CAPÍTULO 4. RESTRIÇÕES À PARTICIPAÇÃO NAS VIAGENS AÉREAS E
4.2 Restrições à participação nas viagens aéreas
4.2.3 Restrições à participação no Desembarque
4.2.3.2 Locomover-se na cabine, sair da aeronave e chegar ao terminal;
Para sair da aeronave e locomover-se até o terminal aeroportuário os passageiros relataram restrições que se assemelham as mesmas enfrentadas no embarque, as quais se originam nas contradições e descontinuidades entre o passageiro, os artefatos, o
cad ob
Fatores atitudinais
Extravio de equipamento de auxílio à locomoção/ equipamento de competição
Falta de cuidado e danos à cadeira de rodas/equipamentos RESTRIÇÕES Passageiro-Companhia aérea Pessoa com deficiência física Pessoa com
nanismo Pessoa obesa Pessoa idosa cad
Usuário de cadeira de rodas
ob Obeso
operador aeroportuário, a companhia aérea, as regras, a comunidade e o objeto da atividade, conforme apresentado na Figura 16.
Figura 16 – Restrições à participação no desembarque: locomover-se na cabine, sair da aeronave e chegar ao terminal
Elaborado pela autora.
Nas entrevistas preliminares, os passageiros ressaltaram as restrições relacionadas às contradições e descontinuidades entre passageiros e as regras e entre o passageiro e a companhia aérea. A Resolução nº 280/2013 da ANAC estabelece que o desembarque dos passageiros com necessidade de assistência no transporte aéreo deve ocorrer após a saída dos demais passageiros para assegurar privacidade e o tempo para chegada dos equipamentos e funcionários para auxílio, no entanto os usuários avaliam que isto gera demora para saída da aeronave. Além disso, os entrevistados destacaram as variações entre os procedimentos, desrespeitando as normas.
Ai dentro disso também, porque tem a prioridade, a legislação garante a prioridade de embarque e aquela coisa toda. Mas a prioridade só serve no embarque, pro desembarque a gente vira último (E6).
A companhia aérea deve prestar assistência no desembarque da aeronave; deslocamento na aeronave; deslocamento da aeronave até
a área de restituição de bagagem; recolhimento da bagagem e saída da área de
desembarque. O operador aeroportuário deve disponibilizar equipamentos para auxílio ao
desembarque. PNAE deve desembarcar após os demais passageiros,
salvo em condições que justifiquem priorização, por exemplo, pegar voo de conexão. Tais procedimentos devem ser realizados preferencialmente por pontes de embarque, podendo ser utilizados equipamentos de ascenso ou descenso ou rampa. É vedado carregar o
passageiro manualmente.
Equipamento assistivo transportado no compartimento de bagagem deve ser disponibilizado ao passageiro no
momento do desembarque na porta da aeronave. Em caso de danos ou perda de equipamentos médicos
ou assistivos so passageiro deverá ser compensado. (Resolução ANAC nº280/2013) Locomoção da cabine, até o terminal aeroportuário Passageiro chega até a aeronave, mas nem sempre em condição de segurança e independência Passageiro com deficiência, idoso e/ou obeso Acompanhantes Outros passageiros Atendentes da companhia aérea
Escada Ponte de desembarque Cadeira de rodas de desembarque
Cadeira “lagarta” Ambulift Cadeira de rodas de bordo
Bagageiro da cabine Ônibus Aeronave
Eu acho que a demora, tipo um cadeirante, a demora que leva pra desembarcar. Pra tirar eles demora. É o último. No caso de deficiente visual, no dia que eu viajei a aeromoça não sabia que ele estava comigo. Então ela pediu um acompanhante, só que o acompanhante demorou muito e eu acabei levando ele comigo (E12).
Eu tô falando da minha cadeira de uso pessoal, não subiu pro avião, porque normalmente sobe pro avião, mas não subiu (E11).
O Quadro 39 mostra que a demora em desembarcar foi mencionada por participantes de dez grupos na pesquisa com questionário.
Quadro 39 – Restrições na locomoção da cabine da aeronave até o terminal: contradições e descontinuidades entre passageiro e regras
Elaborado pela autora.
Com relação a liberação dos equipamentos assistivos aos passageiros no desembarque, na viagem com PF7 a passageira solicitou que sua cadeira de rodas fosse entregue na saída da aeronave. No entanto, ao descer a escada acoplada à aeronave, a companhia aérea entregou-lhe outra cadeira. A passageira optou por aguardar até localizarem e entregarem sua cadeira pessoal, para que a mesma não fosse enviada para a esteira.
Na observação 18 um idoso no voo utilizava muleta, estava com um acompanhante pessoal e realizou os deslocamentos para embarque utilizando uma cadeira de rodas da companhia aérea. No desembarque, um equipamento foi prontamente disponibilizado na ponte, mas a comissário pediu para o passageiro aguardar um funcionário.
