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3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.3 Integração do ecodesign ao PDP

3.3.2 Propostas para integração do ecodesign ao PDP

SIMON et al., 2000 afirmam que o sucesso do ecodesign depende de ações bem sucedidas tanto no nível estratégico como no operacional, colocando as boas intenções definida na estratégia em prática no âmbito do desenvolvimento de produtos. Esse autores apresentam um Framework para integração de ecodesign ao PDP composto por 4 estágios e denominado “The ARPI (Analyse, Report, Prioritize,

Improve) Framework”.

• Primeiro estágio (Análisar impactos ambientais): os autores afirmam que a aplicação do ecodesign ao desenvolvimento de um novo produto normalmente começa com informações sobre impactos ambientais advindas da avaliação de produtos existentes da própria empresa ou algum concorrente. Essa análise pode ser mais ou menos detalhada dependendo da escolha da empresa, podendo ser baseada no uso de ACV ou mesmo em parâmetros legais e de rotulagem ambiental;

• Segundo estágio (Reportar resultados das análises): como os resultados das análises feitas são usualmente complicados para quem não é da área ambiental, os resultados obtidos devem ser “traduzidos” de forma a facilitar o entendimento da equipe de desenvolvimento de

produtos. Como exemplo, os autores citam que um estudo de ACV completo dificilmente será útil para um designer orientar suas atividades na busca da redução dos impactos ambientais apontados quantitativamente no estudo. Nesse estágio, os autores destacam a necessidade da participação no âmbito do PDP de um Environmental

Champion capaz de “traduzir” os resultados das avaliações;

• Terceiro estágio (Definir prioridades): nesse estágio os autores falam na necessidade de se definir uma estratégia ambiental para o desenvolvimento de produtos (environmental product development

strategy). Essa estratégia inicia-se nas atividades que os autores

chamam de pré-especificação, antes do início das atividades de projeto do produto. Esses autores destacam a importância dessa fase para o sucesso do ecodesign afirmando ser competência dos gestores mais graduados envolvidos com o desenvolvimento de produto (com o auxílio do Environmental Champion) definirem objetivos (quais impactos ambientais serão atacados, escolhidos entre aqueles levantados anteriormente) e respectivas métas a serem alcançadas. O resultado dessa fase deve garantir que os objetivos e metas [ambientais] assim definidos façam parte das especificações prelliminares do produto (...the result of prioritization should be

objectives and metrics that are reflected in the specification);

• Quarto estágio (Melhorar o projeto do produto): deste ponto em diante, definidas as espeficicações, o projeto do produto segue como de costume, com a possibilidade de utilização de ferramentas de ecodesign personalizadas/costumizadas para as necessidades das

empresas. Os autores destacam que na maioria das vezes as melhorias alcançadas são de natureza incremental em vez que inovação radical.

Sobre a proposta de SIMON et al., 2000, é digno de nota o foco dado à definição de objetivos e metas ambientais nas fases que antecedem o início do projeto do produto. Como será discutido no capítulo que trata da integração de práticas de ecodesign ao Modelo Unificado, a definição de objetivos e metas ambientais pode ser apontada como condição sine qua non para o sucesso da implementação do ecodesign.

LEWIS; GERTSAKIS, 2001, p.31-40, apresentam uma sequencia de 5 passos para o que chamam de gestão do ecodesign. São eles:

1. Avalie os impactos ambientais: visa identificar as áreas de maior impacto ambiental, as quais serão consideradas durante o processo de desenvolvimento, mais especificamente na realização do design brief (feito no quarto passo proposto). Esse autores chamam a atenção para a diversidade de ferramentas existentes para esse fim, as quais variam em preço e complexidade e devem ser escolhidas em função do objetivo, escopo e orçamento do projeto;

2. Pesquise o mercado37: essa pesquisa deve ser feita antes do início do desenvolvimento para ajudar no entendimento dos requisitos do mercado e identificar idéias e tecnologias que podem ser perseguidas durante o processo de desenvolvimento. Deve-se pesquisar o mercado, produtos concorrentes, legislações e outros possíveis fatores

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Nas páginas 33 e 34 os autores detalham o conteúdo desse documento por meio de quadros explicativos.

de que podem provocar alterações. O resultado dessa pesquisa é denominado pelos autores de General Product Analysis (GPA), documento que será utilizado no próximo passo e deve conter uma descrição do produto tão mais completa quanto possível. Os autores sugerem que o GPA deve ser feita em paralelo com a avaliação de impactos ambientais;

