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1 INTRODUÇÃO

2.3 Desenvolvimento de produtos

2.3.3 Tecnologia de informação no desenvolvimento de produtos

O quadro 18, apresentado a seguir, apresenta as TIs que podem ser associadas às etapas do processo de desenvolvimento de produtos.

Etapas do processo de desenvolvimento de produtos

TI utilizada

- Detecção de oportunidades; - TI para customização em massa,

buscando configurações e idéias junto aos clientes;

- Geração de idéias; - Softwares de geração de idéias, como

o Brainstorm, o Creative Whackpack, e outros;

- Investigação preliminar; - Internet, Intranet e sites de busca;

- Estudo de caso; - Ferramentas de prototipação, Internet

e planilhas eletrônicas;

- Desenvolvimento; - Intranet, Web, prototipação, e-mail, CAD/CAM/CAE e bases de dados - Testes; - Videoconferência;

- Lançamento; - Home page; e-mail; EDI; extranet; e bases de dados.

- Todas as etapas. - Groupware, workflow e e-mail.

A TI pode ser utilizada em todas as etapas do processo de desenvolvimento de produtos, havendo ferramentas apropriadas para cada uma delas, e algumas ferramentas poderiam ser utilizadas em todo o processo. Essa idéia é corroborada pela seguinte afirmação:

A utilização contínua das tecnologias de informação tem propiciado um diferencial competitivo para todos os empreendimentos, seja na velocidade das informações recebidas e remetidas, redução do tempo, agilidade, confiabilidade e qualidade dos dados a serem interpretados e divulgados, eficiência dos resultados, aceleração das etapas de concepção e desenvolvimento de produtos (ABREU; FRANÇA; SINZATO, 1999, p.329).

Todas as atividades desenvolvidas nas organizações estão sendo agilizadas pela TI. “Desde o planejamento de novos produtos, a reorganização de processos produtivos, passando pela adoção de novos modelos de gestão administrativa, as novas tecnologias têm sido adotadas como atalhos para o atingimento de melhores resultados” (SILVA; FLEURY, 2000, p.20). Nesse sentido, vantagens competitivas podem ser alcançadas com mais facilidade, pois “os sistemas de TI permitem reduzir o ciclo de vida de produzir e entregar produtos e serviços” (ALBERTIN, 2001, p.44).

Ao analisar especificamente as etapas do processo de desenvolvimento de produtos, constatam-se algumas ferramentas de TI bastante apropriadas para cada uma.

Detecção de oportunidades: Muitas oportunidades podem ser identificadas a partir do contato direto com os consumidores, especialmente quando ele se dispõe a especificar o que deseja, diretamente em um sistema de informações computadorizado. Nesse sentido, a “TI permite que os novos produtos a serem criados ou já existentes sejam customizados de maneiras inovadoras. A customização em massa oferece a oportunidade de o cliente tomar parte do projeto do próprio produto ou serviço” (ALBERTIN, 2001, p.44), assumindo a incumbência de apresentar novas oportunidades à organização. Esse é o caso, por exemplo, de sistemas de atendimento ao consumidor (call center) e de sites que buscam a interatividade com os clientes.

Geração de idéias: Conforme mencionado anteriormente (item 2.2.4), estão disponíveis no mercado alguns softwares de geração de idéias, desenhados para ajudar a estimular um usuário ou um grupo com novas idéias, opções e escolhas. O usuário executa todo o trabalho, mas o software encoraja e impulsiona, como um treinador. Há vários pacotes no mercado. Alguns produtos representativos são Brainstorm (da Mustang Software), Creative Whackpack (da Creative Think), IdeaFisher (da IdeaFisher System), e Think Tank (da Living Videotext) (TURBAN; MCLEAN; WETHERBE, 1996).

Investigação preliminar: Essa etapa do processo de desenvolvimento de produtos requer a busca por informações, e nesse sentido a Internet tem sido muito útil. Muitos sites e portais têm sido disponibilizados na rede, com conteúdos de valor inestimável. Por exemplo, a iniciativa em que 64 universidades canadenses estão participando, licenciará versões eletrônicas de periódicos científicos em ciência, tecnologia, medicina e outras áreas, promovendo o acesso a usuários individuais providos de computador (GROEN, 2000).

