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MÉTODO DE PESQUISA

4.1. Método de Estudo de caso

Segundo Yin (2001, p. 19), dentre as diversas maneiras de se fazer pesquisa em ciências sociais, cada estratégia de pesquisa possui vantagens e desvantagens próprias, dependendo de três condições:

(i) o tipo de questão da pesquisa;

(ii) o controle que o pesquisador possui sobre os eventos comportamentais efetivos;

(iii) o foco em fenômenos contemporâneos, em oposição a fenômenos históricos.

O estudo de caso representa uma estratégia adequada quando se colocam questões do tipo “como” e “por que”, quando o pesquisador tem pouco controle sobre os eventos e quando o foco se encontra em fenômenos contemporâneos inseridos em algum contexto do mundo real. Nesta situação, Yin (2001, pp. 19-36) enquadra o estudo de caso como uma pesquisa explanatória ou causal.

Se o que se procura é responder uma pergunta do tipo “o que”, “quem”, “quanto”, “onde” ou “quando”, a pesquisa é do tipo exploratória. Há, também, o estudo de caso do tipo

descritivo, no qual se procura relatar e fazer generalizações sobre uma seqüência de fatos históricos.

Os estudos de caso contribuem para o conhecimento organizacional e têm sido utilizados para pesquisas em diversas áreas, como administração, sociologia e psicologia. Para tanto, uma característica do estudo deve ser a busca pelo entendimento de um fenômeno social complexo. Os estudos de caso permitem manter uma visão das características significativas dos eventos, tais como os ciclos de vida de um indivíduo, grupo ou organização ou os processos organizacionais, comportamentais e gerenciais. De acordo com Yin (2001, 21), as principais questões para a estratégia a ser utilizada no uso da metodologia são:

(i) como definir o caso que está sendo estudado;

(ii) como determinar os dados relevantes que devem serem coletados; (iii) o que fazer com os dados, após a coleta.

Para que se possa justificar a adoção da metodologia de estudo de caso como a mais adequada à condução desta pesquisa, principiou-se pelo enquadramento das diversas metodologias disponíveis em três condições, conforme a tabela 2: (i) forma da questão de pesquisa; (ii) exigência de controle sobre eventos comportamentais e (iii) foco nos acontecimentos contemporâneos.

Cada uma das condições está relacionada com cinco diferentes tipos de estratégias ou métodos de pesquisa, conforme mostra a Tabela 8, a seguir:

Tabela 8 – Situações relevantes para diferenciar estratégias de pesquisa

(Fonte: Yin, 2001, p. 24)

Estratégia/

Método Forma da questão de pesquisa

Exige controle sobre eventos comportamentais?

Focaliza acontecimentos contemporâneos?

Experimento como, por que sim sim

Levantamento

quem, o que, onde,

quantos, quanto não sim

Análise de arquivos

quem, o que, onde,

quantos, quanto não sim/não

Pesquisa

histórica como, por que não não

Estudo de caso como, por que não sim

A primeira condição a ser analisada na tabela 8 é a forma da questão de pesquisa. A forma “o que”, segundo Yin (2001), aplica-se quando o tipo de pergunta é uma justificativa racional para a condução do estudo de caso exploratório, onde o objetivo é desenvolver hipóteses pertinentes e proposições para inquisições adicionais. Ressalva-se que a pergunta “o que”, quando feita como parte de um estudo exploratório, pertence a todas as cinco estratégias. As questões “como” e “por que” devem ser abordadas em caráter explanatório para a utilização em estudos de caso. Isto se faz, principalmente, se as questões necessitam ser traçadas ao longo do tempo, e não somente ser tratadas relativamente à freqüência ou incidência. Portanto, deve-se obter ampla informação documentária, somada a entrevistas, se o enfoque é no “por quê” da questão.

Para o estudo da Yamana Gold, o estudo de caso explanatório mostra-se uma estratégia capaz de ajudar na compreensão de como o modelo teórico desenvolvido neste estudo pode aplicar-se a um caso real de rede estratégica empresarial, à medida que consiga trazer evidências de que os elementos identificados na estrutura, nas relações e nos processos

cognitivos da rede relacionam-se com os processos de acumulação de conhecimento na empresa focal, O estudo de caso também pode ajudar a esclarecer o por quê dessa relação e as limitações do modelo teórico. Este tipo de metodologia, porém, sob este aspecto, não é suficiente para validar o modelo, pois tal estudo tem também um perfil exploratório, mais conceitual e, portanto, mais próprio de pesquisas do tipo levantamento de campo ou pesquisa bibliográfica em arquivos. Contudo, o método traz a vantagem de mostrar uma situação prática em que ele pode ser verificado e ajustá-lo para pesquisas futuras.

Já os outros questionamentos presentes na Tabela 8, como a não exigência de controle sobre os eventos comportamentais e o foco nos acontecimentos contemporâneos, indicam o estudo de caso como uma ferramenta metodológica adequada à análise de uma empresa como a Yamana Gold, visto que seu processo próprio de gestão da rede de fornecedores é fenômeno atual, ainda não passível de análise histórica retrospectiva. Adicionalmente, o caso envolve uma quantidade de variáveis e eventos comportamentais imprevisíveis e de difícil controle por parte do pesquisador.

Conclui-se, assim, que, segundo Yin (2001, p.28), sendo o estudo de caso o método preferido no exame de eventos contemporâneos, quando os comportamentos relevantes não podem ser manipulados e, considerando-se o fato de existirem muitas variáveis de interesse, diversas fontes de evidência e o benefício do desenvolvimento teórico prévio para a pesquisa em questão, fica demonstrada a aderência deste método para o caso das unidades mineradoras da Yamana Gold, ainda que apenas para descrever os eventos que ocorreram nas empresas, objetivando tirar conclusões e recomendações para a utilização do modelo teórico. Quanto ao caso em si, e à razão para a sua escolha, os critérios serão apresentados no tópico a seguir.