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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.4 Técnica de coleta de dados

As organizações estudadas diferem entre si quanto a área de atuação, tamanho, faturamento e outros aspectos. Entrevistas semi-estruturadas gravadas em fitas cassete, feitas com indivíduos envolvidos no desenvolvimento de produtos e na aquisição de TI constituíram a principal técnica empregada na obtenção dos dados in loco. Outro método empregado para obtenção de dados foi a observação não participante. Roteiros de entrevistas foram utilizados, tendo ocorrido a inserção e a retirada de perguntas, conforme o andamento das entrevistas e as respostas obtidas. As entrevistas tiveram duração média de uma hora e meia, variando de 65 a 135 minutos.

A coleta de dados para reconhecimento da realidade organizacional foi feita predominantemente por meio de entrevistas semi-estruturadas, tendo em vista a intenção de utilizar um roteiro passível de alterações ao longo da entrevista. Tais alterações ocorreram em função da percepção da necessidade de informações adicionais advindas do profissional entrevistado, ou porque algum item já teria sido respondido em questões anteriores. Dessa forma, flexibilizou-se o processo. Os roteiros de entrevista foram elaborados a partir do quadro 19 (p.129) e dos parágrafos subseqüentes, em que se identificam as relações entre a TI, a criatividade e o processo de desenvolvimento de produtos, sem que as perguntas deixassem transparecer tais relações, a fim de que os entrevistados não fossem influenciados. Depois da elaboração dos roteiros, os mesmos foram encaminhados à Siemens, com a dupla finalidade de avaliar antecipadamente as possíveis dificuldades de compreensão das questões, e de verificar se haveria entre elas alguma cuja resposta pudesse ser comprometedora para a organização. Desta forma, o pré-teste foi aplicado junto a especialistas da Siemens, resultando em algumas dúvidas que levaram à reestruturação das correspondentes questões, chegando enfim às versões finais que constam nos Apêndices A, B e C, garantindo a facilidade de compreensão dos questionamentos, e a cobertura de todas as variáveis identificadas.

O roteiro utilizado nas entrevistas com os gerentes das equipes de criação (apêndice A) foi composto de 27 perguntas, ao passo que o roteiro direcionado aos seus subordinados (apêndice B) tinha 26 perguntas, todas com questionamentos semelhantes, a fim de obter as informações da seguinte forma: as perguntas 1 a 3 visavam a identificação do respondente e sua contextualização em relação às atividades exercidas na organização; as perguntas 4 a 6 tiveram a finalidade de caracterizar a percepção do respondente quanto à necessidade de criatividade em sua equipe, e ao mesmo tempo levar a uma mensuração dos resultados dessa criatividade, tanto em número de novos produtos, quanto em inovações incrementais; as perguntas 7 e 8 tiveram a função de buscar uma descrição da forma como a TI é utilizada pela equipe no processo de criação, bem como as necessidades de TIs específicas que resultariam em solicitações aos responsáveis pela sua aquisição; o propósito das perguntas 9 a 11 era verificar se as atividades de criação seriam desenvolvidas em equipe, e a forma como a TI estaria dando suporte; a pergunta 12 revelaria se estaria sendo liberado tempo para que os colaboradores desenvolvessem a criatividade (ócio criativo); as perguntas 13 a 15 visavam verificar se a empresa permitia que o trabalho criativo de desenvolvimento de produtos fosse feito isoladamente e a distância, e se estaria sendo proporcionado o suporte tecnológico para isso; a pergunta 16 tinha a finalidade de identificar a importância que estava sendo atribuída ao aproveitamento das idéias criadas pelos colaboradores mesmo fora do período de trabalho, e o suporte tecnológico proporcionado; as perguntas 17 e 18 levariam à caracterização da busca por informações e idéias externas à organização, e da forma como a TI auxiliaria nesse aspecto; a pergunta 19 deveria revelar se os colaboradores têm acesso a informações que auxiliariam a aplicação de sua criatividade de uma forma mais ampla e participativa; as perguntas 20 e 21 caracterizariam os cuidados da organização com a segurança das criações de seus colaboradores, especialmente considerando o uso da TI; as perguntas 22 e 23 ajudariam a identificar as TIs utilizadas no processo de desenvolvimento de produtos e na