Após o surgimento da idéia de um novo produto, a investigação preliminar corresponde a uma primeira verificação da sua aceitação, a fim de eliminar o mais cedo possível as idéias mais pobres. Nesse sentido, a Internet pode ser utilizada para apresentar um desenho ou uma descrição do produto idealizado ao seu público alvo, para medir sua aceitação, da mesma forma que a Intranet pode ser utilizada para obter as opiniões da cúpula administrativa da organização (HOWE; MATHIEU; PARKER, 2000). A Internet, “além de colocar à disposição novos canais para a coleta e o processamento de informações utilizadas, ela provê condições para a discussão e a disseminação de conhecimentos gerados a partir da atividade de pesquisa acadêmica” (SILVA; FLEURY, 2000, p.21). Grande parte dos dados que podem ser necessários na etapa de investigação preliminar, estão acessíveis por meio da Internet, podendo ser utilizados sites de busca para localizar rapidamente o conteúdo desejado.

Estudo de caso: Por meio de métodos de programação visual, idéias de produtos podem ser rapidamente prototipadas e validadas junto aos consumidores (BOUTELLIER et al., 1998). De igual modo, Pesquisas de mercado também podem ser feitas pela Internet, uma vez que diversas páginas da Web fornecem informações demográficas úteis para estimar o tamanho do mercado e seu potencial (HOWE; MATHIEU; PARKER, 2000). Planilhas eletrônicas também certamente devem ser bastante úteis para fazer os cálculos de análise da viabilidade de um produto.

Desenvolvimento: Aplicativos na intranet ou baseados na Web podem exercer um papel importante na fase de desenvolvimento, particularmente quando projetos envolvem numerosas equipes em diferentes locais. Provendo efetivos meios para a comunicação e disseminação de informações, essas tecnologias também facilitam a engenharia simultânea (HOWE; MATHIEU; PARKER, 2000). Além disso, especialistas de todos os departamentos podem fazer discussões face-a-face, acompanhadas do uso de tecnologia de última geração. Telas de grandes dimensões, ligadas a Sistemas de Informações de Engenharia, baseados na intranet da organização, podem oferecer acesso a bases de conhecimento, sistema CAD 3D e outras ferramentas. No caso da Fuji Xerox, os participantes têm acesso a 300 bases de dados, 6300 peças de know-how articuladas, 500 projetistas e 4100 engenheiros usando o sistema, e 300.000 resultados de aplicações mensais de questionários (UMEMOTO; ENDO; MACHADO, 2004).

O design é a primeira fase da transformação do plano em produto. Novamente, a coordenação ocorre inicialmente em discussões face-a-face, e posteriormente são feitas trocas de documentos por sistemas de e-mail (BOUTELLIER et al., 1998). Além disso, o design industrial tem sido largamente recriado por softwares de computador, desde pacotes para design e fabricação tridimensionais auxiliados por computador (CAD/CAM), até bases de dados que listam novos materiais plásticos e de metal e seus fabricantes. Os processos de

design industrial também têm mudado fundamentalmente, pois o tempo e o custo da prototipação têm sido radicalmente reduzidos (MITCHELL et al., 2003). Essa idéia reforça a afirmação de que processos de P&D industrial estão sendo crescentemente suportados pela TI. Inicialmente o foco estava em cálculos numéricos e depois no suporte ao processamento de informações e atividades de construção (CAD, CAE) (BOUTELLIER et al., 1998).

Testes: Na fase de implementação e teste, para uma equipe internacional de desenvolvimento (especificamente de sistemas de informações), no contexto de mútuas dependências entre atividades do projeto, existe muito potencial para conflitos. Em projetos complexos, telefonemas semanais ou videoconferências são a norma (BOUTELLIER et al., 1998).

