• Nenhum resultado encontrado

4. SOBRE OS POEIRAS: CIRCUITO ALTERNATIVO DE EXIBIÇÃO

4.1. Espaços alternativos de exibição

4.1.2. Cinema do Trabalhador

Outra programação alternativa destinada ao público fora do Plano Piloto foi o Cinema

do Trabalhador, organizado pela Comissão de Imposto Sindical. Esse circuito esteve presente em grande parte dos anos pesquisados, diferentemente do Cine Grátis, que só pode ser averiguado em 1960. A primeira publicação no jornal data de 18 de julho de 1961: “Candangos vão ter cinema em todos os acampamentos” (CORREIO BRAZILIENSE, 1961). Trata-se de uma nota rápida e sem detalhes da programação.

Nesse primeiro momento a publicação das notícias acerca do programa exibidor do Cinema do Trabalhador foram escassas. No dia 17 de outubro foi informado o motivo da não apresentação de filmes neste período:

Filmes da CIS

Vão ser reiniciadas hoje as exibições do Cinema Volante da Comissão de Impôstos Sindical, suspensas desde a recente crise político-militar que envolveu o país.

O roteiro dos acampamentos onde será exibido o filme de longa-metragem deverá chegar de Goiânia está manhã. Será distribuído hoje pelo chefe do CIS em Brasília, Sr Ernani Rodrigues. (CORREIO BRAZILIENSE, 1961)

Esta foi a última notícia no ano de 1961 sobre essa programação, que retornaria apenas em 1962. Em 13 de março, finalmente, foi publicada uma nota sobre a exibição programada pela Comissão do Imposto Sindical. O filme Marujos Improvisados (1940), estrelado pelos personagens o Gordo e o Magro, foi exibido às 20 horas, no acampamento da construtora Rabelo.

No final do mês, dia 31, foi feita mais uma publicação sobre as exibições da Comissão do Imposto Sindical, com mais detalhes sobre o funcionamento do Cinema do Trabalhador.

No texto, foi informado que esse programa fazia parte do plano de assistência social e educacional aos trabalhadores. Tratava-se de uma iniciativa do posto sindical e contava com o apoio do Ministro Franco Montoro, responsável pelos Ministério do Trabalho e Previdência Social no momento. Na nota ainda informava a programação para o dia 31 e os dias seguintes. Nesse dia seria exibido, no Departamento de Limpeza Urbana, um filme sobre assuntos sindicais. A mesma película seria exibida no dia 1º, na Vila Amauri e, no dia 2, no acampamento da ESOL. O mesmo texto foi publicado no dia 03 de Abril, anunciando a repetição dessa programação para os dias seguintes.

Já em 24 de abril de 1962, foram informadas três exibições cinematográficas. A primeira ocorreria na Barragem do Paranoá, no próprio dia da publicação da nota. E no dia seguinte, aconteceria no acampamento de Águas e Esgotos. E ainda no outro dia, a exibição seria na Candangolândia. As sessões se iniciavam às 20 horas, com a projeção da película Os

Mac Guerim de Brooklin (1942).

As programações do Cinema do Trabalhador apenas voltariam a ser informadas no dia 17 de novembro de 1962, sete meses após a última publicação. Foi anunciada a agenda de exibição do mesmo dia da nota e do seguinte, com a exibição do filme As Aventuras de Antar (ano desconhecido), distribuído pela Majestic. As sessões seriam iniciadas às 19 horas e foi solicitado que os trabalhadores convidassem as suas famílias, mas o local onde se daria a projeção da película não foi noticiado.

Em 22 de novembro, foram programadas exibições para os dias 24 e 25, também as 19 horas, no Mistério do Trabalho e Previdência Social. Seria projetado um festival de comédias, desenhos, filmes sobre mão-de-obra, sindicalismo, assim como filmes naturais. Assim foi informado, mas sem especificar quais seriam os filmes.

No primeiro dia de dezembro, o local foi melhor especificado: “Andar térreo, Ministério do Trabalho, sábado e domingo, às 19 horas” (CORREIO BRAZILIENSE, 1962). Pela primeira vez foi anunciada a exibição de um filme nacional. Tratava-se de Simão, o

Caolho (1952), estrelado por Mesquitinha e dirigido por Alberto Cavalcanti. No fim desse mês, dia 22, mais uma vez foi programada a exibição de uma película brasileira. Tratava-se de

O Negócio foi assim (1956), de Luis de Barros, com o ator Zé Trindade.

A presença da programação organizada pela Comissão do Imposto Sindical só retornaria à agenda cultural do jornal no ano seguinte. No primeiro semestre de 1963, todas as sessões ocorreram no andar térreo do Ministério do Trabalho e Previdência, não mais tendo a itinerância característica do ano anterior. As sessões aconteciam aos fins de semana, sábado e

domingo, às 19 horas. A entrada era franca e o texto enfatizava que o trabalhador para convidasse toda a sua família.

No dia 02 de março foi anunciada a exibição do filme A Bola de Cristal (1943), com Ray Milland. Antes da exibição do longa-metragem, seria projetado um curta sobre vacinação, cedido pelo Comitê Executivo em Brasília da Campanha Contra a Varíola. No dia 14, foi programado o filme A Jogadora (ano desconhecido), distribuído pela Majestic. Durante as duas sessões, seriam apresentados curtas sobre sindicalismo, mão-de-obra e novamente o documentário sobre os perigos da varíola.

No mês seguinte, abril, a programação passou a ser publicada a partir do dia 18. O filme a ser apresentado no fim de semana seria Porto da Tentação (1947), com Robert Newton e Simone Simon. Constavam, ainda, no programa, curtas sobre mão-de-obra e sindicalismo.

