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Primeiramente, é preciso compreender o novo conceito de economia da informação. Como explicado por Castells (2000), a economia da informação tem a característica de ser global, ou seja, uma economia global é capaz de funcionar em tempo real e em escala planetária. Segundo o autor, apenas no fim do século XX, é que a economia mundial se tornou global, o que foi propiciado pelas novas tecnologias da informação e comunicação, e o que compreendeu os principais processos e elementos do sistema econômico mundial.

É importante lembrar que a informação é a base material essencial para essa nova economia da informação. Como afirma Castells (2000:87), “é a conexão histórica entre a base de informação/conhecimentos da economia, seu alcance global e a Revolução da Tecnologia da Informação que cria um novo sistema econômico distinto”. Segundo o autor, emerge uma nova economia tecnológica, baseada em tecnologias da informação mais flexíveis e poderosas, e onde a informação é resultado do processo produtivo organizacional que viabiliza conexões infinitas entre diferentes domínios.

Marín (2009) explica que o processo de modernização impôs um tipo novo de sociedade denominada sociedade da informação, e que esse nome procede da importância que têm os processos informacionais, a produção e os meios de informação e comunicação, que são cada vez mais relevantes para a realidade social e econômica da organização.

Segundo Castells (2000), a economia informacional surgiu do desenvolvimento de uma nova lógica organizacional relacionada com o processo recente de transformação tecnológica, mas que ganhou tanta dimensão que não depende mais dessas transformações para existir. Essa economia é “a convergência e a interação entre um novo paradigma tecnológico e uma nova lógica organizacional que constituem o fundamento histórico da economia informacional” (CASTELLS, 2000:174).

A sociedade da informação é tratada por alguns autores como um novo paradigma da tecnologia da informação. Segundo Castells (2000), este novo paradigma trabalha as transformações tecnológicas nas organizações na medida em que estas interagem com a economia e a sociedade. Para entender melhor esse paradigma, o autor expõe as cinco características que representam a base material da emergente sociedade da informação:

 As tecnologias agem sobre a informação. Segundo o autor, essa primeira característica diz que a informação representa a matéria-prima mais importante das sociedades contemporâneas.

 A penetrabilidade dos efeitos das novas tecnologias. Castells (2000:78) afirma que “como a informação é uma parte integral de toda atividade humana, todos os processos de nossa existência individual e coletiva são diretamente moldados pelo novo meio tecnológico”.

 A lógica de redes ocorre em qualquer sistema que utiliza as novas tecnologias da informação. Ela é necessária para estruturar os processos e organizações com a chegada da tecnologia da informação, porém mantendo a flexibilidade que permite a inovação da atividade humana neste contexto. Segundo o autor, “a morfologia da rede parece estar bem adaptada à crescente complexidade de interação e aos modelos imprevisíveis do desenvolvimento derivado do poder criativo dessa interação” (CASTELLS, 2000:78).

 Flexibilidade. Segundo o autor, todos os processos nesse paradigma são reversíveis, como também nas organizações onde os processos podem ser modificados ou fundamentalmente alterados pela reorganização de seus componentes. Essa capacidade de reconfiguração é um aspecto decisivo em uma sociedade de constantes mudanças e fluidez organizacional.

 Convergência de tecnologias específicas para um sistema altamente integrado. Como explica Castells (2000:79), este é um sistema “no qual trajetórias tecnológicas antigas ficam literalmente impossíveis de se distinguir em separado”. Assim, a eletrônica, as telecomunicações e os computadores são integrados em um sistema de informação, pois todos são formas de processamento da informação.

Segundo o autor, as tecnologias de transmissão e conexão estão cada vez mais diversificas e integradas em redes operadas por computadores.

A ideia de um paradigma da informação e comunicação que norteia a sociedade pós- industrial, que é caracterizada por ser uma sociedade informacional onde o consumo ganha proporções inesperadas, também é defendido por Bulik (1996). Dessa maneira, é crescente a dimensão da informação e da comunicação na formação de um novo padrão civilizatório e cultural. Segundo a autora, as premissas da nova ordem econômica e seus mecanismos reguladores de controle refletem no campo da informação e da comunicação.

Segundo Bulik (1996:29), o estudo do paradigma da informação e comunicação “deve ser contextualizado não só à luz de uma nova ordem mundial econômica, informacional e comunicativa, mas também da globalização”. A globalização é fundamental para essa análise, pois contém elementos culturais e sociais que a economia não tem condição de explicar e, por isso, tende a ignorar. Assim, a “comunicação corresponde a um movimento amplamente transnacional e participa da tendência à globalização, dependente da ação dos Estados dominantes e das grandes firmas multinacionais em busca de saídas para seus novos produtos” (BULIK, 1996:29).

Sobre essa coexistência da economia da informação com a globalização, Castells (2000:87) afirma que uma nova economia surgiu nas últimas duas décadas, uma economia com duas características principais: i) é informacional, pois a produtividade e a competitividade “dependem basicamente de sua capacidade de gerar, processar e aplicar de forma eficiente a informação baseada em conhecimentos”; ii) é global, pois suas principais atividades produtivas, “o consumo e a circulação, assim como seus componentes (capital, trabalho, matéria-prima, administração, informação, tecnologia e mercados) estão organizados em escala global, diretamente ou mediante uma rede de conexões entre agentes econômicos”.

A instabilidade mercadológica aumentou com o constante processo de renovação e desenvolvimento tecnológico da globalização. Como explica Rocco (2000:20), a falta de previsibilidade das atividades na organização gerou a forte necessidade de redução dos custos operacionais, “buscando uma maior economia dos seus recursos humanos, possibilitada por uma combinação entre a automação, o controle computadorizado dos indivíduos, terceirização do trabalho e redução da produção”. Portanto, essas modificações estruturais e a necessidade de

rapidez na adaptação ao mercado contribuíram para que as organizações reduzissem os seus níveis hierárquicos e contratassem recursos humanos qualificados e capazes de trabalhar em equipes.

O resultado dessas transformações na sociedade, segundo Castells (2000:88), é uma nova “economia em rede, profundamente interdependente, que se torna cada vez mais capaz de aplicar seu progresso em tecnologia, conhecimentos e administração, na própria tecnologia, conhecimentos e administração”. Segundo o autor, esse círculo recorrente nas organizações conduz a uma maior produtividade e eficiência, que impulsiona o progresso econômico no ambiente global.

Segundo Rocco (2000), a chamada era da informação, em razão das transformações nos campos econômico, político, social, cultural e tecnológico, acabou por provocar o desenvolvimento de uma complexa rede interligada de organizações que deram início à chamada sociedade em redes. Essa forma dinâmica e instável das organizações – as redes – desencadeou profundas transformações na estrutura empresarial e modificou também a forma das empresas se comunicarem.

Pode-se notar, atualmente, que a organização em rede é um campo de estudo emergente na administração. Como justifica Castells (2000), as novas estruturas sociais e o domínio da atividade e da experiência humana resultaram em uma tendência para o futuro: as funções e os processos dominantes na atual economia da informação estão cada vez mais organizados em torno de redes.

Portanto, essa nova ordem econômica mundial é informacional, global e em rede, já que a produção, a concorrência e o trabalho são gerados e feitos em uma rede global de interação. O estudo segue com a exploração do conceito de sociedade em redes e sua importância para a gestão organizacional.