No Quadro 40, são apresentadas as restrições mencionadas pelos participantes no questionário, as quais resultam das contradições e descontinuidades entre o passageiro e o operador aeroportuário. Cabe salientar, que o desembarque remoto pode ser não apenas uma questão de infraestrutura do aeroporto, mas também uma escolha operacional da companhia aérea devido aos menores custos envolvidos.
cad ob id
Demora para desembarcar
RESTRIÇÕES Passageiro - Regras
Pessoa com deficiência física
Pessoa com
deficiência auditiva Pessoa obesa
Pessoa obesa e
idosa id Idoso
Pessoa com nanismo
Pessoa com
deficiência visual Pessoa idosa cad
Usuário de
cadeira de rodas ob Obeso
Quadro 40 – Restrições na locomoção da cabine da aeronave até o terminal: contradições e descontinuidades entre passageiro e operador aeroportuário
Elaborado pela autora.
Na entrevista de restituição PF7 resume as restrições decorrentes das contradições e descontinuidades relacionadas ao operador aeroportuário e também às companhias aéreas.
Mesmas questões do embarque. Teria que ter mais informação quanto ao embarque-desembarque de cadeirantes, facilitar o acesso e quando tiver, sempre utilizar o finger [ponte de embarque/desembarque]. Mesmo aeroportos que têm finger acontece de o avião não parar no finger. Precisa ter uma melhor comunicação da companhia com o aeroporto para destinar o voo para finger. Sempre é perguntado sobre as condições para subir/descer escada; para então verificar a necessidade de algum recurso adicional para embarque/ desembarque. No caso dos atletas procuramos ter equipe acompanhando para o caso de necessidade de carregar para não ficar a mercê dos funcionários da empresa. As distâncias no aeroporto, inclusive o percurso de onde para o avião para o terminal são bem ruins. Mesmo aeroportos que tem esteira não ajudam muito na questão das distâncias que precisam ser percorridas. A maior dificuldade no transporte é quando não pode passar pelo finger. Ai você tem ir no ônibus, ou ficar esperando vir o ambulift. Demora pra caramba. Até por isso a gente acaba desembarcando por último. Normalmente a gente desembarca por último, mas deveria vir mais rápido. Já cheguei a ficar mais ou menos 30 minutos esperando no avião para poder sair da cabine. É uma dificuldade muita grande quando viaja com companhias que não tem o suporte de parar no finger ou disponibilizar o ambulift para o passageiro embarcar/desembarcar. Quando depende do ônibus é ainda mais dificultoso (PF7).
Apesar de previsto na Resolução nº 280/2013 da ANAC, na observação 40 também verificou-se que mesmo quando há ponte de embarque/desembarque não há
cad
DMu
ob id id id-ob
Ob
Falta sinalização específica no finger para pessoas com deficiência
Localizar-se no aeroporto
Desembarque remoto: descer as escadas da aeronave
Componente da acessibilidade espacial prejudicado: ORIENTAÇÃO Componente da acessibilidade prejudicado: DESLOCAMENTO RESTRIÇÕES
Passageiro-Operador aeroportuário
Desembarque remoto: ter que pegar ônibus Falta acessibilidade entre o terminal e a aeronave Falta de equipamentos adequados para desembarque (ausência de finger e ambulift)
Demora para chegada dos equipamentos para auxílio ao desembarque, quando existentes
Pessoa com deficiência física
Pessoa com
deficiência auditiva DMu
Pessoa com
deficiência múltipla Pessoa obesa ob Obeso Pessoa com
nanismo
Pessoa com
deficiência visual Pessoa idosa
Pessoa obesa e idosa id Idoso Participantes Usuário de cadeira de rodas cad
priorização para utilizá-la no desembarque de passageiros usuários de cadeira de rodas. Na data, havia um voo com três passageiros nesta condição e o mesmo foi encaminhado para o desembarque remoto.
Ainda em relação às questões sob responsabilidade do operador aeroportuário, na viagem acompanhando PF1 o passageiro e seu guia mostraram restrições quanto a sinalização no desembarque remoto, especialmente, da porta correta para acesso ao terminal. Passageiros tentaram entrar em duas portas antes de acharem o local. Restrições relacionadas a sinalização foram evidenciadas na observação 20, na qual um idoso era conduzido por outro na cadeira de rodas de uma companhia aérea e rodavam no saguão a procura de um elevador, uma vez que a sinalização para saída indicava apenas o acesso via escada rolante.
Nos Quadros 41 e 42, são apresentadas as restrições relacionadas às contradições e descontinuidades entre passageiro e a companhia aérea e entre passageiro e artefatos evidenciadas na pesquisa com questionário.
Quadro 41 – Restrições na locomoção da cabine da aeronave até o terminal: contradições e descontinuidades entre passageiro e companhia aérea
Elaborado pela autora.
cad ob id id-ob
Componente da acessibilidade prejudicado: DESLOCAMENTO
Fatores operacionais Ser carregado manualmente
Falta padronização do procedimento para desembarcar com segurança (cadeira de rodas enviada para a esteira) Demoram para localizar e liberar os equipamentos assistivos
Falta prioridade para parar no finger em caso de passageiro com deficiência e cadeirante no voo RESTRIÇÕES
Passageiro-Companhia aérea
Faltam cadeiras de rodas das companhias e aeroportos disponíveis Pessoa com deficiência física Pessoa com nanismo cad Usuário de cadeira
de rodas ob Obeso id Idoso
Quadro 42 – Restrições na locomoção da cabine da aeronave até o terminal: contradições e descontinuidades entre passageiro e artefatos
Elaborado pela autora.