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IDENTIFICAÇÃO DO TEXTO

No documento ÍNDICE DO VOLUME II (páginas 174-178)

TOURISM LANDSCAPES OF M ADEIRA ISLAND AS LINGUISTIC CONSTRUCTIONS: COM M UNITY ASSETS?

IDENTIFICAÇÃO DO TEXTO

VERBOS

Montepio-2012 “quem visita”, “pode deslumbrar-se”, “deliciar-se”, “aguardam o visitante”, “vale a pena”, “permite desfrutar”, “é

possível visitar”, “visite”, “passe por”, “termine em”, “Visite”, “pode desfrutar”, “escolher”, “Não se esqueça de aproveitar para observar”, “Não se esqueça de provar”, “suscitar a curiosidade por locais a visitar ou descobrir”

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Montepio-2014 “parques e jardins a não perder”, “de cortar a respiração”, “Não perca as levadas”

Continente Magazine-2014 “de cortar a respiração”, “convida a que a visitem”, “Aproveite”, “descobrir”, “viver as tradições madeirenses”,

“ver, viver e explorar”, “pode subir até”, “Aproveite para apreciar”, “que convidam a momentos de descontração”, “pode mergulhar”, “Faça uma visita”, “Descubra”, “de onde se tem uma vista”, “Visite”, “desfrutar”, “apreciar a vista”, “Aproveite para visitar”, “fazer compras”, “deambula”, “passear”, “sair à noite”, “sentar-se”, “tomar uma bebida”, “apreciar as vistas”, “a não perder”, “que se pode andar nos carros de cesto”, “é possível percorrê-las [levadas] a pé”, “permite aceder”, “onde se descobrem”, “de cortar a respiração”, “podem ser degustadas”, “A não esquecer também”, “a Madeira oferece”, “Tome nota”, “onde dormir”, “onde comer”

Continente Magazine-2015 “merecem ser (re)visitadas”, “se apanha um outro voo de ligação”, “ou se pode optar”, “merece ser admirada”, “em

que vale a pena embarcar”, “deixe-se perder”, “descobrindo”, “Aproveite para visitar”, “veja”, “faça uma pausa”, “beba”, “delicie-se”, “vá até”, “refresque-se”, “Aproveite ainda para conhecer”, “Faça-se de novo à estrada”, “dirija- se”, “descobrir a ilha”, “percorrê-la a pé, por levadas e trilhos”, “Aventure-se”, “Não é (...) que Porto Santo deixa de cativar quem a visita”, “pode passear a pé”, “terá sempre muito espaço para estender a toalha de banho”, “estão ao alcance dos visitantes”, “ainda por descobrir”, “é-lhe oferecida a oportunidade de poder fugir de tudo”

Observa-se que predomina o modo imperativo, com conselhos que se dão e sugestões que se fazem, sendo basicamente as mesmas. Os textos interpelam o turista, como se o responsabilizassem pela concretização das recomendações, dizendo-lhe o que deve ver e fazer. Organizam-lhe passeios previamente programados e ele, em princípio, verá o que os outros escolheram. A linguagem apelativa tem fins comerciais e intenta cativar potenciais turistas, mostrando-lhes apenas o lado soalheiro do clima ameno. Por exemplo, a fotografia do Curral das Freiras (cf. Continente M agazine-2014) é luminosa. O texto relativo ao t opónimo refere: “ Freguesia que apresenta uma das paisagens mais impressionantes da ilha, situada num vale profundo, afastado do mar e guardada por altas montanhas.” , mas quantas vezes o nevoeiro impede qualquer visibilidade? Os residentes sabem que são muitas. Isso não é revelado ao turista.

Os text os das duas revistas coincidem também no pressuposto que a ilha se visita facilmente (cf.

M ontepio-2012, em que todos os passeios partem do Funchal). Esta ideia é frequente nos turistas: sendo a M adeira uma ilha, é fácil dar a volta e ver tudo. Provavelmente por isso as descrições são tão redutoras. Ao escolher o que se vai ver, esquece-se que muito do território ficou por ver e que muito haveria a observar na paisagem visitada. Há apenas uma alusão à difícil “ escolha” (cf. M ontepio-2012) porque é impossível ver tudo. De todos os textos, o da Continente

M agazine-2014 é o único a incluir todos os concelhos da ilha da M adeira, ficando, porém, muitas

localidades, sobretudo nortenhas (Boaventura, Ponta Delgada, Arco de São Jorge, São Jorge, Faial, Porto da Cruz, etc.) para ver. Como se evidenciou, apenas a Continente M agazine-2015 mencionou o concelho do Porto Santo como potencial turístico, a nível paisagístico. Programar implica, portant o, escolher e reduzir a pouco o muito, ficando unicamente o que é típico. Se Porto M oniz é “ célebre pelas suas piscinas naturais” (cf. tabela 2), Santana é-o pelas “ tradicionais casas triangulares com teto em colmo, pintadas com as típicas cores madeirenses e construídas sobre estruturas de madeira” (cf. tabela 2) que, no entanto, deixaram de ser uma

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realidade. Há, assim, nomes (bens patrimoniais), muitos relacionados com a paisagem que marcam, divulgados (cf. tabela 4). Há, contudo, bens patrimoniais esquecidos (vinhedos, bananais, socalcos conhecidos como “ poios” , et c.) e bens patrimoniais alterados, como a referência a “ o ferry boat” (cf. Continente M agazine-2015), conhecido, localmente, como o “ Lobo M arinho” .

