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Método de recolha de dados

No documento UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR (páginas 121-124)

PARTE II INVESTIGAÇÃO EMPÍRICA: AS EMPRESAS INDUSTRIAIS PORTUGUESAS

7. METODOLOGIA DA INVESTIGAÇÃO

7.2.3.1. Método de recolha de dados

Em primeiro lugar, havia que ter em conta o tipo de dados que se pretendia obter. Tratava-se de dados que permitissem caracterizar as empresas industriais e o seu processo de inovação, dados acerca dos factores que possam influenciar a inovação nas empresas industriais portuguesas e dados sobre o desempenho inovador dessas mesmas empresas.

Atendendo ao tipo de dados que se pretendia obter e ao tratamento estatístico que se visualizava efectuar, à partida poderiam ser utilizados três tipos de métodos de escolha: o questionário, as entrevistas e os dados secundários. As entrevistas, apesar das vantagens que apresentam, foram logo postas fora de questão devido à morosidade e ao custo deste método que não corresponderiam às limitações temporais desta investigação. O questionário parecia ser o método de recolha de dados mais apropriado, porque, para além de poder proporcionar a quantidade de informação desejável, permitiria ainda aceder rapidamente à informação, mas colocava-se o problema relacionado com o baixo índice de resposta, geralmente associado a este método. Considerando que os dados secundários poderiam obviar estes inconvenientes e permitiriam aceder rapidamente a muita informação a um baixo custo, procurou-se saber se existiriam dados secundários que permitissem obter as informações necessárias para realizar a investigação empírica pretendida. Assim, o passo seguinte constitui em averiguar se existiam dados, já recolhidos anteriormente por outra entidade e para outro projecto, que servissem à investigação em curso.

Na realidade, comprovou-se que existia informação secundária no âmbito da inovação que incidia sobre a população objecto de estudo. Atendendo às vantagens e aos inconvenientes associados a este tipo de método de recolha de dados (Zikmund, 1997; Malhotra, 1999; Burns e Bush, 2000), procedeu-se a uma avaliação da adequação deste método para este estudo. Deste modo, analisaram-se questões relativas ao conteúdo e qualidade da informação, ao índice de resposta, à actualidade dos dados, à disponibilidade e aos custos associados a esses dados.

Para obter resposta a estas questões, e tendo conhecimento que o organismo responsável pela recolha, processamento e disponibilização dos dados sobre a inovação empresarial era o OCT - Observatório das Ciências e das Tecnologias1, efectuou-se um primeiro contacto telefónico com a pessoa responsável pelos referidos dados secundários, seguida de uma entrevista pessoal com essa mesma pessoa nas instalações do OCT. Na sequência destes contactos e verificando-se que os mesmos poderiam ter interesse para a investigação empírica que se pretendia realizar, obtiveram-se as informações necessárias sobre as questões que haviam sido colocadas.

Assim foi possível ficar a saber que, os dados secundários, no momento disponíveis, tinham sido recolhidos através de inquérito por questionário designado por Segundo Inquérito Comunitário às Actividade de Inovação nas Empresas Industriais Portuguesas – CIS II (Community Innovation Survey II)2. Este questionário foi aplicado no espaço europeu sob supervisão do Eurostat e segundo as definições do Manual de Oslo (OCDE, 1997). Em Portugal, foi conduzido pelo Observatório das Ciências e das Tecnologias, com a colaboração do INE – Instituto Nacional de Estatística e contou com o apoio de dois peritos, Pedro Conceição, na área da inovação, e Patrícia Ávila, na área da estatística. Estes dados foram recolhidos junto das empresas no primeiro semestre de 1998, o ano a que reporta a inquirição é 1997, havendo uma parte significativa de questões que reportam ao período de 1995 – 1997. No seguimento desta entrevista também se ficou a saber que estava a decorrer a introdução e processamento das respostas do Terceiro Inquérito Comunitário à Inovação – CIS III (Community Innovation Survey III)3. Após este processamento, efectuado pelo OCT, os dados iriam ser enviados para o Eurostat para validação.

