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Neste estudo foi feita uma pesquisa bibliográfica sobre a criatividade, sobre a TI e sobre o processo de desenvolvimento de produtos, visando identificar a forma como a TI poderia ser utilizada a fim de estimular a criatividade no desenvolvimento de novos produtos, para que então o embasamento teórico servisse como parâmetro de comparação com as práticas observadas em três organizações de grande porte, quais sejam, Weg, Siemens e Datasul. Nesse sentido, foram feitas observações não participantes e entrevistas semi- estruturadas com gerentes de equipes de criação, com colaboradores que fizessem parte de tais equipes, e com os responsáveis pela aquisição de TI em cada uma dessas organizações. As transcrições das entrevistas foram analisadas qualitativamente, resultando no diagnóstico do uso da TI em grandes organizações brasileiras desenvolvedoras de produtos.

O objetivo geral desta tese, de identificar o uso da TI nas etapas do processo criativo no desenvolvimento de produtos, a partir do estudo de multicasos em grandes empresas brasileiras, foi atingido com sucesso, tendo sido constatado que a maioria dos usos que se pode fazer da TI, visando influenciar positivamente a criatividade, já estavam sendo promovidos. Para chegar a essa constatação, foram levados em consideração três objetivos específicos, sobre os quais são tecidas considerações a seguir.

A identificação dos usos da TI no processo de desenvolvimento de produtos, que se buscava a fim de atingir o primeiro objetivo específico, foi feita a partir da literatura, constatando-se que existem TIs para customização em massa, busca de configurações e idéias junto aos clientes, a fim de dar suporte à detecção de oportunidades; softwares de geração de idéias, como o Braistorm, o Creative Whackpack e outros, que auxiliam na geração de idéias; Internet, Intranet e sites de busca, que auxiliam na investigação preliminar; ferramentas de prototipação, Internet e planilhas eletrônicas, que podem ser muito úteis no desenvolvimento do estudo de caso; Intranet, Web, prototipação, e-mail, CAD/CAM/CAE e bases de dados,

que dão suporte à etapa de desenvolvimento; videoconferência, que pode ser muito útil especialmente na fase de testes; home-page, e-mail, EDI, extranet e bases de dados, que podem ser utilizadas na fase de lançamento dos produtos desenvolvidos; e groupware, workflow e e-mail, que podem ser de grande valia em todas as etapas do processo de desenvolvimento de produtos. A identificação dessas TIs pode ser vislumbrada no quadro 18 (p.123).

A extrapolação dessa relação entre TI e processo de desenvolvimento de produtos, associando às etapas do processo criativo, conforme preconizado no segundo objetivo específico, foi apresentada no quadro 19 (p.129), que por sua vez teve por base o quadro 15 (p.100, em que se fazem relações entre TI e criatividade) e o quadro 17 (p.115, em que se relacionam as etapas do processo criativo com as etapas do processo de desenvolvimento de produtos). Nesse sentido, a etapa de detecção de oportunidades (do desenvolvimento de produtos) é associada à etapa de definição do problema (do processo criativo), requerendo TIs de customização em massa, bases de dados e Internet; a etapa de geração de idéias pode ser dividida em preparação (com uso de Internet e sites de busca), incubação (com uso de softwares de geração de idéias e Internet) e Iluminação (com uso de bases de dados e Internet); a investigação preliminar corresponde à etapa de verificação, requerendo o uso de Internet, Intranets e sites de busca; a etapa de estudo de caso também corresponde à verificação, requerendo por sua vez o uso de ferramentas de prototipação, Internet e planilhas eletrônicas; a etapa de desenvolvimento também corresponde às etapas de preparação, incubação e iluminação, requerendo novamente o uso das mesmas ferramentas mencionadas anteriormente; a fase de testes corresponde novamente à fase de verificação, requerendo o uso de videoconferência e Internet; e a fase de lançamento corresponde à etapa de comunicação, requerendo o uso de home-page, e-mail, EDI, extranet e bases de dados.

O terceiro objetivo específico assemelha-se ao objetivo geral, tendo sido atingido com a construção do quadro 21 (p.187), em que as etapas do processo de desenvolvimento de produtos são associadas às etapas do processo criativo e às tecnologias que podem ser utilizadas em seu auxílio, e as práticas das três organizações, referentes a cada um dos itens mencionados, foram identificadas. Percebe-se que o único item em que as organizações pesquisadas não correspondiam às práticas observadas na fundamentação teórica, era na etapa de incubação, em que poderiam ser utilizados softwares de geração de idéias. Outros usos da TI, que não eram associados exclusivamente ao processo de desenvolvimento de produtos, mas que poderiam auxiliar no estímulo à criatividade, foram identificados no quadro 20 (p.185), em que se constata que as organizações pesquisadas poderiam disponibilizar mais tempo para o desenvolvimento da criatividade, em função do tempo liberado pelo uso da TI, poderiam ser disponibilizadas ferramentas para registro de idéias fora do ambiente de trabalho, a fim de que não se perdessem, e poderiam ser adotados horários flexíveis e trabalho fora do ambiente de trabalho, com o uso da TI. Também poderia ser desenvolvida maior intencionalidade quanto ao incentivo ao aprendizado, em uma das organizações, que não tinha prática muito bem sistematizada. As demais práticas foram positivamente identificadas nas três organizações pesquisadas.