Lançamento: Nesta etapa começa a comercialização do novo produto, e portanto “aplicações de CE (comércio eletrônico) mais intensamente utilizadas pela maioria das empresas ainda são basicamente aquelas que já podem ser consideradas como bastante assimiladas no novo ambiente digital, incluindo home page, e-mail e troca eletrônica de dados” (ALBERTIN; MOURA, 2002, p.116). Alguns benefícios podem ser alcançados em termos de custos, uma vez que “utilizando uma infra-estrutura digital pública e compartilhada, tal como a Internet, (...) a TI pode reduzir significativamente os custos de comercialização, distribuição e serviços a clientes” (ALBERTIN, 2001, p.45).

Parcerias com clientes e fornecedores também podem ser promovidas, e nesse sentido “o grande crescimento de extranet e portais deve-se à busca da integração eletrônica entre empresas e consumidores” (ALBERTIN; MOURA, 2002, p.115). A Internet está sendo cada vez menos influenciada pela pesquisa, e crescentemente formatada para atender a interesses comerciais (PETERSON et al., 2003).

Bases de dados também podem ser utilizadas para registrar todas as ocorrências, tanto positivas quanto negativas, relacionadas ao produto lançado. Por exemplo, na fase final, de

serviços, a IBM utiliza uma base de dados chamada “Retain”, que serve de veículo para a comunicação de problemas, para a localização de problemas, e para a documentação (BOUTELLIER et al., 1998).

Quando o processo de desenvolvimento visa o lançamento comercial de um produto, é muito comum o absoluto sigilo em todas as etapas anteriores ao lançamento. Assim, “se os resultados das pesquisas costumam ser confidenciais e destinados a quem as encomendou, a Web terá menos uma função de divulgação e mais uma função de busca de informações” (CASTELLANI; ZWICKER, 2000, p.16).

Todo o processo de desenvolvimento de produtos tem sido reformulado em função do uso da TI. “Analistas de sistemas de informação em conjunto com os gerentes de projetos de pesquisa têm possibilidade e potencial para exercer impacto sobre o ambiente informacional” (ABREU; FRANÇA; SINZATO, 1999, p.323), com a utilização de: CAD (Computer Aided

Design) para a rápida reconcepção ou criação de novos produtos, podendo até ocorrer

trabalho simultâneo por duas ou mais áreas de pesquisa; parcerias de dados para a cooperação entre organizações de pesquisa; EDI (Eletronic Data Interchange) em interconexões entre áreas de pesquisa; Groupware, promovendo trabalho colaborativo a distância e; reuniões eletrônicas (EMS – Eletronic Meeting System), evitando deslocamentos.

De uma forma geral, a TI pode exercer um papel chave na facilitação da disseminação de informações, na melhoria de processos, na redução de tempo e de custos, e na melhor administração do projeto (HOWE; MATHIEU; PARKER, 2000). Os autores ainda afirmam que a Internet pode ser utilizada para promover a verificação do andamento do projeto, ao término de cada uma de suas etapas, a fim de que todos os participantes tenham conhecimento e agilizem o quanto lhes for possível (ninguém vai querer que os colegas saibam que a sua parte do trabalho está atrasada).

Também para promover a rapidez na execução de um processo de desenvolvimento de produtos, sistemas de e-mail também dão suporte à aplicação de uma série de programas relacionados a workflow em projetos de P&D transnacionais (BOUTELLIER et al., 1998).

Em se tratando de pesquisa, e especificamente do processo de desenvolvimento de novos produtos, “o planejamento e gestão da informação, como recurso vital e portanto estratégico, necessitam, além de infra-estrutura tecnológica, do estabelecimento de políticas, planos, métodos e capacitação de recursos humanos” (ABREU; FRANÇA; SINZATO, 1999, p.323). É preciso, portanto, administrar cuidadosamente a TI e os aspectos relacionados a ela, o que inclui o seu planejamento.

Tendo sido apresentadas as relações entre o processo de desenvolvimento de produtos e a tecnologia de informação, mostrando de que forma a primeira pode ser facilitada pela segunda, é importante que seja feito um cruzamento final, entre a Criatividade, a TI e o Processo de Desenvolvimento de Produtos, o que se observa no item 2.4, a seguir.