Tabela 4: Alguns bens pat rimoniais marcadores da paisagem

Bem Patrimonial Definição/ Explicação

“furados” “os furados são túneis que cortam caminho, aceleram a comunicação e revelam uma outra paisagem” (Montepio-2013)

“carros de cesto do Monte” “carros de cesto” [carreiro] [bota de vilão]

“carros de vime e madeira, com dois lugares, são controlados por dois carreiros que usam as próprias botas como travões” (Montepio-2012)

“É na localidade do Monte que se pode andar nos carros de cesto, uma das atrações mais conhecidas da Madeira. Estes carros são produzidos artesanalmente com vimes e madeira e dispõem de dois lugares sentados. São conduzidos e controlados por dois carreiros que utilizam as próprias botas, com grossas solas de borracha, como travões. A viagem entre o Monte e o Funchal tem dois quilómetros de percurso e faz-se em cerca de dez minutos.” (Continente Magazine-2014)

“comboio do Monte”58 (Montepio-2012)

“levadas” “levadas, antigos caminhos de água” (Montepio-2014)

“As levadas são canais de irrigação que se encontram um pouco por toda a Madeira. A sua extensão é de cerca de 1500 km e é possível percorrê-las a pé, o que permite aceder ao coração da ilha onde se descobrem paisagens de cortar a respiração. Dos 0 aos 1862 metros a emoção é garantida!” (Continente

Magazine-2015)

“xavelhas” “(barcos típicos)” [de Câmara de Lobos]

“poncha” Câmara de Lobos: «a “casa” da Poncha, uma mistura de sumo de limão, mel e aguardente de cana-de- açúcar59», (Montepio-2012)

Em suma, do que ficou dito, comprova-se que há diversos tipos de descrições paisagísticas. As descrições literárias (como as escritas por Raul Brandão) são singulares, individuais, enquanto representações verbais pessoais. Distinguem-se, indubitavelmente, das descrições turísticas, que estão fixadas, sendo constantes e comuns porque pré-fabricadas. São repetitivas e redutoras. Isso explica-se porque têm a finalidade de “ dar a ver” por meio de reduções linguísticas, antes de visitar. Os roteiros turísticos estão definidos e identificam as paisagens e os pont os de interesse considerados comunitariamente relevantes. Globalmente, as excursões promovidas traduzem-se nas mesmas paragens e nas mesmas paisagens. Os turistas fazem os mesmos itinerários e contemplam as mesmas vistas. O fenómeno é visível nos textos analisados.

58 Desapareceu, ficando gravado em post ais ant igos e out ra document ação.

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Contudo, parece ser cada vez mais frequente haver quem fuja a estas paisagens estereotipadas, que se constituem como bens patrimoniais construídos da comunidade que caracterizam (cf. Tabela 2 e Tabela 4). A presente comparação de textos com descrições turísticas revela que a última descrição (cf. Continente M agazine-2015) é mais inesperada e muito mais aberta, incluindo, por exemplo, topónimos que, normalmente, não figuram nos postais turísticos (cf. Tabela 1), do que a primeira listada, por ser bastante pré-programada (cf. M ontepio-2012). Podem as descrições turísticas das paisagens madeirenses estarem, linguística e textualmente, a mudar e virem a ser menos pré-fabricadas? É provável. Apenas a continuação da investigação linguística relacionando “ paisagem” e “ turismo” o dirá.

4 - BIBLIOGRAFIA

Caraça, João. Ciência. O que é a Ciência? Lisboa: Difusão Cult ural, 1997

Caraça, João. Do Saber ao Fazer: Porquê Organizar a Ciência. Lisboa: Gradiva, 1993

Cont inent e M agazine. “ Dest inos: M adeira e Port o Sant o. Duas Ilhas Imperdíveis” , in Cont inent e M agazine, nº 59, Agost o de 2015, Ano 5, 82-87

Cont inent e M agazine. “ Destinos: Ilha da M adeira. A M aravilhosa Pérola do At lânt ico” , in Cont inent e M agazine, com Turismo da M adeira, nº 51, Dezembro de 2014, Ano 4, 124- 129

Brandão, Raul. “ Visão da M adeira” , in Ilhas Desconhecidas. Not as e Paisagens. Lisboa: Quet zal, 1ª ed. 2011, reimpr. 2013, 179-199

Garcia, Elsa. “ A minha cidade. Report agem. M adeira. Cruzament os na Paisagem” , in Mont epio, nº 10, série II, Verão de 2013, 48-50

Houaiss, Ant ônio e Villar, M . S. Dicionário Houaiss da língua port uguesa, Elaborado pelo Inst itut o Antônio Houaiss de Lexicografia e Banco de Dados da Língua Portuguesa S/ C Lt da. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001

M arina, Cláudia. “ Funchal. Uma Visit a ao Jardim do At lântico” , in Mont epio, nº 8, série II, Lisboa: M ontepio, 2012, 74- 75

M ont epio. “ A minha vida. Rot eiro. Os melhores destinos do mundo. 10 Dest inos a não perder” , in Mont epio, nº 14, Verão de 2014, 70-71

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“OUTRA M UDANÇA FAZ DE M OR ESPANTO”

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