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A definição dos limites do sistema segue o "princípio de modularidade" onde os processos influenciam o desempenho económico do edifício durante o seu ciclo de vida, são atribuídos ao módulo do ciclo de vida em que eles ocorrem.

A figura 3.4 ilustra a organização dos diferentes módulos utilizados para a avaliação do edifício e corresponde à estrutura modular de informação utilizada em declarações de produto ambiental para produtos de construção, processos e serviços elaborados de acordo com a prEN 15804:2013. Para a avaliação do desempenho económico de um edifício, o ciclo de vida começa com a decisão de construir, reformar, renovar, ampliar, manter ou demolir. O ciclo de vida prossegue através dos acordos contratuais e especificações para o projeto, aquisição de produtos, construção, entrega do edifício, colocação em serviço, efetiva utilização e finalmente após a desativação, a desconstrução ou demolição. As informações relativas a tais decisões e atividades são necessária para avaliar os aspetos e os impactes económicos do edifício (CEN, 2012).

A EN 16627:2015 utiliza a designação “etapa”, quer na divisão do ciclo de vida em etapa anterior à utilização, etapa de utilização, etapa fim de vida e etapa para além do ciclo de vida, quer na sua subdivisão, como por exemplo a etapa da pré-construção, etapa do produto e etapa de construção que subdividem a etapa anterior à utilização. Neste trabalho de modo a não haver dificuldades a sua compreensão, adotou-se a designação de fase para a divisão do ciclo de vida (fase anterior a utilização, fase de utilização, fase de fim de vida e fase para além do ciclo de vida) e manteve-se a designação de etapa para a sua subdivisão.

Os aspetos e impactes são imputados aos módulos de informação do ciclo de vida do edifício em que ocorrem. A Figura 3.4 ilustra a abordagem modular para a recolha de informação ao longo do ciclo de vida do edifício, contempla quatro fases do ciclo de vida de um edifício: fase anterior à

utilização; fase de utilização; fase fim de vida; e ainda a fase para além do ciclo de vida. Cada fase

é subdividida em etapas e em módulos.

A avaliação do desempenho económico de um edifício deverá incluir todas as informações relevantes dos Módulo A ao Módulo D, que podem incluir os seguintes elementos:

a) Impactes económicos e aspetos específicos antes da fase anterior à utilização (Módulos A0 e A1 a A5);

b) Impactes económicos e aspetos específicos durante a fase de utilização não relacionados com o edifício em exploração (Módulos B1 a B5);

c) Impactes económicos e aspetos específicos relacionados com o edifício em exploração (Módulos B6 a B7);

d) Impactes económicos e aspetos específicos no fim da vida (Módulos C1 a C4 e D);

3.7.1 Aspetos e impactes económicos específicos da fase anterior a utilização

Na fase anterior à utilização, os custos associados aos módulos A0 a A5 correspondem aos custos diretos e indiretos que ocorrem dentro da fronteira do edifício, associados à globalidade das etapas de conceção e construção do edifício. Individualizando cada um dos módulos, teremos os seguintes limites:

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a) Módulo A0, inclui os custos ocorridos anteriormente às etapas de produto e de construção: custos diretamente relacionados com a aquisição do terreno ou arrendamento do local da construção; custos associados a honorários de profissionais relacionados com a aquisição do terreno; custo relativo a taxas associadas à compra do terreno e ao processo de licenciamento;

b) Módulos A1-A3, incluem os custos ocorridos na etapa do produto, o custo associado ao produto do “berço ao portão” da fábrica: custos de fornecimento de matérias-primas; custos de transporte das matérias-primas; custos de transformação das matérias-primas; c) Módulos A4-A5, incluem todos os custos dos materiais desde o portão da fábrica até ao

estaleiro e os custos relativos aos processos necessários à construção do edifício;

O limite para o módulo A4 deve incluir: custos do transporte de materiais e produtos a partir do portão da fábrica para o estaleiro de obras e custos de transporte de equipamentos de construção, tais como alojamento, equipamentos e guindastes de e para o estaleiro da obra.

