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4.8 PROCESSO DE AVALIAÇÃO

4.8.7 Comunicação dos resultados

De acordo com os princípios gerais da sustentabilidade na construção de edifícios, descritos na ISO 15392:2008 (Sustainability in building construction – General principles), as três dimensões da

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sustentabilidade dos edifícios (ambiental, social e económica) são elementos necessários numa abordagem sistemática na avaliação da sustentabilidade. As declarações de desempenho e da sustentabilidade de um edifício devem contemplar as três dimensões. Isto implica que quando se trata da avaliação da sustentabilidade de um edifício as três dimensões da sustentabilidade devem ser incluídas na avaliação do edifício. Contudo, a avaliação individual das dimensões da sustentabilidade poderá ser feita separadamente, dependendo do objetivo da avaliação. Neste caso, as declarações devem ser feitas apenas para as avaliações separadas - ambiental, social, económica – realmente realizadas (IPQ, 2014).

Os indicadores económicos, custo e valor financeiro contemplados em NP EN 15643-4:2013 são utilizados para descrever o desempenho económico de edifícios ao longo do seu ciclo de vida. Na metodologia MAEP-RB foi considerado o indicador económico custo ao longo do ciclo de vida. Neste conceito, o edifício com "menor custo de ciclo de vida" ao longo do seu ciclo de vida é o edifício mais económico. Isto implica que as variantes do edifício não diferem no que diz respeito à sua funcionalidade nem no que diz respeito a quaisquer rendimentos produzidos pelo edifício. Este conceito de desempenho económico não inclui os desenvolvimentos no mercado imobiliário, apenas o custo relacionado com o edifício ao longo do ciclo de vida. Portanto, para este tipo de avaliação económica, somente precisam ser reunidos os dados relativos a custos.

A EN 16627:2015 prevê que a comunicação dos resultados da avaliação do desempenho económico pode ser simplificada de acordo com as seguintes regras:

a) A comunicação pode ser limitada a uma seleção de indicadores;

b) Os resultados devem ser apresentados separadamente para todas as fases do ciclo de vida do edifício e para o módulo D;

c) Se os valores não foram determinados para todos os módulos de um etapa do ciclo de vida, os resultados devem ser apresentados separadamente para cada módulo dessa fase, e os módulos para os quais não estão determinados os valores devem ser apresentadas como Módulo não avaliado (MNA).

É do conhecimento geral que os diversos decisores preferem que a comunicação da sustentabilidade seja realizada através de uma escala graduada que represente não só o desempenho do edifico, mas também o seu nível de desempenho em relação aos benchmarks. Essa escala deverá ser desenvolvida de modo a que, por um lado, seja possível a sua interpretação e compreensão por parte dos utilizadores dos edifícios e, por outro, seja prática para os avaliadores. Adicionalmente, a comunicação da sustentabilidade usando apenas um índice/valor é muitas vezes insuficiente, não só devido à possível compensação entre indicadores nos processos de agregação, como também devido ao facto de certos decisores pretenderem medir, interpretar e comparar o desempenho do edifício ao nível de uma determinada categoria de sustentabilidade (Mateus, 2009).

Na metodologia MAEP-RB, a comunicação dos resultados da avaliação do desempenho económico e do índice de sustentabilidade da fase anterior à utilização conterá a seguinte informação:

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b) Comunicação dos resultados da avaliação do desempenho económico por indicador económico, por módulo (A0, A1-A3, A4 e A5), por etapa (Pré-construção, Etapa de produto e Etapa de Construção).

c) Comunicação dos resultados do índice de sustentabilidade económica por indicador económico, por módulo (A0, A1-A3, A4 e A5), por etapa (Pré-construção, Etapa de produto e Etapa de Construção);

d) Agregação dos custos aos vários níveis do ciclo de vida em duas categorias: custos recorrentes (€/ano) não recorrentes (€/ocorrência);

e) Os resultados da avaliação do desempenho económico e da sustentabilidade económica do edifício são apresentados num certificado com duas páginas; na primeira página do certificado consta a identificação geral do edifício e a avaliação do desempenho económico e sustentabilidade das três dimensões, na segunda página são apresentados os resultados relativos a fase anterior à utilização;

