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FINALIDADE DE PESQUISA: PERSPECTIVA BRASILEIRA

4) Fármacos: Os tipos de produtos antes apontados têm a vantagem de ser mais inde- inde-pendentes do controle da Anvisa, mas não há como deixar de investir em tecnologia

9.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os destaques contraproducentes do atual marco legal de acesso a biodiversidade apon-tados por especialistas de diferentes segmentos nitidamente demonstra a urgência da discussão e construção de uma nova lei mais favorável à pesquisa e à inovação tecnoló-gica. No entanto, apesar desta discussão já perdurar por mais de uma década, há ainda uma grande assimetria sobre o que o novo marco legal deve conter. Todas as tentativas do governo de propor um projeto de lei nos últimos anos não evoluíram pela falta de convergência em princípios básicos manifestadas pelos distintos setores envolvidos.

Entre os especialistas há consenso da oportunidade e da importância da biodiversidade na construção de um modelo econômico mais sustentável para o novo cenário econômi-co do Brasil. No entanto, há uma grande dificuldade de se lograr econômi-consenso entre Estado, sociedade civil, comunidade científica, setor privado na elaboração de um marco legal convergente com: a) os compromissos assumidos pelo Brasil ao assinar a Convenção so-bre Diversidade Biológica; b) os princípios e diretrizes da Política Nacional da Biodiver-sidade; e c) a proteção, o acesso ao patrimônio genético e ao conhecimento tradicional associado, a repartição de benefícios e o acesso à tecnologia e transferência de tecnologia para sua conservação e utilização.

O reconhecimento da importância da biodiversidade brasileira não só para o Brasil, mas para o mundo, torna ainda mais complexa a articulação, uma vez que o Brasil assumiu o compromisso de preservar a biodiversidade e o meio ambiente ao mesmo tempo em que assume um papel preponderante para prover a segurança alimentar não só para o abastecimento interno, mas, o provimento de alimentos, matéria-prima para produção de alimentos no mundo ou de energias limpas. Estabelecer um marco regulatório com-patível com estas distintas missões brasileiras será uma engenhosa e penosa tarefa que o Estado, os políticos, sociedade civil, comunidade científica e o setor privado terão como desafio e oportunidade para construir um marco regulatório que crie um ambiente favo-rável ao desenvolvimento de uma economia verde, baseada na proteção e uso sustentável da biodiversidade com repartição justa dos benefícios dela decorrentes.

No âmbito da saúde, a dificuldade do acesso à biodiversidade pode representar um nor acesso a serviços de saúde e medicamentos, em especial aos relacionados aos me-dicamentos fitoterápicos. No entanto, a saúde atua de forma proativa na elaboração e discussão das propostas de Projeto de Lei que possam fortalecer o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. Este programa pode ser considerado uma ação transformadora, na medida em que os setores envolvidos sejam contemplados com um marco regulatório favorável para o acesso à biodiversidade e como resultado maior, aces-so à saúde dos brasileiros.

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Ludmila Lafetá de Melo Neves / Helena Luna Ferreira / Pedro Canisio Binsfeld