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6. ANÁLISE COMPARATIVA DA CONDIÇÃO ECONÔMICA DOS

6.4. Patrimônio nos assentamentos

6.4.6. Condições da moradia

Em relação ao indicador habitacional, foram consideradas as condições de moradia dos assentados. Através da pesquisa observaram-se características como a área edificada da residência, o material das paredes, telhado e piso, e o tipo de sanitário. A valoração da residência (VR) resultou da aplicação de uma formula que multiplica um fator fixo (R$250) pela área edificada (AE) e pela soma dos índices para cada uma das variáveis consideradas, conforme a Equação 1.

Equação 1: VR = 250 x AE x (IP + IT + IPi + IS)

Os índices foram obtidos através de parâmetros atribuídos para as condições de cada variável, conforme detalhado a seguir.

Índice parede (IP): madeira = 0,5; tijolo = 1.

Índice telhado (IT): madeira (cavacos) = 0,5; telhas tipo Brasilit = 0,75; telhas de cerâmica = 1. Índice piso (IPi): barro/terra batida = 0,1; cimento = 0,5; cerâmica = 1.

Índice sanitário (IS): fossa rústica = 0,1; externo sem água corrente = 0,5; interno sem água corrente = 0,7; externo com água corrente = 0,8; interno com água corrente.

Com base neste índice, o valor monetário total dos imóveis dos quatro assentamentos resultou em R$ 1.891.710, representando 22% do patrimônio total das famílias pesquisadas.

A conquista a moradia no campo é considerada recente, já que as políticas públicas existentes até o ano de 2003 garantiam o direito à moradia através de programas apenas para o meio urbano, quando a partir de então o governo lançou a primeira versão do Programa de Habitação Rural (PNHR), reunindo duas iniciativas, o Programa de Subsidio à Habitação Rural de Interesse Social (PSH) e o Programa Carta de Crédito FGTS (CC-FGTS) (BRASIL, 2003). Assim, por meio das reivindicações de movimentos sociais e sindicais, o acesso a linhas de créditos especiais para a habitação passa a ocorrer também no meio rural.

Na pesquisa observou-se que 14 das 32 famílias entrevistadas foram beneficiadas pelo Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR), criado pelo Governo Federal no âmbito do Programa Minha Casa Minha Vida, através da Lei 11.977/2009, com a finalidade de possibilitar ao agricultor familiar, trabalhador rural e comunidades tradicionais o acesso à moradia digna no campo, seja construindo uma nova casa ou reformando, ampliando ou concluindo uma existente. Dessas, apenas cinco são localizadas nos assentamentos convencionais, enquanto nove situam-se nos PDS. Dos assentamentos pesquisados apenas o PA Pilão Poente II não apresentou beneficiário do PNHR entre os entrevistados.

As condições de moradia dos assentados pesquisados mostram que 65,6% das moradias possuem paredes de tijolo. Dessas, onze estão localizadas em PA e dez em PDS. As outras residências são construídas com madeira, sendo que cinco são localizadas em PA e seis em PDS. A ausência de recursos para construção de moradias faz com que essas famílias construam habitações com a madeira extraída na propriedade, diminuindo os custos com material.

Foram encontrados três tipos de materiais utilizados para a cobertura das moradias: telhas de cerâmica (62,5%), telhas tipo Brasilit (34,4%) e cobertura de madeira (3,1%). Das habitações com cobertura de cerâmica, 55% estão localizadas nos PA, e 45% nos PDS. Das moradias com cobertura com telhas tipo Brasilit, 55 % estão nos PDS e 45% nos PAs. Foi encontrada apenas uma moradia com cobertura de madeira, localizada no PDS Virola Jatobá.

Com relação ao material do piso, verificou-se que 56,3% das casas possuem piso de cerâmica, 28,1% de cimento e 15,6% são de barro ou terra batida. Analisando as

informações fornecidas pelas famílias pode-se constatar que, em relação ao piso, as melhores condições são encontradas nos PAs, visto que 81,3% das famílias ali entrevistadas possuem piso de cerâmica, enquanto apenas duas famílias possuem piso de cimento, e uma de terra batida. Já nos PDS, a maioria das moradias dos entrevistados (43,8%) possuem pisos de cimento, considerados intermediários, cinco possuem pisos de cerâmica e quatro de terra batida. Quanto ao tipo de sanitário, 50% das unidades possuem banheiro interno com água corrente, 12,5% banheiro externo com água corrente, 3,1% interno sem água corrente, 15,6% externo sem água corrente e 18,8% fossas rústicas.

Quanto ao tamanho das residências, foram encontradas casas de 26m2 até 360m2. Cerca de um terço das casas (31,2%) possui área edificada entre 26-50m2, enquanto em 43,7% esta área é de 51-100 m2. Apenas 9,3% das famílias possuem casas com 101-150 m2 e 12,5% de 151-200m2. Por fim, apenas uma residência apresentou área superior a 200m2. As maiores residências foram identificadas no PA Pilão Poente II, onde quatro das oito edificações apresentaram tamanho superior a 150m2, e apenas duas apresentaram tamanho inferior a 50m2. Este foi o assentamento em que se localiza a maior residência. O PDS Esperança apresentou duas casas com tamanho igual ou superior a 100 m2 e apenas uma menor que 50m2. As demais casas apresentaram tamanhos médios entre 51-100m2. As residências com menor área edificada foram encontradas no PA Pilão Poente II e PDS Virola Jatobá. No primeiro foram identificadas duas casas com tamanho entre 26-50m2, cinco com tamanho de 51-100m2 e uma de 101-150m2. Já o PDS Virola Jatobá apresentou mais de 50% das residências pesquisadas (cinco casas) com tamanho inferior a 50m2, duas com tamanho entre 51- 100m2 e apenas uma com área superior a 100m2.

No item moradia, os Projetos de Assentamento convencionais também apresentaram maior valor agregado, totalizando R$ 1.229.820, o que representa 65% do valor das habitações. Os PDS apresentaram valor agregado de R$ 661.890, ou 35% do valor total dos quatro assentamentos.

Para Silva (2007), levando em consideração a renda dos assentados, são poucos os que conseguem ter acesso à moradia com tamanho e padrões adequados para o numero de indivíduos da família. Desta forma, a qualidade das moradias é prejudicada caso não haja subsídio ou um programa de financiamento para sua construção. É importante ressaltar ainda que o descontentamento das famílias assentadas com as condições de moradia pode interferir diretamente na permanência destas no

assentamento, assim como numa maior dedicação e vínculo dos membros da família à unidade produtiva.