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3 ESTUDOS DE CASO: ANÁLISE DAS GESTÕES

3.4 Episódios de Práxis Estratégicas das Gestões

3.4.1 Análise de um resultado expressivo de cada gestão

3.4.1.4 Gestão 2004 – 2008

O projeto inicial do campus de Sorocaba foi depositado no MEC no final dos anos 90, início dos anos 2000, que tinha como objetivo implantar dois cursos (Biologia e Turismo), na Fazenda Ipanema45, no município de Iperó/SP. A UFSCar elaborou o projeto mediante

45 A Fazenda Ipanema, em Iperó/SP, “foi a pioneira na siderurgia do Brasil, abrigando a Real Fábrica de Ferro de

demanda colocada pela Deputada Federal Iara Bernardes, que tinha como uma de suas bandeiras a implantação de uma Universidade Federal ou um seu câmpus na região de Sorocaba/SP. Até o ano de 2004 o projeto não tinha obtido aval do ministério.

Nesta época, já sob o governo Lula, apontava-se para o crescimento do sistema federal de educação superior, o que motivou o reitor a intensificar seus contatos visando à implantação daquele câmpus. No final de 2004, o MEC resgatou pelo menos dois projetos de implantação de novos câmpus: o da UFSCar em Sorocaba e outro em Garanhuns/PE.

O projeto retornou à UFSCar para análise e chegou-se à conclusão de que a Fazenda Ipanema não seria viável para a implantação do novo câmpus. Apesar de ter uma localização privilegiada, parte da fazenda tinha sido invadida por sem-terras e a UFSCar não queria uma área com disputas judiciais. Os contatos foram instensificados, visitas, telefonemas e documentação foram trocados, e o grande entrave para a concretização pretendida era a ausência de local próprio da UFSCar onde seria eregido o novo câmpus.

Como a SESu já havia alocado recursos para a implantação do câmpus e, para liberá- los, necessitava que a UFSCar definisse o local, a pressão para definir e tomar posse do terreno tornou-se intensa.

Entretanto, a resposta não foi imediata, dadas as dificuldades encontradas pela Prefeitura Municipal de Sorocaba - PMS. A notícia de que a UFSCar implantaria um novo câmpus na região foi divulgada na imprensa e outras prefeituras se interessaram em sediá-lo. Foi com este argumento que a reitoria também pressionou a prefeitura de Sorocaba. Com o pré-projeto da prefeitura de outro município em mãos, o reitor entrou em contato com a Deputada Iara Bernardi e informou que já havia obtido a solução para o impasse. Dois dias depois, a prefeitura de Sorocaba solicitou a presença de técnicos da UFSCar para a escolha definitiva da área a ser repassada pelo município à universidade. Uma vez definida, a proposta de doação da área foi submetida e aprovada pela Câmara Municipal de Sorocaba.

Entrou-se, assim, em uma nova fase.

O reitor, antevendo as dificuldades que adviriam do contrato efetuado com a SESu, uma vez que previa a implantação de quatro cursos em 2006 e que, em decorrência disso, espaço físico, mobiliário e equipamentos deveriam estar disponíveis aos docentes e técnico- administrativos recém contratados e também para que as aulas se iniciassem, resolveu contratar enquanto assessor, o doutor Marcos Marins, que havia atuado por vários anos como

Floresta Nacional de Ipanema, o maior ecossistema de Mata Atlântica existente hoje no país, Ipanema foi o ponto de partida na origem de algumas cidades da região de Sorocaba.” Fonte: Rodrigues, H.A., in http://www.ipero.sp.gov.br/floresta-nacional-de-ipanema.

professor do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde em São Carlos e se aposentado. Morador da cidade de Sorocaba, tinha grande influência na sociedade local, e foi responsável por exercer o papel de facilitador entre a UFSCar e representantes de diversos segmentos na cidade.

