• Nenhum resultado encontrado

ANÁLISE DOS RESULTADOS

COMPORTAMENTOS MANIFESTOS DAS DIMENSÕES DO CAPITAL SOCIAL

N: quando os elementos investigados na questão não estão presentes nas respostas

7.2. Implicações Acadêmicas

No âmbito acadêmico, a confirmação da hipótese formulada e a análise das respostas obtidas no estudo de caso contribuem para uma melhor compreensão sobre a implicação dos fatores que compõem o capital social em estruturas de redes estratégicas, evidenciando elementos para a aplicação em pesquisas futuras no campo, além de permitir a verificação empírica da hipotética relação entre capital social na rede e capital intelectual nas empresas focais, como era o propósito da pesquisa relatada.

O modelo desenvolvido no estudo é inédito e aprofunda o conhecimento sobre os mecanismos de formação do capital intelectual em organizações participantes em redes empresariais, especialmente as empresas focais, geralmente organizações de grande porte, com posição de destacado domínio econômico dentre as corporações da economia atual e que determinam a conduta dos parceiros no âmbito das suas redes, bem como o desenvolvimento e disseminação dos padrões técnicos necessários para operacionalizá-las.

Estudos anteriores, em especial os de Nahapiet & Ghoshal (1998) e Narayan & Cassidy (2001), conseguiram traçar uma primeira relação entre capital social e criação de conhecimento em redes, mas o modelo descrito neste relato trouxe avanços substanciais no detalhamento dos construtos capital social e intelectual. Os construtos foram descritos em termos de elementos estruturais, relacionais ou cognitivos capazes de operacionalizá-los para um estudo empírico.

O modelo mostrou-se muito robusto na capacidade explanatória proposta, possibilitando segmentar os tipos de capital intelectual – humano, organizacional, tecnológico e de relacionamento –, e associá-los a uma ou mais dimensões do capital social presente na

rede e às condições facilitadoras para o surgimento de conhecimento nas empresas da rede – oportunidade estrutural, motivação baseada no relacionamento e habilidade cognitiva.

Isto implica que, ao menos, três campos de conhecimento sejam beneficiados com o conhecimento propiciado pelo estudo: o campo de estudos de Redes Estratégicas, o de Capital Social e o de Capital Intelectual.

7.2.1 Contribuição no Campo das Redes Estratégicas Empresariais

Quanto à teoria de redes estratégicas, o estudo agrega a discussão sobre os comportamentos característicos de associações colaborativas, pois a literatura específica do campo aborda predominantemente os aspectos estruturais e organizacionais, como a topologia, a hierarquia e os sistemas de coordenação, como se pode perceber nas referências utilizadas – Vem & Ferry (1980), Malone & Crowston (1990), Axelson & Easton (1992), Hakansson & Johanson (1995), Dyer & Singh (1998), Porter (1998), Castells (1999), dentre outros.

Ainda que haja uma parcela expressiva de estudos que enfocam os aspectos comportamentais, as relações e a evolução das redes, incluindo aspectos cognitivos de seu desenvolvimento – por exemplo, Lundgren (1994), Smith-Doerr (1994), Gulati, Nohria & Zaheer (2000), Powell & Todeva & Knoke (2005) e outros –, o tema rede estratégica é recorrentemente tratado em seus aspectos de competitividade, flexibilidade e eficiência operacional e econômica, como se as redes fossem apenas uma estrutura física de coordenação.

Tal abordagem foi evitada neste estudo e, tanto a concepção do modelo, quanto a forma de realizar a pesquisa no campo, conduziram a uma percepção mais completa dos elementos físicos e fenômenos envolvidos no ambiente de rede, incluindo a parte física, mas dedicando igual especial atenção às questões relacionais e cognitivas.

7.2.2 Contribuição no Campo das do Capital Social

Do mesmo modo, no campo de estudos do capital social, o enfoque ora é centrado em aspectos estruturais e cognitivos – como, por exemplo, em Coleman (1988), Putnan (1993) e Coleman (2000), em que os processos operacionais e os mecanismos de gestão de conhecimento são profundamente estudados –, ora é centrado nas relações entre os agentes sociais e nos seus padrões de comportamento – como em Granovetter (1973), Bourdieu (1986), Fukuyama (1996), Liu & Besser (2003), Davis & Spekman (2004), Huysman (2004), Zanini (2007a), Zanini (2007b), dentre outros.

No sentido de enriquecer as abordagens citadas, o estudo descrito neste relato seguiu a conceituação adotada por Nahapiet & Ghoshal (1998) e Narayan & Cassidy (2001), na qual o capital social é representado por um conjunto de dimensões e não apenas pelo aspecto constitutivo da rede, suas dimensões estrutural e cognitiva, não reduzindo, também, o campo ao estudo das relações entre os agentes e suas motivações.

A pesquisa pode até mesmo ser reconhecida como um aprofundamento ou refinamento dos trabalhos precursores destes dois últimos citados, buscando uma abordagem ainda mais rica e detalhada de todas as complexas questões que envolvem comunidades de empresas. Se uma empresa isolada já é uma entidade que permite múltiplas abordagens para a

compreensão de sua dinâmica, uma rede de empresas traz à tona questões ainda mais intrincadas.

7.2.3 Contribuição no Campo das do Capital Intelectual

Já o campo de estudos do capital intelectual é bastante rico em diferentes abordagens para se entender como o conhecimento é criado, retido e disseminado. Mas, percebe-se, numa leitura mais crítica do campo, ora um viés de se buscar delimitar a discussão das organizações nos aspectos tecnológicos – como, por exemplo, em Bell (1984), Pavitt (1985), Dosi (1988) e Pavitt (1990) –, ora concentrado na explicação do processo interno de conversão de conhecimento – como em Winter (1988), Teece, Pisano e Shuen (1990), Nelson (1991), Mintzberg et al. (1996), Spender (1996) e, o melhor exemplo, Nonaka & Takeuchi (1997) –, ou, às vezes, fazendo a conexão entre os processos estruturais e os processos cognitivos – por exemplo, em Edvinsson (1997) e Edvinsson e Malone (1998).

E há, ainda, algumas abordagens do capital intelectual que são focadas em buscar competências operacionais e eficiência na coordenação da empresa ou rede, como em Prahalad & Hamel (1990) e Zucker, Darby, Brewer e Peng (1996), abordagens estas que trazem uma visão muito mecânica dos processos cognitivos.

No caso da construção do modelo teórico deste estudo, a taxonomia escolhida foi a de Joia (2000), exatamente porque era a que reunia a maior quantidade de elementos do capital social e melhor os caracterizava no sentido de dar uma grande amplitude ao conceito, em comparação às outras abordagens. No caso da teoria de capital intelectual, o presente