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UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR

DEPARTAMENTO DE GESTÃO E ECONOMIA

Tese de Doutoramento em Gestão

CAPACIDADE INOVADORA EMPRESARIAL

ESTUDO DOS FACTORES IMPULSIONADORES E LIMITADORES

NAS EMPRESAS INDUSTRIAIS PORTUGUESAS

Maria José Aguilar Madeira Silva

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UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR

DEPARTAMENTO DE GESTÃO E ECONOMIA

Tese de Doutoramento em Gestão

CAPACIDADE INOVADORA EMPRESARIAL

ESTUDO DOS FACTORES IMPULSIONADORES E LIMITADORES

NAS EMPRESAS INDUSTRIAIS PORTUGUESAS

Maria José Aguilar Madeira Silva

Tese de Doutoramento em Gestão realizada sob orientação: Doutor Mário Lino Barata Raposo, Professor Catedrático da

Universidade da Beira Interior

Doutor Juan J. Jiménez Moreno, Professor Catedrático da Universidad Castilla - La Mancha

Doutora Maria Eugénia Ferrão, Professora Auxiliar da Universidade da Beira Interior

Financiamento PRODEP – Acção 5.3 – Projecto 185.003

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Aos meus pais, marido e filhos, Joana e João

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AGRADECIMENTOS

A realização deste trabalho contou com inúmeros apoios, individuais e institucionais, que não poderia deixar de referir e aos quais quero expressar o meu reconhecimento e gratidão.

Assim, agradeço ao Prof. Mário Raposo, meu orientador, pelo apoio, estímulo, sugestões e críticas, bem como, pela dedicação e disponibilidade sempre manifestada ao longo de toda esta investigação.

Agradeço ao Prof. Juan Jiménez, meu orientador, tanto pelas estimulantes e valiosas sugestões, como pela confiança transmitida ao longo da realização de toda esta investigação. À Prof. Maria Eugénia Ferrão, minha orientadora, agradeço o apoio recebido na área da estatística e o empenho que demonstrou ao longo da realização da investigação empírica. Gostaria de agradecer à Universidade da Beira Interior pela bolsa de PRODEP concedida, ao Departamento de Gestão e Economia pelos recursos disponibilizados e ao OCT/OCES pela cedência de dados do CIS II, que em muito contribuíram para a realização deste trabalho. Ao Prof. Víctor Corado Simões agradeço a disponibilidade e as valiosas sugestões sobre os fundamentos teóricos deste trabalho. À Mestre Ana Paixão agradeço reconhecidamente a revisão efectuada ao trabalho escrito. À Dr.ª Filomena Oliveira, coordenadora do OCT/OCES, quero agradecer a colaboração que prestou na disponibilização de dados e, também, no esclarecimento de dúvidas sobre os dados do CIS II.

Agradeço ainda, aos colegas do Departamento de Gestão e Economia da Universidade da Beira Interior e, em especial, ao Paulo Duarte, Florbela, Helena, João, Paulo, Susana, e Ricardo pelo estímulo, troca de impressões e sugestões que oportunamente tiveram lugar. Agradeço, também, a colaboração da Marta e da Dª Fernanda.

Por último, mas não menos importante, os meus agradecimentos à minha família e aos meus amigos, em especial, aos meus pais, Sílvio, Joana, João, Luís, Marta, José Firmino e Henrique Rios, pelo apoio incondicional e incentivo que me deram ao longo da realização deste trabalho.

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RESUMO

Face à crescente globalização da actividade económica, à progressiva integração dos mercados e aos desafios que se colocam às empresas, a inovação assume-se como um factor chave de competitividade empresarial. As empresas, conscientes deste facto, devem cada vez mais esforçar-se por inovar, desenvolvendo novos produtos e processos, ou melhorando os existentes. A presente investigação tem como objectivo analisar os principais factores que influenciam o processo inovador nas empresas industriais portuguesas e, consequentemente, a sua capacidade inovadora.

