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Isenção heterônoma

No documento CS TRIBUTÁRIO (páginas 171-174)

LEI x LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA

9. EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO (CTN, art 175)

9.3.5. Isenção heterônoma

É uma isenção concedida pela União em relação a tributos estaduais, distritais e municipais. A União pode fazer isso? NÃO, por proibição expressa do art. 151, III da CF, in verbis:

CS – TRIBUTÁRIO 2020.1 171 III - instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios.

E a isenção concedida por tratado internacional (ratificado pelo Presidente) a tributos estaduais e municipais (art. 98 CTN), não configuraria uma isenção heterônoma, excepcionando o art. 151 da CF?

CTN Art. 98. Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha.

STF: Não é isenção heterônoma, por uma questão conceitual. A União sozinha não firma tratado internacional. O Signatário do Tratado Internacional é a República, e não a União. Quando o Presidente assina o Tratado, ele não o faz como representante da União, mas sim como representante da República.

Nesse sentido, o RE 229.096:

1. A isenção de tributos estaduais prevista no Acordo Geral de Tarifas e Comércio para as mercadorias importadas dos países signatários quando o similar nacional tiver o mesmo benefício foi recepcionada pela Constituição da República de 1988. 2. O artigo 98 do Código Tributário Nacional "possui caráter nacional, com eficácia para a União, os Estados e os Municípios" (voto do eminente Ministro Ilmar Galvão). 3. No direito internacional apenas a República Federativa do Brasil tem competência para firmar tratados (art. 52, § 2º, da Constituição da República), dela não dispondo a União, os Estados- membros ou os Municípios. O Presidente da República não subscreve tratados como Chefe de Governo, mas como Chefe de Estado, o que descaracteriza a existência de uma isenção heterônoma, vedada pelo art. 151, inc. III, da Constituição.

OBS: EXCEÇÕES ao princípio que impede a isenção heterônoma: 1) ICMS (CF, art. 155, §2º, XII);

CF Art. 155 § 2.º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: XII - cabe à lei complementar:

e) excluir da incidência do imposto, nas exportações para o exterior, serviços e outros produtos além dos mencionados no inciso X, "a". 2) ISS (CF, art. 156, §3º, II);

CF Art. 156 § 3º Em relação ao imposto previsto no inciso III do caput deste artigo, cabe à lei complementar:

II - excluir da sua incidência exportações de serviços para o exterior. Ricardo Alexandre: Temos aqui a União, através de LC, criando ISENÇÃO de tributo estadual e municipal. São dois exemplos de isenção heterônoma. NÃO CONFUNDIR COM MORATÓRIA HETERÔNOMA.

CTN Art. 152. A moratória somente pode ser concedida: I - em caráter geral:

CS – TRIBUTÁRIO 2020.1 172 b) pela União, quanto a tributos de competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, quando simultaneamente concedida quanto aos tributos de competência federal e às obrigações de direito privado; IMPORTANTE: A União pode conceder MORATÓRIA de tributos estaduais e municipais, desde que conceda a mesma moratória aos seus tributos. É a chamada MORATÓRIA HETERÔNOMA.

ANISTIA

9.4.1. Previsão legal e noções gerais

A anistia é o perdão LEGAL de determinada penalidade, previsto no art. 180 do CTN, in verbis:

CT Art. 180. A anistia abrange exclusivamente as infrações cometidas anteriormente à vigência da lei que a concede, não se aplicando:

I - aos atos qualificados em lei como crimes ou contravenções e aos que, mesmo sem essa qualificação, sejam praticados com dolo, fraude ou simulação pelo sujeito passivo ou por terceiro em benefício daquele;

II - salvo disposição em contrário, às infrações resultantes de conluio entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas.

Realizado o FG, nasce o dever de pagar o tributo (lançamento por homologação), porém o sujeito não paga. Resultado: O sujeito fica devedor do tributo e também de penalidades e juros de mora.

O próximo passo da administração é o lançamento de ofício do tributo e das penalidades, porém ANTES disso vem uma lei e libera o devedor das penalidades relativas ao não recolhimento do tributo.

A anistia geralmente aparece na lei dos parcelamentos, quando a Administração oferta a dispensa das penalidades caso o contribuinte pague em um menor número de parcelas que o previsto na lei concessória.

A anistia pode ser integral ou parcial, porém só pode atingir infrações tributárias cometidas ANTERIORMENTE à vigência da lei concessória.

Frise-se: A anistia só atinge as penalidades ainda não constituídas (não lançadas).

Ou seja: a anistia deve ser concedida DEPOIS de cometida a infração, porém ANTES de ocorrer o lançamento dessa penalidade.

Caso as penalidades já tenham sido constituídas, a lei que dispensa essas dívidas concede um benefício diverso: a chamada REMISSÃO, que representa hipótese de extinção do crédito tributário (ver adiante).

CTN Art. 181. A anistia pode ser concedida: I - em caráter geral;

II - limitadamente:

CS – TRIBUTÁRIO 2020.1 173 b) às infrações punidas com penalidades pecuniárias até determinado montante, conjugadas ou não com penalidades de outra natureza;

c) a determinada região do território da entidade tributante, em função de condições a ela peculiares;

d) sob condição do pagamento de tributo no prazo fixado pela lei que a conceder, ou cuja fixação seja atribuída pela mesma lei à autoridade administrativa.

Art. 182. A anistia, quando não concedida em caráter geral, é efetivada, em cada caso, por despacho da autoridade administrativa, em requerimento com a qual o interessado faça prova do preenchimento das condições e do cumprimento dos requisitos previstos em lei para sua concessão.

Parágrafo único. O despacho referido neste artigo não gera direito adquirido, aplicando-se, quando cabível, o disposto no artigo 155.

Art. 155. A concessão da moratória (anistia...) em caráter individual não gera direito adquirido e será revogado de ofício, sempre que se apure que o beneficiado não satisfazia ou deixou de satisfazer as condições ou não cumprira ou deixou de cumprir os requisitos para a concessão do favor, cobrando-se o crédito acrescido de juros de mora:...

No documento CS TRIBUTÁRIO (páginas 171-174)