comunicação, que é essencial à criatividade; a pergunta 24 ajudou a verificar o cuidado das organizações com as informações sobre projetos anteriores, quanto a armazenagem e disponibilização, considerando que o acesso a informações de diferentes tipos e por diversos meios, inclusive sobre os insucessos, é importante à criatividade; as perguntas 25 e 26 tiveram o propósito de verificar a importância que as organizações dão à criatividade de seus colaboradores, e as ações correspondentes; por fim, a pergunta 27 levaria à identificação de parcerias com outras organizações para o desenvolvimento de produtos, o que favorece a criatividade, mas somente foi utilizada no roteiro dirigido aos gerentes das equipes de desenvolvimento, que supostamente teriam mais conhecimento sobre esse assunto.

O roteiro utilizado para entrevistar os responsáveis pela aquisição da TI (apêndice C) tem 15 perguntas e foi estruturado de modo a obter informações da seguinte forma: a pergunta 1 visava a identificação e contextualização do respondente na organização; as perguntas 2 e 3 deveriam levar à confirmação da existência de planejamento para a aquisição de TI, e à caracterização da participação das equipes de desenvolvimento de produtos nessa atividade; as perguntas 4, 5, 9 e 15 ajudariam a obter uma descrição da forma como a TI é utilizada nas organizações, tanto para a interação entre os colaboradores (trabalho em equipe), quanto para a busca e disseminação de informações externas; a pergunta 6 teve o propósito de verificar se as organizações estão se esforçando para manter-se atualizadas em relação às constantes inovações da TI; as perguntas 7 e 8 levariam à descrição dos cuidados organizacionais com a segurança das idéias e dos projetos inovadores criados por seus colaboradores; as perguntas 10 e 11 visavam identificar a adoção do teletrabalho e a disponibilização de TI pelas organizações para esse propósito; a resposta à pergunta 12 revelaria a percepção quanto à necessidade de preservação de idéias dos colaboradores que surjam fora do horário de trabalho; a pergunta 13 visava identificar o conhecimento das diretrizes para o futuro da

organização, que deveriam nortear o planejamento da TI; por fim, a pergunta 14 deveria levar à identificação dos softwares utilizados no processo de desenvolvimento de produtos.

Pode-se observar que diversas perguntas foram redundantes, para obter confirmações de diferentes respondentes, bem como reduzir as possibilidades de inconsistências nas respostas de cada um, principalmente dos responsáveis por aquisições de TI.

As entrevistas não constituíram a totalidade do processo de coleta de dados. Na opinião de Demo (1994, p.42), “mais que resultados, busca-se o questionamento inteligente, cuja criatividade está, em grande parte, em vislumbrar pistas explicativas, misturando o conhecido com a aventura do desconhecido”. Nesse sentido, tudo o que fosse possível observar sobre os ambientes organizacionais pesquisados, seria aproveitado no estudo. Segundo Fachin (2001, p.35), “o objetivo da observação naturalmente pressupõe poder captar com precisão os aspectos essenciais e acidentais de um fenômeno do contexto empírico”. Por ocasião das entrevistas, a observação foi direcionada ao ambiente organizacional, de forma não estruturada, para verificar possíveis incompatibilidades entre as respostas dos entrevistados e a realidade observada, bem como itens que eventualmente chamassem a atenção, que se relacionassem ao uso da TI no processo de desenvolvimento de produtos, práticas criativas ou outras manifestações de criatividade. Nenhuma inconsistência foi observada, entre as falas dos entrevistados e os ambientes observados. A coleta de dados foi composta, portanto, de entrevistas semi-estruturadas e observação.