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Conexão entre Extensão Rural, Gestão do Conhecimento e Organização Intensiva em Conhecimentos

6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES PARA FUTUROS TRABALHOS 177 6.1 CONCLUSÕES

2.4 GESTÃO DO CONHECIMENTO

2.6.4 Conexão entre Extensão Rural, Gestão do Conhecimento e Organização Intensiva em Conhecimentos

À luz dos referenciais teóricos utilizados é possível encerrar este capítulo promovendo uma reflexão sobre a relação existente entre a extensão rural, a gestão do conhecimento e a organização intensiva em conhecimentos, conectadas pelos indivíduos em suas atividades geradoras de conhecimentos e potencializadas no âmbito organizacional.

Inicialmente e sob uma perspectiva tradicional é possível perceber a extensão rural como atividade educativa. Entretanto, as mudanças ocorridas no meio rural e no âmbito da sociedade global, possibilita novas abordagens para as atividades de extensão rural, ampliando seu papel.

De uma atuação em que a extensão rural apenas transferia tecnologias e informações da pesquisa agrícola para a produção, a extensão rural passou a abordar, entre outros, temas como a sustentabilidade do meio rural, passando a ser encarada como atividade integradora e criadora de conhecimentos.

Enquanto ocorriam tantas modificações, inclusive na denominação global para os negócios agrícolas, Agrobusiness, a atividade a extensão rural passava a ser percebida, no campo da criação do conhecimento organizacional, como elemento contributivo, uma vez que deixou de ser considerada uma atividade meio em termos de transferência de conhecimentos, para posicionar-se estrategicamente no fluxo do conhecimento do meio rural, conforme sugerido por Silva et al. (2010).

Essa nova fase da extensão rural configurada como parte do meio em que atua, considerando o ambiente, os demais atores, enfim, todo o meio enquanto elementos que influenciam e são influenciados por fatores internos e externos, ressignificando o espaço rural e os conhecimentos nele criados, fruto das relações e interações mantidas no cotidiano, possibilita novas abordagens e reflexões a partir da perspectiva participativa, ou seja, de atores que fazem parte do contexto.

Conforme o MDA (Brasil, 2012, p.41), há necessidade de:

“construir, implementar e fortalecer estratégias continuadas de atuação, qualificação e estruturação de equipes multidisciplinares e dos serviços de Ater em base agroecológica voltados para a diversidade da agricultura familiar de forma a garantir o reconhecimento e a valorização dos saberes culturais desses povos mencionados, adequados à sua realidade e especificidade regional, tanto no contexto social quanto ambiental e produtivo do setor pesqueiro artesanal e, de forma a reconhecer o

protagonismo e garantir a participação das famílias, dos movimentos sociais, organizações da agricultura familiar e reforma agrária, universidades, escolas técnicas profissionalizantes, ONGs e entidades privadas e públicas de acordo com cada bioma, levando em consideração os ambientes de terra firme e várzea (das três esferas de governo)”.

O conhecimento passou a ser, por um lado um ativo capaz de gerar diferenciais competitivos aos indivíduos e às organizações, por outro, sua gestão consiste em atividade complexa, contudo, promissora para o sucesso das organizações que optam por esse caminho.

Na visão de Drucker (2002), Choo (2006), Angeloni (2008), Nonaka e Takeuchi (2008), o conhecimento e sua eficaz gestão passa a figurar como fator símbolo do diferencial competitivo das organizações. A gestão do conhecimento é ampla e complexa, exige flexibilidade das organizações, cultura empreendedora, pessoas criativas e proativas, enfim, um conjunto de fatores que não podem ser ignorados, sob pena de comprometê-la ou de atribuir a sistemas informatizados o seu papel.

De fato é necessário que as organizações percebam a dimensão da afirmação de Sveiby (1998), ao considerar que a gestão do conhecimento deixou de ser um modismo de eficiência operacional.

As organizações modernas atuam em ambientes complexos, cujas relações são mantidas em redes de conhecimentos, sendo esse, o conhecimento, o único ativo pertencente à organização que é valorizado quanto mais utilizado.

Dessa forma, há que se concordar com Nonaka e Takeuchi (1997, 2008) ao considerarem que as organizações criadoras de conhecimentos são aquelas que criam conhecimento de forma sistemática, disseminando-os em todos os seus níveis, tendo a capacidade de incorporá-lo em novos produtos, serviços e tecnologias.

As organizações intensivas em conhecimentos possuem perfil inovador, criativo, flexível, empreendedor, enfim, são organizações onde o compartilhamento do conhecimento consiste em uma das formas de gerar conhecimentos novos, de agregar valor e estabelecer diferenciais competitivos.

North (2010) argumenta que diferentemente dos demais recursos organizacionais, os conhecimentos são dificeis de serem imitados e substituídos, constituindo em recursos com grande potencial para a geração de valor, ampliando a competitividade da organização.

É preciso também concordar com Polanyi (1967) quando afirma que as pessoas sabem mais do que fazem e de que grande parte do conhecimento individual é resultante do esforço voluntário de lidar com o mundo.

As organizações, no sentido de um coletivo de indivíduos, tendem saber mais do que fazem, por inúmeros fatores, entre outros, por não saberem fazer a gestão do próprio conhecimento, não potencializando esse ativo o suficiente para gerar novos diferenciais competitivos.

A complexidade do meio rural se torna cada vez mais evidente, portanto, para as organizações que atuam com extensão rural cabe primeiro procurar entender seus fatores influenciadores, as relações entre os atores, enfim, o ambiente como um todo, para então, potencializar o conhecimento que se mantém à sua disposição, visando estabelecer novos diferenciais competitivos na direção de atender as expectativas dos seus maiores parceiros, os agricultores.

A adoção do conhecimento como fator gerador de novos diferenciais competitivos às organizações públicas estaduais de extensão rural, e de elemento contributivo à sustentabilidade do meio rural, deve configurar como o norte da ação das políticas públicas, pois com o emprego do conhecimento, é possível o estabelecimento de novos padrões de produção, produtividade, qualidade de vida, enfim, para o produtor rual, agregar valor meio e ao seu produto, enquanto que para as organizações, descortina novos horizontes de atuação.

Dessa forma, a presente pesquisa oferece inúmeros subsídios à academia, entre outros, no sentido de ampliar as investigações sobre o tema do conhecimento no meio rural e o seu potencial de criação de conhecimentos, além da importância da complementaridade do conhecimento para as organizações, seus impactos organizacionais, econômicos e sociais.