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Classe de Flauta Transversal

No documento A dislexia na aprendizagem da música (páginas 40-59)

I 2 Prática Pedagógica

2.1. Classe de Flauta Transversal

Por não ter lecionado no ano letivo 2016/17 qualquer Curso de Iniciação, a escolha recaiu sobre três alunos, estando dois deles a frequentar o 2.º e 3.º ciclos do Ensino Básico, 1.º e 5.º

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graus, (5.º e 9.º anos de escolaridade, respetivamente) e o terceiro a concluir o Curso Secundário, 8.º grau (12.º ano de escolaridade).

Embora sejam alunos que espelham as várias dificuldades e os obstáculos com que os professores do CMDD (e acredito que o mesmo aconteça a nível nacional) se confrontam na sua prática pedagógica diária, dois deles foram diagnosticados com dislexia. O seu sucesso ou insucesso escolar, não pode ser, em meu entender, dissociado dos seus índices motivacionais, assim como do seu grau de autonomia e do apoio dos pais, comprovando que o ato de ensinar/educar transcende as ações do professor e ultrapassa os limites físicos da sala de aula.

Em seguida, no Esquema 1, são descritos os objetivos gerais do Curso (Básico e Secundário) de Flauta Transversal, ministrado no CMDD.

Esquema 1 – Objetivos gerais da classe de Flauta Transversal. Adaptado do Departamento de Sopros do Conservatório de Música D. Dinis (2016).

2.1.1. 1.º Grau de Flauta Transversal

É prática usual os alunos de flauta do CMDD não iniciarem a sua formação com a flauta transversal propriamente dita (de metal, sistema Boehm). Grande parte dos alunos que ingressam em flauta no Conservatório nunca tiveram contacto com o instrumento e, por isso, é-lhes pedido que adquiram um instrumento mais simples, menos dispendioso em termos financeiros e mais leve. Para muitas famílias, cujos educandos se candidatam ao Conservatório, é de extrema dificuldade adquirir um instrumento musical, juntamente com o investimento realizado no início do ano letivo na compra dos manuais escolares. Neste contexto, os alunos começam por realizar as primeiras aulas de flauta com a fife flute, cujo

Objetivos Gerais Incentivar o desenvolvimento técnico e a precisão Promover a autonomia e atitude crítica Fomentar valores de responsabilidade e brio Estimular o desenvolvimento artístico Promover a integração no seio da classe de instrumento

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processo de emissão sonora e de digitação é idêntico à flauta Boehm, salvaguardando-se, assim, as condições económicas do agregado familiar, minimizando as perdas monetárias de possíveis desistências e de eventuais acidentes iniciais resultantes de distrações no manuseamento da flauta (pois a flauta fife, sendo de plástico, dificilmente se parte ou danifica em caso de queda ou má utilização). A transição para a “flauta moderna” (Boehm) ocorre consoante a disponibilidade financeira das famílias e a evolução e desenvolvimento técnico do aluno, pretendendo-se que esta ocorra até ao final do 1.º Período.

No Esquema 2, são descritos os objetivos específicos anuais concebidos para o 1.º grau do Curso Básico de Flauta Transversal.

Esquema 2 - Objetivos específicos anuais para o 1.º grau de Flauta Transversal. Adaptado do Departamento de Sopros – Classe de Flauta Transversal do Conservatório de Música D. Dinis (2016).

A Tabela 5, que surge em seguida, descreve quais os conteúdos e competências a adquirir em cada período letivo.

1.ºPeríodo

• Realização de notas longas e de pequenos exercícios, contendo as notas da mão esquerda (si, lá, sol, dó).

• Execução de pequenas peças, contendo as notas da mão esquerda (si, lá, sol, dó), preferencialmente acompanhadas de uma segunda voz e/ou acompanhamento harmónico do piano. No final do período introduzir as notas de mão direita, fá e mi.