O limite para o módulo A5 deve incluir: custos das obras relativas a movimentos de terras e paisagismo; custo do armazenamento de produtos/materiais, incluindo o fornecimento de aquecimento, refrigeração, humidade, etc.; custo do transporte de materiais, produtos, resíduos e equipamentos dentro do estaleiro da obra; custos dos trabalhos temporários, incluindo trabalhos temporários localizados fora do local, conforme necessário para o processo de instalação de construção; custos da produção e transformação de um produto dentro do estaleiro; custos relativo ao fornecimento de aquecimento, arrefecimento, ventilação, controle de humidade, etc., durante o processo de construção; custos relacionados com a instalação dos produtos dentro do prédio, incluindo materiais auxiliares; custos da água utilizada para o arrefecimento das máquinas de construção ou de limpeza no local; custos de gestão dos resíduos gerados durante o processo de construção e instalação incluindo o transporte; custos inerentes a dotar o edifício de condições entrega; custo dos profissionais relacionados com a construção; custos relativos a impostos, taxas, licenças de construção e inspeção e valores relativos a incentivos ou subsídios.

3.7.2 Aspetos e impactes económicos específicos da fase de utilização

A fase de utilização abrange o período a partir da conclusão prática e entrega da obra, até ao momento em que o edifício é desconstruído / demolido. Os custos associados aos módulos B1 a B7 correspondem aos custos relacionados com o uso, manutenção, reparação, substituição e remodelação do edifício ao longo deste estágio do ciclo de vida. Isso pode incluir, por exemplo, todos os custos de funcionamento do edifício, tais como aquecimento, arrefecimento, iluminação, abastecimento de água, elevadores e escadas rolantes, para a manutenção (incluindo a limpeza), para a operação e substituição ou reparo dos produtos de construção e máquinas (CEN, 2015). Individualizando cada um dos módulos, teremos os seguintes limites:

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a) Módulo B1, inclui os custos de utilização decorrentes das condições normais previstas de utilização do edifício, excluindo os que se enquadram dentro dos módulos B2 - B7: custos associados aos seguros do edifício; impostos; seguros do edifício e custos com segurança; b) O Módulo B2, inclui os custos relacionados com a manutenção dos componentes e

produtos auxiliares utilizados em trabalhos de manutenção; custos de limpeza do interior exterior do edifício; custos relativos a manutenção do desempenho funcional e técnico da estrutura do edifício e construção de sistemas técnicos integrados, bem como qualidades estéticas de componentes interiores e exteriores do edifício;

c) O Módulo B3, inclui os custos relacionados com a reparação: custo dos materiais/peças utilizadas na reparação de um componente; custo do processo de reparação; custo de gestão de resíduos dos materiais/peças removidas dos componentes e de produtos auxiliares;

d) O Módulo B4, inclui os custos relacionados com a substituição de componentes e produtos auxiliares; custos com o processo de remoção e instalação das peças substituídas; custo de gestão dos resíduos produzidos pelas substituições de peças e da utilização de produtos auxiliares;

e) O Módulo B5, inclui os custos relacionados com a remodelação: custos dos novos componentes de construção; custos do processo necessários a remodelação; custos de gestão de resíduos dos componentes de construção substituídos;

f) O Módulo B6, inclui os custos relacionados com a utilização operacional de energia utilizada por sistemas técnicos construção integrada durante a operação do edifício: custo da energia de aquecimento; custo da energia na produção de águas quentes sanitárias para uso doméstico; custo da energia de ar condicionado (refrigeração e humidificação / desumidificação); custo energia com a ventilação; custo da energia coma a iluminação; custo da energia auxiliar usado para bombas, controle e automação;

g) O Módulo B7, inclui os custos relacionados com a água utilizada e seu tratamento (pré e pós uso), durante o funcionamento normal do edifício (exceto durante a manutenção, reparação, substituição e renovação): custos da água potável; custos da água para saneamento; custo doméstico de água quente; custo da água para irrigação de áreas de paisagem associadas, telhados verdes, paredes verdes; custos da água para aquecimento, arrefecimento, ventilação e humidificação; custos da água para outro uso do edifício de sistemas integrados de água, por exemplo fontes, piscinas, saunas.

