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4 ESTABELECIMENTO DE DIRETRIZES PROVISÓRIAS

5. VERIFICAÇÃO DAS DIRETRIZES POR MEIO DA APLICAÇÃO DO MÉTODO DELPH

As diretrizes provisórias apresentadas no capítulo 4, item 4.3 foram elaboradas a partir da revisão bibliográfica e documental e da aplicação das sessões de grupo focal nas organizações de extensão rural selecionadas: EMATER/RS- ASCAR, EMATER/PR, CATI, EMATER/MG.

Para a validação das diretrizes foi aplicado o método Delphi, descrito no capítulo 3, item 3.2.4.

Para a presente etapa da pesquisa, a escolha dos especialistas consistiu em importante momento. Como requisitos básicos à participação, os especialistas deveriam ter conhecimento sobre a temática abordada e formação acadêmica completa em nível superior. Pressupõe-se que a formação acadêmica em nível superior e o conjunto de conhecimentos e experiências, conferem ao especialista possuir uma visão ampla, profunda e crítica sobre o cenário nacional das organizações de extensão rural, oferecendo boas possibilidades de debate sobre o conteúdo das diretrizes propostas a partir das suas variáveis de análise, viabilidade técnica de implementação e importância. O tempo de dedicação às demandas da pesquisa também figurou como elemento fundamental para que o especialista fizesse parte da amostra.

A seleção dos especialistas para participação na pesquisa iniciou com a indicação dos representantes estaduais da FASER, que atuaram como facilitadores de contato com os potenciais especialistas nas unidades federativas. Outra forma de obtenção de nomes com potencial para figurar como especialista na pesquisa ocorreu pelo envio de e-mail para as organizações participantes da fase de aplicação do método de grupo focal, com o intuito de ter dessas indicações de nomes à participação. Outra estratégia consistiu em solicitar de cada contato mantido a indicação de um nome para compor a lista de potenciais especialistas à participação na pesquisa.

Foram arrolados 38 nomes para participação na pesquisa, contudo, principalmente sob o ponto de vista do critério “tempo para dedicação às demandas da pesquisa”, a amostra ficou consolidada em 21 especialistas participantes, que atenderam plenamente os demais requisitos definidos, incluindo a manifestação de

interesse em participar da pesquisa. O quadro 7 apresenta a distribuição da amostra de especialistas participantes da aplicação do método Delphi por região geográfica do Brasil.

Quadro 7: Distribuição Percentual da Amostra de Participantes da Validação das Diretrizes por Meio da Aplicação do Método Delphi por Região Geográfica do Brasil.

Região Geográfica Percentual Sobre Amostra

Sul 38,10 Sudeste 33,30 Norte 0,00 Nordeste 19,0 Centro Oeste 9,60 Total 100,0

Fonte: Elaborado pelo autor.

A formalização da participação na pesquisa ocorreu com a assinatura do documento Termo de Livre Consentimento Esclarecido (TCLE-especialistas), apresentado no apêndice B.

Cabe destacar que o relacionamento mantido entre o pesquisador e os especialistas ocorreu em ambiente virtual (e-mail e Skype®). Respeitando a relação de anonimato dos especialistas, todas as interações foram realizadas individualmente, em contato que envolvia apenas o pesquisador e o especialista. Dessa forma, cada especialista não conhecia a identidade dos demais participantes.

Pelo fato de não haver escolha direta dos nomes dos especialistas pelo pesquisador e considerando que a participação desses foi condicionada ao atendimento de alguns requisitos, sob a perspectiva da ciência estatística, conforme Barbetta (1994) a amostra definida e utilizada nessa pesquisa assumiu características de aleatória, não probabilística e não intencional.

Paralelamente à seleção dos especialistas, ocorria um teste piloto, cujo objetivo consistiu em analisar vários aspectos acerca das diretrizes propostas, desde

a redação, até a pertinência das diretrizes no contexto das organizações de extensão rural no Brasil. Para o piloto foram selecionados quatro especialistas que analisaram o seguinte material: orientações de preenchimento e o questionário com o conteúdo das diretrizes provisórias aplicados na primeira rodada.

O questionário utilizado no piloto, continha 34 diretrizes provisórias, apresentadas no capítulo 4, item 4.3. Levando em conta as sugestões relativas às alterações nas diretrizes encaminhadas durante a fase de aplicação do piloto, a versão final ficou consolidada em 27 diretrizes. O quadro 8 apresenta as 27 consolidadas no piloto e encaminhadas (na primeira rodada) para análise dos especialistas na etapa de validação pela aplicação do método Delphi.

Quadro 8: Diretrizes apresentadas na primeira rodada de aplicação do Método Delphi

Diretrizes

1) Definir estrutura local mínima que permita ao extensionista dispor de tempo para produção intelectual e para a sistematização das atividades de campo.

2) Criar ambientes físicos e virtuais para compartilhamento do conhecimento.

3) Criar base de dados multifuncional e interativa, preservando o modelo de acesso e uso a bancos de dados, adicionando a filosofia Wiki, para construção coletiva do conhecimento.

4) Criar observatório do conhecimento da extensão rural visando capturar e disseminar conhecimento organizacional.

5) Criar estrutura interna com foco nas questões institucionais, baseada em cargos a serem ocupados por colaboradores de carreira.

6) Criar e nomear a figura do Chief Knowledge Officer (CKO).

7) Criar programa de aperfeiçoamento contínuo, incluindo cursos de pós-graduação: especialização, mestrado e doutorado.

