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2. O SIGNIFICADO DO MOVIMENTO NEGRO PARA OS AFRODESCENDENTES

2.2 As conquistas do Movimento Negro

Sabemos que a desigualdade social pode gerar preconceitos e que não fazer parte de um padrão estabelecido, tanto físico, quanto intelectual, também poderá contribuir a este tipo de sentimento. Isso implica ressaltar que nos dias atuais, 124 anos depois da abolição ocorrida no dia 13 de maio de 1888, a liberdade parece ser uma promessa para a maioria dos afro- descendentes. Por isso a importância do Movimento Negro e sua luta por liberdade que aqui ganha sentido amplo, ultrapassando do termo jurídico para falar de reconhecimento, aceitação, inclusão, possibilidades, tratamento, oportunidades e respeito.

O Movimento Negro lutou e luta pelos direitos a favor da cidadania para o afro- brasileiro. Isso nos leva a percepção de que as conquistas fomentam no povo de origem afro a busca de dar visibilidade à sua cultura passando a se reconhecer enquanto cidadãos conscientes da sua cor. Logo, há a pretensão de imaginar que a existência do Grupo Cultural Herdeiros de Zumbi de Ijuí também possa ser influenciada pela conjuntura do Movimento Negro. Os estudos nos levam a crer que o Grupo Cultural “Herdeiros de Zumbi” de Ijuí, mesmo que não possa ser considerado um movimento social, no sentido de militância13, faz um movimento ainda que tímido na busca de que os participantes conheçam a cultura afro e se reconheçam, se sentindo sujeitos ativos na sociedade em que vivem. Este movimento é

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Militância/militante : 1.Que ou o que milita. 2.Que ou quem luta, combate. 3.Que ou quem defende algo de

construído em situações, ações, atividades manifestadas a partir de situações simples como a gastronomia, que apresenta a comida típica, as vestimentas, as danças etc., e este conjunto de atividades dão visibilidade à cultura afro, e nos faz entendê-lo como um espaço educador, capaz de constituir identidades, ainda que não tenha as características de militância das lutas do Movimento Negro.

É importante observar que foi na década de 80 e 90, que o Brasil passou a ser palco de reivindicações do Movimento Negro, que procurou a partir dos costumes, tanto no que diz respeito às vestimentas, bem como às crenças, mostrar a resistência em favor da cultura negra. É válido salientar que foi na década de 90 que começaram a acontecer mudanças na constituição brasileira, ganho este, proveniente das ações do Movimento Negro a partir das quais é conquistado o aparato jurídico-normativo que então passa a considerar a diversidade.

Proveniente de ações reivindicatórias do Movimento Negro percebe-se no Brasil, a partir da década de 90, o surgimento de um aparato jurídico- normativo que contempla a diversidade como variável nuclear propondo mudanças na proposta curricular. São esses ajustamentos apontados como inovadores nascidos das bases inscritas na Carta Magna, que se constituem na matéria-prima da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Da ação conjunta do texto constitucional e do contexto da LDB nascem a política e planejamento educacional, e depende o dia-a-dia do funcionamento das redes escolares de todos os graus de ensino. (DIAS, 2007, p. 03)

No que menciona o autor a partir de então, a Constituição Federal de 1988, nomeada de Constituição Cidadã, passa a incorporar em seu artigo 5º a “discriminação racial como prática de crime inafiançável e imprescritível, sujeito a pena de reclusão nos termos da lei. De um lado, numa sociedade excludente na qual a cidadania torna-se privilégio de uma elite, negros vítimas de uma história de inferioridade, tornaram-se sinônimo dos preconceitos e discriminação e formam um imenso grupo de excluídos sociais, políticos e culturais. De outro lado, Movimentos Negros engajados na busca de direitos à cidadania começam a colher os frutos de uma luta por igualdade.