Objetivos Específicos

Manusear o instrumento com cuidado e correção Ser capaz de tocar com uma

noção estável de pulsação

Coordenar o sopro com a dedilhação em stacatto e legatto Desenvolver uma postura e

embocadura corretas

Conseguir respirar corretamente e projetar o som

Ser capaz de se apresentar em público

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• Participação numa audição no final do período letivo.

2.º Período

• Realização de notas longas, tendo em vista a expansão do âmbito de registo, nomeadamente alcançar as notas da 2ª oitava e as restantes notas do registo grave (com exceção do Dó grave). Execução da escala de Fá M e/ou Sol em notas longas. Realização de pequenos estudos com ritmos simples.

• Aprendizagem de 2 a 3 pequenas peças do programa em vigor. • Participação numa audição no final do período letivo.

3.º Período

• Realização de notas longas com vista à introdução da 3ª oitava. Execução das escalas Fá M, Sol M, Ré m e Mi m. Realização de 3 a 4 estudos simples.

• Aprendizagem de 2 a 3 pequenas peças do programa em vigor. • Realização de um teste de avaliação de caráter qualitativo. • Participação numa audição no final do período letivo.

Tabela 5 - Objetivos por período para o 1.º Grau. Adaptado do Departamento de Sopros – Classe de Flauta Transversal do Conservatório de Música D. Dinis (2016).

2.1.1.1. Aluna A

A aluna A, com 11 anos de idade (nascida em abril de 2006) e residente na Póvoa de Santo Adrião, frequenta pela primeira vez o CMDD e a disciplina de Flauta Transversal. Da sua experiência musical é de referir o facto de ter frequentado as aulas de expressão musical, inseridas nas AECS, nos 3.º e 4.º anos do 1.º ciclo do Ensino Básico. A flauta transversal foi a sua primeira escolha, aquando da realização dos testes de seleção no Conservatório. No presente ano letivo, para além das aulas de Flauta Transversal, completa a sua educação artística frequentando semanalmente as disciplinas de Classe de Conjunto (Coro) e Formação Musical. A aluna frequenta, também, aulas de Ballet numa outra instituição.

Muito bem disposta, determinada e com uma forte motivação intrínseca, desde a primeira aula que a aluna A mostrou uma grande vontade de aprender. Demonstrou ser uma aluna bastante recetiva, com muita capacidade intelectual, mas evidenciando, ao nível das competências auditivas, motoras e de leitura (com maior incidência nestas últimas), alguma inconstância. Por esta razão, e ainda no início do ano letivo, abordei o encarregado de

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educação, que me deu conhecimento do diagnóstico de “ligeira dislexia”. Apesar da existência desta dificuldade, toda a comunicação professor/aluno/pais decorreu de forma muito positiva e interativa, facto que contribuiu consideravelmente para a evolução da aluna.

As planificações anuais e de aula referentes à aluna A encontram-se presentes nos Anexos 5 e 5A.

A primeira aula decorreu de uma forma bastante informal, recorrendo-se a um diálogo constante sobre as novas escolas, professores e colegas, no sentido de proporcionar uma saudável interação professor/aluna, num ambiente descontraído e confortável. A flauta, um pouco da sua história e as suas características, foram apresentadas utilizando uma linguagem simples, combinando estratégias lúdicas e analogias.

Todo o processo de ensino-aprendizagem que decorreu a partir desse momento, e durante o ano letivo, aconteceu de forma simples e natural.

Ao longo do ano letivo foi utilizado o seguinte repertório: The Fife Book de Liz Goodwin (contendo várias peças de cariz tradicional) e Beginner’s Book for the Flute – Part One de Trevor Wye. A aluna utilizou The Fife Book (que a acompanhou durante os dois primeiros períodos) e posteriormente o método Beginner’s Book for the Flute. Paralelamente foram desenvolvidos vários exercícios para a prática da sonoridade, respiração e articulação.

