• Nenhum resultado encontrado

5 CONCLUSÕES FINAIS E PROPOSIÇÕES

5.1 Considerações Finais

Este estudo utilizou-se da emergente teoria denominada Estratégia como Prática – ECP, para analisar os processos de elaboração e acompanhamento de planos estratégicos das gestões compreendidas entre os anos de 1992 a 2008 da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), com o objetivo de formular uma proposta de modelo de desenvolvimento de planos estratégicos para Instituições Federais de Ensino Superior. A análise do papel desempenhado pelos reitores durante esses processos também se constituiu em alvo deste trabalho.

Para o desenvolvimento desta tese, foi feita uma extensa pesquisa bibliográfica sobre o tema, envolvendo principalmente publicações sobre estratégia, formação de estratégia e planejamento estratégico de diferentes correntes, além da prória ECP. Destaca-se que a grande maioria da literatura na área é focada para aplicação em organizações privadas, em muito diferentes de uma universidade pública federal. Poucas são as publicações nacionais com enfoque na ECP, porém nenhuma relativa à sua aplicação no processo de estrategização em uma IFES.

O método adotado para a realização das análises foi o Estudo de Casos múltiplos de natureza descritiva, englobando quatro gestões do período coberto pela pesquisa.

A principal técnica de captação de dados foi a entrevista semiestruturada e, complementarmente, utilizou-se o exame documental para aprofundamento da compreensão da realidade estudada. A descrição e a análise dos processos de cada gestão foram

gestão, o processo de formulação do plano, o processo de acompanhamento do plano, os resultados obtidos e a atuação do reitor. Os processos de formulação e acompanhamento do plano foram decompostos nos construtos da ECP, práticas, práxis e praticantes.

As entrevistas foram realizadas com os cinco reitores das quatro gestões e com dois docentes que atuaram em duas gestões distintas, por terem capitaneado importantes projetos.

Os estudos de caso propiciaram o aprendizado sobre a análise de processos de estrategização a partir dos elementos analisados e, em decorrência, viabilizaram a proposição de um modelo de formulação e acompanhamento de planos para universidades públicas federais.

A bibliografia utilizada e o levantamento de informações sobre a participação de dirigentes principais possibilitaram que os reitores fossem classificados conforme seus estilos cognitivos (que têm influência em processos decisórios), e também enquanto seus envolvimentos e atuações nos processos estratégicos a partir da análise de suas práxis, das práticas que utilizaram e de suas interações com os contextos interno e externo. Esta última categorização, embora simplificada e, portanto, redutora, serviu de base para ressaltar similaridades e diferenças entre eles.

Embora as gestões tenham sido participativas, com o reitor colocando situações- problema para análise e deliberação conjunta com sua equipe, esta pesquisa apontou para a importância do papel exercido pelos reitores no processo de estrategização, dado terem sido os principais definidores das práticas, das práxis, das relações com órgãos governamentais dos níveis municipal ao federal, bem como com instituições nacionais e internacionais de ensino, pesquisa, extensão e inovação (e de organismos que as representem) visando aos resultados almejados.

Com excessão da primeira gestão analisada, as demais utilizaram práticas derivadas do Planejamento Estratégico Situacional - PES, assimiladas por todas as equipes de planejamento. Por se tratarem de planos estratégicos de gestões, ficaram restritos à reitoria e às áreas administrativas diretamente vinculadas a ela, não englobando a definição de estratégias para departamentos acadêmicos e cursos de graduação e pós-graduação.

Os processos de elaboração e monitoramento de todos os planos foram participativos, envolvendo centenas de pessoas (membros da equipe gestora, docentes, discentes e técnico- administrativos) no ciclo de criação e acompanhamento das atividades que os compuseram e dos resultados obtidos. No caso da UFSCar, este ciclo se inicia previamente aos processos

membros da comunidade universitária, constituindo-se uma prática empregada pelos reitores eleitos no período e suas equipes a utilizarem como uma das bases para a elaboração do plano de gestão.

As análises efetuadas propiciaram uma clara visão dos processos de estrategização de cada gestão, tornando-as comparáveis entre si. A evolução havida quando se olha para o conjunto das gestões fica evidente ao se focar cada um dos elementos utilizados durante a descrição e a análise dos processos e os constructos da ECP. A importância da aplicação dessa teoria reside no fato de se poder analisar sistemicamente cada um dos cinco elementos da estrutura adotada, dado que a variação em um deles pode implicar na adaptação dos demais para que os resultados sejam atingidos. Ter ou não sucesso sob drásticas mudanças no contexto externo, por exemplo, poderá depender da capacidade e das características do reitor e de sua atuação frente ao plano. Isto posto, conclui-se que as microatividades são condicionadas pelas características dos praticantes, das práticas e das práxis, do relacionamento entre eles e dos contextos internos e externos.

Pode-se afirmar, com base no estudo feito, que as práticas, enquanto ferramentas, são as que menos influenciam nos resultados. Porém ao compreendê-las enquanto cultura organizacional, normas, regras e costumes, por exemplo, revestem-se de grande importância, pois determinam ou têm interferência no relacionamento entre praticantes e deles com a estrutura, durante a práxis estratégica.

O conjunto de proposições geradas é constituído de fases a serem cumpridas e tem o propósito de auxiliar Instituições Federais de Ensino Superior (ou correlatas) no complexo trabalho de analisar/elaborar seus processos de planejamento estratégico (ou de estrategização), cuja importância está diretamente relacionada com a ausência de bibliografia adequada ao setor público, mormente às universidades federais. Um diferencial da proposta apresentada repousa na visão de que estratégias devem ser vistas como atividade social e, portanto, as análises efetuadas durante um processo de planejamento estratégico devem considerar, além de aspectos técnicos e econômicos, também os sociológicos, dadas as conexões e relacionamentos entre praticantes, práticas e práxis e destes com a estrutura organizacional e com o ambiente. Tal concepção impacta, por exemplo, nos processos de elaboração e avaliação do plano e na ecolha ou adequação de ferramentas e métodos de gerenciamento para aplicação em todo o ciclo de planejamento estratégico.

elaboração de planos estratégicos (enquanto modo de formulação de estratégias).