Assim, toma como quadro conceptual as abordagens actuais de referência sobre a temática da inovação empresarial, desenvolvendo um suporte teórico, corroborado por um suporte empírico, que permite identificar e analisar os factores internos, relacionais e externos que impulsionam e limitam a capacidade inovadora das empresas industriais portuguesas.

Para testar empiricamente as hipóteses formuladas utilizaram-se dados secundários disponibilizados pelo OCT - Observatório da Ciência e da Tecnologia, pertencentes ao Segundo Inquérito Comunitário às Actividades de Inovação – CIS II (Community Innovation Survey II). Perante a complexidade do fenómeno em estudo, explicado por múltiplos factores, tornou-se necessário explorar as relações que os factores exercem entre si e sobre a capacidade inovadora empresarial, pelo que se recorreu à análise estatística multivariada. Assim, aos dados obtidos aplicaram-se modelos de regressão logística, que permitiram o contraste empírico das hipóteses de investigação relativas aos oito factores em estudo. Os resultados obtidos mostram que os factores: capacidade tecnológica, dimensão empresarial, sector de actividade, orientação de mercado e região onde a empresa se insere, influenciam a propensão para a empresa inovar. A limitação de dados sobre as empresas não inovadoras, decorrente do CIS II, inviabilizou a análise empírica de dois factores incluídos no modelo conceptual proposto, nomeadamente: esforço tecnológico e apoio financeiro público à inovação. Quanto aos relacionamentos externos estabelecidos com os parceiros no âmbito da inovação, os resultados indicam que as empresas que estabelecem relacionamentos com parceiros de negócio - clientes, fornecedores e empresas de grupo - têm mais propensão em desenvolver avanços inovadores do que as empresas que não estabelecem tais relacionamentos; os resultados mostram também que, o desenvolvimento de avanços inovadores produzidos pelas empresas são mais estimulados pela colaboração com as universidades e com outras instituições aqwwede ensino superior, do que com os restantes parceiros da ciência. Com esta análise pretendeu-se estudar o contributo de cada um destes factores quer como impulsionadores, quer como limitadores da capacidade inovadora empresarial.

(6)

ÍNDICE GERAL

ÍNDICE DE QUADROS ...VII ÍNDICE DE FIGURAS ... IX ÍNDICE DE GRÁFICOS...X SIGLAS UTILIZADAS... XI 1. ENQUADRAMENTO DO PROBLEMA ...1 1.1.IMPORTÂNCIADOTEMA...1 1.2.OBJECTIVOSDEINVESTIGAÇÃO...3 1.3.QUESTÕESDEINVESTIGAÇÃO ...4 1.4.ESTRUTURADATESE...5

PARTE I - FUNDAMENTOS TEÓRICOS SOBRE INOVAÇÃO EMPRESARIAL...7

2. INOVAÇÃO EMPRESARIAL ...8

2.1.CARACTERIZAÇÃODAINOVAÇÃOEMPRESARIAL ...10

2.2.TIPOLOGIASDEINOVAÇÃOEMPRESARIAL...13

3. PERSPECTIVA HISTÓRICA SOBRE INOVAÇÃO EMPRESARIAL ...18

3.1.ASTESESDESCHUMPETER...18

3.2.ABORDAGEMTECHNOLOGY-PUSH ...19

3.3.ABORDAGEMMARKET-PULL...20

3.4.MODELOINTERACTIVODAINOVAÇÃO ...21

4. ABORDAGENS ACTUAIS DE REFERÊNCIA SOBRE INOVAÇÃO EMPRESARIAL ...24

4.1.ABORDAGEMSISTÉMICADAINOVAÇÃOEMPRESARIAL ...24

4.1.1. Sistema Nacional de Inovação ...26

4.1.2. Sistema Regional de Inovação ...30

4.1.2.1. Existência de efeitos externos regionais... 31

4.1.2.2. Aprendizagem colectiva... 31

4.1.2.3. Proximidade geográfica ... 32

4.1.2.4. Políticas regionais... 32

4.2.ABORDAGEMDEREDESEDASRELAÇÕESINTER-ORGANIZACIONAIS ...33

4.2.1. Abordagem de Cluster Industrial ...37

4.2.2. Abordagem de Distrito Industrial...41

4.2.2.1. Conceito de Distrito Industrial... 41

4.2.2.2. Principais Características do Distrito Industrial ... 43

4.2.2.3. Distritos Industriais como Rede de Inovação... 48

4.2.3. Abordagem de Redes Industriais ...51

4.2.4. Abordagem dos Recursos e Capacidades...55

4.2.4.1. Conceitos da abordagem de recursos e capacidades ... 56

4.2.4.2. Recursos, capacidades e processo de inovação ... 60

(7)