O trabalho letivo propriamente dito iniciou-se na segunda aula do 1.º Período (dia 6 de outubro), após a aluna ter adquirido a flauta fife (fife flute). Esta aula foi dirigida à emissão dos primeiros sons e descoberta da dedilhação do instrumento. Procedeu-se, ainda, à aprendizagem das primeiras figuras rítmicas (semibreve, mínima e semínima) em coordenação com as notas si, lá e sol.

No que diz respeito à postura corporal, foi relevante transmitir à aluna que uma boa postura éessencial para uma boa e saudável prática do instrumento. No que toca à postura não existe uma regra geral, sendo essencial que o aluno não esteja em esforço, nem em desconforto físico; a posição deve ser o mais natural e relaxada possível, com os ombros e pescoço não tensos, não sendo aconselhados “extremos físicos”, como a flauta demasiado para cima ou para baixo. É importante que os alunos adotem “posturas confortáveis” (Novotny & Kravitz, 2015, citado por Torres, 2016). Segundo Santos (2016), “a supervisão e

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tenha um desenvolvimento técnico saudável, sem tensões desnecessárias”. A aluna A

respondeu de forma simples e natural ao solicitado pelo professor nesta matéria.

A respiração é considerada a base da técnica da flauta transversal, uma vez que se trata da função biológica mais importante do nosso organismo, face ao mecanismo de funcionamento do instrumento. À exceção de efeitos de percussão de chaves e de alguns outros requisitados por compositores do séc. XX e XXI, a existência da sonoridade na flauta depende em exclusivo do uso do ar e da respiração. A inspiração deve ser profunda mas relaxada, enquanto a expiração deve ser contínua (sem quebras), garantido, assim, um som fluido e projetado. Nesta matéria a aluna A revelou algumas dificuldades, uma vez que o processo de inspiração-expiração na execução de um instrumento de sopro varia relativamente à prática diária (ao quotidiano) da respiração. A respiração voluntária (ou comportamental) utilizada, por exemplo, para falar, cantar ou tocar instrumentos de sopro, é regulada pelo córtex cerebral, envolvendo um elevado nível de foco de atenção (Novotny & Kravitz, 2015, citado por Torres, 2016). Deste modo, a respiração de um instrumentista de sopro deverá ser praticada até se tornar o mais natural possível. Se um ato voluntário for repetido, a aprendizagem acontece, e os processos neurofisiológicos e cognitivos que sustentam o seu controlo podem mudar (Gallego et al., 2001, citado por Torres, 2016).

Após toda a temática da respiração, foi abordado o tema da embocadura, sendo que a forma e o conforto da embocadura diferem em conformidade com as características de cada aluno. De uma forma simples, foram referidos à aluna todos os procedimentos a realizar na constituição de uma correta posição da embocadura (em particular, a necessidade de manter o lábio inferior relaxado), e todos os fatores adicionais que influenciam a emissão de som. A aluna recebeu bem a informação e o resultado foi muito satisfatório.

Com a realização de pequenas peças clássicas e populares (presentes em The Fife Book), sempre com o acompanhamento de piano (e do metrónomo), a aluna conseguiu perceber e interiorizar a noção de pulsação, bem como desenvolver a produção sonora. Sempre que necessário recorreu-se à dança, a movimentos rítmicos5, ao canto e a jogos lúdicos para resolver as imprecisões existentes.

5 Para Gordon (2015), o único modo de compreender o ritmo musicalmente é “através do movimento do corpo e

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No campo da leitura das notas musicais, a aluna A evidenciou várias dificuldades que, devido ao seucaráter perfecionista, lhe causavam grande tristeza e frustração. Neste sentido, e devidoà inconsistência das execuções e frequentes trocas na denominação das referidas notas, procedeu-se a um reforço da leitura solfejada (Saunders et al., 2013). Em todas as aulas do 1.º Período foram realizados exercícios de leitura de notas musicais (renovados de duas em duas aulas), recorrendo a uma pulsação estável, que ia sendo alterada aquando das várias repetições. É de referir que a incerteza das execuções foi-se, gradualmente, dissipando, e a sua apresentação na audição de final de 1.º Período foi um sucesso.

