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4. SOBRE OS POEIRAS: CIRCUITO ALTERNATIVO DE EXIBIÇÃO

4.1. Espaços alternativos de exibição

4.1.3. Escola Parque

A programação da Escola Parque se confunde com vários outros espaços aqui relatados. Isso acontece porque o auditório dessa instituição esteve aberto para os mais diversos eventos. Alguns serão melhor abordados aqui e outros apenas mencionados porque serão melhor desenvolvidos em outros tópicos.

A primeira programação informada no jornal para esse espaço foi do dia 19 de outubro de 1961. Trata-se da apresentação de um filme programado pelo Cine Clube58 de Brasília. Outra nota sobre esse espaço só foi publicada em 31 de março de 1962, sobre uma programação especial a acontecer.

Filmes sobre música hoje na escola parque. Serão exibidos hoje quatro filmes sobre música no auditório da Escola Parque, com início marcado para 20h30. A sessão é patrocinada pela discoteca Pública de Brasília em colaboração com o Centro de Estudos Musicais Villa-Lobos e a Fundação Cultural de Brasília. (CORREIO BRAZILIENSE, 1962)

Em abril, pelos jornais observa-se que parte da programação da Semana do Cinema Francês aconteceu no Auditório da Escola Parque. Esta sala abrigou a mostra na terça, quinta e sexta; sendo os outros dias ocupados pelo Cine Teatro Cultura, Fundação Cultural de Brasília, Aliança Francesa e Casa HiFi.

No fim desse ano, a partir de novembro, foram publicadas várias notas referentes ao Curso Cinema – Arte e Indústria, oferecido pela Universidade de Brasília. O auditório da

Escola Parque foi utilizado em diversas ocasiões para projeção de filmes. Muito provavelmente, nesse período, ainda não havia sido comprado o projetor a ser instalado no

Auditório Dois Candangos, na Universidade de Brasília. Em 17 de novembro, uma nota foi publicada a respeito da exibição de uma das mais importantes obras do cinema soviético.

CINEMA: SESSAO PARA ALUNOS DO CURSO DA UNB – “O Departamento de Extensão Cultural da Universidade de Brasília informa aos alunos do curso de ‘Cinema – Arte e Indústria’ que haverá uma aula hoje, às 18 horas, no Auditório da Escola Parque, com exibição do filme ‘O Encouraçado Potenkin’, de Serge Eisenstein. (CORREIO BRAZILIENSE, 1962)

Na semana seguinte, dia 25, foi publicada uma nota na coluna O ensino dia-a-dia, de Yvonne Jean, referente a uma outra exibição programada no Auditório da Escola Parque, também parte integrante do Curso de Extensão já mencionado.

UNIVERSIDADE DE BRASILIA

O Curso de Extensão ‘Cinema, Arte e Indústria’, que o professor Fritz Teixeira Sales dava cada domingo às 19 horas, será transferido, de agora em diante, para as terças-feiras às 20 horas. Esta semana, a aula será dada, excepcionalmente, na quarta-feira às 20 horas, por Paulo Emilio. Paulo Emilio, um dos maiores críticos cinematográficos do Brasil e dos dirigentes da Cinemateca de São Paulo, falará, na terça-feira, à noite, na escola parque sobre o filme polonês ‘Cinza e Diamantes’, que em seguida será exibido. (JEAN, 1962)

Este informe voltou a ser referenciado no dia 27, quando ocorreria a projeção do filme polonês. Ainda há uma exaltação à película, citando as premiações que recebeu em diversos festivais internacionais de cinema - o que, para René Clair, tratava-se de um ponto alto no Cinema Mundial. Ainda foi alertado que “Embora com legendas em Francês, vale a pena ver ‘Cinzas e Diamantes’.” (CORREIO BRAZILIENSE, 1962)

No dia 02 de dezembro, foi anunciado um festival de filmes organizado por professoras da Escola Parque. O evento aconteceria nos dias 3 e 4, com o filme russo O Idiota (1959), o francês Inferno em Paris (1955) e outro italiano Apocalipse (1947).

