1 113 Segundo a doutrina, a responsabilidade por transferência abrange a responsabilidade por sucessão, por solidariedade e por terceiros.
RESPONSABILIDADE POR SUBSTITUIÇÃO (RESPONSABILIDADE POR SUBSTITUIÇÃO REGRESSIVA E PROGRESSIVA)
Na responsabilidade por substituição, o indivíduo que pratica o fato gerador jamais chega a ser, realmente, sujeito passivo da obrigação – tendo em vista a existência prévia de dispositivo legal, atribuindo a responsabilidade a uma terceira pessoa.
Desde a ocorrência do fato gerador, a sujeição passiva já recai sobre uma pessoa diversa daquela que possui relação pessoal e direta com o fato gerador (ou seja, pessoa diversa da figura do contribuinte). Assim, na responsabilidade por substituição, o sujeito “A” pratica o fato gerador, mas desde já é o sujeito “B” quem deve fazer o recolhimento.
Exemplo: Imposto de Renda retido na fonte, onde cabe à fonte pagadora reter e efetuar o recolhimento do imposto.
A doutrina ainda menciona dois tipos de responsabilidade por substituição: PROGRESSIVA e REGRESSIVA.
3.3.1. Responsabilidade por substituição regressiva (para trás ou antecedente)
Pessoas ocupantes de posições anteriores nas cadeias de produção e circulação são substituídas, no dever de pagar tributo, por aquelas que ocupam as posições posteriores nessas mesmas cadeias. Há um diferimento no pagamento, entretanto, o fisco tem a vantagem de otimizar a utilização da mão de obra fiscal. Exemplo: ICMS.
Diversos produtores rurais ‘A’ - indústria ‘B’ - supermercados ‘C’. Aqui ‘B’ será o responsável (substituto tributário) de ‘A’ na relação A-B e na relação B-C será o contribuinte.
“Regressiva” porque o indivíduo é responsável por um tributo cujo contribuinte é ANTERIOR na cadeia.
Para facilitar, vejamos o quadro disponibilizado pelo Prof. Sabbag:
ETAPA 1 ETAPA 2 ETAPA 3
PASSADO PRESENTE FUTURO
Fato gerador (atrás) Pagamento do tributo
(adiamento) DICA: FG lá atrás.
FG (ATRÁS) (SUBSTITUÍDO = CONTRIBUINTE) = A.
ADIA O PAGAMENTO = DIFERIMENTO OU SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA PARA TRÁS = B
CS – TRIBUTÁRIO 2020.1 114 Imagine que as pessoas indicadas pela letra “A” sejam produtores rurais de leite; a pessoa “B” seja uma grande indústria de laticínios; e as pessoas indicadas pela letra “C” sejam supermercados varejistas.
3.3.2. Responsabilidade por substituição progressiva (para frente ou consequente)
Pessoas ocupantes das posições POSTERIORES das cadeias de produção e circulação são substituídas no dever de pagar o tributo por aquelas que ocupam posições ANTERIORES nessas mesmas cadeias. Todo tributo é pago de uma vez só, sendo calculado sobre o valor pelo qual se presume que a mercadoria será vendida ao consumidor. É aplicado o regime de valor agregado.
Exemplo: ICMS. Refinaria ‘A’- Distribuidores ‘B’ - Postos ‘C’ -Consumidores ‘D’. Na relação A-B, A é o contribuinte, na relação B-C, C-D, ‘A’ é o responsável. Torna-se mais fácil e eficiente para o Estado cobrar de “A” todo tributo incidente na cadeia produtiva, mesmo no que concerne aos fatos geradores a serem praticados em momento futuro.
Prevalece o entendimento de que aqui não há antecipação da incidência tributária, visto que esta somente se verifica com a concretização do fato gerador, apenas se antecipa o pagamento.
“Progressiva” porque o indivíduo é responsável por um tributo cujo contribuinte é POSTERIOR na cadeia.
Para facilitar, vejamos o quadro disponibilizado pelo Prof. Sabbag:
ETAPA 1 ETAPA 2 ETAPA 3
PASSADO PRESENTE FUTURO
Pagamento do tributo (antecipação)
Fato gerador (lá na frente)
DICA: FG lá na frente.
SUBSTITUTO = RESPONSÁVEL ($)
ANTECIPA O PAGAMENTO = SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA PARA FRENTE
FG (NA FRENTE) (SUBSTITUÍDO = CONTRIBUINTE)
Exemplos: veículos novos, bebidas alcóolicas (ou não) /cervejaria, cigarros etc.
Imagine uma cervejaria que vende para o distribuidor e este vende para o ambulante, para a mercearia, para o bar. Todos vão recolher o ICMS? Vão emitir a nota fiscal? Não tem como fiscalizar. Assim concentram então, por lei, o recolhimento de todo ICMS (que é devido em todas as operações) na cervejaria.
CS – TRIBUTÁRIO 2020.1 115
SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA PARA TRÁS (OU REGRESSIVA)
SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA PARA FRENTE (OU PROGRESSIVA)
Legislação Específica (ICMS) Legislação Específica (ICMS) e CF: Art. 150, §7º, CF: A lei poderá atribuir a sujeito
passivo de obrigação tributária a condição de responsável pelo pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente, assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso
não se realize o fato gerador presumido. (incluído pela EC nº 3/93).
Casos concretos: venda de leite cru (substituto: laticínio), cana em caule (substituto: usina), carne animal (substituto:
frigorífico)
Casos concretos: venda de veículos novos (substituto: indústria automobilística), cigarros
(substituto: indústria de cigarros), bebidas alcoólicas e refrigerantes (substituto: indústria
de bebidas)
Salienta-se que o STF entende que há direito à restituição quando a base de cálculo efetiva tiver sido menor do que a base de cálculo presumida.
RECAPITULANDO
Todos os casos de responsabilidade por sucessão são casos de responsabilidade por transferência, mas a recíproca não é verdadeira.
Em relação à responsabilidade tributária, lembrar que: O art. 128 CTN traz as normas gerais (condições); Requisitos mínimos para atribuição de responsabilidade;
Terceiro: aquele que tem o dever de pagar (tributo ou penalidade).
CS – TRIBUTÁRIO 2020.1 116 Qual extensão deste dever?
2ª Condição: dever integral (“responsabilidade por substituição”, exclusão do contribuinte)
ou supletivo (responsabilidade por solidariedade – total – ou subsidiariedade – benefício de ordem –) ao pagamento.
Lei ordinária pode criar hipótese (de acordo com as normas gerais do art. 128 CTN). As espécies vistas acima são criações da doutrina. A partir do próximo item, analisaremos as espécies de responsabilidade tributária do CTN, quais sejam: responsabilidade por sucessão, responsabilidade de terceiros e responsabilidade por infrações.