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ANÁLISE DOS RESULTADOS

COMPORTAMENTOS MANIFESTOS DAS DIMENSÕES DO CAPITAL SOCIAL

N: quando os elementos investigados na questão não estão presentes nas respostas

6.3. Considerações Finais sobre a Análise do Caso

A análise do caso frente ao modelo teórico desenvolvido para a pesquisa demonstra uma aderência bastante satisfatória ao referencial teórico que orientou a construção do modelo. E esta aderência fica evidente tanto quando se analisa a dimensão corporativa da empresa, representada pela unidade de análise 1, quanto quando se analisam as unidades regionais, 2 a 6.

O que leva a esta afirmação? A demonstração de um mecanismo lógico que relaciona a presença dos elementos do capital social percebido na rede com os elementos do capital intelectual percebido na Yamana e a aprendizagem que a rede de fornecedores propicia à empresa, na perspectiva dos gestores entrevistados. As evidências organizadas nas Tabelas 15, 16, 17, 18, 19 e 20 poderiam ser expressas em “equações” fundamentais, as quais resumem uma possível relação entre esses elementos:

1) Se a rede estudada tem os elementos que caracterizam uma dimensão estrutural desenvolvida e a empresa focal tem a oportunidade estrutural para transferir conhecimento da rede para seu ambiente interno, pode-se perceber um efeito

da rede na construção de seu capital organizacional e a negativa também pode ser verdadeira. Contudo, se a dimensão estrutural da rede é desenvolvida, mas não há oportunidade estrutural na empresa focal, o capital organizacional pode, em parte, mostrar algum efeito ou mesmo não mostrar. Mas, ao contrário, se há a oportunidade estrutural, mas a rede não tem a dimensão estrutural desenvolvida, o capital organizacional não poderia desenvolver-se por efeito da rede. Em todas as unidades de análise, pôde-se verificar esta equação. Faz sentido, pois, tanto na taxonomia de Edvinsson (1997), como na de Joia (2000), o capital organizacional está fundamentado nos elementos físicos disponíveis, como processos operacionais, sistemas e processos de gestão. Existindo tais elementos e havendo a oportunidade para fazer proveito deles, uma empresa pode incrementar seu capital organizacional.

2) Se a rede estudada tem os elementos que caracterizam uma dimensão relacional desenvolvida e a empresa focal tem a motivação baseada no relacionamento para transferir conhecimento da rede para seu ambiente interno, pode-se perceber um efeito da rede na construção de seu capital de relacionamento e a negativa também pode ser verificada. Contudo, se a dimensão relacional da rede é desenvolvida, mas não há a motivação na empresa focal, o capital de relacionamento pode, em parte, mostrar algum efeito ou mesmo não mostrar. Mas, ao contrário, se há a motivação, mas a rede não tem a dimensão relacional desenvolvida, o capital de relacionamento não poderia desenvolver-se por efeito da rede. Em todas as unidades de análise, pôde-se verificar esta equação. Faz sentido, porque, segundo Davis & Spekman (2004), a dimensão relacional da rede e as motivações de parceiros

numa associação em rede são associadas a comportamentos colaborativos e de confiança. Sem tais elementos manifestados, não ocorre a abertura para compartilhar o conhecimento e a pesquisa demonstrou bem isto, nas respostas dos entrevistados.

3) Se a rede estudada tem os elementos que caracterizam uma dimensão cognitiva desenvolvida e a empresa focal tem a habilidade cognitiva para transferir conhecimento da rede para seu ambiente interno, pode-se perceber um efeito da rede na construção de seu capital humano, bem como no capital organizacional e tecnológico, e a negativa também pode ser verdadeira. Contudo, se a dimensão cognitiva da rede é desenvolvida, mas não há a habilidade cognitiva na empresa focal, os capitais humano, organizacional e tecnológico podem, em parte, mostrar algum efeito ou mesmo não mostrar. Mas, ao contrário, se há a habilidade cognitiva interna, mas a rede não tem a dimensão cognitiva desenvolvida, o capital intelectual dos três tipos citados não poderia desenvolver-se por efeito da rede. Em todas as unidades de análise, pôde-se verificar esta equação, ainda que, neste caso, haja complexidades maiores, porque os aspectos cognitivos, seja da rede ou da empresa focal, interferem com diferentes tipos de capital intelectual. De qualquer modo, esta equação sentido, porque a retenção de conhecimento pressupõe que ele esteja disponível de alguma forma e haja capacidade cognitiva para retê-lo por um dos processos de retenção de conhecimento descritos por Nonaka &Takeuchi (1997).

Concluindo, a análise do caso conduziu a um resultado aderente ao modelo teórico desenvolvido para teste e ao referencial adotado para seu desenvolvimento. É importante ressaltar que a pesquisa não trata de uma investigação prática de diagnóstico de um caso concreto, mas apenas o utiliza para a verificação de uma teoria desenvolvida para explicar os fatores, ou elementos, que fazem o capital intelectual de empresas focais ser afetado quando elas participam de redes estratégicas. O objetivo do estudo de caso é testar a hipótese formulada, por meio do estudo de caso. Testar a hipótese implica verificar se o modelo teórico para testá-la é operacional, ou seja, se ele funciona logicamente para que se confirme ou não a hipótese.

Posto isto, no próximo capítulo, será verificada a hipótese formulada no tópico 3.2 e serão apresentadas as conclusões e comentários finais acerca da tese ora defendida e de sua contribuição prática e acadêmica.

Capítulo 7

Este relato de pesquisa compartilhou os resultados de um estudo explanatório, no qual se buscou:

(i) desenvolver um modelo teórico, capaz de explicar como os elementos constituintes do capital social presente em uma rede estratégica empresarial podem influenciar a formação de capital social nas empresas participantes, em especial, as empresas focais da rede;

(ii) testar a capacidade explanatória do modelo, tomando-se a empresa Yamana Gold como caso para estudo em múltiplas unidades de análise;

(iii) realizar a verificação da hipótese formulada para a pesquisa, de modo a defender-se a tese de que o capital social presente na rede estratégica influencia positivamente o capital intelectual da empresa focal, por meio de mecanismos formadores de conhecimento, propiciados pela interação entre os participantes da rede.

A análise do caso presta-se a uma elaboração teórica. Não era objetivo final do estudo relatado analisar o resultado da análise dos fenômenos que se passam na empresa focal estudada, per si, mas como eles se encaixam no modelo lógico que emergiu da fundamentação teórica e como este modelo funciona na realidade de uma rede de empresas em condições reais e concretas.

Assim, tendo sido demonstrada a operacionalidade, ou capacidade explanatória, do modelo no capítulo anterior, é mister proceder-se à verificação da hipótese, expressa no tópico 3.2, a qual afirma que “o capital social presente na estrutura de relações de uma rede estratégica empresarial gera efeito positivo sobre o capital intelectual das empresas

da rede, aumentando-o relativamente à operação isolada dessas empresas”.