A partir de agosto, quando novamente as programações do Cinema do Trabalhador voltariam a ser publicadas, o projeto retomou o seu caráter itinerante.

CIS promove Cinema para Trabalhador.

O Setor de Brasília da Comissão de Impôsto Sindical programou mais cinco sessões de cinema para esta semana. Amanhã, quinta-feira, o Cinema do Trabalhador n°1 apresentará interessante filme de longa metragem no acampamento Defelê (Vila Planalto), havendo, sexta-feira, a costumeira exibição no Hospital Juscelino Kubistchek, especialmente para os internados naquele estabelecimento do IAPI. Sábado, funcionará, mais uma vez, o Cinema do Trabalhador n°2, na Associação Recreativa e Cultural dos Trabalhadores de Brasília e, finalmente, domingo haverá duas sessões na Escola Clube do Cruzeiro, às 18 horas e às 20 horas (CORREIO BRAZILIENSE, 1963)

O projeto apareceu com características diferentes das apresentadas anteriormente. No dia 28 de agosto, mais uma vez são previstas várias sessões – oito, no total – em pontos diferentes da cidade: no Presídio da Velhacap, na Granja do Ipê, no acampamento da Defelê, no Hospital do IAPI, na Associação Recreativa e Cultural dos Trabalhadores de Brasília, na Escola Clube do Cruzeiro (duas sessões) e em Sobradinho. Nestas sessões foi projetado uma película nacional, A Baronesa Transviada (1957), com Dercy Gonçalves.

No dia 11 de setembro, foi anunciada a abertura de um novo ponto de exibição do

Cinema do Trabalhador, nomeado como número 08. Esse novo espaço seria na Cidade Livre, fruto de uma parceria com o sindicato dos empregados do comércio. Esse novo espaço se situaria mais especificamente no Estabelecimento Bela Vista, localizado na Avenida Central. As exibições ocorreriam sempre às terças-feiras, sendo exibido um filme já projetado em edições anteriores do CIS – Somente Deus por Testemunha (1958). A mesma película foi

projetada também pelo Cinema do Trabalhador, no dia 14, na Associação Recreativa e Cultural dos Trabalhadores de Brasília e, no dia 15, na Escola-Clube do Cruzeiro. Os horários sempre às 18h e 20h.

No dia 17, foram exibidos curtas sobre sindicalismo e mão de obra e o longa Êxito

Fugaz (1950), com Kirk Douglas. Essas projeções ocorreram no Presídio da Velhacap; na Escola da Granja do Ipê, em Sobradinho; no Hospital do IAPI; na Associação Recreativa e Cultural dos Trabalhadores de Brasília; na Escola Clube do Cruzeiro. Já no dia 27, foi intitulada uma sessão especial, oferecida aos filhos dos trabalhadores residentes nas proximidades do conjunto DO-RE-MI (Anexo do Lago). Foram apresentados sete desenhos animados.

No dia 15 de outubro o filme Marcados pelo Destino (1959), com Horst Buchholz, foi exibido em locais agendados nas sessões das edições anteriores do Cinema do Trabalhador, como Presídio da Velhacap, Granja do Ipê, Sobradinho, Hospital do IAPI, Sindicato dos Aeroviários, Escola Clube do Cruzeiro. Não houve mais sessões neste mês e nos dias 02 e 03 de novembro foi anunciado: “Em sinal de respeito pelo Dia dos Mortos, não funcionará hoje, sábado, o Cinema do Trabalhador da Comissão do Imposto Sindical.” (CORREIO BRAZILIENSE, 1963)

A programação retornou a partir do dia 06 de novembro, com o nome Cinema do

Trabalhador nº 6. Tratava-se da apresentação do filme Rio do Arrozal Sangrento (1957), com Daniel Gélin, para os operários da Granja do Ipê, às 19h30. No dia seguinte, o cinema da CIS realizaria nova sessão, em Sobradinho, na sede do Sindicato dos Trabalhadores na Construção Cível57.

No dia 22 de novembro, foi anunciado que nos dias 24 e 25 a programação da CIS retornaria ao Ministério do Trabalho e da Previdência Social. Foram previstas a projeção de diversos filmes não especificados, como comédias, desenhos, mão de obra, sindicalismo e filmes naturais. Contudo, essas sessões foram canceladas devido ao falecimento de John Fitzgerald Kennedy. Apenas na terça-feira as sessões voltariam a acontecer. No dia 28, foi exibido em Sobradinho o filme Tarzan e a Deusa Verde (1938).

A partir de dezembro, foram publicadas notas em que há uma avaliação do Cinema do

Trabalhador. No dia 10, foi publicado o seguinte informe:

Durante o mês de novembro passado, o Cinema do Trabalhador, criado em Brasília, pelo Setor de Comissão de Imposto Sindical, realizou vinte sessões para o total de

oito mil e oitocentos espectadores. Foram exibidos cinco filmes de longa-metragem, além de “shorts” sobre mão-de-obra e sindicalismo. (CORREIO BRAZILIENSE, 1963)

E ainda no final do mês, em 31 de dezembro, mais uma publicação reflexiva sobre o projeto, nas palavras do Sr. Ernani Rodrigues, diretor-geral da Comissão do Imposto Sindical.

Comissão de Imposto Sindical tem prestado assistência ao operariado. O Cinema do Trabalhador – prosseguiu – tomou grande impulso em 1963, chegando a funcionar, simultaneamente, nove unidades, no Sindicato dos Aeroviários, na Associação Recreativa e Cultural dos Trabalhadores de Brasília, no Sindicato dos Empresários do Comércio Escola Granja do Ipê, no Sindicato dos Trabalhadores em Construção Civil, no Cruzeiro, no Hospital do IAPI. (CORREIO BRAZILIENSE, 1963)