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O uso de bicicleta tem se apresentado como uma opção para melhorar a mobilidade nas grandes cidades e como ótima alternativa para as pessoas não apenas no tempo de lazer, mas também como meio de trans- porte para o trabalho, já que se considera que quanto maior for a infraestrutura urbana para as bicicletas, maior será o número de novos ciclistas.

Essa perspectiva sugere dois movimentos: o movi- mento corporal de passear pelas ruas das nossas cida- des, podendo perceber seus contornos, belezas, limites e possibilidades sob a ótica de quem vai de “magre- la”, e o movimento político de desejar e reivindicar a região amplie as opções de mobilidade urbana, tanto na melhoria do transporte público e coletivo quanto de outras opções alternativas de deslocamento, sendo esse o contexto em que a bicicleta surge como meio de transporte e lazer saudável e sustentável.

Além de ajudar na redução dos níveis de estresse, evitando longos períodos no trânsito, a incorporação dessa atividade física na rotina diária tem efeito sobre quase todos os grandes sistemas do organismo, des- tacando-se três deles: o circulatório; o respiratório e o musculoesquelético. A melhora desses três sistemas reflete diretamente no condicionamento orgânico, au- mentando a capacidade de captação, transporte e uti-

lização do oxigênio, promovendo dessa maneira menor fadiga, maior resistência e sensação de bem-estar. A incorporação de hábitos saudáveis, como atividade fí- sica diária, aumenta a expectativa e a qualidade de vida (POWERS; HOWLEY, 2009). Se não é possível usar a bicicleta como meio de transporte, transforme- -a na sua parceira para as horas de lazer: vale a pena pedalar hoje e viver melhor sempre.

Existem três formas básicas de uso/espaço para bicicleta nas cidades:

1) Ciclofaixa: uma faixa das vias de tráfego, geral- mente no mesmo sentido de direção dos automó- veis, é destinada às bicicletas (atualmente há ciclo- faixas aos domingos em São Paulo, Santo André, São Caetano do Sul e várias cidades do Brasil). 2) Ciclovia: é segregada fisicamente do tráfego de automóvel e pode ser unidirecional (um só senti- do) ou bidirecional (dois sentidos), sendo, em regra geral, adjacente às vias de circulação de automó- vel ou em corredores verdes independentes da rede viária.

3) Tráfego compartilhado: não há nenhuma delimi- tação entre as faixas para automóveis e bicicletas, a faixa é somente alargada de forma a permitir o trânsito de ambos os veículos. Pela lei, quando não houver ciclovia ou ciclofaixa, a via deve ser com- partilhada (art. 58 do Código de Trânsito).

par o mesmo espaço viário. Os veículos maiores de- vem prezar pela segurança dos menores (art. 29, § 2º do Código de Trânsito), respeitando sua presença na via, seu direito de utilizá-la e a distância mínima de 1,5 m ao ultrapassar as bicicletas (art. 201 do Código de Trânsito), diminuindo a velocidade ao fazer a ultra- passagem (art. 220, item XIII do Código de Trânsito) (BRASIL, 1966).

As ciclovias fazem parte dessa mudança, espe- cialmente se as pessoas que têm carro começarem a pedalar. Se as essas pessoas passarem a usar bikes, estarão doando parte de seu espaço nas ruas da cida- de. Vemos uma reação contra as ciclovias nas cidades porque elas reduziram o espaço para carros estacio- narem nas ruas, mas isso é um problema menor. Na prática, mais bikes significa mais espaço para carros. Pessoas que gostam de carros deveriam amar as ciclo- vias, porque bikes ocupam menos espaço na cidade. Muito mais do que meros veículos de locomoção, bici- cletas viraram o símbolo de uma rediscussão do espa- ço público e da mobilidade urbana como estão postos em tempos atuais.

