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2.1 Transporte aéreo de passageiros com deficiência, idosos e obesos

2.1.4 Considerações sobre os estudos revisados

Foram encontrados estudos publicados a partir de 2001, com aumento das publicações que tratam especificamente do transporte aéreo de passageiros com deficiência,

idosos ou obesos, principalmente, nos últimos 5 anos, evidenciando que a temática é atual e em discussão.

Os estudos relativos ao transporte aéreo foram realizados em Taiwan (CHANG, CHEN 2012a,b,c; 2011; CHANG, 2012), Austrália (DARCY, 2012); Israel (PORIA, REICHEL, BRANDT, 2010) e Brasil (CASTRO, 2010). Os estudos relativos ao turismo das pessoas com deficiência foram desenvolvidos nos Estados Unidos (BURNETT, BACKER, 2001; DANIELS, RODGERS, WIGGINS (2005), China (YAU et al., 2004), Austrália (SMALL, DARCY, PACKER (2012) e, França e Canadá (FREEMAN, SELMI 2010).

As pesquisas realizadas evidenciaram restrições às viagens de pessoas com deficiência, idosas ou obesas em todas as fases da viagem aérea. No entanto, há limitações em relação aos participantes envolvidos nos estudos, uma vez que a maioria se dedica ao estudo de passageiros com deficiência física ou visual, ou passageiros idosos ou obesos, além disso, alguns grupos não são considerados nos estudos, por exemplo, não há estudos sobre as experiências das pessoas com nanismo no transporte aéreo.

Os passageiros com deficiência, nos aeroportos, por exemplo, enfrentam dificuldades como o acesso às rampas, altura dos balcões de check-in, atitudes dos atendentes em relação aos passageiros com deficiência, aguardar em filas (CHANG, CHEN, 2012a) e falta de informações precisas (PORIA, REICHEL, BRANDT, 2010). Na aeronave, de modo geral, as dificuldades relacionam-se a inacessibilidade do lavatório, espaços restritos para deslocamento e acomodação, localização dos assentos reservados para passageiros que têm prioridade dentro da aeronave, falta de cadeira de bordo, atitudes dos atendentes (DARCY, 2012; PORIA, REICHEL, BRANDT, 2010; CHANG, CHEN, 2012a) e o desconhecimento da linguagem de sinais pelos comissários de bordo (FREEMAN, SELMI, 2010).

O embarque e o desembarque também representam etapas da viagem caracterizadas por constrangimentos e desconfortos associados principalmente a falta de pontes de embarque ou outros equipamentos de auxílio à elevação (ambulift) e falta de apoios de braços móveis nos assentos das aeronaves, dificultando o processo de transferência (PORIA, REICHEL, BRANDT, 2010; DARCY, 2012).

Os passageiros idosos também enfrentam dificuldades, entre as quais os estudos destacaram a localização e o deslocamento nos terminais, distâncias percorridas, esperas e falta de condições adequadas para embarque e desembarque (WOLFE; SUEN, 2007; WOLFE, 2003; CHANG; CHEN, 2012b).

De acordo com Veldhuis e Holt (2013) os três principais problemas encontrados pelos passageiros obesos são i) a compra e reserva de assentos, principalmente, em decorrência da falta de informação quanto às políticas das companhias aéreas dedicadas aos passageiros obesos; ii) aspectos da aeronave, tais como, a largura dos assentos, cintos de segurança, largura dos corredores, toaletes e mesas de bordo e; iii) deslocamento no aeroporto, embarque e desembarque.

Sobre o desenvolvimento dos estudos, conforme apresentado no Quadro 10, estes se fundamentaram, predominantemente, na abordagem qualitativa. As técnicas de coleta de dados utilizadas foram survey, entrevistas, grupos focais, revisão de literatura e análise de narrativas e reclamações.

Quadro 10 – Métodos, técnicas e participantes dos estudos revisados

Elaborado pela autora.

Referência publicaçãoAno de Local Participantes Métodos e técnicas para coleta de dados Chang, Chen.

Meeting the needs of disabled air passengers: factors that facilitate help from airlines and airports.

2012a Taiwan Funcionários de companhias aéreas, aeroportos e órgãos governamentais.

Idade principalmente entre 31 e 50 anos e formação de nível superior. Total de participantes: 180.

Survey realizado via telefone ou email.

Chang, Chen.

Overseas travel choice for people with reduced mobility.

2012b Taiwan Pessoas com mobilidade reduzida e funcionários de companhias aéreas, aeroportos e agências de viagens.

Total de participantes: 269.

Survey realizado via telefone ou entrevistas face- a-face.

Chang.

Cabin safety behavioral intentions of passengers with reduced mobility.

2012 Taiwan Passageiros com mobilidade reduzida e passageiros sem restrições de mobilidade (regulares).

Os participantes tinham em sua maioria Ensino Superior e viajavam principalmente por lazer. Total de participantes: 1124

Survey realizado por meio de entrevistas face-a-face (Aeroporto Internacional de Taipei).

Small, Darcy, Packer. The embodied tourist experiences of people with vision impairment: management implications beyond the visual gaze.

2012 Austrália Pessoas com deficiência visual congênita ou adquirida, gênero feminino e masculino; idade entre 20 e 90 anos.