A aluna A iniciou-se na flauta Boehm no dia 15 de dezembro, aula que contou com a presença do encarregado de educação, de forma a garantir o melhor cuidado, manuseamento e preservação do instrumento, na ausência do professor.

No início do 2.º Período, a aluna A revelou algumas dificuldades de adaptação ao novo instrumento. Devido ao facto da flauta transversal ser mais pesada e comprida que a Fife

Flute, a aluna apresentava, frequentemente, dificuldades em mantê-la estável e com a devida

inclinação (ao rodar “para dentro” a flauta, o orifício de sopro é coberto, o que limita a projeção sonora, comprometendo a afinação) (ver Anexo 3).

Após conversa com a aluna e respetivo encarregado de educação chegou-se à conclusão de que o tempo de estudo dedicado ao novo instrumento não era suficiente, tendo sido revisto e retificado o plano de estudo. Com o aumento do tempo de estudo diário e reforço de exercícios de sonoridade no registo grave e médio, a aluna voltou a manifestar o seu ritmo de evolução habitual, bem como níveis de satisfação e motivação mais elevados.

Com a estabilização dos aspetos posturais e de sonoridade procedeu-se ao ensino da técnica de articulação aplicada na flauta. A aluna não revelou qualquer tipo de dificuldade na realização do processo básico de movimento da língua e de coordenação com os dedos. Todavia, durante as 2 ou 3 aulas seguintes à sua aprendizagem, nem sempre aplicava essa técnica.

A aprendizagem de peças mais longas e exigentes (com variedade de figuras rítmicas e âmbito de registo mais alargado), como Eidelweiss ou Amazing Grace, desenrolou-se de uma forma bastante estruturada e conscienciosa, o que resultou, novamente, numa boa apresentação em audição pública, no final do 2.º Período. É de referir que, durante o 2.º

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período, com o surgir de hábitos de estudo e a aquisição de uma maior autonomia, a evolução na aprendizagem tornou-se mais evidente e os progressos começaram a ser visíveis.

O 3.º Período iniciou-se com a conclusão de The Fife Book. No dia 11 de maio de 2017, com o início do estudo de Beginner’s Book for the Flute, procedeu-se à introdução das primeiras notas musicais alteradas, nomeadamente, o sol#, o sib e o fá#. Com a aprendizagem destas novas notas foram executados, entre outros exercícios e peças, o scale exercise em fá maior (p. 24) (ver Anexo 4), que confluiu na escala de fá maior, uma Dance de M. Praetorius e Rustic Dance de A. Ridout (ambas presentes no CD que acompanha o manual de flauta e que exemplifica o repertório).

No teste de final de Período, em a que aluna apresentou a escala de fá maior e o mesmo

scale exercise, e duas peças pertencentes ao Beginner’s Book, a discente obteve a avaliação de

Bom.

A audição de final de Período, que teve lugar no dia 19 de junho, confirmou o bom trabalho desenvolvido pela aluna A, no ano lectivo de 2016/17.

A avaliação da aluna A foi feita com base na avaliação contínua, que se fundamentou na sua prestação nas aulas, nas audições e no teste final.

Devido à sua juventude e imaturidade, é de referir a dificuldade constante que a aluna A demonstrou em manter a concentração e a focagem nos objetivos propostos, ao longo de todo o ano letivo. Apesar de muito motivada e entusiasmada com a aprendizagem da flauta, as distrações foram uma constante. A dizer, também, que, muitas vezes, as pequenas peças e exercícios não eram preparados em casa de forma contínua, tornando-se a sua apresentação integral difícil e demorada.

2.1.2. 5.º Grau de Flauta Transversal

No Esquema 3, são descritos os objetivos específicos anuais concebidos para o 5.º grau do Curso Básico de flauta transversal.