1Actualmente denomina-se por Observatório da Ciência e do Ensino Superior

2 Obteve-se um exemplar do questionário que se encontra em anexo (c.f. Anexo: p.257-265)

3Estes dados foram recolhidos junto das empresas entre Outubro de 2001 e Junho de 2002. O ano a que reportava a inquirição é 2000,

Nos primeiros contactos com o OCT recolheram-se informações sobre a actualidade, disponibilidade e custo dos dados. Efectivamente, obtiveram-se informações de que era possível aceder a muita informação a um custo nulo. Com efeito, teve-se conhecimento de que seria possível aceder gratuitamente ao conteúdo integral da base de dados do CIS II e CIS III. Quanto à actualidade dos dados, pelas informações obtidas, soube-se que os dados do CIS II eram os mais actuais que existiam e que mediante o cumprimento de determinados requisitos poderiam ser disponibilizados de imediato. Quanto aos dados do CIS III contava-se que iriam ser colocados à disposição no final de 2002 ou início de 2003, pelo que não poderiam ser mais actuais. Portanto, estavam reunidas as condições para recorrer a estes dados, no que diz respeito à actualidade, à disponibilidade e aos custos associados a estes dados.

Foram analisados os requisitos exigidos pelo OCT para a formalização do pedido. Após o cumprimento de todos os requisitos efectuou-se, em 10 de Outubro de 2002, o pedido formal da cedência do conteúdo integral da base de dados CIS II e CIS III (c.f. Anexo: p. 252-253). O mesmo foi aceite e em 14 de Outubro de 2002 recebeu-se via e-mail a base de dados do CIS II, com o conteúdo integral do Segundo Inquérito Comunitário às Actividades de Inovação nas Empresas Industriais Portuguesas (c.f. Anexo: p. 251).

O pedido de dados do CIS II visava a sua utilização em termos exploratórios, com esta base de dados era possível efectuar uma série de análises estatísticas. Assim, a análise preliminar do CIS II permitiu verificar que estes dados se prestavam à aplicação da modelagem estatística que consta na literatura específica, tal como nas investigações empíricas de Kaufmann e Tödtling (2000, 2001), Fritsch e Lukas (1999, 2001), Bayona, García-Marco e Huerta (2001), Sternberg e Arndt (2001), entre outros.

Perante as situações expostas4 e uma vez que existem prazos a cumprir para a conclusão da tese, decidiu-se proceder a elaboração da parte empírica da mesma com os dados obtidos do CIS II. Estes dados foram enviados pelo OCT sem custos e contêm a cedência integral do

4

Existiu sempre a expectativa de que os dados do CIS III iriam brevemente ser obtidos, pelas informações obtidas através de contactos efectuados via telefone ou e-mail (c.f. Anexo: 254), pois aguardava-se a todo o momento que o processo de validação dos dados pelo Eurostat se concluísse e posteriormente os dados fossem disponibilizados. Assim, toda a aprendizagem efectuada, os conhecimentos adquiridos e postos em prática nos dados do CIS II iriam ser aplicados no CIS III. Em Agosto de 2003, recebeu-se uma carta do OCT (c.f. Anexo: 255- 256) onde se solicitava a reformulação do pedido já efectuado em 10 de Outubro de 2002 e se informava que os dados do CIS III ainda não estavam disponíveis, pois o processo de validação do Eurostat ainda decorria. A reformulação do pedido foi efectuada segundo as condições exigidas pelo OCT. Assim, como não era possível obter o conteúdo integral da base do CIS III, como era referido na dita carta, efectuou-se o pedido das variáveis sobre as quais se pretendia informação. Esta informação tinha custos associados. No entanto, o principal problema com o qual nos enfrentámos, naquele momento, dizia respeito à disponibilidade dos dados, uma vez que não se sabia quando é que os dados do CIS III estariam disponíveis.

conteúdo da base de dados, por isso abarcam todas as respostas das empresas industriais portuguesas ao Segundo Inquérito Comunitário à Inovação.

Perante os factos apresentados, surgiu uma questão pertinente: saber se os dados obtidos do CIS II continham todas as informações necessárias à investigação empírica. Pelo interesse e pertinência desta questão, a sua resposta será desenvolvida separadamente no ponto 7.2.3.3 que aborda o conteúdo da informação.

No documento UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR (páginas 121-124)