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As tecnologias da informação e comunicação são instrumentos fundamentais nas sociedades contemporâneas, pois viabilizam a conectividade planetária e o desenvolvimento dos meios de produção. Como afirma Ramos (2000), hoje o mundo está passando por um período de convergência das chamadas novas tecnologias, que iniciou no momento em que a comunicação deixou o campo restrito das mídias para estender-se cada vez mais aos campos da informática e das organizações.

Esse fato causou o seguinte impacto nas organizações: a multiplicação dos meios de comunicação modificou as relações entre o tempo e o espaço, o que somado à explosão dos conhecimentos e o progresso da informática, resultaram em uma redução da energia consumida nas atividades organizacionais. Além disso, como explica Fayard (2000:212), neste contexto as “máquinas, os processos e as organizações se tornaram mais inteligentes, tendo em vista suas capacidades em se adaptarem de maneira autônoma em função da informação que adquirem e que trabalham”.

Nessa evolução do ambiente organizacional, os dispositivos de comunicação se combinam estrategicamente para a continuidade de um verdadeiro impulso informacional. Segundo Fayard (2000), o espaço físico perde seu valor de negociação e a falta dos meios de informação e comunicação torna os recursos físicos incapazes de seguirem um objetivo ou estratégia comuns.

Rocco (2000) afirma que a implementação ou utilização de um sistema de informação é subsídio para o processo de comunicação dentro e fora da organização. Entretanto, para que isso ocorra, a utilização do sistema de informação deve estar sempre de acordo com a estratégia de uso da tecnologia da informação, este por sua vez deve ser coerente com o clima, a cultura e os objetivos organizacionais. Para o autor, o conteúdo da informação durante o processo de comunicação assume o papel de elemento de motivação dos indivíduos, pois auxilia na formação de uma cultura organizacional e, acima de tudo, assume o papel de “catalisador” do poder, dentro das estruturas da organização.

A tecnologia tem o papel de auxiliar os membros da estrutura organizacional a expressar suas ideias e sugestões, pois quanto mais rápida é a tecnologia para gerar uma informação útil, maior a rapidez com que a organização reagirá às modificações do ambiente externo. Segundo o autor, quando se transfere o foco da quantidade para a qualidade da tecnologia da informação, a

organização dá um passo em direção à integração dessa tecnologia ao processo de comunicação e, consequentemente, de gestão organizacional.

Castells (2000:38) explica a importância que tem as novas tecnologias para a gestão das organizações. Segundo o autor as “novas tecnologias da informação estão integrando o mundo em redes globais de instrumentalidade”, por meio da comunicação mediada por computadores e que resulta em uma quantidade enorme de comunidades virtuais interconectadas.

A comunicação por meio de computadores e redes só foi viabilizada com o advento da internet. Os computadores são máquinas características das novas sociedades e são os principais responsáveis pelo dinamismo da informação, pois através deles é que são infiltrados progressivamente os elementos comunicativos. Segundo Marín (2009:66), a internet é uma “ampliação da capacidade de comunicação, um mecanismo que amplia a transmissão de informação e um meio para a colaboração e interação entre indivíduos e seus computadores, sem levar em conta sua localização geográfica”.

Fayard (2000) afirma que a individualização midiática permite a uma pessoa sozinha, mas conectada a um computador, estruturar ao seu redor todo um cenário infocomunicacional e, por meio das redes, captar e processar em casa grandes quantidades de informação. Dessa forma, a internet foi a inovação que mais revolucionou os meios de comunicação e o uso dos computadores, pois além de conectar os indivíduos, é uma importante ferramenta de construção social e de grande responsabilidade.

A construção social da realidade por meio da internet se realiza por atos essencialmente comunicativos, sendo essa fundamental para a sobrevivência das organizações. Segundo Marín (2009:94), os “hábitos são manifestados em diálogos internos, as instituições são o resultado de diálogos que permitem transações reais e as legitimações são abordagens que compartilham uma proposta teórica”. Em todos esses casos, a comunicação é um componente fundamental para a estratégia organizacional.

Marín e Rodríguez (2009) afirmam que, no século XX, quando se referia às novas tecnologias, estava-se falando somente das tecnologias da informação. Agora, as novas tecnologias compreendem as tecnologias da informação e da comunicação, sendo resultado da crescente importância da comunicação nos últimos anos. Isso pode ser ilustrado pela seguinte afirmação: hoje em dia, “se alguém lhe der um computador com uma enorme capacidade de

manipular dados, mas sem a possibilidade de utilizá-lo para se comunicar, é possível que ninguém aceite esse presente, pois os computadores são cada vez mais utilizados para comunicação” (MARÍN; RODRÍGUEZ, 2009:95).

Entretanto, essas mudanças ocorridas nas tecnologias da informação e comunicação requerem treinamento dos membros e, por isso, é um dos elementos a serem considerados na hora de pensar a estratégia organizacional. Quando as novas tecnologias são utilizadas na organização, inicia-se um processo dialético, pois segundo os autores, a aplicação prática de uma nova tecnologia gera um novo comportamento que exige ou estimula um desenvolvimento posterior inicialmente esperado.

Neste momento, a utilização das tecnologias da informação e comunicação ganha uma nova e importante dimensão, pois a evolução tecnológica tornou-se um processo social ampliado quando alterou os modos de comunicação e desencadeou novas mudanças nas tecnologias da informação. Sobre isso, Gomes (2007) afirma que as novas tecnologias são a prova de que a comunicação continua tendo o papel de informar e o ato de compreender uma tarefa de quem recebe a informação.

A utilização das novas tecnologias da informação envolve também uma questão financeira para a organização. Como explica Castells (2000), as tecnologias da informação, como dependem dos fluxos financeiros internacionais, ganham um novo papel no ambiente globalizado, pois a concorrência global se utiliza da “informação local” de cada mercado para elaborar a estratégia. Assim, a informação é fator crucial para o sucesso organizacional, e o papel da tecnologia da informação, nesse processo, é possibilitar a recuperação descentralizada das informações e permitir sua integração simultânea em um sistema flexível de elaboração de estratégia.

Em suma, como afirma Castells (2000), a atual economia é uma articulação entre o modo capitalista de produção e o modo informacional de desenvolvimento, e possui duas características fundamentais: i) a economia é global e ii) está estruturada na forma de redes de capital financeiro, onde o capital é investido por todo o globo. Contudo, segundo o autor, para sua operação, o capital financeiro depende do conhecimento e da informação que são gerados e aperfeiçoados através das tecnologias da informação e comunicação.

Para Castells (2000), os avanços da internacionalização de alguns segmentos empresariais e das tecnologias da informação e comunicação proporcionaram o surgimento de redes internacionais de empresas, o que representou o início de uma nova economia baseada não apenas na globalização, mas também na informação, como é abordada a seguir.