A constituição brasileira de 1988 trouxe importantes avanços sociais e trabalhistas - embora a onda neoliberal dos anos 1990 tenha eliminado muitos deles. Com a criação de diversos conselhos da criança e do idoso, por exemplo, uma nova atuação deu-se no campo dos direitos humanos. As cotas para negros e índios nas universidades públicas e o prouni (programa universidade para todos, que oferece bolsas para estudantes de baixa renda que estudaram em escolas públicas de ensino básico) foram políticas importantes para a inclusão sociocultural no ensino superior dos menos privilegiados. (SILVA, 2010, p. 08)

É importante enfatizar que as cotas para negros e índios foram de extrema significância, enquanto política afirmativa, ao considerarem o contexto de subalternização e de exclusão a que são submetidas grande parte da população negra e indígena. Os afro- descendentes aos poucos vêm conquistando seu espaço nas universidades. Em se tratando de educação, um ganho recente foi o surgimento da Lei 10.639 de 09 de janeiro de 2003, que visa incluir no Currículo Oficial da Rede de Ensino de maneira obrigatória o estudo da história e cultura afro-brasileira.

Com o intuito de viabilizar a implementação da lei, são elaboradas as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico- raciais e para o ensino de História e cultura afro-brasileira e africana, aprovada pelo Conselho Nacional de educação em 10 de março de 2004. Nos seus apontamentos as diretrizes apontam para que “estas condições materiais das escolas e de formação de professores são indispensáveis para uma educação de qualidade, para todos, assim como é o reconhecimento e valorização da história, cultura e identidade dos descendentes de africano (Diretrizes Curriculares). (DIAS, 2007, p.5)

Inserir nas escolas o ensino da história e da cultura africana parece ser um passo significativo para mudanças no que diz respeito a valorização do afrodescendente, quando aliada à formação de professores que consigam ir além dos limites dos livros didáticos, os quais na maioria das vezes retratam o negro unicamente na condição de escravo. Segundo Gomes (2008, p.75) “Ainda quando se fala em África na escola e até mesmo no campo da pesquisa acadêmica, reporta-se mais ao escravismo e ao processo de escravidão”. Acreditamos que essa condição precisa ser desmistificada e isso pode acontecer através da educação quando deixar de lembrar o negro como escravizado, passando a dar visibilidade ao negro que foi trazido de seu país de origem e que mesmo assim resistiu diante do horror que lhe foi imposto.

É importante para este estudo salientar que a lei 10.639 foi prevista como necessária em 5 de outubro de 1988, uma vez que a Constituição Federal já presumia que era necessário considerar no ensino de história a contribuição de diferentes culturas e etnias na formação do povo brasileiro. Segundo Junior (2010, p. 25) “quinze anos se passaram até que o Congresso Nacional aprovasse, em janeiro de 2003, uma lei – a famosa Lei nº 10.639 – cuja principal função normativa consistiria em regulamentar e assegurar a eficácia aos aludidos preceitos constitucionais”. Agora, importa trazer que depois de alguns anos a Lei 10.639, a qual tem o objetivo de incluir no Currículo Oficial da Rede de Ensino de maneira obrigatória o estudo da história e cultura afro-brasileira, ainda não foi exercida de fato. Esta, segundo Gomes (2008),

encontra resistência, nas secretarias estaduais, municipais, escolas e educadores. Para a autora:

Essa resistência não se dá no vazio. Antes está relacionada com a presença de um imaginário social peculiar sobre a questão do negro no Brasil, alicerçado no mito da democracia racial. A crença apriorística de que a sociedade brasileira é o exemplo da democracia e inclusão racial e cultural faz com que a demanda do trato pedagógico e político da questão racial seja vista com desconfiança pelos brasileiros e brasileiras, de maneira geral, e por muitos educadores e formadores de políticas educacionais, de forma particular. (GOMES, 2008, p.70)

Nesse sentido, reconhecemos que ainda há muito a fazer para que secretarias estaduais, municipais, escolas e principalmente os docentes estejam preparados para assumir esta nova concepção da história do afrodescendente, e lançar aos alunos um novo olhar para a cultura que desde a época da escravidão vem sendo considerada inferior. Entendemos que é preciso haver mudanças na esfera social e escolar, é necessário capacitar cada vez mais os docentes para que estes se apropriem da história que agora reflete o negro fora do contexto da escravidão, para esclarecer que este não foi escravo, mas foi escravizado. Talvez assim, a lei que surgiu a partir das pressões e das iniciativas dos movimentos sociais, especialmente, do Movimento Negro, do Ministério da Educação e de Estudos Afro-brasileiro seja realmente colocada em prática, o que poderia ajudar a lançar uma nova visão à cultura afro. Para Gomes:

