Diversos momentos e movimentos do ensinar per- passaram pelo meu mundo-vida na universidade, os quais me colocavam e me colocam à prova a cada nova turma e novo dia de aula.
A aceitação pela disciplina que, até hoje, se mostra desconhecida e distante da realidade vivida e almejada pela maioria dos educandos, como também a apresen- tação do corpo sensível como um ser único e capaz, in- dependentemente de quaisquer circunstâncias, foram e continuam sendo alvos das minhas ações educati- vas, visando o despertar dos educandos a um olhar aguçado para novas formas de ver, viver e acreditar no corpo próprio presente no mundo.
Acredito e constatei, pelas experiências vividas, que o que é visto, sentido e percebido pelo corpo é apren- dido e assimilado, portanto, os métodos tradicionais de ensino estão necessitando de inovações e modifica- ções para que os educandos se motivem e se envolvam
mais com os conhecimentos transmitidos. Sinto, como educadora, que o dia a dia na sala de aula requer ino- vações, reinvenções e recriações constantes na ação do ensinar e, quando isso se dá pela presença viva das pessoas com deficiências, o aprender e apreender se concretizam, pois o corpo, ao viver essas experiências, percebe e incorpora diferentes sentidos e significados transmitidos pelo conhecimento.
Aprendi com os educandos que, pelo aguçar da sensibilidade, desvelam-se o despertar à curiosidade e a disposição para conhecer e se aproximar das pessoas com deficiências e o corpo em movimento. É fato que o exercício físico tem se mostrado imprescindível na vida do ser humano, seja ele com ou sem deficiência, por- tanto, as pessoas com deficiências também precisam estar com o corpo em movimento de modo organizado e sistematizado. Para isso, é necessário um maior nú- mero de profissionais dedicados a essa área.
Sonhar, querer fazer para dar certo, experimentar novos desafios, estar inquieta, acreditar e transfor- mar foram propósitos vividos por mim nessa trajetória universitária. Ao descobrir um mundo novo cheio de caminhos a serem conhecidos, tive a oportunidade de desbravá-los com vontade, motivação, sensibilidade, ajuda e apoio dos educandos e de muitas outras pes- soas ao meu entorno.
O meu mundo-vida na universidade se deu pelo ser e estar, principalmente, com a Educação Física Adap- tada a partir dos estudos, pesquisas e projetos desen- volvidos com o ensinar e aprender na sala de aula e
fora dela e, com as relações e inter-relações humanas que se concretizaram e se concretizam a cada encontro vivido. Para ilustrar o caminho percorrido como educa- dora, apresento trechos de um cordel de Bráulio Bessa (2017), com o qual me identifico:
Um guerreiro sem espada sem faca, foice ou facão armado só de amor
segurando um giz na mão o livro é seu escudo que lhe protege de tudo que possa lhe causar dor por isso eu tenho dito que tenho fé e acredito na força do professor […] um arquiteto de sonhos engenheiro do futuro um motorista da vida dirigindo no escuro um plantador de esperança plantando em cada criança um adulto sonhador
e esse cordel foi escrito porque ainda acredito na força do professor.
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