5. FACTORES IMPULSIONADORES E LIMITADORES DA CAPACIDADE INOVADORA

EMPRESARIAL ...65

5.1.RECURSOSECAPACIDADESTECNOLÓGICOS...66

5.1.1. Esforço Tecnológico ...66 5.1.2. Capacidade Tecnológica ...70 5.2.DIMENSÃOEMPRESARIAL ...71 5.3.SECTORDEACTIVIDADE...73 5.4.MERCADO ...75 5.5.RELACIONAMENTOSEXTERNOS...77

5.5.1. Tipo de Parceiros Externos ...80

5.5.1.1. Clientes... 81

5.5.1.2. Fornecedores... 82

5.5.1.3. Concorrentes ... 83

5.5.1.4. Universidades, Instituições de Ensino Superior e Instituições de Investigação Públicas... 84

5.5.1.5. Consultores e Instituições de Investigação privadas... 88

5.5.2. Componente Territorial dos Relacionamentos...88

5.6.REGIÃO ...90

5.7.FINANCIAMENTOPÚBLICOÀINOVAÇÃO...92

6. PROPOSTA DE MODELO CONCEPTUAL...95

PARTE II - INVESTIGAÇÃO EMPÍRICA: AS EMPRESAS INDUSTRIAIS PORTUGUESAS...97

7. METODOLOGIA DA INVESTIGAÇÃO...98 7.1.DESENHODAINVESTIGAÇÃO...98 7.2.INVESTIGAÇÃOEMPÍRICA ...99 7.2.1. Objectivos específicos ...99 7.2.2. Hipóteses de Investigação...100 7.2.3. Métodos Adoptados ...108

7.2.3.1. Método de recolha de dados... 108

7.2.3.2. Construção da amostra ... 111

7.2.3.3. Conteúdo da informação ... 114

7.2.3.4. Análise de dados... 123

7.2.3.4.1. Análise exploratória dos dados... 123

7.2.3.4.2. Modelação de dados e a inferência estatística... 124

7.2.3.5. Síntese dos aspectos metodológicos ... 130

8. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS...131

8.1.CARACTERIZAÇÃOGERALDASEMPRESASDAAMOSTRA ...131

8.2.FACTORESIMPULSIONADORESELIMITADORESDACAPACIDADEINOVADORA EMPRESARIAL ...139

(8)