8) Adotar o mapeamento de competências como instrumento de gestão de pessoas.

9) Elaborar plano de recompensas como estratégia para aumentar a produção intelectual na organização.

10) Adotar política de valorização profissional, baseada na figura humana, fortalecendo seus vínculos, compromissos e comprometimento, estimulando o sentimento de pertencimento dos colaboradores em relação à organização.

11) Criar sistemática de avaliação interna e externa de desempenho organizacional.

12) Formalizar a sistematização das lições aprendidas nas ações de extensão rural, contemplando elementos como a inovação, a identificação de oportunidades para a organização, o

empreendedorismo, a criatividade e os conhecimentos agregados à atividade desenvolvida. 13) Definir a organização como primeira fonte de informações e conhecimentos para o técnico extensionista.

14) Estimular a aproximação e o compartilhamento do conhecimento entre extensão rural e pesquisa agropecuária.

15) Criar comitê de certificação e proteção do conhecimento organizacional.

16) Catalogar e acompanhar as experiências inovadoras criadas pelos produtores rurais. 17) Mapear lacunas de conhecimento interno e externo.

18) Modelar memória de reuniões como artefato de captura de conhecimentos e acompanhamento de projetos.

19) Estimular a criação de comunidades de prática organizacional.

20) Disponibilizar na rede corporativa, resumo expandido e versão integral de produções técnicas, artigos científicos e acadêmicos, pesquisas, projetos institucionais e trabalhos de conclusão acadêmica (TCC, monografia, dissertação, tese, relatório de pós-doutorado).

21) Elaborar política para formalização do conhecimento organizacional, definindo o fluxo do conhecimento para as atividades da extensão rural.

22) Analisar e acompanhar, por meio de indicadores de desenvolvimento e desempenho organizacional, os impactos das ações baseadas em estratégias intensivas em conhecimentos. 23) Estruturar equipes multidisciplinares e interdepartamentais visando aproximar as estratégias de ação organizacional da realidade do ambiente institucional.

24) Fortalecer os conhecimentos técnicos como pré-requisitos para ocupação de cargos gerenciais e diretivos, protegendo a organização de influências externas, principalmente político-partidárias. 25) Promover eventos acadêmicos e científicos nas comunidades, visando divulgar conhecimentos internos e capturar conhecimentos criados pelos produtores rurais.

26) Fortalecer o clima organizacional através de processos transparentes, comunicação intensiva, compartilhamento do conhecimento, fortalecendo a confiança nas relações entre os colaboradores. 27) Criar rede social institucional e monitorar as redes sociais externas dedicadas ao espaço rural. Fonte: Elaborado pelo autor.

Cabe destacar que as diretrizes apresentadas no quadro 8, estão identificadas e analisadas no apêndice F.

Conforme descrito nas opções metodológicas que guiaram a pesquisa, a abordagem por meio da aplicação do método Delphi é considerada concluída quando há consenso entre os especialistas, até que esse ocorra, o método prevê que sejam realizadas rodadas para avaliação e análise do material enviado.

As diretrizes foram analisadas pelos especialistas a partir de duas variáveis, importância e viabilidade técnica de implementação. Cada variável está distribuída em quatro opções (Importância= sem importância, pouca importância, importante e muito importante; Viabilidade= inviável, pouca viabilidade, viável e muito viável). As quatro opções de cada variável foram pontuadas baseada na escala de Likert (pontuação, 1, 2, 3, 4). Para a apuração dos dados as quatro opções de avaliação de cada variável foram agrupadas em dois grupos, quais sejam: para a variável importância (G1= sem importância e pouca importância, e G2= importante e muito importante). Com relação a variável viabilidade, o agrupamento foi o seguinte, (G1= inviável e pouca viabilidade, e G2= viável e muito viável).

A apuração dos resultados foi realizada por meio do uso do aplicativo Microsoft Excel®.

Com o objetivo de identificar o consenso entre os especialistas em torno de cada diretriz, considerando sua viabilidade técnica de implementação e sua importância, foram usadas as funções estatísticas, Média e Desvio Padrão, essa última aplicada à distribuição de frequência, conforme apresentado na figura 10. Figura 10: Funções estatísticas, Média (X) e Desvio Padrão (S).

Conforme Barbetta (1994, p.101), Xi = Nota atribuída à diretriz pelo avaliador

i, f=frequência observada em cada nota, e, n= tamanho da amostra (número de avaliações).

Convém destacar que as funções estatísticas permitiram melhor visualizar a concentração de opiniões caracterizando o consenso entre os especialistas. De toda forma, a cada rodada, aos especialistas foram apresentados todos os resultados da rodada anterior, com ênfase para as respostas posicionadas distantes do grupo (discrepâncias). Nesse sentido, cabe frisar que a aplicação do método Delphi buscou extrair o máximo possível de informações dos especialistas e não apenas satisfazer os objetivos da pesquisa em torno das opções metodológicas. Nessa direção, ao se reposicionar, o especialista justificava sua resposta, contribuindo de forma significativa para a construção do cenário do sistema nacional de extensão rural em torno das diretrizes propostas.

5.1 PRIMEIRA RODADA – Método Delphi

A primeira rodada teve início com o envio de e-mail contendo em seu corpo o roteiro instrucional e o questionário para preenchimento, ambos apresentados no apêndice G. Esse material foi encaminhado para todos especialistas participantes dessa etapa da pesquisa. Merece destacar que todos responderam em tempo hábil.

O quadro 9 apresenta os resultados da primeira rodada de aplicação do método Delphi.