Algumas vezes, sessões previstas não poderiam ser exibidas por problemas com o transporte das cópias, como é o caso da programação da exibição dos filmes Os Cosmonautas (1962), programação organizada pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal. No dia 18 de abril de 1963, foi anunciado o adiamento da sessão.

A exibição do filmes “Os Cosmonautas” a ser feita sobre o patrocínio do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal, foi transferida para o próximo dia 18, às 21 horas, na Escola Parque. O adiamento da exibição desse filme documentário sobre voos espaciais soviéticos decorre do fato de o automóvel em que viajava a pessoa que transportava a película ter sofrido um acidente na estrada Rio- Belo Horizonte (CORREIO BRAZILIENSE, 1963)

No dia seguinte, uma outra nota informou o cancelamento da sessão porque o documentário ficou retido no Serviço de Censura do DFSP. A diretoria da entidade de jornalistas movimenta-se a fim de obter a liberação da película, contudo nenhuma notícia mais foi dada a respeito da exibição deste filme.

Em 17 de maio, mais um informe sobre a alteração de uma sessão foi veiculado: o Festival de Cinema na Escola Parque seria transferido para os dias 1 e 2 de junho. O Festival teve um caráter beneficente e exibiu o filme soviético Uma Menina Busca Seu Pai (1959) e o americano Brutalidade (1947). No restante do texto, mais detalhes sobre os ingressos: “As professoras Stella Guimarães, diretora da Escola Parque, e Maria Celina, diretora de audiovisuais da mesma unidade de ensino, solicitam nos informar que os ingressos já adquiridos serão válidos, devendo as sessões cinematográficas ter início às 20:30 horas nos dias acima referidos.” (CORREIO BRAZILIENSE, 1963). A programação foi relembrada no dia 31 de maio em uma breve nota.

No dia 25, Yvonne Jean, informou em sua coluna Ensino dia-a-dia sobre a reclamação de um pai sobre a programação inadequada do Clube do Cinema Infantil da Escola Parque.

[O pai] Concluiu manifestando o seu espanto pelo desprezo para com a educação da criança, o mau gosto do programa e a inconsciência dos organizadores que poderiam conseguir com maior facilidade filmes excelentes que as embaixadas sempre emprestam com a melhor boa vontade. Existem filmes tchecos de fantoches que são admiráveis, os americanos possuem magníficos filme sobre música, os ingleses fazem desenhos animados de primeira ordem, os francêses tem um valioso acervo de documentários de curta-metragem. Não posso entender o porque de um programa como esse ao qual assistimos. (JEAN, 1963)

Em junho, o auditório da Escola Parque fora ocupado pelo Festival Polonês, que precisou ser transferido do Cine Teatro Cultura para esse espaço. As exibições aconteceriam no dia 26, às 20h30.

Em agosto, apenas foram veiculadas informações sobre a projeção da película O Sacy (1951), dentro das programações do Clube dos Cinemas, no dia 10 e 31 esses informes foram publicados. Somente em 09 de novembro foram noticiadas mais informações: “O Clube dos Cinemas da Escola Parque anuncia para hoje, mais um vesperal vespertino infantil destinado a garotada de Brasília, apresentando em seu auditório às 5,00 horas, variedades e desenhos”. (CORREIO BRAZILIENSE, 1963)

De tal maneira percebe-se que a Escola Parque tinha uma programação muito diversificada, abrigando desde cineclubes, passando por Festivais, até programações infantis.

As notas a respeito da programação deste espaço foram bem espaçadas, não sendo sempre referenciadas. No conjunto das notícias reveladas acima, percebe-se grandes lapsos, como é o caso da programação infantil, que parecia ser recorrente, mas contava com apenas três publicações colhidas na pesquisa.