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Compreendendo o policiamento de prevenção e de proximidade

A forma mais convencional de policiamento, desenvolvido ao longo da história das forças policiais, em especial na América Latina, atua com referenciais de ação reativa ou repressiva. De fato, tal forma existe para o emprego em situações, criteriosamente avaliadas, nas quais outras abordagens não possam ser aplicadas. Há, no entanto, outra forma de atuação que foi mais recen- temente posta em uso e vem sendo desenvolvida, a qual já recebeu denominações como, Policiamento Comunitário, Policiamento Distrital ou de Bairro. Hoje a terminologia usada é “Policiamento de Proximidade”.

Na prática, o Policiamento de Proximidade trabalha com ações preventivas mais frequentemente do que ações repressivas. Uma de suas características é o desenvolvimento de um contato maior com a comunidade, fidelizando o atendimento e buscando uma interação com todos aqueles que a integram, nos seus diversos níveis. Dessa forma, o policiamento de proximidade se propõe a

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redefinir alguns procedimentos e rever paradigmas quanto à per- cepção e a aplicação técnico-profissional das unidades policiais que a assemelham. Segundo Lisboa e Dias (2008) “o ‘Policiamento de Proximidade’ não é apenas uma prática de policiamento diferente ou alternativo, mas sim toda uma alteração do paradigma de atuação e de uma organização na sua relação com o meio envolvente”.

Assim, desde o ano de 2002, a Polícia Militar do Estado do Rio Grande do Norte pôs em prática o PROERD. O Programa, até o décimo terceiro ano de sua atuação no Estado, formou cerca de 300.000 (trezentos mil) alunos em prevenção às drogas e aos diver- sos tipos de violências. Não somente construindo o conhecimento voltado ao enfrentamento específico, mas fortalecendo valores relativos à cidadania, à ética, às responsabilidades e à segurança.

O PROERD tem como frente atuante a prevenção. Aliado a essa linha de trabalho, no segundo semestre de 2010, após seleção e capacitação de cerca de 40 policiais militares, foi posta em prática a outra frente de ação da CIPRED, o pelotão de Ronda Escolar Comunitária. Criado para atuar em policiamento ostensivo na comunidade escolar, o pelotão logo se destacou por sua presença marcante nas escolas e por suas características práticas e efetivas de emprego das filosofias de policiamento de proximidade.

Àquele momento, da efetivação do Ronda Escolar, estavam relacionadas ocorrências, por exemplo, envolvendo adolescentes, membros de grupos, que se valiam da rivalidade entre times de futebol para aliciar alunos de escolas das diversas zonas adminis- trativas da capital potiguar. Depois de aliciados, esses alunos eram instigados a hostilizar alunos de escolas “rivais” em confrontos que se realizavam especialmente no centro do município de Natal. Essa foi uma ocasião oportuna para o desencadeamento de uma operação que tornou o Pelotão de Ronda Escolar Comunitária, a exemplo do que já acontecia com o PROERD, reconhecido por toda a rede escolar, tanto pública quanto privada.

O contato aproximado com as escolas permitiu a identifi- cação não só dos principais adolescentes infratores em meio aos

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alunos, mas também acesso à informação, o que nos possibilitou conhecer como a estrutura de aliciamento se desenvolvia e, como e quando os “embates” aconteceriam. Dessa forma, os conflitos foram minimizados a um patamar de controle e a presença policial militar nas escolas passou a ser, concretamente, algo reconhecido pelos gestores, funcionários, pais e alunos.

As ocorrências no ambiente escolar passaram a ter um atendimento especializado. Dessa forma, as modalidades de crimes e infrações neste meio não mais tiveram oportunidade de se firmar. A intervenção provocou uma mudança nos padrões de atuação desses indivíduos ao longo do tempo, mas, gradativamente, eles são detectados pelo Setor de Análise e Estatística da CIPRED. Assim, o planejamento é feito para cada dia de serviço, direcionando mais precisamente os esforços em cada foco, o que se reflete na detecção e redução de determinado tipo de ocorrência (Figura 1).

A partir de então a CIPRED busca desenvolver, conjunta- mente com a interação e a integração, uma consciência de segurança na comunidade escolar. Esse processo é gradual e contínuo, se apoiando na participação dos gestores, que se tornou cada vez mais essencial.

Com forma de estreitar ainda mais a relação Polícia Militar/ Escola, foram adquiridos aparelhos celulares funcionais e linhas telefônicas específicas para a prestação do serviço de segurança pública junto à comunidade escolar. Tal estratégia possibilitou um aprimoramento no tempo-resposta entre o chamado do gestor e a chegada da equipe na escola, e ajudando na definição da fidelização dessas equipes às áreas de atuação e suas escolas. A segurança nas escolas estava definindo seu perfil e construindo uma consciência percebida, aos poucos, por aqueles que dela tomavam parte.

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192 Figu ra 1 – Tip os de o cor rê nc ia s r eg is trad as ao l ong o dos a nos Fo nte : Re la tór io de A ná li se de O cor rê nc ia s. CI PR E D 2 01 5. 1.

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