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Esquema 3 - Objetivos específicos anuais para o 5.º grau de Flauta Transversal. Adaptado do Departamento de Sopros – Classe de Flauta Transversal do Conservatório de Música D. Dinis (2016).

A Tabela 6, que surge em seguida, descreve quais os conteúdos e competências a adquirir em cada período letivo.

1.ºPeríodo

• Realização de exercícios de sonoridade, stacatto e legatto, e dinâmicas (T.Wye, Ph.Bernold, P.Taffanel/Ph.Gaubert, M.Moyse, M.A. Reichert, entre outros).

• Execução de escalas maiores e menores até 5 alterações, com os respetivos arpejos (incluído o de 7ª dominante, V7), inversões e cromáticas. Realização de exercícios técnicos complementares, com base em escalas (D.S. Wood, Maquarre, Boehm, entre outros).

• Aprendizagem de estudos de B.Berbeguier – 18 Etudes; E.Köhler op.33 – Vol.1 e Vol.2; E.Köhler – 25 Estudos Românticos op.66; ou outros de grau de dificuldade igual ou superior.

• Realização de uma peça a solo, uma peça (com acompanhamento), ou 2 andamentos de uma Sonata ou Concerto.

• Participação numa audição no final do período letivo.

2.º Período

• Realização de exercícios de sonoridade, stacatto e legatto, e dinâmicas (T.Wye, Ph.Bernold, P.Taffanel/Ph.Gaubert, M.Moyse, M.A. Reichert, entre outros).

Objetivos Específicos

Ser capaz de se apresentar em público

Ser capaz de compreender o fraseado musical

Interpretar obras estilisticamente, segundo a época de composição

Realizar diferentes dinâmicas, mantendo o controlo da afinação

e qualidade do som Compreender a importância da

sonoridade, dinâmica e articulação como veículos de

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• Execução de escalas maiores e menores até 6 alterações, com os respetivos arpejos (incluído o de 7ª dominante, V7), inversões e cromáticas. Realização de exercícios técnicos complementares, com base em escalas (D.S. Wood, Maquarre, Boehm, entre outros).

• Aprendizagem de estudos de B.Berbeguier – 18 Etudes; E.Köhler – op.33 – Vol.1 e Vol.2; E.Köhler – 25 Estudos Românticos; ou outros de grau de dificuldade igual ou superior.

• Realização de uma peça a solo, uma peça (com acompanhamento), ou uma Sonata ou Concerto completos.

• Realização do teste intercalar de avaliação.

• Participação numa audição no final do período letivo.

3.º Período

• Realização de exercícios de sonoridade, stacatto e legatto, e dinâmicas (T.Wye, Ph.Bernold, P.Taffanel/Ph.Gaubert, M.Moyse, M.A. Reichert, entre outros).

• Execução de escalas maiores e menores até 7 alterações, com os respetivos arpejos (incluído o de 7ª dominante, V7), inversões e cromáticas. Realização de exercícios técnicos complementares, com base em escalas (D.S. Wood, Maquarre, Boehm, entre outros).

• Aprendizagem de estudos de B.Berbeguier – 18 Etudes; E.Köhler op.33 – Vol.1 e Vol.2; E.Köhler – 25 Estudos Românticos op.66; ou outros de grau de dificuldade igual ou superior.

• Realização de uma peça a solo, uma peça (com acompanhamento), ou uma Sonata ou Concerto completos.

• Realização de uma prova de avaliação de caráter global. • Participação numa audição no final do período letivo.

Tabela 6 - Objetivos por período para o 5º Grau. Adaptado do Departamento de Sopros – Classe de Flauta Transversal do Conservatório de Música D. Dinis (2016).

