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Construção da amostra

No documento UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR (páginas 124-127)

PARTE II INVESTIGAÇÃO EMPÍRICA: AS EMPRESAS INDUSTRIAIS PORTUGUESAS

7. METODOLOGIA DA INVESTIGAÇÃO

7.2.3.2. Construção da amostra

Os dados utilizados nesta investigação foram recolhidos pelo OCT - Observatório das Ciências e das Tecnologias, com a colaboração do INE – Instituto Nacional de Estatística e contou com o apoio de dois peritos, Pedro Conceição, na área da inovação, e Patrícia Ávila, na área da estatística. A recolha dos dados efectuou-se durante o segundo semestre de 1998, através de inquérito por questionário designado por Segundo Inquérito Comunitário à Inovação – CIS II (Community Innovation Survey II). O ano a que reporta a inquirição é 1997, havendo uma parte significativa de questões que se referem ao período de 1995-1997. Este questionário foi aplicado no espaço europeu sob supervisão do Eurostat e segundo as definições do Manual de Oslo (OCDE, 1997).

A população contempla todas as empresas industriais com pelo menos 20 empregados. As classes de actividades económicas (CAE) pertencentes a população e no caso concreto da indústria são as seguintes: 15 até 37 e 40 até 415.

A amostra foi construída pelo INE - Instituto Nacional de Estatística, de acordo com as especificações metodológicas do Eurostat. O INE seleccionou uma amostra inicial de empresas da indústria, extraídas das 9289 empresas industriais registadas no FGUE - Ficheiro Geral de Unidades Estatísticas do INE.

5 Os sectores de actividade são classificados utilizando a nomenclatura da CAE – 2ª Rev. Correspondendo o 15-

16 às indústrias alimentares, bebidas e tabaco; 17 às indústrias têxteis; 18 às indústrias de vestuário; 19 às indústrias do couro e produtos de couro; 20 às indústrias de madeira cortiça e suas obras; 21-22 às indústrias de pasta de papel, papel e cartão e seus artigos; 23 às indústrias de fabricação de coque e produtos petrolíferos; 24 às indústrias de fabricação de produtos químicos e fibras sintéticas; 25 às indústrias de fabricação de artigos de borracha e matérias plásticas; 26 às indústrias de fabricação de outros produtos minerais não metálicos; 27-28 às indústrias metalúrgicas de base e de produtos metálicos; 29 às indústrias de fabricação de máquinas e equipamentos; 30-33 às indústrias de fabricação de equipamento eléctrico e de óptica; 34-35 às indústrias de fabricação de material de transporte; 36-37 às outras indústrias transformadoras; 40-41 às empresas de electricidade, gás e água.

De acordo com Conceição e Ávila (2001), a amostra foi construída através de um método

misto, que combina a abordagem censitária com a amostragem aleatória estratificada, do

seguinte modo:

• para empresas com mais de 200 trabalhadores utilizou-se a abordagem censitária; assim consideraram-se todas as empresas das CAE mencionadas com pelo menos 200 trabalhadores;

• para empresas com menos de 200 trabalhadores utilizou-se o método de amostragem estratificada, no qual se considerou o tipo de actividade económica e a classe de dimensão (número de pessoal ao serviço: 20-49, 50-249 e 250 ou mais). Assim, foram seleccionadas empresas aleatoriamente por CAE e dimensão.

• por fim, procurou-se assegurar que todos os estratos tivessem pelo menos 5 empresas e que nos estratos em que existiam menos de 5 empresas na população, todas fossem incluídas na amostra.

Segundo Conceição e Ávila (2001), na preparação da inquirição, todas as empresas da amostra foram submetidas a uma verificação exaustiva dos endereços e contactos. Os contactos preliminares permitiram eliminar algumas empresas que, embora permanecessem registadas no FGUE, já tinham cessado actividade, procedendo-se a uma primeira correcção da amostra e ao seu abatimento à população. A amostra inicial sofreu alguns ajustamentos resultantes da inquirição, devido às incorrecções do ficheiro ou às mudanças de actividade, pelo que se procedeu à reclassificação das actividades e/ou das classes de dimensão de algumas empresas. A amostra obtida depois de corrigida pelos resultados da inquirição foi de 1429 empresas e designa-se por amostra corrigida. As empresas que responderam ao questionário de forma válida de acordo com as normas definidas pelo Eurostat, totalizaram 819 constituindo a

amostra final. No Quadro 7.2 apresenta-se a distribuição das empresas da indústria

transformadora por escalões dimensionais, na população, na amostra corrigida e na realizada. Quadro 7.2 – População, amostra corrigida e realizada na indústria

Amostra Indústria Transformadora População

Inicial Corrigida Realizada (%)

Pequenas empresas (20-49) 5 770 558 508 232 28,3 %

Médias empresas (50-199) 2 980 387 327 229 28,0 %

Grandes empresas (200 e mais) 611 611 594 358 43,7 %

Total 9 289 1556 1 429 819 100,0 %

O inquérito foi efectuado por via postal, com envio dos questionários às empresas para auto- preenchimento, sendo facultada assistência aos inquiridos por via telefónica ou correio electrónico. Junto das empresas em falta, foram feitas insistências por fax e por telefone com reenvio do questionário quando solicitado.

Considerando o número de empresas que responderam ao questionário que constitui a amostra final, com o número de empresas da amostra teórica corrigida, verificou-se que as 819 respostas obtidas nas empresas industriais, representam uma taxa de resposta global de 57,3%. Ao comparar esta taxa de resposta com outros países participantes, nomeadamente Alemanha com 24% e Noruega com 93%, verifica-se que Portugal apresenta uma taxa intermédia (Conceição e Ávila, 2001).

De acordo com a metodologia definida pelo Eurostat, em todos os países em que se obtivessem taxas de resposta inferiores a 70% dever-se-ia realizar um inquérito às não respostas. Assim, tal como apresentam Conceição e Ávila (2001) procedeu-se a um inquérito junto de uma amostra aleatória de 12% das empresas que não haviam respondido, com um questionário reduzido a 3 perguntas-chave, relativas à introdução, ou não, de inovação no ano anterior, as quais eram exactamente iguais às do questionário principal. O inquérito às não respostas foi preenchido por 85% das empresas da sub-amostra. A comparação estatística dos resultados nas perguntas-chave, entre as empresas que responderam ao questionário completo e a amostra de não-respondentes, revelou não foram detectadas diferenças estatisticamente significativas quanto ao peso das empresas inovadoras participantes e não participantes. Estes “resultados levaram o Eurostat a não alterar o factor de ponderação no caso da Indústria” (Conceição e Ávila, 2001:19). Deste modo, e no âmbito da análise desenvolvida nesta investigação consideraram-se os dados em falta como “completamente aleatórios”, designados por Little e Rubin (1987) como MCAM - “Missing Completely at Random”.

Apesar de algumas limitações associadas ao questionário, entre as quais se destaca a falta de informações sobre as empresas que não inovam, o balanço do CIS II é bastante positivo, devido à qualidade e fiabilidade da informação, bem como ao acesso a muita quantidade de informação.

No documento UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR (páginas 124-127)