• Nenhum resultado encontrado

DO COMPLEXO INDUSTRIAL DA SAÚDE

2.8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As informações sintetizadas neste artigo mostram o processo de mudanças estruturantes pelo qual o Brasil vem passando nos últimos anos em relação ao desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação em saúde. As mudanças vêm sendo percebidas desde o início desta década e vêm se consolidando mais a cada ano. As alterações de padrão vêm ocorrendo tanto nas políticas governamentais, quanto nas estratégias empresariais. Tra-ta-se de um processo de mudança lento e gradual e de longo prazo, no qual os avanços percebidos em curto prazo ainda são incipientes, principalmente quando comparados a países desenvolvidos. Entretanto, cabe destacar a importância deste processo de mudan-ça em curso e parece que a opção está acertada para o desenvolvimento do Complexo Industrial da Saúde. Uma importante mudança que se percebe é na ampliação do concei-to de inovação, não a restrita a visão acadêmica, mas, às atividades de pesquisa aplicada, envolvendo também etapas de desenvolvimento e produção de novos produtos, tecno-logias, processos, modelos de negócios, estruturas logísticas e organizacionais, entre ou-tros. Isso não significa, porém, que as mudanças ocorridas até agora sejam suficientes.

Neste sentido, conforme demonstrado no trabalho, inúmeros são os obstáculos a serem superados no SNI na busca de alcançar os resultados propostos na Política Nacional de Ciência e Tecnologia, principalmente os que tratam as prioridades da saúde. Entre estes, pode-se elencar alguns tais como: a) Lei de Inovações não conseguiu subverter as dificuldades institucionais entre a academia e setor privado; b) há ainda muita des-confiança, tanto do setor acadêmico, quanto do setor privado em relação às parcerias e resultados dessas; c) falta de entendimento efetivo entre os setores público e privado implica em atrasos e aumento dos custos de investimentos; d) a necessidade de aumento de interação entre os agentes via GECIS como forma de aumentar a confiança mútua e operacionalização das ações; e) a necessidade de desonerar empresas que invistam em inovação; f) apoiar empresas que contratam e promovem inovação, não somente as universidades; g) ajuste da lei para incluir artigo que permita distinguir a pesquisa desenvolvida pela universidade, com apoio de verbas públicas, e aquela financiada pela

empresa; h) estender benefícios da Lei de Inovação às empresas brasileiras de capital es-trangeiro; i) ajustar o marco regulatório para criar um ambiente favorável para estimular a capacidade nacional para criar e aplicar conhecimento no desenvolvimento, produção e comercialização de produtos, processos e serviços inovadores, úteis e necessários para fortalecer os diversos setores da economia, em especial a saúde.

Apesar dos obstáculos a serem superados a direção das estratégias brasileiras parecem estar corretas. Os obstáculos identificados para a geração de inovação, como altos custos e riscos, são questões estruturais brasileiras que necessitam de políticas consistentes e persistentes para serem resolvidos. A promoção da cooperação entre os atores do sis-tema também precisa ser mantida e ampliada. E finalmente, as atividades inovativas devem promover a interação, mas também promover mudanças de paradigmas não só em âmbito das instituições públicas, mas, reforçar muito a importância das atividades de inovação nas empresas. Assim, a inovação desempenha seu papel de extrair do produto o seu coeficiente inventivo para lhe agregar fatores culturais, sociais, educacionais, como forma de agregar valor a toda cadeia humana de conhecimento com benefícios para a sociedade.

REFERÊNCIAS

ASSOCIATION OF UNIVERSITY TECHNOLOGY MANAGERS. AUTM licensing survey, 1991-2001.

Disponível em: <http://www.autm.net/surveys/>. Acesso em: 13 jul. 2010.

BARBIERI, J. C.; ÁLVARES, A. C. T. Inovação nas organizações empresariais. In: BARBIERI, J. C. (Org.).

Organizações inovadoras. Rio de Janeiro: FGV, 2003.

BEN-ISRAEL, R. Em contato direto com os pesquisadores. Pesquisa Fapesp, São Paulo, n. 50, p. 8-10, jan./fev., 2000. Encarte Especial Patentes.

BRASIL. Ministério da Ciência e Tecnologia. Disponível em: <http://www.mct.gov.br/index.php/content/

view/8377.html>. Acesso em: julho 2010.

BUAINAIN, A. M. O desafio da inovação: o conhecimento como base para o desenvolvimento nacional. O Estado de São Paulo, São Paulo, 07 jan. 2003.

CASSIOLATO, J. E.; LASTRES, H. M. M. Discussing innovation and development: converging points between the Latin American scholl and the innovation Systems perspective? Disponível em: <http://www.

sep.org.br/artigo/1782_672fb4a66da5fb1e3e07b4030528d067.pdf>. Acesso em: 13 jul. 2010

CHAMAS, C. I. Proteção e exploração econômica da propriedade intelectual em universidades e instituições de pesquisa. 2001. 266 f. Tese (Doutorado) – Programa Especial de Engenharia de Produção, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, 2001.

CHANG, Y-C. et al. Why do some universities generate more patents and licensing incomes than others?

The case of Taiwan. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON MANAGEMENT OF TECHNOLOGY, 13., 2004, Washington, DC. Proceedings… Orlando: IAMOT, 2004. 1 CD-ROM.

ETZKOWITZ, H. Entrepreneurial science: the second academic revolution. In: SEMINAR

ACADEMY-INDUSTRY RELATIONS AND INDUSTRIAL POLICY: REGIONAL, NATIONAL AND INTERNATIONAL ISSUES, 1993, New York. Proceedings. New York, [1993].