2.1.2.1. Aluna B

A aluna B, com 15 anos (nascida em setembro de 2002) e residente na Ramada (União das Freguesias de Ramada e Caneças), encontra-se a frequentar o 9.º ano de escolaridade, em paralelo com 5.º grau do currículo musical no CMDD. Tal como a aluna A, ingressou

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diretamente no 1.º grau através do regime protocolar articulado, determinado pelo Ministério da Educação. Sem qualquer conhecimento musical, esta aluna, durante o primeiro ano, revelou grandes dificuldades de adaptação, mostrando-se perdida e confusa com esta nova linguagem. Neste sentido, logo de início, foram efetuados contactos com os encarregados de educação, bem como desenvolvidas adaptações curriculares. Apesar das dificuldades constantemente evidenciadas e dos ajustes feitos ao programa, a aluna B conseguiu sempre atingir os objetivos mínimos exigidos. No final do ano letivo transato (2015/2016), após abordar os pais da aluna relativamente à possibilidade de existir algum tipo de dificuldade de aprendizagem específica, foi-me revelada a existência de diagnóstico de dislexia.

Desde do início do seu percurso no Conservatório que a aluna se tem revelado muito tímida e introvertida (diria que “quase envergonhada”), bem como insegura de si mesma.

É de referir que, apesar de sempre ter revelado uma fraca autonomia, memória e dificuldades de leitura, a aluna sempre se apresentou altamente motivada (intrínseca e extrinsecamente), atenta e ativa na aula de flauta transversal.

Conhecendo a exigência do programa de 5.º grau, foi decidido reforçar a estratégia já aplicada nos dois anos anteriores, que consistia na aplicação do modelo de controlo de estudo e “aprendizagem online”. Perante uma aluna responsável e com alguma capacidade de estudo individual, foi concebida uma grelha de estudo semanal e decidida a utilização das novas ferramentas tecnológicas de comunicação e informação, entre elas, Facebook, Youtube e Messenger. Neste sentido foi também realizada uma reunião com os encarregados de educação para realçar a importância da sua ajuda e apoio neste exigente ano letivo, os quais se demonstraram plenamente disponíveis e vigilantes.

No decorrer do ano letivo foi utilizada a seguinte bibliografia: 7 Exercices Journaliers

pour la flûte, Op.5 de Matheus A. Reichert, Beginner’s Book for the Flute – Part Two de

Trevor Wye, Thirty Easy and Progressive Studies for Flute de Giuseppe Gariboldi, Serenade de Joseph Haydn e Gavotte de François J. Gossec. A dizer que os estudos de Gariboldi e as peças de Haydn e Gossec foram introduzidos apenas a partir do mês de fevereiro.

As planificações anuais e de aula referentes à aluna B encontram-se presentes nos Anexos 6 e 6A.

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A aluna começou por iniciar o ano letivo realizando Exercices de Reichert, sempre com o intuito de desenvolver uma sonoridade homogénea em todos os registos da flauta, e um controlo labial e da velocidade de ar. Dedicou-se também à conclusão do livro Beginner’s

Book for the Flute –Part two, que finda com um exigente Tema e Variações, em mi menor, de

J. Quantz (adaptado por Trevor Wye), que explora praticamente todas as dimensões abordadas nos dois volumes do livro, nomeadamente, controlo da pulsação, domínio da métrica, constância da sonoridade em todos os registos da flauta, variedade de articulação, construção frásica, etc. É de referir o trabalho árduo (que durou quase todo o 1.º Período) que a aluna B desenvolveu na preparação deste tema e (sete) variações.

A obtenção do sucesso nesta obra fundamentou-se na aprendizagem baseada numa consciente organização de cada variação, bem como no conhecimento e reconhecimento das problemáticas estabelecidas em cada uma das secções. As partes de maior dificuldade de execução eram tocadas separadamente, procedendo-se ao isolamento do ritmo melódica e das notas musicais. Após o domínio dos ritmos em questão (através do movimento e exercícios de

No documento A dislexia na aprendizagem da música (páginas 40-59)