Apoiado pela PMS, definiu dois locais para iniciar as atividades da UFSCar naquela cidade. A parte acadêmica foi alocada na FACENS – Faculdade de Engenharia de Sorocaba, uma instituição de ensino superior com todas as instalações necessárias para as aulas. Para a parte administrativa e para as salas de docentes, foi disponibilizado o espaço de uma empresa próxima a ela.

A definição dos cursos a implantar foi realizada pelos membros da equipe da Reitoria. Abriram-se sete cursos, sendo três já definidos pelo projeto original: Turismo, Licenciatura em Biologia e Bacharelado em Biologia. A partir de um levantamento inicial, observou-se que a região comportaria um curso de Engenharia de Produção, diante do grande número de indústrias existentes, e outro de Engenharia Florestal, considerado por Sorocaba estar situada próximo da Serra do Mar. Os outros dois cursos seriam definidos a posteriori sendo um na área de ciências humanas e outro na área de tecnologia. Deve ser mencionado que o início dos cursos ocorreu de acordo com um cronograma aceito pela Secretaria do Ensino Superior do MEC - SESu.

Pelos acordos efetuados, os recursos para a implantação do novo câmpus foram provenientes de duas fontes: do MEC e da PMS. O MEC disponibilizou recursos para a construção de edifícios, material permanente, material de consumo e para a contratação de servidores docentes e técnicos administrativos e de laboratórios. A PMS se responsabilizou pela infraestrutura viária, pelas linhas de transmissão elétrica e pelas redes de água e esgoto. Também se comprometeu em implantar um sistema de tratamento de esgoto seguindo as premissas da sustentabilidade.

Os projetos arquitetônicos dos edifícios foram desenvolvidos pela própria universidade, enquanto os de execução foram adquiridos via processo licitatório. O Escritório de Desenvolvimento Físico (EDF) se responsabilizou pelos projetos internamente executados, tendo, também, a responsabilidade de definir e aprovar aqueles realizados por terceiros. À Prefeitura Universitária, coube o papel de acompanhamento das obras. Já os equipamentos e mobiliários necessários foram definidos pelos usuários, quer seja, docentes e técnicos. A Divisão de Infraestrutura e Desenvolvimento Físico do câmpus acompanhou as obras sob responsabilidade da Prefeitura Municipal de Sorocaba, realizando contatos telefônicos e

reuniões com seus responsáveis sempre que necessário. O reitor e sua equipe eram sistematicamente informados sobre a execução do projeto, intervindo sempre que pertinente.

A atuação (práxis) do reitor foi marcada pelo contato direto tanto com o MEC como com prefeitos de Sorocaba e região, objetivando a instalação do novo câmpus. Além desse modo de trabalho, lançou mão de práticas como reuniões com sua equipe gestora para as principais definições acerca do projeto e criou cargo de confiança para efetuar a interface entre a universidade e o município, facilitando soluções de problemas de um modo mais eficiente.

Outras práxis por ele realizadas foram os contatos com uma Deputada Federal da região em busca de apoio político junto às esferas federal e municipal. Além destes, importantes volumes de recursos foram destinados pela deputada à universidade via emendas parlamentares, que auxiliaram na ampliação das obras e equipamentos em relação ao projetado.

O apoio auferido junto à Prefeitura e Câmara Municipais de Sorocaba ao projeto foi essencial ao seu sucesso, principalmente quando do repasse da área física destinada para comportar o câmpus, resultado de reuniões e contatos ocorridos entre o reitor, sua assessoria, o prefeito e Câmara de Vereadores locais.

Diferentemente dos projetos anteriormente citados para as demais gestões, este não foi inicialmente previsto, nem posteriormente anexado ao plano da gestão. Durante sua execução, nova prática foi adotada, uma vez que foi acompanhado diretamente pelo reitor, pelo pró- reitor de Administração e, em menor inensidade, pelo prefeito universitário e diretor do EDF.