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Volume IV – Programas nacionais e metas

5 ENTREVISTAS INDIVIDUAIS

5.4 Considerações sobre as entrevistas realizadas

Os especialistas entrevistados tinham representação governamental de âmbito federal e estadual, de usuários de recursos hídricos, da sociedade civil e de CBHs, apesar do critério de seleção dos entrevistados ter privilegiado o envolvimento e conhecimento sobre o objeto de estudo e não a representação institucional. Dos 11 entrevistados, 8 participaram efetivamente do processo de elaboração do PNRH e apenas um não participou do processo de revisão do PNRH. Todos participam de CERHs e mais de 60% participam de CT, CBHs e outros Conselhos formuladores de políticas públicas o que agrega experiências em atividades colegiadas fundamental na compreensão do papel do CNRH e demais instâncias colegiadas na implementação do PNRH refletidas nas questões abordadas.

A estruturação das entrevistas, o conhecimento e o envolvimento dos especialistas possibilitaram atender aos dois objetivos elencados para estas: a formulação do questionário levado à etapa do Delphi de políticas em função do grande aporte de informação e questões apresentado por eles; e a indicação de demais especialistas, que após a retirada dos nomes repetidos, perfizeram uma média de quase 10 indicados por entrevistados, demonstrando o grande interesse e comprometimento destes com o objeto da pesquisa. O tempo de realização de cada entrevista teve uma variação significativa em razão do envolvimento e motivação do entrevistado em apresentar e justificar suas posições. As entrevistas tiveram tempo médio de 42 minutos e oito segundos, abaixo do tempo estimado anteriormente de uma hora, informado no ofício convite.

A faixa etária dos entrevistados demonstra que estes possuem boa experiência também de vida e quanto à distribuição de gênero nas entrevistas a participação feminina com 36% foi

superior a que o CNRH tem no atual período que corresponde a 28%. Outro dado interessante da caracterização apresenta que a maioria ocupa funções de gerência reafirmando ainda mais o papel de liderança e de formadores de opinião dos entrevistados.

5.4.1 Avaliação geral das percepções dos especialistas entrevistados

Os entrevistados foram unânimes em avaliar positivamente o objeto da pesquisa e todos se dispuseram a contribuir com ela, em todo o processo, por entenderem que é fundamental melhorar o processo de implementação dos Planos. Todos os entrevistados que participaram do processo de elaboração do PNRH avaliaram que sua metodologia foi participativa, mobilizadora, inovadora e conseguiu produzir um documento muito importante em seu conteúdo e forma. Para a entrevistada caracterizada como participante de CBH, que é também representante do setor usuário de recursos hídricos, foi solicitado que procurasse responder às perguntas a partir da perspectiva dos CBHs e observamos que vários outros entrevistados, apesar de não serem caracterizados como tal, participam ativamente nestes colegiados e em suas respostas acabaram por incorporar suas percepções a partir de suas visões de membros de CBHs. “Pela primeira vez o Brasil tem um plano dessa natureza, com a peculiaridade de ter incluído um estudo prospectivo. Uma novidade, aparentemente, com dois precedentes no mundo” (NASCIMENTO et al., 2010).

Quanto aos aspectos de implementação destacaram que o PNRH preocupou-se com isto e estabeleceu mecanismos para tal, mas poucos conhecem o SIGEOR, previsto no PNRH, e seus informes; e dos que o conhecem a avaliação é que é um instrumento importante e complexo, mas precisa ser simplificado e ajustado às realidades. Como outro importante mecanismo de implementação os entrevistados avaliaram que o PPA e o Projeto de Lei Orçamentária Anual (LOA) incorporaram as ações previstas no PNRH, principalmente em sua revisão, mas desconhecem a incorporação nos PPAs Estaduais das ações previstas nos PERHs.

Em relação à metodologia utilizada para a revisão a avaliação foi boa, de maneira geral, e que a limitação do tempo não permitiu um trabalho mais participativo e aprofundado com

importante repensar o período mais adequado para as próximas revisões, se no primeiro ano de governo ou se articulado com a elaboração do PPA.

Após as primeiras entrevistas, as percepções dos entrevistados sobre as perguntas orientadoras já começaram a não apresentar novidades de maneira geral, apareceram apenas algumas poucas questões novas a partir da perspectiva do segmento que representavam e já nas entrevistas finais as avaliações se assemelhavam totalmente mudando apenas a forma de dizê- las. Esta constatação fortaleceu a convicção de que o número de entrevistas foi suficiente para o alcance dos objetivos desta etapa. Thirycherques (2009) define que “A saturação é o instrumento epistemológico que determina quando as observações deixam de ser necessárias, pois nenhum novo elemento permite ampliar o número de propriedades do objeto investigado” e em seu estudo afirma que “foi possível estimar com bastante segurança o momento em que o ponto de saturação foi atingido” tendo constatado que as recomendações são “de não realizar menos do que 6 observações e de não estender além do limite de 12 o número de observações”.

5.4.2 Sistematização das avaliações obtidas nas entrevistas

Adotou-se a técnica de análise de dados textuais, denominada “Análise de conteúdo”, por sua ampla utilização na análise de entrevistas abertas e de material não estruturado (VALA, 1986 e DUARTE, 2004) apud LIBÂNIO (2006). A análise de conteúdo propõe-se a obtenção de informações resumidas e organizadas a partir das expressões verbais ou escritas do comportamento, das opiniões ou das ideias de uma pessoa específica ou de um grupo envolvido em um debate. Trata-se, portanto, de um método de observação indireto, uma vez que é a expressão verbal ou escrita do entrevistado que é analisada e não o próprio indivíduo (FREITAS e JANISSEK, 2000).

A análise exploratória do conteúdo das entrevistas justificou-se porque o objetivo principal destas foi a identificação de questões relevantes, de forma a contribuir com a pesquisa Delphi. Para tal, foram consolidadas as respostas e observações relativas aos temas das perguntas em blocos para facilitar a identificação das questões. Os registros das avaliações, e demais considerações, a partir desta análise, encontram-se em apêndice: as avaliações retrospectivas

para o período anterior a 2006; para o período posterior de 2006 a 2012; e para o período 2013 a 2016 encontram-se, respectivamente, em Apêndice II.5, II.6, II.7 e II.8. A partir da escuta das gravações foram anotados e organizados, os discursos dispostos em 20 tabelas, e esta sistematização destes registros permitiu que fossem identificadas e categorizadas as questões para a formulação do questionário, com as respectivas escalas de votação, considerando os temas mais recorrentes, abrangentes e que pudessem contribuir na análise das hipóteses levantadas que permitiram a utilização do método Delphi, na etapa seguinte.

No capítulo seguinte são apresentadas estas questões que versaram sobre o processo de elaboração do PNRH, propostas e que, em sua grande maioria, abordou os aspectos de implementação do PNRH, objeto desta pesquisa. Registra-se que devido ao foco deste estudo inúmeras questões, não incorporadas no questionário, também são relevantes e que podem vir a ser objeto de novas pesquisas futuras.