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No presente trabalho buscou-se demonstrar as estratégias de adaptações dos personagens e produtos da Turma da Mônica para o mercado de entretenimento japonês. Para alcançar esse objetivo, o trabalho foi fundamentado a partir de um referencial teórico que deu o suporte para o tema, uma breve análise sobre o histórico da globalização, a definição de marketing, assim como seu composto mercadológico, os 4Ps, preço, produto, promoção e praça, marketing internacional, internacionalização de empresas, licenciamento e segmentação de mercado como estratégias de entrada em novos mercados.

Para uma avaliação coesa, na apresentação e análise dos dados, a estrutura foi divida em quatro partes: a Turma da Mônica, falando inicialmente do desenvolvimento histórico do seu criador Maurício de Sousa, falando em seguida da empresa com foco na MSP, evidenciando suas estratégias de marketing aplicadas tanto no mercado nacional quanto no mercado internacional.

Em seguida foram abordadas as empresas internacionais que se encontram atuantes no mercado de entretenimento japonês, tais como a DC Comics e Disney, abordando suas estratégias de desenvolvimento de produtos e de promoções no mercado de origem (EUA) e no Japão.

Em terceiro lugar foi mostrado o funcionamento do mercado de entretenimento de jogos e literário japonês (uma vez que dentro do segmento de entretenimento a Turma da Mônica se encontra principalmente nessa área) e como o mix de marketing é utilizado no Japão a partir da abordagem das estratégias utilizadas pelas empresas japonesas: CLAMP, Shounen Jump e Square Enix.

No último ponto, foram apresentadas as estratégias de marketing para o mercado japonês, baseado, principalmente, no segmento de mercado de jogos e literatura, utilizando de explicações lógicas para fundamentar as táticas sugeridas.

Na abordagem utilizada pela Turma da Mônica tanto no Brasil, quanto no mercado estrangeiro, é percebido que a empresa usa como tática principal o licenciamento. Projetos que podem ser de iniciativa da empresa MSP ou de outras empresas que desejam usar os personagens da Turma da Mônica para a promoção de seus produtos em seus respectivos mercados. Porém esses projetos devem, primeiramente, serem aprovados pela MSP, uma vez que no final desse processo a Turma da Mônica detêm os direitos autorais de seus produtos finais. Uma vez que se fala do mercado internacional, todos os projetos passam pela MSP

Internacional, que fica em Nova York. Para a internacionalização dessa empresa, normalmente é feito um plano de marketing pela empresa que deseja instalar algum produto da MSP em seu respectivo país, essa empresa também arca com todo o investimento para colocar o produto em seu país, pagando os royalties para a MSP.

Já no comércio americano, empresas como DC Comics e Disney, utilizam também do licenciamento para ampliar seu leque de produtos. Porém, a DC Comics foi adquirida pela Wanner Brother Entertainment. Por um tempo a DC Comics passou por certas dificuldades em promover e vender seus gibis, usando de promoções de vendas de brindes junto a bancas de revistas, desenvolvendo games junto a outras marcas famosas, abrangendo mais seus personagens mais famosos, e também eliminando certos personagens para aumentar sua popularidade. Todas essas estratégias tiveram um relativo sucesso, mas não chegaram a dar o resultado esperado. Por essa razão, a mais nova tática da DC Comics, que recebeu o nome de ‘no fear’ por sua presidente, tem como objetivo a reestruturação dos personagens conhecidos tais como Aquaman, Mulher Maravilha, Coringa e Mulher Gato. Dessa forma, a DC Comics espera ter mais liberdade com as histórias, dando assim um novo começo a seus personagens, alguns até terão seus nomes trocados, para acompanhar a nova geração de leitores. É uma tática arriscada, mas segundo sua vice-presidente, é um projeto que vale pena, uma vez que se pode remodelar a estrutura das historias antigas.