Total de participantes: 28

Grupos focais e entrevistas semiestruturadas

Continua Quadro 10.

Elaborado pela autora. Referência Ano de

publicação Local Participantes

Métodos e técnicas para coleta de dados Darcy.

(Dis)Embodied air travel experiences: disability, discrimination and the affect of a discontinuous air travel chain.

2012 Austrália Foco em pessoas com deficiência física e usuários de cadeira de rodas, além de pessoas com deficiência visual, auditiva, ou cognitiva.

Análise dos resultados de estudos anteriores sobre turismo de pessoas com deficiência, entre os quais: survey (2600 participantes); entrevistas (19 participantes); casos de reclamação relacionados ao transporte aéreo (n=41) Chang, Chen.

Identifying mobility service needs for disabled air passengers.

2011 Taiwan Pessoas com comprometimento da função dos membros inferiores.

Gênero masculino e feminino, idade principalmente entre 40 e 49 anos, formação de nível médio. Realizavam 2 ou menos viagens por ano.

Total de participantes: 130.

Survey aplicado por meio de entrevistas e análise dos procedimentos seguidos nos serviços de transporte aéreo.

Castro.

Acessibilidade de turistas com necessidades especiais ao transporte aéreo.

2010 Brasil Pessoas com deficiência física. Total de participantes: 15

Entrevista (uso de questionário semiestruturados e fluxogramas de viagem)

Poria, Reichel, Brandt. The flight experiences of people with disabilities: an exploratory study.

2010 Israel Pessoas com deficiência física usuárias de cadeiras de rodas ou usuárias de muletas; pessoas com deficiência visual (cegueira) (deficiência congênita ou adquirida); funcionários de organizações que prestam serviços ao público alvo e comissários de bordo. Total de participantes: 69

Entrevista.

Freeman, Selmi. French versus Canadian tourism: response to the disabled.

2010 França e Canadá

Pessoas com deficiência visual, física, auditiva, cognitiva, psiquiátrica/psicológica e múltipla.

Total de participantes: 49

Entrevista semiestruturada.

Daniels, Rodgers, Wiggins. "Travel tales": an interpretative analysis of constraints and negotiations to pleasure travel as experienced by persons with physical disabilities.

2005 Estados Unidos

Pessoas com deficiência física e acompanhantes de viagens. Total de relatos: 23, sendo 03 acompanhantes de viagem.

Análise de narrativas submetidas ao fórum do site de uma companhia internacional de viagens para pessoas com deficiência.

Conclusão Quadro 10.

Elaborado pela autora.

Nos estudos encontrados nota-se o envolvimento dos usuários, no entanto, apenas Wolfe (2003) e Veldhuis e Holt (2013) citaram a realização de observações em aeroportos e voos, respectivamente. Não foram encontrados estudos baseados na abordagem

Referência Ano de

publicação Local Participantes

Métodos e técnicas para coleta de dados Yau, McKercher, Packer

Traveling with disabilites: more than an access issue.

2004 China Pessoas com deficiência física (usuários ou não de cadeira de rodas) e pessoas com deficiência visual. Deficiência congênita ou adquirida.

Total de participantes: 52

Entrevista individual e grupo focal.

Burnett, Baker.

Assessing the travel-related behaviors of the mobility- disabled consumer.

2001 Estados Unidos

Pessoas com deficiência física e comprometimento da mobilidade em diferentes níveis de

severidade: leve, moderado e severo.

Total de participantes: 312.

Survey realizada via questionário enviado por correio.

Chang, Chen.

Service needs of elderly air passengers.

2012c Taiwan Pessoas com 65 anos ou mais. Total de participantes: 203.

Survey por meio de entrevistas faca-a-face (Aeroporto Internacional Taoyuan).

Wolfe, Suen. Evaluation of airport

improvements for older adults. 2007.

2007 null Artigo de revisão. Revisão da literatura acerca do envelhecimento populacional e as mudançcas que

acompanham tal processo e, regulamentações relacionadas a construção e design de recursos acessíveis nos aeroportos. Suen, Wolfe.

Acessible Air Travel for the 21st Century.

2006 null Artigo de revisão. Revisão da literatura e regulamentações.

Os autores sugerem realizar uma viagem "virtual" a partir da perspectiva de um passageiro típico do transporte aéreo. Wolfe.

Accommodating agins population needs in airport terminals.

2003 Estados Unidos

Pessoas idosas identificadas em aeroportos e voluntários que auxiliam os passageiros no aeroporto.

Total de participantes: não apresentado no estudo.

Revisão da literatura; observações e entrevistas em aeroportos; grupo focal.

Veldhuis, Holt. Too fat to fly?

2013 null Foco em pessoas obesas. Revisão de soluções e políticas existentes. Entrevistas. Observações. *null : informação não disponível

da ergonomia, logo, a análise das restrições não enfatizou a atividade realizada nos contextos reais ao longo do ciclo de viagem para compreensão do comportamento dos participantes. Além disso, alguns autores correlacionam as restrições às características dos grupos estudados (WOLFE, 2003; PORIA, REICHEL E BRANDT, 2010; FREEMAN E SELMI, 2010; CHANG, CHEN, 2011; DARCY, 2012; BURNETT E BACKER, 2001) e não analisam, necessariamente, fatores ambientais e sociais, o que pode justificar o não uso de observações.