Nas figuras 4.8 e 4.9 são apresentas respetivamente a primeira e segunda página dos resultados de avaliação do desempenho e do índice de sustentabilidade económica de um hipotético edifício. Na primeira página do relatório dos resultados da avaliação são apresentados 3 pontos:

a) No ponto 1, são apresentados dados relativos à identificação do edifício como, o tipo de edifício, a designação do edifício, localização e situação predial;

b) No ponto 2, são apresentados os resultados da avaliação do desempenho económico para cada uma das fases do ciclo de vida;

No ponto 3, são apresentados os resultados da avaliação da sustentabilidade económica para cada uma das fases do ciclo de vida.

Na segunda página do relatório dos resultados da avaliação são apresentados 2 pontos (ver figura 4.8):

a) No ponto 4, são apresentados os resultados da avaliação do desempenho económico (em termos monetários) na fase anterior à utilização, em cada etapa, em cada módulo e para cada indicador económico;

b) No ponto 5, são apresentados os resultados da avaliação da sustentabilidade económica (em termos de índice de sustentabilidade) na fase anterior à utilização, em cada etapa, em cada módulo e para cada indicador económico.

No seguinte (Capítulo 5) são apresentados e determinados os parâmetros da metodologia MAEP- RB, os correspondentes valores de referência (Benchmarks) Melhor prática e Prática convencional atendendo ao contexto português. Com recurso aos valores obtidos dos parâmetros dos benchmarks procede-se a normalização de todos os parâmetros da metodologia. Tornam-se em valores adimensionais e viabilizam a sua conversão numa escala de avaliação qualitativa, ou seja índices de sustentabilidade económica.

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CAPÍTULO 5

QUANTIFICAÇÃO E NORMALIZAÇÃO DOS PARÂMETROS

5.1 INTRODUÇÃO

Como já foi referido no capítulo 4 um parâmetro é uma propriedade mensurável ou observável que fornece informação acerca de um fenómeno, por exemplo um custo. A estrutura hierárquica da metodologia MAEP-RB examina 65 parâmetros que depois de quantificados permitem por agregação dos valores obtidos, determinar os valores dos 21 indicadores económicos da estrutura hierárquica da metodologia.

Um indicador possui significado sintético e é desenvolvido para um objetivo específico. O estabelecimento de metodologias de avaliação de sustentabilidade pressupõe a utilização de indicadores de sustentabilidade confiáveis, representativos, comparáveis e rastreáveis. Para ser útil, um indicador deve, portanto, permitir uma explicação das razões das mudanças em seu valor ao longo do tempo, ser suficientemente simples na maneira com que descreve problemas frequentemente complexos, e usar definições comuns de componentes-chave e normalização para permitir comparações (Cole, 2002).

Os vinte e um indicadores de sustentabilidade económica da metodologia MAEP-RB são os previstos na EN 16627:2015, descrevem os impactes económicos de edifícios para os proprietários, usuários dos edifícios e demais partes interessadas da indústria de construção. Atendendo à estrutura hierárquica da metodologia apresentada, constata-se que os valores de cada indicador são obtidos por agregação de um ou um conjunto de valores obtidos para os parâmetros. A agregação dos valores é efetuada sem ponderação para a avaliação do desempenho económico e ponderada pelo sistema de pesos atribuído à estrutura hierárquica da metodologia e definidos no capítulo 6 para a determinação do índice de sustentabilidade.

Os parâmetros são quantificados por dados obtidos diretamente partir da “Ficha do edifício” ou da base de dados do edifício em avaliação, gerada pelo software de apoio à metodologia com base na “base de dados geral” da MAEP-RB, de acordo com o processo de cálculo apresentado no capítulo anterior. Tendo em atenção importância que a definição dos 65 parâmetros e os respetivos valores têm na avaliação do desempenho e da sustentabilidade do edifício, procurou- se estabelecer uma ligação forte ao edifício em avaliação de modo a fornecer informação precisa aos parâmetros. Para tal, cada edifício em avaliação é subdividido até ao nível dos recursos necessários à sua materialização, sendo os dados inscritos numa base de dados do edifício em avaliação que contem toda a informação necessária à determinação rigorosa dos parâmetros, ou seja as quantidades e custos unitários de cada recurso, como por exemplo a água, o cimento, a areia, os tijolos e etc. A base de dados do edifício em avaliação é construída com utilização do software integrado na metodologia, após a introdução de dados constantes no mapa de medições do edifício em avaliação, conforme descrito no capítulo 4.

