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76 Tomado do Dicionário Priberam

113 2.4.Arquitecturas do vinho

2.4.1. Considerações gerais

Depois da caract erização do suport e t errit orial cabe pergunt ar pelas expressões das arquitect uras do vinho, em dois planos: o gerado pela plant ação dos vinhedos em relação a si mesmos e em relação ao rest o do sist ema, e o gerado pelo processo de produção do vinho propriament e dit o.

Nest e ciclo de lições não vamos ent rar no segundo plano, que se apresent a perant e nós de modo mais óbvio e que admite uma leit ura analit ica formal mais pormenorizada. Vamos focalizar o t rabalho no âmbit o das arquit ect uras geradas pelas plantações de vinhedos, dada a variedade de possibilidades existentes na região do Alto Minho.

Este grupo de investigação t em como objectivo a ident ificação, caract erização e classificação dos diversos element os que compõem as arquit ect uras do território vit ivinícola no Vale do rio Lima. Os primeiros result ados permit em observar a necessidade de acções imediat as face à conservação de det erminadas tipologias autóct ones (ex. ramadas ou lat adas) que correm perigo de desaparecer, implicando uma profunda t ransformação paisagística num curt o espaço de t empo.

O grupo de t rabalho realiza act ualment e uma série de levant ament os em relação às met odologias previamente t est adas para os sistemas de t erraços e socalcos nos Alpes e desenvolvidas pela rede ALPTer86

Os primeiros result ados permit em dispor da informação básica da t ipologia das arquit ect uras provocadas pela cult ura dos vinhedos. Numa segunda fase, proceder-se-ia à definição dos diversos elementos component es dest as soluções formais e a sua evolução no decorrer do t empo.

Sistemas de Armação do Terreno

O primeiro element o que condiciona morfologicament e os t erritórios de vinhedos é o que em t ermos const rut ivos denominaríamos a implant ação do t erreno, conforme as condições nat urais do mesmo: a armação do t erreno.

86 Trata-se duma iniciativa comunitária integrada por paises do arco alpino com morfologias t erritoriais em t erraços com actividades decorridas entre 2006 e 2008

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A t opografia é o element o fundament al para as decisões acerca dos modelos de implant ação. Assim podem-se dar diversas sit uações:

1. Se o declive for inferior a 8% a vinha é inst alada sem recurso a alteração do perfil original.

2. Quando exist e um declive ent re 8% e 20% a vinha é

instalada:

a. Com armação do t erreno em pat amares largos, envolvendo alguma alt eração do perfil original. b. “ Ao alt o” , segundo a linha de maior declive.

3.

Se o declive for superior a 20% a vinha deve ser plantada em t erreno armado em socalcos (2,5 - 5 m de largura.

A armação do terreno deverá seguir em quaisquer dos casos uma série de indicações que se relacionam com as caract erísticas do t erreno em função da sua relação com a água.

Ilustração 59: Vinhedos de Refóios de Lima

Ilustração 60: Vinhedos de São Gregório-Rio de M oinhos- Borba

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Porosidade, impermeabilidade, exist ência de níveis freáticos det erminados, escoament o das águas pluviais, … são element os que condicionam a escolha das linhas mest ras sobre as quais assent a esta nova arquit ect ura.

Quando as inclinações naturais da t erra sejam excessivas, impõe-se a const rução dos socalcos ou planos em terraços. Na região galaico-minhota est es elementos const it uem uma marca da paisagem, t radicionalment e caract erizada por muros de pedra em seco. A pedra utilizada na const rução dos muros era a que se encont rava no próprio local aquando da const rução do t erraço (em geral, granit o).

O arranjo e armação para a produção agrícola dest es territórios vê-se condicionada, a part ir dos anos 60 do século ant erior pela indisponibilidade da mão-de-obra, quer para os dit os t rabalhos, quer para a manut enção dest es muros e terraços. Est e facto provocou a recuperação de muros de suporte mais escassa e mais cara.

Ilustração 61: Vinhedos de São Gregório-Rio de M oinhos-Borba

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Os dados recolhidos no caso de estudo, na freguesia de Bárrio do concelho de Pont e de Lima permit em referir que a vinha era plantada no borde do socalco, ao pé do muro de pedra. A vinha era plant ada em t erraços sust ent ados por muros de pedra, mais ou menos dist anciados em função do declive da encost a, colaborando na definição de limoeiros da propriedade. Os t erraços eram rasgados nas encost as, de baixo para cima e est reit os com uma ou duas fiadas de vinha. Os muros eram const ruídos com as pedras t iradas do t erreno, xist o ou granit o, pelo geral.

Estes espaços t rabalhados est ão preferencialmente virados a Sul, benéfico para a necessária exposição solar. Neles é usual colocar ramadas que libert am o espaço de t erreno para a agricult ura.

A solução adopt ada é a do est eio e t rave que sustent a uma malha em arame para suport e das videiras.

A imagem do conjunto é de linhas horizont ais fort emente ident ificadas como mant as verdes, que alinhadas em diferent es cot as geram ocos no seu int erior, sendo est a horizont alidade apenas quebrada pela verticalidade dos est eios.

No decorrer dos últ imos dois anos foi organizada uma linha de invest igação acerca dest e tema, sempre nos âmbitos das unidades curriculares de Seminário I e Seminário II. O object ivo inicial era a ident ificação, caract erização e classificação dos diversos element os que compõem as arquitect uras do t errit ório vit ivinícola no Vale do rio Lima. Os primeiros result ados permitem observar a necessidade de acções imediat as face à conservação de det erminadas t ipologias aut óct ones (ex. ramadas ou lat adas) que correm perigo de desaparecer, implicando uma profunda t ransformação paisagística num curt o espaço de t empo. O quadro que é apresent ado refere a análise de cust os de manutenção e produção efectuados na região ent re Douro e M inho sobre t rês t ipologias de produção. Uma simples leit ura poderá concluir que em t ermos de produção, o câmbio para t ipologias não t radicionais será uma realidade num curt o prazo e, ao mesmo tempo, levará implícit a uma mudança paisagística de grande escala.87

Segundo os aut ores do artigo, os cust os globais no caso da ramada superam num 70% os cust os da tipologia de cordão

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ALVES, Aurora (DSPPAA – DPRTD) e SANTOS Henrique (DSPPAA – DPRTD). Cust os de Investimento e deM anut enção da Cultura da Vinha na Região do EDM . In r evista “ O M inho. A t erra e o Homem” , 2002 p.22

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simples. M as onde realment e poderá ver-se a magnit ude deste est udo comparat ivo é na avaliação de custos de mão-de-obra, onde os valores quase chegam ao 250%.