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Palácio das Artes Oca (1952) Oscar Niemeyer, Carlos Lemos, Eduardo Kneese de Mello, Gauss Estelita, Hélio Uchôa e Zenon Lotufo

Construção: Monteiro, Wigderowitz & Monteiro LTDA. Fonte: REVISTA ACRÓPOLE, Agosto de 1954 n. 191, p. 495

A Oca é um dos Pavilhões mais emblemáticos do Parque. Sua forma externa, assim como o Pavilhão das Indústrias, apresenta um caráter dialético 3.4, onde a forma estática do exterior, prismática na bienal e cúpula na oca, se opõe ao

dinamismo do espaço interno e dos fluxos (PIGNATARI, 1981; OHTAKE, 2007; DUDEQUE, 2009).

A cúpula expressa uma geometria que é resultante da rotação de um arco de circunferência e uma linha tangente, criando uma forma que em seu ponto mais alto apresenta uma altura de 18 m, altura similar a um edifício de seis andares. O grande efeito de Niemeyer nesse edifício foi esconder a grande dimensão do edifício sobre as linhas curvas da Oca, devido à inclinação das paredes o edifício aparenta ter uma altura menor que a real.

O Edifício apresenta quatro pavimentos, um subsolo, um térreo e dois pavimentos superiores, todas as lajes apresentam como característica semelhante a independência estrutural da cúpula de concreto. A presença de vazios em suas extremidades e a diminuição da altura estrutural nas periferias dos pavimentos, vistos também na Marquise do parque. Os vazios nas extremidades das lajes superiores apresentam duas funções principais: a de limitar o acesso de usuários em pontos onde o pé direito é muito baixo, dado pela forma da cobertura, e possibilitar a visão dos pavimentos inferiores, sobretudo do térreo, que recebe iluminação natural, criando um espaço fluido, interligado pelas rampas na lateral das lajes.

Coleta de Dados

Na referida exposição sobre edifícios do Ibirapuera, foram expostos um corte/elevação, datado de 29/11/1952, do edifício da Oca, e duas plantas, uma do térreo e uma do segundo pavimento, ambas datadas de 12/11/1952 e em escala 1:100.

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circunferência que constroem a geometria do edifício. O pavimento térreo apresenta um raio de 36,50 m e a cobertura, vazada internamente, apresenta raio externo igual a 44 m e interno igual a 43,20 m.

Figura 3.71 e 3.72 – Corte-elevação do Palácio das Artes e detalhe da fundação do edifício, datado de 29/11/1952 (1:100). Fonte: Arquivo Histórico de São Paulo, Foto: Breno Veiga, 2015.

O desenho traz informações a respeito do volume de concreto utilizado na construção do pavilhão: 4.300 m³; a quantidade de armação utilizada: 531,5 toneladas; e a quantidade de formas para o concreto: 56.000 m². O desenho traz uma nota sobre a concretagem e o local. Foram utilizados três tipos de concreto no edifício, indicados por A: 380 kg/cm², B: 320 kg/cm² e C: 280 kg/cm². O tipo A foi utilizado na construção da casca, B nos pavimentos internos e C nas sapatas da fundação.

O Museu da Cidade gentilmente cedeu plantas, cortes, elevações e a implantação do edifício da Oca (as built) em formato CAD. Observou-se que os desenhos vieram com informações desnecessárias para o estudo proposto nesta dissertação, como instalações elétricas e ar-condicionado.

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Figura 3.73 – Parte dos desenhos em formato digital adquiridos. Fonte: Museu da Cidade, 2015.

Redesenho

Foram percebidas pequenas discordâncias com relação às dimensões do edifício. Os raios que compõem a casca do edifício possuem medidas iguais a 44,04 m para a casca externa e 43,20 m para a interna, apresentando discrepâncias de 0,04 m e 0,17 m respectivamente. Esse fato pode ser decorrente das mudanças posteriores no projeto de 1952 na estrutura e/ou impermeabilização do edifício.

Por representar o corrente estado construtivo do edifício (as built) e por apresentar planta, corte e elevação, os desenhos cedidos em formato digital foram utilizados para o redesenho. Foram mantidas apenas as informações relevantes à esta pesquisa. Em seguida, os desenhos foram padronizados com o mesmo peso gráfico.

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Modelagem Paramétrica

A MP do edifício da Oca foi dividida em quatro partes: a casca de concreto, o térreo, o primeiro e o segundo pavimentos. A modelagem da casca foi iniciada com a criação da seção circular do edifício no plano XY que possui 38,16 m de raio, denominada C1, conforme o Quadro 3.4.

Quadro 3.4 – Etapas para a construção do modelo paramétrico do Palácio das Artes (1953). Fonte: Breno Veiga, 2015.

Nos desenhos técnicos, verificou-se que a casca de concreto possui uma espessura variável, sendo maior junto ao solo (1,40 m) e menor em seu ponto mais alto (0,55 m). Para a modelagem da espessura da casca foi empregado o seguinte método: com o auxílio do comando Offset foi criada uma segunda circunferência (C2); a distância entre C1 e

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C2 é igual a espessura da casca no pavimento térreo. Em seguida, foi criada uma circunferência (C3) no plano YZ de raio igual a 43 m com centro deslocado a 26 m para abaixo de C1 e C2.

A criação de duas circunferências no plano XY e uma no plano YZ, possibilitou o desenho da tangente entre C1 e C3 e consequentemente o arco e tangente que definem a face externa da casca de concreto. Para o desenho da face interna da casca, o ponto mais alto do arco foi deslocado 0,55 m, medida igual a menor espessura da cobertura, possibilitando traçar o arco e tangente entre esse ponto e C2.

Quadro 3.5 – Geometria dos pavimentos do Palácio das Artes (1953). Fonte: Breno Veiga, 2015.

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centro de circunferência de C1. Para a criação das aberturas circulares foram criados 34 cilindros com 1 m de raio e para a criação da entrada do edifício foi utilizado um prisma. Ambos foram subtraídos da forma da cúpula previamente criada, através de uma operação booleana 3.5, criando assim, a forma final da casca de concreto da

Oca (ver Quadro 3.4).

A forma de todos os pavimentos da Oca segue a mesma regra e os mesmos quatro passos: i) forma base, ii) circunferência geradora. iii) circunferências de subtração e iv) forma final. Seguindo esses passos a MP dos pavimentos internos aconteceu (ver Quadro 3.5).

Para cada pavimento foi desenhada primeiramente uma circunferência de raio igual a uma seção da casca de concreto (forma base), o tamanho máximo que um pavimento poderia ser projetado. A circunferência geradora é formada por uma ou duas circunferências maiores que a forma base, por onde se centram todos os centros das circunferências de subtração, que por sua vez interseccionam o perímetro da forma base e produzem os vazios de cada pavimento.

Figura 3.76 – Algoritmo. Figura 3.77 – Posição de cada elemento no algoritmo.

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