Um dos aspectos mais importantes da comunicação no contexto da globalização, segundo Thompson (1998), é que a comunicação passou a acontecer numa escala cada vez mais global, mensagens são transmitidas a grandes distâncias com facilidade e os indivíduos obtêm acesso às informações e comunicações provenientes de fontes distantes. O impacto foi também no acesso a essas mensagens provenientes das mais remotas fontes, que com a globalização passou a acontecer virtualmente e instantaneamente.
Como afirma o autor, por meio da proliferação de redes de comunicação eletrônica, aconteceu uma redução das distâncias entre as pessoas, os “indivíduos podem interagir uns com os outros, ou podem agir dentro de estruturas de quase-interação mediada, mesmo que estejam situados, em termos de contextos práticos da vida cotidiana, em diferentes partes do mundo” (THOMPSON, 1998:135).
Pode-se perceber que a globalização da comunicação é um processo estruturado e desigual. Por este motivo, Thompson (1998) destacou quatro temas essenciais para identificar, de uma forma mais abrangente, as quatro principais dimensões da comunicação decorrentes do processo de globalização:
A emergência de conglomerados transnacionais de comunicação como peças centrais no sistema global de comunicação e difusão de informação – segundo o autor, a globalização da comunicação é um processo dirigido por atividades de conglomerados de comunicação em grande escala. Como afirma Thompson (1998:143-144), “a mudança na base econômica dos jornais, precipitada e promovida pela introdução de novos métodos de produção, colocou em movimento um processo em longo prazo de acumulação e concentração nas indústrias da mídia”, este processo aos poucos assumiu, cada vez mais, um caráter transnacional.
Os conglomerados de comunicação expandiram suas atividades para outras regiões e parte dos investimentos foi canalizada para a aquisição de ações nos setores de informação e comunicação, e por meio das formas de crescimento corporativo, os grandes conglomerados aumentaram sua presença no ambiente global do comércio de informação e comunicação. Um exemplo de conglomerado da comunicação, segundo Thompson (1998) é a Time Warner, resultado da fusão da Time Inc. com a Warner Communications, em 1989, e que agora é considerada a maior empresa de mídia do mundo.
O impacto social de novas tecnologias, especialmente aquelas associadas à comunicação via satélite – o desenvolvimento de novas tecnologias representou um papel fundamental na globalização da comunicação, inclusive na convergência das atividades dos conglomerados. Segundo Thompson (1998), três desenvolvimentos interligados foram fundamentais para a globalização da comunicação: uso mais extenso e sofisticado dos sistemas de cabo que capacitam a transmissão de informação eletronicamente codificada, crescente uso de satélites para comunicação de longa distância e, por último, o crescente uso de métodos digitais no processamento, armazenamento e recuperação da informação. Portanto, “esta expansão do mercado global deverá ser vista como o pano de fundo das tendências anteriores no fluxo internacional dos produtos da mídia” (THOMPSON, 1998:146).
O fluxo assimétrico dos produtos de informação e comunicação dentro do sistema global – como afirma Thompson (1998:146), uma questão importante da
globalização é o fato dos produtos da mídia circularem em um cenário internacional, “o material produzido em um país é distribuído não apenas no mercado doméstico, mas também, e em níveis sempre crescentes, no mercado global”. Considerando a complexidade das redes globais de comercialização, é muito improvável que se compreenda todos os padrões do fluxo internacional. As variações e desigualdades no acesso às redes de comunicação global – para
Thompson (1998:147), “além de analisar os padrões do fluxo internacional, é essencial considerar os padrões de acesso ao material transmitido e de sua captação através das redes globais”. Segundo o autor, em algumas partes do mundo, o acesso à informação é restrito a uma pequena parcela da população que está localizada nos grandes centros urbanos, assim, a desigualdade ainda existe e aumentou com o advento da globalização.
Com a globalização e a valorização do conhecimento nas organizações, a gestão dos processos de comunicação adquire maior importância também. Como afirma Rocco (2000:14), “estabelecendo novos paradigmas nas relações dentro e fora das empresas, as modificações sociais e tecnológicas acabam demandando novas formas de se comunicar”. A comunicação organizacional pode ser vista como elemento de modificação do comportamento humano e da cultura nas organizações.
O problema com a modificação da cultura e do comportamento nas organizações é que pode ocorrer uma convergência comunicativa. Segundo Rocco (2000), a globalização gera uma tendência de homogeneização da cultura. A comunicação, dentro e fora da organização, é um elemento de construção da realidade, capaz de criar uma cultura transnacional que ignora, na maioria das vezes, crenças e valores locais e acaba atuando como elemento desmotivador, isso por que:
Refém dos fluxos financeiros internacionais, a cultura globalizada busca padronizar instituições e corporações locais, sem a preservação de elementos essenciais da cultura nacional, como se todos os procedimentos e rotinas aplicáveis ao país de origem fossem, irrestritamente, utilizáveis na cultura local. Atuando dessa forma, a comunicação estimula, como resultado do processo, uma ação padronizada, sem criatividade, descompromissada com a organização, resultado de um conceito pré-concebido e testado em outra realidade cultural. (ROCCO, 2000:19)
O movimento para a convergência global está enraizado em mudanças fundamentais das práticas de comunicação organizacional. Como afirma Stohl (2001), se as organizações florescem de ambientes globais voláteis e enfrentam desafios de dispersão geográfica, assincronia temporal e diversidade cultural, supõe-se, então, que as organizações precisam se tornar mais conhecedoras, intensas, inovadoras, adaptáveis, flexíveis, eficientes e ágeis às rápidas mudanças do ambiente.
Elhajji (1999) também explora essa questão. Segundo o autor, a atribuição da dinâmica da globalização ao ambiente organizacional, moldada pelo processo de convergência dos meios de comunicação, é responsável pelas transformações no mundo contemporâneo desde as estruturas sociais até os modos de produção.
Considerando a dimensão do processo de globalização e seu impacto no ambiente organizacional, o estudo segue com uma reflexão sobre as diferentes abordagens e mecanismos da globalização. Primeiramente, é estudada a definição de abordagem da convergência ou adaptação comunicativa, e como esta contribui para a sobrevivência das organizações no ambiente globalizado.