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F IGURA 1: BARCARENA: LOCALIZAÇÃO NO ESTADO DO PARÁ E MAPA ESPACIAL.

3 A SME possui 97 escolas ativas, destas 48 possuem conselhos escolares e 0 estão em processo de

3.4.2 O Conselho Municipal de Educação

A partir da promulgação da Constituição Federal de 1988 e da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, os Conselhos Municipais de Educação (CME) passam a representar importante instrumento de práticas democráticas no sistema de ensino. Logo, cada município deve criar o seu CME através de lei municipal e definir a composição básica do órgão, o número de membros efetivos e substitutos e os mandatos.

O Art. 21 da Lei Municipal nº 2115/2013 estabelece que ao Conselho Municipal de Educação compete, dentre outras atribuições:

I-acompanhar o levantamento anual da população escolar e fiscalizar o cumprimento do preceito constitucional de universalização qualitativa e quantitativa da educação; II- subsidiar a formulação e a implementação da Política Municipal de Educação, tendo em vista a sua integração com as demais políticas públicas; III- propor as diretrizes e prioridades orientadoras do Plano Plurianual da Educação Municipal, bem como sua expressão na Lei de Diretrizes Orçamentárias do município; IV- analisar na esfera administrativa as legislações federais e estaduais concernentes à educação, estabelecendo normas a serem observadas pelo sistema municipal de ensino; V- opinar sobre consulta ou em interposição de recursos acerca do entendimento da legislação relativa à educação, no âmbito de sua esfera de atuação; VI- avaliar periodicamente os níveis de retenção e de evasão escolar, estimulando os órgãos executivos do sistema educacional a encontrar soluções que os atenue; VII- propor e normatizar o planejamento, a implantação e o funcionamento de projetos educacionais alternativos, voltados ou não para o mercado de

trabalho; VIII- orientar as instituições educacionais do município quanto as normas para avaliação e autorização de escolas públicas e privadas, e de seus cursos, levando em conta principalmente a avaliação da qualidade de ensino praticada e a definição de suas diretrizes técnicas e pedagógicas; a) 1º - A autorização para funcionamento das instituições de educação e de ensino, bem como de seus cursos, séries, anos ou ciclos, será concedida com base em parecer favorável do Conselho Municipal de Educação, considerando os padrões mínimos de funcionamento para o Sistema Municipal de Ensino, a serem definidos em legislação complementar específica.

Essas atribuições demonstram que a função do CME vai além da regularização dos cursos e instituições de ensino, elas vão tanto ao acompanhamento em nível administrativo quanto pedagógico, assim como pode representar uma possibilidade concreta de gestão democrática na medida em que possibilita o diálogo entre os diversos segmentos da sociedade com um objetivo comum que é efetivar uma educação pública de qualidade e para todos.

O Decreto nº 0240/2014 dispõe sobre a nomeação dos Conselheiros Titulares e Suplentes do Conselho Municipal de Educação de Barcarena-Pa representado conforme o quadro a seguir:

Quadro 7. Quantitativo de conselheiros, titulares e suplentes, que integram o CME de Barcarena, mandato 2014-2016

Nº de Conselheiros

Segmento que representa

02 Professores

02 Assistentes Educacionais

04 Secretaria Municipal de Educação 04 Prefeitura Municipal de Barcarena 02 Pais de Alunos

02 Alunos

02 Conselho Municipal Criança e Adolescente 02 Conselho Municipal de Alimentação Escolar 02 Câmara Municipal de Vereadores

02 Gestores da Educação Municipal 02 Gestores da Educação Infantil Privada

26 Total

A composição do CME de Barcarena-Pa não expressa se há a paridade na representação governamental e não governamental, no entanto, as entrevistas realizadas com os conselheiros demonstram que há um predomínio numérico de membros do poder executivo. Aqui a correlação de forças está expressa e já demonstra o favorecimento à administração municipal, o que dificulta os debates, conforme a fala de conselheiros. “Nós éramos para estar atuantes (...) precisamos de uma liberdade de trabalho e além disso não há diálogo com a secretaria de educação, existe um conflito do silêncio (Martigura 1). A falta de diálogo com a SEMED de Barcarena é a principal dificuldade expressa pelos entrevistados do CME.

