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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

No documento ÍNDICE DO VOLUME II (páginas 67-70)

TOURISM IM AGINARIES AND NEW TOURISM DYNAM ICS: EXPLORATIONS AROUND THE LISBON CASE

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os imaginários turísticos têm a função de satisfazer necessidades sociais, aspirações e fantasias culturais. Neste processo, as identidades dos destinos e, inclusivamente, seus habitantes, são infinitamente (re)inventados, (re)produzidas, (re) capt urados e (re)criados, em uma tentativa de obter lucro e prestígio social com a prática turística. A conceituação de imaginários turísticos passa pela afirmação de que são socialmente construídos e representados através da interação. As percepções e as interações permitem criar significados e ajudam a formular os chamados “ destinos turísticos” (Salazar 2012). O caso do destino turístico Lisboa engloba antigas narrativas, relacionadas à relação com o passado, mas as ressignifica, dando-lhes novas nuances, em meio às asserções de novas alternativas e atitudes assumidas por turistas, bem como também busca novas definições, na medida em que pretende afirmar-se enquanto um destino moderno, capaz de atender a agendas diversas.

Em Lisboa, as continuidades e descontinuidades presentes nas narrativas que impelem a formulação dos roteiros redefinem paisagens físicas e simbólicas, notadamente através da mediação e entendimento de agenciadores da prática. É facto que a cidade adequa-se aos moldes de uma cultura turística baseada em valores de escala global e também ancorada em valores fundamentais que são próprios ao fenômeno do turismo: trata-se de um dos mais lucrativos negócios da nossa era, bem como atende às demandas do efêmero, a necessidade humana de mobilidade e descoberta, para além do poder simbólico vinculado ao capital cultural e social que o ato de viajar viabiliza.

Tal como fora mostrado nos tópicos anteriores, a atividade turística na capital portuguesa tem apresentado nos últimos anos um crescimento bastant e acelerado e estima-se que os números em 2017 tendem a crescer. Sendo assim, faz-se inevitável a necessidade de pensar de modo contínuo os impactos que a mercantilização dos espaços tende a gerar entre os residentes das

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zonas centrais da cidade. Em geral, indiscutivelmente há que se referir os saldos positivos gerados em torno do crescimento da economia e a geração de novos empregos e desenvolvimento social. Por outro lado, há também que se refletir sobre os impactos negativos gerados pela especulação imobiliária, resultado direto da alta demanda turística.

Há que se afirmar que a narrativa do poder público, notadamente apresenta-se norteada por tons de caráter fortemente mercadológicos, afastando-se das noções do t urismo enquanto prática sustentável. A atividade turística, portanto, tem aumentado as receitas do município, contudo, a falta de regulamentações, tem gerado alguns impactos na vida dos lisboetas. As mudanças estão a ocorrer de forma acelerada e coloca-se uma questão fundamental a ser negociada: como a prática turística pode ser pensada e regulamentada de modo a evitar o agravamento das fragilidades sociais e econômicas de seus moradores.

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LANDSCAPE, TOURISM AND SUSTAINABILITY

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