3. Faça um workshop de idéias38: expediente utilizado para criar ideias criativas e estratégias, tendo como base o GPA. Os autores resumem esse passo ao uso de técnicas de criatividade e propõem que ao final os resultados (idéias) sejam avaliadas e classificadas em 4 categorias:

o Categoria 1: idéias que aparentam gerar ganhos ambientais significativos e que são viáveis do ponto de vista tecnico e econômico;

o Categoria 2: idéias que aparentam gerar ganhos ambientais limitados mas que são viáveis do ponto de vista tecnico e econômico;

o Categoria 3: idéias que aparentam gerar ganhos ambientais significativos mas que são questionáveis quanto à viabilidade técnica e econômica;

o Categoria 4: idéias que aparentam gerar ganhos ambientais limitados e que são questionáveis quanto à viabilidade tecnica e econômica;

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A partir dessa análise as propostas são priorizadas quanto à implementação em curto, médio e longo prazo (com prioridade para as da categoria 1).

4. Selecione estratégias de projeto: tendo como base as informações do GPA e da avaliação das idéias feitas no workshop pode-se selecionar estratégias para inclusão no brief (as estratégias apontadas por esse autores são comuns às estratégias ambientais apresentadas na revisão de práticas de ecodesign: materiais com baixo impacto, não tóxicos, aumentar a eficiência do uso da energia...). O resultado desse passo é o que os autores chamam de design brief, documento que deve conter requisitos gerais do produto, objetivos ambientais, requisitos de produção, regulamentações e padrões aplicáveis e uma estimativa de custo;

5. Projete o produto: o projeto deve ser desenvolvido seguindo as fases usuais adotadas pela empresa. Os autores finalizam ressaltando que que o progresso do projeto do produto deve ser avaliado frente ao brief ao longo do desenvolvimento.

Analisando as propostas feitas por SIMON et al., 2000 e LEWIS; GERTSAKIS, 2001, p.31-40, pode-se inferir que a integração do ecodesign ao PDP é vista como um processo em si, separado do PDP e que possui suas próprias “fases”. Em nenhum momento os autores se preocupam em estabelecer relações entre os estágios ou passos que propõem com uma referência sobre o que venha a ser o PDP.

No entanto, existem propostas que procuram relacionar as “fases” ou passos do processo de ecodesign com uma referência em PDP.

NIEL aspectos ferrament no entend são assoc esse prop resumem- Figu LSEN; WE ambienta ta ACV. Ne dimento do ciadas ativ posta é b -se à ativid ura 14: Pro ENZEL, 20 ais ao de essa propo o autor def vidades rel baseada n dades relac opostas de 002 apres esenvolvim osta, inicial finem o PD acionadas no uso da cionadas à integração WEN entam um mento de lmente se DP e, em s s à introduç a ferramen à ACV. A F o de ecode NZEL, 2002 ma propost produtos estabelece seguida, a ção de asp nta ACV, Figura 14 m esign base 2 ta para a baseadas e quais são a cada uma pectos am as ativida mostra ess eada em A introduçã s no uso o as fases a dessas f bientais. C ades propo sa proposta CV (NIELS o de o da que, fases Como ostas a. SEN;

HAUSCHILD, JESWIET; ALTING, 2004 afirmam que um erro comum na implementação do ecodesign é que a ferramenta define o processo, e não o contrário.

Essa visão fica clara na proposta feita por NIELSEN; WENZEL, 2002, uma vez que o processo de integração do ecodesign ao PDP é definido em função da ferramenta ACV, e não da natureza de processo de negócio do PDP.

Ainda, o que se observa é que a visão de desenvolvimento de produto presente nessa proposta é a do desenvolvimento seqüencial, corroborando as afirmações de que a visão sobre o que venha a ser o PDP presente nas pequisas em ecodesign que abordam métodos e ferramentas é limitada.

TISCHNER, 2001 p. 266 propõe o que chama de um processo sistemático de ecodesign dividido em 7 fases (Figura 15).

Ao afirmar que o processo de ecodesign não é essencialmente diferente dos processos de desenvolvimento de produtos convencionais essa autora assume um discurso conciliador com as pesquisas em PDP.

No entanto, na prática propõe que o desenvolvimento de produtos que causem menos impacto ambiental seja feito de uma forma totalmente distinta, para o que propõe inclusive um processo (Figura 15), afastando ainda mais o ecodesign do PDP.

Por fim, fica também evidente que a visão de PDP implícita a essa proposta assemelha-se à visão do desenvolvimento sequencial.