Deve-se lembrar, entretanto, que as organizações pesquisadas são de grande porte e bem estruturadas. Pequenas e médias organizações, em que a TI ainda não seja largamente utilizada, certamente poderão fazer uso de práticas semelhantes às que foram identificadas, uma vez que conheçam os impactos ocasionados pela TI.

A principal contribuição proporcionada por este estudo corresponde à verificação do uso da TI em grandes organizações brasileiras, considerando a sua relação com a criatividade, e tendo como foco o processo de desenvolvimento de novos produtos. É interessante que os dirigentes percebam a importância de desenvolver a criatividade em suas organizações, e que

direcionem esforços para que a tecnologia contribua de forma intencional no estímulo à mesma, especialmente no que diz respeito à criação de novos produtos que aumentem a competitividade de suas organizações.

5.1 Limitações

O estudo abordou apenas três organizações de grande porte do sul do Brasil, sendo que a sua realidade é bem diferente das organizações de pequeno e médio portes, bem como das que se localizam em outras regiões do país e mesmo em outros países e continentes. A diversidade de tecnologias existente, sua rápida obsolescência, bem como a diversidade de estruturas, culturas, portes e áreas de atuação das organizações, dificultam a elaboração de um modelo de utilização da tecnologia de informação a fim de estimular a criatividade. Qualquer proposição nesse sentido poderia ser bem ajustada para aplicação em algumas organizações, ficando imprópria para outras com características diferenciadas. Nesse sentido, este estudo limitou-se ao diagnóstico de uso da TI, comparando-o ao que se observa em termos teóricos. Toda e qualquer iniciativa no sentido de adotar TI com vistas a estimular a criatividade no ambiente de trabalho, inclusive no processo de desenvolvimento de produtos, deve ser ajustada em conformidade com a realidade de cada organização, e com a disponibilidade de tecnologias e de recursos para a sua aquisição.

5.2 Recomendações para o planejamento da TI visando o estímulo à criatividade

Muitas recomendações genéricas podem ser observadas na literatura sobre TI, visando promover o sucesso do planejamento estratégico da mesma nas organizações. Entretanto, ao pensar em estimular a criatividade, é importante que sejam feitos alguns questionamentos, ao tomar como base o planejamento estratégico organizacional. Dentre eles, estariam os seguintes:

a) Quantos novos produtos devem ser desenvolvidos por esta organização nos próximos anos?

b) Como tem sido o desempenho da equipe de pesquisa e desenvolvimento? c) Estão sendo utilizadas as melhores ferramentas de TI disponíveis?

d) Que ferramentas de TI estão sendo utilizadas pelas organizações mais criativas? e) Que práticas administrativas estão sendo utilizadas pelas organizações mais criativas? f) O pessoal está sendo capacitado à altura, inclusive com cursos disponibilizados na

rede (Internet)?

g) Existem ferramentas adequadas e seguras para armazenar as idéias que os colaboradores tenham em qualquer momento do dia, em qualquer lugar?

h) O que se pode utilizar, em termos de TI, a fim de melhorar a visualização de oportunidades e de ameaças que surjam no mercado?

i) De que forma pode ser acelerado o processo de desenvolvimento de novos produtos? j) Quais novas ameaças à segurança das informações organizacionais surgiram nos

últimos meses?

Considerando esses questionamentos e as práticas observadas nas organizações estudadas, podem ser propostas as seguintes recomendações para o planejamento da TI, visando o estímulo à criatividade:

a) Buscar sempre novas TIs que acelerem o processo de desenvolvimento de produtos; b) Idealizar usos da TI para fazer com que os colaboradores tenham cada vez maior e

mais fácil acesso a informações, tanto internas quanto externas à organização, e para que divulguem as informações que julgarem pertinentes;

c) Estabeler rigorosas políticas de segurança, e adotar ferramentas apropriadas para restringir o acesso de concorrentes a informações sobre produtos em desenvolvimento; d) Identificar TIs que facilitem cada vez mais o trabalho em equipe;