Desde 2011, a UFABC organiza uma ação denomi- nada “Bicicletada da UFABC” que tem como lema: “Bi- cicleta em movimento: a ciclovia é o melhor caminho! ”. Para além de um passeio ciclístico pelas ruas das cida- des dos dois municípios do Grande ABC, Santo André e São Bernardo do Campo, onde a universidade tem seus campi, acaba por se constituir como um momen- to de ações ampliadas que envolvem desde palestras,

projeção de filmes e oficinas, em que se ensina a pe- dalar, até a constituição de fóruns de discussão sobre questões de mobilidade, de cidadania ativa e do direito ao lazer e à cidade.

Nessa área, a UFABC tem trabalhado também em conjunto com algumas instituições da sociedade, em especial o Bike Anjo e o Sesc Santo André, abordando a questão do uso da bicicleta e de sua prática através de ações periódicas de extensão em articulação com as demandas sociais que se colocam na região onde a universidade está inserida.

A organização não governamental Bike Anjo surgiu com o intuito de trazer mais ciclistas às ruas e de tor- nar as vias um espaço de todos. Hoje em dia, há gru- pos organizados em 270 cidades do Brasil que contam com 1.800 pessoas nomeadas como “bike anjos” distri- buídos pelo Brasil e também por países como Portugal, Estados Unidos, Austrália e Hungria, atendendo dire- tamente mais de 7.000 pessoas.

O Bike Anjo conta com diversos serviços gratui- tos voltados para quem deseja se iniciar no mundo da bicicleta, com destaque para as oficinas que ensinam pessoas a pedalar conhecidas como Escola Bike Anjo (EBA), o acompanhamento de rotas para quem quer começar a se locomover com bicicletas, em que um “bike anjo” acompanha o iniciante no trajeto deseja- do para que ele se sinta mais seguro e aprenda a se locomover com mais segurança, e o planejamento de rotas, sendo que todos esses serviços podem ser re- queridos pelo site da própria entidade.

Na região do ABC Paulista, o Bike Anjo iniciou as suas atividades em setembro de 2012 com a tradi- cional oficina de aprender a pedalar (EBA) e, desde então, conta com uma oficina fixa no primeiro domin- go de cada mês, atualmente no Paço Municipal de Santo André. Sentindo necessidade de acompanhar as pessoas que frequentaram a oficina, em 2015, foi elaborado o projeto Você mais Bike Anjo ABC, cons- tituído em três oficinas: a Escola Bike Anjo; o Pedal Zero – que é uma ação para empoderar as pessoas que aprendem a pedalar nas oficinas da EBA, visando a autonomia desses sujeitos que queiram passar a pedalar pelas ruas da cidade; e a Bike Anjo Mecâni- ca Básica e Urgente (Bambu) – que consiste em uma oficina a qual visa tornar os ciclistas mais autossu- ficientes, ensinando-os como realizar consertos bási- cos, mas necessários na vida de quem pedala, como remendo e troca de câmaras de pneus e regulagens básicas.

Em abril de 2015, o Sesc Santo André iniciou o projeto Na Rota do Pedal, pensado para promover a vivência, o debate e o fluxo de informações qualifi- cadas a respeito do uso da bicicleta em suas mais diversas vertentes, como lazer, esporte, deslocamen- to, transporte, trabalho, turismo, sempre alinhado às possibilidades de mudanças de hábitos em direção a uma vida mais saudável, ambiental e economicamen- te sustentáveis, que “as magrelas” proporcionam.

Dentre as atividades, o Clube do Pedal tem es- pecial importância, com saídas em grupos que acon-

tecem aos domingos pela manhã, com percursos as quais variam de 20 a 50 km, dependendo do perfil dos participantes.

A UFABC tem atuado em parceria com essas orga- nizações no sentido de ampliar o número de pessoas incluídas por essas ações, tais como: passeios ciclís- ticos entre os dois campi da universidade, palestras sobre o uso da bicicleta como meio de transporte, es- porte e lazer, projeção com debate do filme Bikes vs.

carros, do diretor sueco Fredrik Gertten, oficinas para

aprender a pedalar, entre outras.