A base de dados do edifício e os elementos constantes na “Ficha do edifício” contém toda a informação necessária à quantificação de todos os parâmetros. A quantificação individual de cada

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parâmetro é efetuada com recurso ao software da metodologia, que considera os princípios de cálculo apresentados nos pontos seguintes deste capítulo.

Os métodos de avaliação ambiental de edifícios disponíveis tipicamente não abordam os aspetos sociais e económicos da sustentabilidade e são dirigidos a edifícios individuais. Já a discussão de indicadores de sustentabilidade (particularmente indicadores sociais e económicos) relaciona-se a medidas mais gerais da sociedade, como redução de pobreza, analfabetismo, PIB, etc., que não são facilmente relacionadas à escala organizacional ou de um edifício (Cole, 2002).

Em Portugal e no âmbito de um Projeto de I&D apoiado pelo Instituto dos Mercados de Obras Publicas e Particulares e do Imobiliário (IMOPPI), organismo antecessor do Instituto da Construção e do Imobiliário, I.P. (InCI), e pela Agencia de Inovação (AdI), a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) desenvolveu entre 2005 e 2007 uma plataforma de análise de benchmarking das empresas da indústria da construção, denominada icBench, a qual passou por uma fase de teste-piloto com a participação de 30 empresas do sector. Em 2010 o InCI deu novo impulso ao projeto, o qual se desenvolve agora com o objetivo principal de realizar análises de benchmarking baseadas na informação que o InCI possuía, proveniente dos processos de concessão ou revalidação de alvarás, não necessitando da introdução de informação suplementar por parte das empresas (Costa, 2011).

Foram propostos e analisados 6 indicadores de perfil económico-financeiro, considerados como um benchmarking de primeiro nível, cujos resultados foram enviados por correio eletrónico para todas as empresas registadas. Esta análise foi realizada com base nos dados relativos a todas as empresas com alvará no InCI, dividida pelas suas diversas classes. Os resultados, mesmo tendo em consideração as limitações da informação disponível, permitiram constatar uma dimensão de oferta de serviços de construção fortemente desajustada da procura existente, traduzida pelos baixos níveis de alguns dos indicadores utilizados (Costa, 2011).

Dada a inexistência de valores de referência (benchmarks) relativos a sustentabilidade económica de edifícios, mais difícil seria encontrar valores de referência representativos dos 65 parâmetros da metodologia MAEP-RB, procedeu-se definição dos mesmos, tendo por base os custos reais observados em edifícios já edificados e construídos pelos processos convencionais. Todos os valores de referência dos parâmetros são expressos por €/metro quadrado de construção. Como “Prática convencional” considerou-se o valor obtido e como “Melhor prática” considerou-se uma melhoria, ou seja uma redução do custo por metro quadrado em 75%. A verificação da aplicabilidade prática da metodologia desenvolvida e o ajustamento dos valores de referência dos parâmetros (benchmarks) ao contexto dos edifícios residenciais portugueses, só se torna possível através da aplicação prática da metodologia a casos reais, obtendo informação necessária para a retroalimentação dos valores de referência.

Determinam-se assim quatro valores relativos a cada parâmetro necessários ao cálculo do valor normalizado de cada parâmetro. Os valores são referenciados a cada parâmetro da seguinte modo:

a) Custo do parâmetro Pi relativo à Solução de projeto: CPis; b) Custo do parâmetro Pi relativo à Melhor prática: CPim; c) Custo do parâmetro Pi relativo à Prática convencional: CPic;

105 d) Custo do parâmetro Pi normalizado: CPin;

A normalização dos parâmetros tem como objetivo principal fixar um valor adimensional que exprima o desempenho do edifício avaliado em relação aos desempenhos de referência (benchmarks).