A Disney por sua vez, é uma marca mais consolidada no mercado nacional e internacional, seus produtos licenciados são de autoria de seu próprio setor de licenciamento. Entretanto, a Disney possui mais tempo no mercado mundial, o que conferiu a ela uma aprendizagem maior. Desde a época de Walt Disney quando criou seu primeiro personagem Oswald, o coelho sortudo, fazendo um sucesso no cinema preto e branco americano, até perder os direitos autorais desse personagem, criando logo em seguida um dos personagens mais amados do mundo, o Mickey Mouse, Walt Disney passou por muitos altos e baixos, porém sempre pensando à frente, arriscava mesmo assim. Seu lema de vida ‘keep moving foward’. Diferente das empresas citadas anteriormente, a Walt Disney Company sempre seguiu um caminho oposto, começando sempre com a criação de filmes animados, e depois lançando seus produtos adjacentes, tais como os gibis do tio Patinhas, Pateta, Donald, Zé Carioca, entre outros. As estratégias que a Disney usa são simples, porém eficazes, uma vez que seus produtos inicialmente são sempre voltados para crianças de até 12 anos, porém mesmo que esses leitores saiam dessa faixa etária, a Disney nunca perde sua magia. Pessoas que cresceram com a Disney a recomendam e passam a diante para seus irmãos, irmãs, filhos e filhas. Fazendo não somente as crianças continuarem crianças, mas adultos voltarem a ser

crianças, isso tudo é possível uma vez que Walt Disney inaugurou seu parque temático em Orlando na Flórida, criando brinquedos temáticos de seus filmes de maiores sucessos.

Já no mercado japonês o mix de marketing é utilizado para abranger ao máximo a gama de produtos de uma empresa, uma vez que dentro da área de entretenimento de publicações o mangá é usado como principal produto a ser disseminado em bonecos, miniaturas (gashapon) e bichos de pelúcia, artbooks, tokusatsus, peças de teatro, serie de tv (desenho animado, conhecido como anime), filmes e CDs de músicas. Companhias como CLAMP e Shounen Jump usam dessa tática para promover e aumentar seu leque de produtos.

Geralmente, nesse mercado a distribuição começa com os mangás, que são impressos em revistas semanais e possuem entre 300 e 800 páginas com várias séries de diferentes autores. E são descartados uma vez de lidos. Somente as séries de maior sucesso atingem o mercado em forma de livros de bolso colecionáveis.

Agora, quando de fala das estratégias de adaptações dos personagens e produtos da turma da Mônica para o mercado de entretenimento japonês, há fatores que não podem ser ignorados, tais como o traço dos personagens e a carência de uma história cronológica para seus personagens. Essa segunda apontada com mais ênfase pelo motivo de que o mercado japonês precisa de algo a mais para manter o público entretido com as historias da Turma da Mônica. A falta de enredo, tendo somente histórias aleatórias não chama a atenção do público uma vez que não há nenhuma trama que envolva os personagens ao publico inicialmente, diferente do mercado brasileiro que cresceu com as historias da turma da Mônica. A questão do traço é apontada para a questão que o mangá possui olhos grandes e expressivos para poder exagerar nas reações e emoções que são passados ao público, e mesmo que a turma da Mônica Jovem possa ser considerado um mangá, seu traço não foi alterado o suficiente para não assustar o público brasileiro. Porém, a turma da Mônica possui um diferencial, que seria a sua gama de personagens. Uma vez feitas as mudanças nos traços pode-se construir histórias novas, para um mercado novo, tais como utilização da ordem cronológica dos personagens da turma da Mônica, mostrando seu desenvolvimento desde criança até a adolescência. De um modo geral, pode se observar com este trabalho que a empresa Maurício de Sousa Produções tem aumentado sua importância no âmbito mundial, com uma diversidade de mais de 2.000 produtos licenciados, internacionalizando seu produto principal (o gibi da turma da Mônica) para 45 países, e com produtos licenciados para mais de 200 países do mundo inteiro. Possuindo assim uma cadeia produtiva forte, pode-se avaliar que a MSP é competitiva.

Percebeu-se também que o setor de entretenimento japonês é bastante receptivo no que diz respeito a gama de produtos que a Maurício de Sousa Produções possui e poderá

desenvolver. Porém a MSP não possui uma estrutura de dados muito boa em relação as estratégias de internacionalização da sua empresa, uma vez que através do licenciamento só participa secundariamente, deixando as outras etapas nas mãos da empresas que fazem tanto o estudo mercadológico, quanto o desenvolvimento das estratégias, tornando assim a coleta de dados deficiente.

Então, em decorrência do que foi explicitado, se aconselha um investimento por parte da empresa Maurício de Sousa Produções no setor de entretenimento japonês, através das estratégias direcionadas a este mercado, que possui características muito distintas do mercado brasileiro, sugerindo que os produtos da MSP tenham que sofrer adaptações para entrar no Japão.

Com relação a novas pesquisas sobre o tema abordado, é indicado realizar outros estudos de mercado mais aprofundado de outras empresas e sobre o setor para buscar novas oportunidades para investimentos nesta área.