Esse silêncio que o entrevistado refere-se como conflituoso se contrapõe à proposta e ao que representa um conselho. Werle (2003) destaca justamente o poder da fala, do diálogo e das relações que se estabelecem. Para a autora, não existe Conselho no vazio, ele é o que a comunidade escolar estabelece, constitui e operacionaliza. Destarte, cada conselho constitui sua identidade e sua face a partir relações que nele se estabelecem. Se há um conselho ativo, no qual os representantes dos diversos segmentos têm poder de voz e de escuta “percebe-se uma retomada de confiança no Conselho, enquanto espaço democrático de construção e no qual cada um pode deixar as suas marcas” (p.64).

Outra situação que provoca insatisfação dos conselheiros é a falta de autonomia do CME e a divergência de interesses durante as deliberações com os representantes do poder. “A gente aqui trabalha com a cara e a coragem (...) o CME foi criado para as questões burocráticas e não como controle social” (MARTIGURA 2).

A autonomia dos sistemas municipais de educação perpassa pela atuação dos Conselhos Municipais de Educação e na garantia da participação dos diversos segmentos da sociedade civil organizada na governança municipal. Nesse sentido, Bordignon (2009) lança uma discussão em torno das formas de escolha de representantes para integrar o CME que se pautam em vontades individuais, seja essas de dirigentes do poder executivo ou mesmo das entidades com representação no órgão colegiado, “tenderão a situar o exercício da função em fidelidade à vontade de onde deriva a indicação” (p.

71). Sobre a representatividade do Conselho de Educação, ele ainda complementa que:

Um conselho de educação somente cumprirá efetivamente sua verdadeira função se expressar as aspirações da sociedade na sua totalidade. Se for constituído de tal forma que represente e expresse somente, ou hegemonicamente, a voz de um segmento, ou do Governo, poderá perder de visão do todo, o foco da razão de ser conselho (BORDIGNON, 2009, p.69).

A participação da sociedade civil organizada na governança municipal é indispensável para a elaboração do diagnóstico e estratégias de ação com vistas à construção de um planejamento educacional que transpareça a necessidade e o anseio da comunidade como um todo. Daí a inserção do Conselho Municipal de Educação como um mecanismo de participação da sociedade civil organizada que se traduz em engajamento popular e recurso produtivo imprescindível (GONH, 2001).

No entanto, no município de Barcarena, observa-se o descontentamento e desmotivação dos membros do CME por compor um Conselho meramente burocrático:

Na verdade o conselho municipal ele hoje atua simplesmente com a regularização de escolas, outras demandas é alheia às discussões nem leva para as discussões em reuniões. Então, hoje o foco do conselho (CME) é a regularização de escolas. Também não tivemos uma formação, enquanto conselheiros, nunca a presidência também chamou para que viesse uma formação para os conselheiros. Nós somos meros coadjuvantes, já vai terminar o mandato, agora em dezembro termina, e eu, particularmente, não pretendo vir novamente (ARUÃS 1).

O depoimento acima demonstra a frustração de representante da sociedade civil que compõe o Conselho Municipal de Educação de Barcarena, reconhecendo a participação pouco ativa, considerando-se apenas um “coadjuvante” nas decisões. Outro fato que é destacado é a ausência de formação para os conselheiros, demonstrando o desinteresse do poder executivo na capacitação dos membros do Conselho haja vista que é uma demanda constante nas subações do Plano de Ações Articuladas.

A razão de ser dos conselhos de educação é justamente garantir a participação dos diversos segmentos da sociedade e efetivar a democracia. No entanto, o CME de Barcarena transparece a política educacional brasileira, em consonância com as ideias neoliberais, em que o poder hegemônico exerce supremacia e as práticas “pseudodemocráticas” são apenas artefatos burocráticos que mascaram o contrassenso do capital.

No quadro abaixo observamos o indicador que avalia a existência, composição e atuação do CME no município de Barcarena.

Quadro 8. Barcarena-Pa: Existência, composição e atuação do conselho municipal de educação (CME)

PONTUAÇÃO JUSTIFICATIVA AÇÃO SUBAÇÕES

PAR 1

A SME já desenvolveu algumas discussões acerca da criação e implantação do CME e há um anteprojeto de lei em discussão na Câmara de Vereadores. No entanto, ainda não há ações que tenham promovido sua implementação. Implantar CME (Conselho Municipal de Educação) -Qualificar conselhos municipais de educação.

-Elaborar Projeto de Lei com critérios claros e procedimentos democráticos para escolha e atuação dos conselhos municipais de educação. - Qualificar conselheiros que serão os multiplicadores da formação de conselheiros municipais da educação.

PAR

1 Não existe a lei de criação do CME. Uma minuta de lei foi