8.3.MODELODEINOVAÇÃONOPRODUTO ...142

8.3.1. Descrição e caracterização das empresas e da inovação no produto...142

8.3.2. Modelo de Inovação no Produto, análise e resultados ...148

8.3.3. Síntese dos Resultados...157

8.4.MODELODEINOVAÇÃONOPROCESSO...159

8.4.1. Descrição e caracterização das empresas e da inovação no processo ...159

8.4.2. Modelo de Inovação no Processo, análise e resultados...165

8.4.3. Síntese dos Resultados...171

8.5.MODELODAINOVAÇÃOTECNOLÓGICA...173

8.5.1. Caracterização das condicionantes à inovação e das empresas...175

8.5.1.1. Caracterização das condicionantes à inovação ... 176

8.5.1.2. Caracterização das empresas... 182

8.5.2. Modelo de Inovação Tecnológica, análise e resultados ...185

8.5.3. Síntese dos Resultados...191

8.6.MODELODOSAVANÇOSINOVADORES ...193

8.6.1. Descrição e caracterização dos dados ...193

8.6.2. Modelo de avanços inovadores, análise e resultados ...198

8.6.3. Síntese dos Resultados...204

9. CONCLUSÕES, LIMITAÇÕES E SUGESTÕES PARA FUTURAS INVESTIGAÇÕES...206

9.1.CONCLUSÕESDAINVESTIGAÇÃO ...206

9.1.1. Conclusões gerais da investigação e do modelo proposto ...207

9.1.2. Conclusões da análise empírica da investigação...211

9.1.2.1. Conclusões da análise descritiva... 212

9.1.2.2. Conclusões da análise dos modelos ... 215

9.2.LIMITAÇÕESDAINVESTIGAÇÃO ...221

9.3.SUGESTÕESPARAFUTURASINVESTIGAÇÕES ...222

BIBLIOGRAFIA ...224

ANEXOS ...250

ANEXOS - Correspondência - OCT...251

ANEXOS - Questionário ...257

(9)