FUJINO, A.; STAL, E. Gestão da propriedade intelectual na universidade pública brasileira: diretrizes para licenciamento e comercialização. In: SIMPÓSIO DE GESTÃO DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA, 23., 2004, Curitiba. Anais... São Paulo: FEA/USP, 2004. 1

FUJINO, A.; STAL, E.; PLONSKI, G. A. A proteção do conhecimento na universidade. Revista de Administração, São Paulo, v. 34, n. 4, p. 46-55, out./dez., 1999.

GOLDFARB, B.; HENREKSON, M. Bottom-up versus top-down policies towards the commercialization of university intellectual property. Research Policy, Amsterdam, v. 32, n. 4, p. 639-658, Apr. 2003.

GRANOWITZ, J. Licenciamento para o setor privado. In: CONFERÊNCIA TRANSFERÊNCIA PROPRIEDADE INTELECTUAL E POLÍTICA EMPRESARIAL: UMA PERSPECTIVA GLOBAL, 2004, Campinas. Palestras... Campinas: UNICAMP, 2004.

GUIMARAES, R. Bases para uma política nacional de ciência, tecnologia e inovação em saúde. Ciênc.

saúde coletiva [online], v. 9, n. 2, p. 375-387, 2004. Disponível em: <http://www.scielo. br/scielo.php?>.

Acesso em: 13 jul. 2010.

JUAN, V. Comparative study of technology transfer practices in Europe and the United States. The Journal of the Association of University Technology Managers, Northbrook, v. 14, p. 31-58, 2002.

JUMA, C. et al. Global governance of technology: meeting the needs of developing countries.

International Journal of Technology Management, Geneva, v. 22, n. 7/8, p. 629- 655, 2001.

LALL, S. Technological change and industrialization in the Asian newly Industrializing economies:

achievements and challenges. In: KIM, L.; NELSON, R. R. (eds.). Technology, learning & innovation:

experiences of newly industrializing economies. Cambridge: Cambridge University Press, 2000. p. 13-68.

LEYDESDORFF, L.; ETZKOWITZ, H. The triple helix as a model for innovation studies. Science and Public Policy, London, v. 25, n. 3, p. 195-203, 1998.

MATKIN, G. W. Technology transfer and the university: american council on education. New York:

MacMillan, 1990. 329 p.

NELSON, R. R. (ed.). National innovation systems: a comparative analysis. New York: Oxford University Press, 1993. 541 p.

PATEL, P.; PAVITT, K. National innovation systems: why they are important, and how they might be measured and compared. Economics of Innovation and New Technology, Abingdon, v. 3, n. 1, p. 77-95, 1994.

PORTO, G. S. O que discrimina a decisão empresarial de cooperar com a universidade. In: SIMPÓSIO DE GESTÃO DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA, 22, 2002, Salvador. Anais... São Paulo, PGT/USP, 2002.

RANGEL, Rogério. [Entrevista com Howard Rush]. Inovação em Pauta, Brasília, n. 3, Pag. 6, Sítio da Internet. Disponível em: <http://www.finep.gov.br/imprensa/revista/terceira_edicao/inovacao_em_

pauta3_6a10.pdf>. Acesso em: 13 jul. 2010.

SÁBATO, J.; BOTANA, N. La ciencia y la tecnología en el desarrollo futuro de América Latina. Revista de la Integración, Buenos Aires, n. 3, p. 15-36, nov. 1968.

SBRAGIA, R.; STAL, E. A empresa e a inovação tecnológica: motivações, parcerias e papel do estado.

Fórum de Líderes, Belo Horizonte, v. 11, p. 6-14, nov. 2004

SHANE, S. Executive forum: university technology transfer to entrepeneurial companies. Journal of Business Venturing, New York, v. 17, n. 6, p. 537-552, Oct. 2002.

SHERRY, E. F.; TEECE, D. J. Royalties, evolving patent rights, and the value of innovation. Research Policy, Amsterdam, v. 33, n. 2, p. 179-191, Mar. 2004.

SIEGEL, D. S. et al. Commercial knowledge transfers from universities to firms: improving the

effectiveness of university-industry collaboration. Journal of High Technology Management Research, Amsterdam, v. 14, n. 1, p. 111-133, Spring 2003.

STAL, E. Centros de pesquisa cooperativa: um modelo eficaz de interação universidade-empresa?. 1997.

220 f. Tese (Doutorado) – Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1997.

TAMAI, K.; NISHIMURA, Y. Successful model of technology transfer from university to industry in Japan. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON MANAGEMENT OF TECHNOLOGY, 13., 2004, Washington, DC. Proceeding. Orlando: IAMOT, 2004. 1 CD

THURSBY, J. G.; THURSBY, M. C. University licensing and Bay- Dole act. Science, Washington, v. 301, p.

1052, Aug. 2003.

VALENTÍN, E. M. M. A theorethical review of co-operative relationships between firms and universities.

Science and Public Policy, London, v. 29, n. 1, p. 37-46, Feb. 2002.

WATANABE, T.; YONEYAMA, S.; SENOH, K. Visualizing the invisible: a marketing approach of the technology licensing process. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON MANAGEMENT OF TECHNOLOGY, 13., 2004, Washington, DC. Proceedings… Orlando: IAMOT, 2004. 1 CD-ROM.

Tatiana Siqueira Nogueira / Pedro Canisio Binsfeld