3.7.3 Aspetos e impactes económicos específicos da fase de fim de vida

A fase de fim de vida de um edifício começa quando o edifício está desativado e não se destina a ter qualquer outro uso. Neste momento, a demolição / desconstrução do edifício pode ser considerada como um processo multi-saída que fornece uma fonte de produtos e materiais, elementos de construção que são para ser descartados, recuperados, reciclados ou reutilizados. O edifício é considerado ter chegado ao fim de sua vida quando, todos os componentes e materiais que deveriam ser eliminados do local foram removidos, deixando o local preparado para o futuro reuso ou seja, limpo e pronto para nova utilização.

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Figura 3.4: Módulos de informação da avaliação do desempenho económico de edifícios (CEN, 2012)

In fo rmaç ão d o c ic lo d e v id a d o ed ifí ci o Fase anterior à utilização A0 Pré-cosntrução Módulo A0 Terrenos e taxas associadas e

aconselhamento

A1-3 Etapa de produto

Módulo A1

Forneciemnto de matérias primas Módulo A2

Transporte das matérias primas Módulo A3

Transformação das matérias primas

A4-5 Etapa de construção

Módulo A4 Transporte Módulo A5

Processos de construção e instalação

Fase de utilização B1-7 Etapa utilização Módulo B1 Utilização Módulo B2 Manutenção Módulo B3 Reparação Módulo B4 Substituição Módulo B5 Reabilitação Módulo B6

Utilização operacional de energia Módulo B7

Utilização operacional de água

Fase de fim de vida C1-4 Etapa de fim de vida

Módulo C1 Desconstrução

Módulo C2 Transporte Módulo C3

Processamento de resíduos para reutilização, recuperação e/ou

reciclagem Módulo C4 Eliminação

Fase além ciclo de vida

D Beneficios e carga para além da fronteira do

sistema

Módulo D Reutilização Recuperação

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Na fase de fim de vida de um edifício, os custos associados aos módulos C1 a C4 correspondem aos custos relativos aos processos de demolição, de transporte e de gestão dos resíduos. Individualizando cada um dos módulos, teremos os seguintes limites:

a) O Módulo C1, inclui os custos dos processos de desconstrução relativos as operações no local e as operações realizadas em trabalhos temporários localizados fora do local, conforme necessário para os processos de desconstrução após descativação: custos da desconstrução/desmontagem ou demolição do edifício; custos da triagem dos materiais efetuados no local da desconstrução;

b) Módulo C2, inclui os custos devidos aos transportes associados aos processos de desconstrução e de eliminação do bem imobiliário;

c) Módulo C3, inclui os custos e/ou receitas provenientes da reutilização, da reciclagem e desvalorização energética, devidos ao tratamento dos resíduos;

d) Módulo C4, inclui os custos e/ou receitas de tratamento pós- transporte que é necessário antes do descarte: custos decorrentes da disposição final dos materiais, incluindo a neutralização, a incineração ou aterros.

3.7.4 Aspetos e impactes económicos específicos da fase para além do fim de vida

a) Módulos D, incluem os benefícios e cargas para além dos limites do sistema. Componentes para reutilização e materiais para reciclagem e recuperação de energia são considerados como recursos potenciais para uso futuro. O Módulo D quantifica os benefícios económicos líquidos para o proprietário do edifício resultante da reutilização, reciclagem e recuperação de energia resultante dos fluxos líquidos de materiais e energia exportada sair dos limites do sistema. Quando um fluxo de material sai da fronteira do sistema e tem um valor económico ou que tenha atingido o estágio final de resíduos e substitui um outro produto, então a renda pode ser calculado e deve basear-se na tecnologia média existente e na prática corrente.