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Durante esta pesquisa, e em comemoração aos 60 anos do Parque Ibirapuera, os desenhos da Marquise e dos Pavilhões foram expostos na Oca, em uma exposição temporária chamada “Ibirapuera: modernidades sobrepostas”, que aconteceu entre 30/08/2014 até 01/02/2015, com curadoria dos pesquisadores e docentes da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, Rodrigo Queiroz e Ana Barone.

Foram expostas diversas implantações preliminares para o Ibirapuera e também a que foi executada, em escala 1:1000 (Figura 3.1). Também foram expostos diversos cortes da cobertura em escala 1:50, ambos datados de 1952. Notou-se a ausência do vazio elíptico na marquise e a ausência de maiores detalhes em sua estrutura.

Figura 3.1 e 3.2 – Implantação do Parque Ibirapuera (1:1000) e cortes da marquise (1:50), datado de 29/11/1952.

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Os cortes apresentam pilares de seção circular de 4 m de altura sob vigas de 0,85 m de altura e uma viga semi- invertida nas extremidades da cobertura com 0,25 m de altura (Figura 3.2).

Foram obtidos desenhos através do contato com a administração do Museu de Arte Moderna, que gentilmente cedeu diversos cortes da marquise e as diversas plantas do museu, e através do Museu da Cidade que cedeu em formato CAD. Esses desenhos são os que foram utilizados durante a etapa de redesenho. As Figuras 3.3 e 3.4 exibem uma amostra dos desenhos obtidos por meio dos museus.

Figura 3.3 – Implantação do Parque Ibirapuera. Figura 3.4 – Cortes variados da marquise.

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Redesenho

O redesenho realizado a partir do material obtido possibilitou remover as informações não relevantes à esta pesquisa, como, por exemplo, informações sobre instalações elétrica e hidráulica. Observou-se que os cortes não apresentam um detalhamento do caixão perdido da cobertura da marquise. Por ser uma etapa baseada em desenhos executados por fontes diversas, o redesenho da Marquise não contemplou esse detalhe, que será estudado na sequência, durante a modelagem geométrica da cobertura. Sabe-se que o Museu de Arte Moderna (MAM) não é um projeto de Oscar Niemeyer. Porém, o redesenho da planta do MAM, implantado sob a marquise, auxiliou no entendimento da forma da cobertura, que é mais espessa no centro e mais estreita nos balanços, como observado nos cortes (Figura 3.7).

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Modelagem Paramétrica

A Marquise do Ibirapuera é o edifício de maior extensão no Parque e também aquele que possui o perímetro mais orgânico desta dissertação, pois apresenta uma sucessão de arcos de circunferência, de raios variados, onde cada circunferência tangencia a seguinte em apenas um ponto, atribuindo uma continuidade sinuosa da forma da cobertura.

Não foram encontrados registros de desenhos feitos por Niemeyer que apresentam as circunferências geradoras da forma. Os desenhos cedidos pelo Museu da Cidade, em CAD, apresentam algumas imprecisões com relação aos pontos de tangências dos diversos arcos. A Modelagem Paramétrica (MP) proporcionou uma interpretação da forma, tornando possível recriar uma forma que muito se assemelha àquela construída por Niemeyer e equipe.

A montagem do algoritmo que proporcionou a criação do desenho do perímetro da Marquise foi composta pelas seguintes etapas: i) Locação dos centros de circunferência, ii) Dimensionamento dos raios de circunferência e iii) Criação dos arcos de circunferência.

O redesenho realizado da Marquise apresentava inicialmente uma forma constituída por uma sucessão de diversos arcos unidos numa polilinha (polyline). A locação dos diversos centros de circunferência ocorreu com o desmembramento da polilinha em linhas e arcos e, consequentemente, a extração dos centros de circunferência de cada arco.

Os centros de circunferência foram exportados para o Rhinoceros e, por consequência, serviram como base para a criação do algoritmo no Grasshopper, onde as circunferências geradoras da forma foram criadas. Foi nesta etapa que foram observadas as imprecisões citadas anteriormente. Notou-se a presença de mais de um ponto de encontro entre as circunferências, sendo que a forma do edifício construído é definida por diversas circunferências que tangenciam em um único ponto. Esse equívoco do desenho foi corrigido com o auxílio dos sliders (ferramenta de controle numérico) do Grasshopper, aumentando ou diminuindo alguns centímetros o tamanho do raio das circunferências.

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Os arcos de circunferência foram definidos pelo encontro das tangentes e pelos raios das diferentes circunferências. A Figura 3.7 mostra o processo de criação da forma, numerando as etapas (1, 2, 3, 4...) e o acontecimento de cada etapa (retas e arcos). Observa-se em vermelho a marcação dos raios e em branco o processo de criação do perímetro da Marquise. Nota-se a sucessão de arcos de circunferências nas etapas (3, 4 e 5), (9, 10, 11 e 12), (18, 19 e 20) e (24, 25, 26, 27, 28, 29 e 30), além da criação do vazio da Marquise em forma de elipse na etapa 32. As etapas (1,2 e 13), (6, 7 e 8), (13, 14 e 15) e (21, 22 e 23), marcadas como “Retas” mostram as quatro extremidades do edifício.

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Na Figura 3.7 se observa o algoritmo que possibilitou a criação do desenho da Marquise. Nota-se que o algoritmo se repete quatro vezes, por isso uma parte foi ampliada, para uma melhor visualização. O algoritmo começou com o estabelecimento dos centros de circunferência, extraídos do desenho técnico. Em cada centro foi estabelecida uma circunferência. Na sequência, o terceiro passo foi a criação dos os arcos extraídos das circunferências a partir dos pontos de tangência entre as circunferências. O processo geométrico pode ser visualizado na Figura 3.9.

Figura 3.8 – Algoritmo da Marquise do Ibirapuera (1953). (Figura ampliada na p. 312) Fonte: Breno Veiga, 2015.

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Figura 3.9 – Sequência de modelagem da Marquise do Ibirapuera (1953).

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Modelagem Geométrica

O modelo paramétrico foi exportado para o Rhinoceros onde foi possível, com a ajuda dos desenhos técnicos, locar tantos as colunas de seção circular, quanto os pilares em V nas extremidades da Marquise.

É possível observar no corte da marquise (Figura 3.14) que Niemeyer projeta um detalhe construtivo que faz com que a Marquise pareça mais delgada e mais leve. O arquiteto projeta uma cobertura mais espessa em sua parte central e mais fina, nos balanços. Esse detalhe é repetido na platibanda da construção, criando a ilusão de uma forma mais delgada e leve do que ela realmente é. Com o auxílio do modelo geométrico foi possível criar um corte longitudinal (corte DD), de extremo a extremo da marquise, desenho que não foi obtido durante a coleta de dados.

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