Maior conhecimento das nossas raízes africanas e da participação do povo negro na construção da sociedade brasileira haverá de nos ajudar na superação de mitos que discursam sobre a suposta indolência do africano escravizado e a visão desse como selvagem e incivilizado. Essa revisão histórica do nosso passado e o estudo da participação da população negra brasileira no presente poderão contribuir também na superação de preconceitos arraigados em nosso imaginário social e que tendem a tratar a cultura negra e africana como exóticas e/ou fadadas ao sofrimento e a miséria. (GOMES, 2008, p.72)

Diante do que afirma a pesquisadora é necessário enfatizar, retomar sobre a importância do estudo da cultura afro-brasileira nas escolas, pois é possível supor que uma vez esta sendo tratada com responsabilidade e seriedade pode acarretar mudanças positivas no que diz respeito a superação de preconceitos, o que vem sendo pleiteado desde muito tempo através das lutas do Movimento Negro.

Zarth (2010) também enfatiza sobre as mudanças ocorridas no que se refere ao ensino de história do Brasil e reconhece que trabalhar tal história numa perspectiva étnica, não ganhou intensidade somente devido às políticas educacionais atuais, mas, também devido à luta dos Movimentos Sociais com bases étnicas e aponta como exemplo o Movimento Negro e o indígena.

O retorno da questão étnica no ensino de história, em particular, e na educação brasileira, de um modo geral, é uma exigência expressa na resolução Nº 1, de 17 de junho de 2004, do Conselho Nacional de educação que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a educação das relações etnorraciais e para o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana, as quais devem ser consideradas pelas instituições formadoras de professores. (ZARTH, 2010, p.117)

As diretrizes curriculares atendem exigências da lei 10.639/2003 que impõe o ensino de história da cultura Afro-brasileira e africana na Educação Básica. No que discute o autor, tais diretrizes competem avanços no que diz respeito à visibilidade da cultura afro- brasileira e parece ser um passo importante na construção de um pensamento anti-preconceituoso para proporcionar a reflexão voltada à questão do branco no papel do dominante e o negro como dominado.

No entanto, o pesquisador acrescenta que é necessário apresentar o parecer da relatora Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva do Conselho Nacional de Educação, e esclarece que esta contempla as diretrizes do estudo das relações étnicas. Para ela, ainda há no Brasil um imaginário étnico racial que valoriza a brancura, em especial aquela de raízes européias. Por consequência, há a desvalorização das outras culturas, neste caso a africana, indígena e asiática. É necessário anunciar que este parecer apresentado por Zarth (2010) vem ao encontro das dificuldades apontadas por Gomes (2008), quando esta revela que o ensino da cultura afro nas escolas ainda não é vigente.

Nesse contexto, entendemos que ainda há muito que lutar para contemplar a justiça racial num país que se estruturou segundo valores que privilegiavam a cor da pele branca. É justamente com base nesse pressuposto que reafirmamos a importância e a necessidade da luta travada pelo Movimento Negro que ainda tem muitas conquistas a serem pleiteadas a favor da cidadania e da democracia racial. Embora ainda haja muito a ser conquistado é preciso ressaltar as vitórias alcançadas pelo Movimento Negro que se mostra de diferentes maneiras, seja através das leis, seja pela valorização do negro em ser negro, pela valorização de sua cultura.

Nesse enlace que se reafirma que ao pensar sobre a importância do Movimento Negro não há como não resgatar o significado do Movimento “Negritude”14, considerando que esta palavra tem diferentes sentidos, iremos abordá-la segundo os estudos de Munanga (1986).

