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ANEXO B

11.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

pode ser importante avaliar a biodisponibilidade de nutrientes em estudos relevantes com animais, como por exemplo, estudos relacionados com o metabolismo.

A vigilância ou monitoramento de médio e longo prazo, de alimentos geneticamente modificados após a liberação comercial, justifica-se para avaliar impactos à saúde huma-na, já que estes durante a fase de avaliação de risco não foram avaliados como alimento humano. A grande variabilidade genética da população é um fator a ser adicionado às dificuldades para prever ou avaliar os efeitos de longo prazo. Além disso, os testes com animais são realizados em um universo restrito de indivíduos e espécies, e em período temporal limitado, o que pode restringir a possibilidade de reconhecer eventuais efeitos adversos. As mesmas circunstâncias não se aplicam aos alimentos geneticamente mo-dificados após a liberação comercial quando sua ingestão passa a ser em grande escala por um amplo universo de consumidores, incluindo-se indivíduos saudáveis e enfermos.

Disso decorre a necessidade da vigilância ou monitoramento e do uso de uma metodolo-gia apropriada e de indicadores que expressam parâmetros qualitativos ou quantitativos do uso dos alimentos geneticamente modificados na dieta, que aportem subsídios ao diagnóstico e análise do quadro clínico, caso haja a manifestação de um efeito adverso imprevisível.

O conceito sobre vigilância ou monitoramento de alimentos geneticamente modifica-dos deve concentrar-se em dois focos principais. O primeiro foco deve estar orientado para confirmar possíveis efeitos adversos cumulativos, indiretos ou posteriores que não tenham sido previstos no processo formal de avaliação de risco, este é denominado de vigilância caso específico. O segundo foco deve estar orientado para identificar a ocor-rência de efeitos adversos imprevistos ou os que tenham sido desprezados durante o processo formal de avaliação dos riscos. Além disso, deve considerar efeitos cumulativos de liberações múltiplas e suas interações, este monitoramento é denominado vigilância geral.

Por isso, também para os eventos piramidados em plantas deve-se considerar os im-pactos sobre a saúde e ambiente como os organismos alvos e não-alvos, modificações espaço-temporal das exposições ambientais ligadas a novas características dos OGMs, isso poderá ser alcançado pelo monitoramento das plantas geneticamente modificadas, por um espaço temporal que no Brasil, legalmente, está definido como sendo de 5 anos, sejam OGMs obtidos por piramidação ou não.

Considerando as análises científicas encontradas em pareceres técnicos de países que autorizaram o uso comercial de produtos piramidados, até hoje aprovados, permitem concluir que as proteínas expressas a partir de genes exógenos introduzidos nas cultiva-res de milho, soja e algodão cultiva-resistentes a insetos e tolerantes a herbicidas não demons-tram haver incremento de potencial alergênico ou de toxicidade para a saúde humana, animal e meio ambiente.

Entretanto, a tendência futura, é de que variedades de plantas com eventos piramidados não se restrinjam a apenas dois ou três genes, mas de um número grande de genes e que estejam envolvidos com diversas rotas metabólicas. Isso implica numa necessidade de avaliações de risco criteriosa para saúde humana, animal e ambiente, apesar dos eventos isolados terem sido aprovados e não terem demonstrado efeitos negativos.

Vale destacar a importância, para a saúde humana, da avaliação de equivalência nutri-cional e substancial de eventos piramidados, tanto in natura e após processamento, em comparação com seu equivalente convencional. Ainda é importante avaliar o impacto em espécies alvo e não alvo e vantagem adaptativa conferidas pelos genes piramidados.

Contudo, como a experiência em piramidação ainda é restrita em número de genes e o uso deste processo muito recente, apesar das evidências científicas estarem demons-trando que a piramidação de genes em plantas para os eventos aprovados pode ser con-siderada segura, há a necessidade de acompanhar pelo monitoramento pós-liberação a evolução destes a fim de certificar a qualidade e segurança dos produtos biotecnológicos.

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