Índice de Quadros

QUADRO 2.1–TIPOS DE INOVAÇÃO SEGUNDO AS VARIÁVEIS DE CLASSIFICAÇÃO... 14

QUADRO 4.1–FACTORES IMPULSIONADORES DE INOVAÇÃO NUM CLUSTER INDUSTRIAL... 39

QUADRO 4.2–CLASSIFICAÇÃO DE RECURSOS... 57

QUADRO 4.3–TIPOLOGIA DAS CAPACIDADES... 58

QUADRO 4.4–SÍNTESE DAS PRINCIPAIS ABORDAGENS DE REFERÊNCIA SOBRE INOVAÇÃO EMPRESARIAL... 63

QUADRO 5.1–ESFORÇO TECNOLÓGICO... 67

QUADRO 5.2–SECTOR DE ACTIVIDADE –CAE2ªREV... 74

QUADRO 5.3–SECTOR POR NÍVEL DE INTENSIDADE TECNOLÓGICA... 74

QUADRO 5.4–TIPOLOGIAS DE RELACIONAMENTOS EXTERNOS... 78

QUADRO 7.1–SÍNTESE DAS HIPÓTESES GENÉRICAS E VARIÁVEIS ASSOCIADAS... 107

QUADRO 7.2–POPULAÇÃO, AMOSTRA CORRIGIDA E REALIZADA NA INDÚSTRIA... 112

QUADRO 7.3–VARIÁVEIS DEPENDENTES E MEDIDAS... 117

QUADRO 7.4–CONCEITOS, VARIÁVEIS INDEPENDENTES E MEDIDAS... 122

QUADRO 7.5–ASPECTOS METODOLÓGICOS DA INVESTIGAÇÃO EMPÍRICA... 130

QUADRO 8.1–DISTRIBUIÇÃO DAS EMPRESAS POR CLASSIFICAÇÃO ACTIVIDADE ECONÓMICA... 131

QUADRO 8.2–DISTRIBUIÇÃO DAS EMPRESAS POR DISTRITO... 132

QUADRO 8.3–DIMENSÃO DAS EMPRESAS POR NÚMERO DE TRABALHADORES... 133

QUADRO 8.4–DISTRIBUIÇÃO DAS EMPRESAS POR DIMENSÃO E INTENSIDADE TECNOLÓGICA... 134

QUADRO 8.5–DISTRIBUIÇÃO DAS EMPRESAS POR ORIENTAÇÃO DE MERCADO... 134

QUADRO 8.6–DISTRIBUIÇÃO DAS EMPRESAS POR ORIENTAÇÃO DE MERCADO E SECTOR DE ACTIVIDADE... 135

QUADRO 8.7–DISTRIBUIÇÃO DAS EMPRESAS QUE REQUERERAM PATENTES POR DIMENSÃO... 136

QUADRO 8.8–DISTRIBUIÇÃO DAS EMPRESAS POR EXTENSÃO DE INOVAÇÃO... 137

QUADRO 8.9–DISTRIBUIÇÃO DAS EMPRESAS POR CAE E INOVAÇÃO NO PRODUTO... 144

QUADRO 8.10–DISTRIBUIÇÃO DAS EMPRESAS POR NUTSIII POR INOVAÇÃO NO PRODUTO... 147

QUADRO 8.11–HIPÓTESE DO MODELO DE INOVAÇÃO NO PRODUTO E VARIÁVEIS ASSOCIADAS... 149

QUADRO 8.12–VARIÁVEIS DO MODELO DE INOVAÇÃO NO PRODUTO E HIPÓTESES ASSOCIADAS... 149

QUADRO 8.13–RESULTADOS DA REGRESSÃO LOGÍSTICA PARA O MODELO DE INOVAÇÃO NO PRODUTO... 150

QUADRO 8.14–REGRESSÃO LOGÍSTICA MULTINÍVEL PARA O MODELO DE INOVAÇÃO NO PRODUTO... 156

QUADRO 8.15–RESULTADOS DAS HIPÓTESES DO MODELO DE INOVAÇÃO NO PRODUTO... 158

QUADRO 8.16–DISTRIBUIÇÃO DAS EMPRESAS INOVADORAS NO PROCESSO SEGUNDO O SECTOR... 161

QUADRO 8.17–HIPÓTESE DO MODELO DE INOVAÇÃO NO PROCESSO E VARIÁVEIS ASSOCIADAS... 165

QUADRO 8.18–VARIÁVEIS DO MODELO DE INOVAÇÃO NO PROCESSO E HIPÓTESES ASSOCIADAS... 166

QUADRO 8.19–RESULTADOS DA REGRESSÃO LOGÍSTICA PARA O MODELO DE INOVAÇÃO NO PROCESSO... 167

QUADRO 8.20 –RESULTADOS DAS HIPÓTESES DO MODELO DE INOVAÇÃO NO PROCESSO... 172

QUADRO 8.21–COEFICIENTE DE CORRELAÇÃO DE RÓ DE SPEARMAN... 174

QUADRO 8.22–ESTATÍSTICAS DE ASSOCIAÇÃO KENDALL’τ(TAU)-B E GAMMA... 174

(10)

QUADRO 8.24–RESULTADOS DA REGRESSÃO LOGÍSTICA PARA AS CONDICIONANTES À INOVAÇÃO... 180

QUADRO 8.25–DADOS SOBRE A CARACTERIZAÇÃO DAS EMPRESAS... 182

QUADRO 8.26–DISTRIBUIÇÃO DAS EMPRESAS POR NUTSIII E POR INOVAÇÃO TECNOLÓGICA... 184

QUADRO 8.27–VARIÁVEIS DO MODELO DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA E HIPÓTESES ASSOCIADAS... 186

QUADRO 8.28–HIPÓTESE DO MODELO DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA E VARIÁVEIS ASSOCIADAS... 186

QUADRO 8.29–RESULTADOS DA REGRESSÃO LOGÍSTICA PARA O MODELO DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA... 187

QUADRO 8.30–RESULTADOS DAS HIPÓTESES DO MODELO DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA... 192

QUADRO 8.31–HIPÓTESE DO MODELO DE AVANÇOS INOVADORES E VARIÁVEIS ASSOCIADAS... 199

QUADRO 8.32–VARIÁVEIS DO MODELO DE AVANÇOS INOVADORES E HIPÓTESES ASSOCIADAS... 200

QUADRO 8.33–RESULTADOS DA REGRESSÃO LOGÍSTICA PARA O MODELO DE AVANÇOS INOVADORES... 201

(11)