Como define o autor o termo negritude teve varias definições, algumas até contraditórias entre os pesquisadores, mas a negritude enquanto movimento acabou cumprindo historicamente seu papel emancipador, uma vez que traduzido pelas independências africanas “estendeu-se como libertação para todos os negros da diáspora, ainda vítimas do racismo branco, por exemplo, nas Américas” (Munanga, 1986, p.07). O Movimento Negritude surgiu no momento em que o negro enfadado com a visão posta de inferioridade, tenta retomar as suas raízes na busca de refazer sua identidade negra, assumindo assim sua origem e negando a assimilação do estrangeiro.

Para o autor o Movimento Negritude é significativo, pois de um lado lutou pelo resgate da cultura, e de outro lado se empenhou para que o negro se reconhecesse, passando a assumir a sua origem. Ao se aceitar, o negro se auto-afirma de forma moral, psíquica e física, e assume a cor negada percebendo então que nesta pode-se encontrar feiúra e beleza como em qualquer outro ser humano. A auto-aceitação aparece impregnada pela ansiedade de refugar tudo o que fora imposto pelo colonizador, resgatando e reafirmando sua identidade cultural, tal como preconiza o autor:

O que impressiona imediatamente por sua amplitude e pela variedade das disciplinas mobilizadas à sua compreensão é a afirmação e a reabilitação da identidade cultural, da personalidade própria dos povos negros. Poetas, romancistas, etnólogos, filósofos, historiadores, etc. quiseram restituir à África o orgulho de seu passado, afirmar o valor de suas culturas, rejeitar uma assimilação que teria sufocado a sua personalidade. Tem-se a tendência, sob várias formas, de fazer equivaler os valores das civilizações africana e ocidental. É a esse objetivo fundamental que correspondem às diversas definições do conceito de negritude. (MUNANGA 1986, p. 44)

14 No Brasil, a palavra Negritude é dicionarizada pela primeira vez em 1975, no Novo Dicionário da Língua

Portuguesa, de Aurélio Buarque de Holanda e define Negritude como: 1) estado ou condição das pessoas de raça negra; 2) ideologia característica da fase de conscientização, pelos povos negros africanos, da opressão colonialista, a qual busca reencontrar a subjetividade negra, observada objetivamente na fase pré-colonial e perdida pela dominação da cultura ocidental. (Zilá Bernd, 1988, p.16)

Negritude - com N maiúsculo – refere-se a um momento pontual da trajetória da construção de uma identidade negra, dando-se a conhecer ao mundo como um movimento que pretendia reverter o sentido da palavra negro, dando-lhe um sentido positivo. negritude – com n minúsculo é utilizada para se referir a tomada se consciência de uma situação de dominação e de discriminação e a consequente reação pela busca de uma identidade negra. Nesta medida podemos dizer que houve negritude desde que os primeiros escravos se rebelaram e deram inicio aos movimentos conhecidos por marronnage, no Caribe, cimmarronage, na América Hispânica, e quilonbolismo, no Brasil, iniciadas logo após a chegada dos primeiros negros na América. (Zilá Bernd, 1988, p.20)

Nesse pressuposto se afirma que negritude, além de ser um termo amplo devido às várias definições acabou por ser reconhecida como a busca da identificação da cultura africana, e com isso também o resgate do orgulho do seu passado. Como enfatiza o autor a negritude tem como característica a rejeição da assimilação na busca do resgate da sua identidade cultural.

Como vem sendo enfatizado há definições distintas para o termo negritude, sendo importante trazer que Munanga (1986) a difere entre duas apresentações antinômicas, uma mítica, que chama atenção para a descoberta do passado africano anterior à colonização, almejando o retorno às origens para revigorar a realidade africana perdida em meio à intromissão ocidental. Esta no que ressalta o autor foi considerada como sendo uma marginalização do grupo negro o que poderia o levar ao desaparecimento.

Quanto à negritude interpretada como mito, o estudioso discorre que esta é vista como realidade voltada ao passado, sonhadora, auto-suficiente e não de combate. Embora haja perigo em confundir os meios e as finalidades, acrescenta que o mito é considerado importante no momento em que ajuda os novos ideais a se constituir. Outra apresentação é a de fator ideológico que segundo o teórico, propõe esquemas de ação, impondo uma negritude agressiva ao branco, como resposta às situações históricas, psicológicas dentre outras, comum a todos os negros colonizados.

Tal apresentação no que condiz Munanga (1986) poderia gerar uma fusão da problemática negra com a dos colonizados independente da origem, se aproximando assim da teoria marxista. Dentre as apresentações ideológicas e míticas existe varias definições para a negritude que discutem sobre o Caráter biológico ou racial, Conceito sócio-cultural de classe, Caráter psicológico, e Definição cultural.

Nas palavras do teórico, diante de tantas oposições binárias, é esclarecido que a negritude pode num mesmo momento ser considerada mito e realidade, ideologia e utopia, ilusão e mistificação, reação, ser negro, fato histórico. A partir daí se acrescenta que a negritude poderia ser chamada de uma rica confusão. Negritude dolorosa, agressiva, serena e vitoriosa.

Em consonância com o que acima está exposto, é possível entender que o Movimento Negritude representou a busca de uma identidade aniquilada em prol de uma cultura imposta e dominante. Este se originou num tempo em predominava a tentativa de assimilação dos povos considerados inferiores, e como já abordado anteriormente significou a libertação para todos

os negros da diáspora, ainda vítimas do racismo branco, por exemplo, nas Américas, aparecendo também no Brasil15 no período pós-abolicionista.

Embora ainda haja muito a ser conquistado este estudo exige que seja apontado aqui o fato de que o Movimento Negro, assim como o Movimento Negritude impulsionou diversas conquistas e acabou por se enraizar em todo o país, pois se encontra nas capitais, nas cidades médias, grandes ou pequenas (Junior e Silva, 2010). Sendo assim, é de extrema importância mostrar as conquistas políticas do Movimento Negro apontadas por (JUNIOR e SILVA 2010, p. 48, 49).

● Desmascaramento do mito da democracia racial.

● Criminalização do racismo, tornando-o crime imprescritível e inafiançável.

● Mudanças significativas na publicidade, propaganda e televisão, em que tornou cada vez mais frequente a inserção de imagens positivas de negros e negras em peças publicitárias.

● Introdução da temática do racismo e da intolerância religiosa na agenda dos direitos humanos.

● Divulgação do caráter eurocêntrico do ensino no Brasil.

● Desmistificação do vestibular e conquista de políticas de inclusão de jovens negros e pobres no ensino superior.

● introdução de informações sobre a cor, racismo, discriminação e desigualdades raciais nos principais centros de pesquisa e de demografia do país.

● Introdução do debate sobre racismo em sindicatos, na academia, nos partidos políticos, em instituições públicas e privadas.

Como informam os pesquisadores, todas as conquistas do Movimento Negro colocam na pauta das políticas públicas e do debate as questões que instigaram e instigam o povo brasileiro a reconhecer a gravidade do racismo, passando a considerar justas as medidas que vem sendo adotadas para superá-lo. Estas medidas têm a ver com a inclusão do quesito cor em quase todos os cadastros públicos ou privados. Nesse pressuposto entendemos que

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Apesar de não ter havido no Brasil a tendência de nomear os vários momentos de tomada de consciência de ser negro com o termo negritude, a palavra é usada, sobretudo a partir dos anos 60, por alguns poetas, em seu sentido mais abrangente, referindo-se a consciência e a reivindicação da comunidade negra. (...) Porém podem ser considerados como manifestações da negritude os quilombos brasileiros, que representam o primeiro sinal de revolta contra o dominador branco. (...) A ação do herói da libertação do quilombo dos palmares – Zumbi – pode ser tomada como o marco zero da negritude, na medida em que esta, em suas origens, associa-se ao marronnage: comportamento revolucionário que levou os escravos a fugirem de seus senhores em busca de liberdade, preferindo o espaço agreste das matas à condição de submissão imposta no espaço da fazenda. (Zilá Bernd, 1988, p.47)

todas as conquistas que dizem respeito à cidadania para o povo afrodescendente é reflexo das lutas travadas pelo Movimento Negro no Brasil.

2.3 Os movimentos sociais sob o olhar de Boaventura Santos, Shamim Meer, e Alan