Índice de Figuras

FIGURA 2.1–ÁREAS DE INOVAÇÃO EMPRESARIAL... 10

FIGURA 3.1–MODELO DE TECHNOLOGY-PUSH... 20

FIGURA 3.2–MODELO DE DEMAND-PULL... 20

FIGURA 3.3–MODELO INTERACTIVO DE INOVAÇÃO LIGADA EM CADEIA (CHAIN-LINKED MODEL)... 22

FIGURA 4.1–INTERACÇÃO DE SISTEMAS SOCIAIS... 25

FIGURA 4.2–FACTORES IMPULSIONADORES DA CAPACIDADE INOVADORA NACIONAL... 37

FIGURA 4.3–MODELO DE REDES INDUSTRIAIS... 51

FIGURA 4.4–SÍNTESE DOS PRINCIPAIS CONCEITOS DENTRO DA ABORDAGEM DE RECURSOS E CAPACIDADES... 57

FIGURA 6.1–FACTORES IMPULSIONADORES E LIMITADORES DA CAPACIDADE INOVADORA EMPRESARIAL... 95

FIGURA 7.1–OPERACIONALIZAÇÃO DA CAPACIDADE INOVADORA EMPRESARIAL... 116

FIGURA 7.2–RELAÇÃO ENTRE P E LOG(P/(1-P))... 127

FIGURA 8.1–FACTORES E HIPÓTESES ASSOCIADAS AOS MODELOS DE INOVAÇÃO... 140

FIGURA 8.2–FACTORES E HIPÓTESES ASSOCIADAS AO MODELO AVANÇOS INOVADORES... 140

FIGURA 8.3–MODELO DE INOVAÇÃO NO PRODUTO... 148

FIGURA 8.4–MODELO DE INOVAÇÃO NO PROCESSO... 165

FIGURA 8.5–MODELO DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA... 185

(12)

Índice de Gráficos

GRÁFICO 8.1–DISTRIBUIÇÃO DAS EMPRESAS POR INTENSIDADE TECNOLÓGICA... 133

GRÁFICO 8.2–LOCALIZAÇÃO DA SEDE DAS EMPRESAS DE GRUPO... 136

GRÁFICO 8.3–DISTRIBUIÇÃO DAS EMPRESAS POR INOVAÇÃO NO PRODUTO... 142

GRÁFICO 8.4–DISTRIBUIÇÃO DAS EMPRESAS POR QUALIFICAÇÃO DO PESSOAL... 143

GRÁFICO 8.5–DISTRIBUIÇÃO DAS EMPRESAS POR DIMENSÃO EMPRESARIAL... 144

GRÁFICO 8.6 –DISTRIBUIÇÃO DAS EMPRESAS POR INTENSIDADE TECNOLÓGICA... 145

GRÁFICO 8.7–DISTRIBUIÇÃO DAS EMPRESAS POR INTENSIDADE EXPORTADORA... 146

GRÁFICO 8.8–INTERVALOS DE CONFIANÇA PARA A INTENSIDADE EXPORTADORA... 153

GRÁFICO 8.9–DISTRIBUIÇÃO DAS EMPRESAS POR INOVAÇÃO NO PROCESSO... 159

GRÁFICO 8.10–DISTRIBUIÇÃO DAS EMPRESAS POR QUALIFICAÇÃO DO PESSOAL... 160

GRÁFICO 8.11–DISTRIBUIÇÃO DAS EMPRESAS POR DIMENSÃO EMPRESARIAL... 161

GRÁFICO 8.12–DISTRIBUIÇÃO DAS EMPRESAS POR INTENSIDADE TECNOLÓGICA... 162

GRÁFICO 8.13–DISTRIBUIÇÃO DAS EMPRESAS POR INTENSIDADE EXPORTADORA... 163

GRÁFICO 8.14–FINS A QUE SE DESTINAM AS INOVAÇÕES DO PROCESSO... 164

GRÁFICO 8.15–IMPORTÂNCIA DOS FINS A QUE SE DESTINAM AS INOVAÇÕES DO PROCESSO... 164

GRÁFICO 8.16–INTERVALOS DE CONFIANÇA PARA A INTENSIDADE TECNOLÓGICA... 170

GRÁFICO 8.17–DISTRIBUIÇÃO DAS EMPRESAS POR INOVAÇÃO TECNOLÓGICA... 175

GRÁFICO 8.18–DISTRIBUIÇÃO DAS EMPRESAS PELAS DIFICULDADES SENTIDAS... 176

GRÁFICO 8.19–EFEITOS PROVOCADOS PELAS DIFICULDADES NOS PROJECTOS DE INOVAÇÃO... 177

GRÁFICO 8.20–CONDICIONANTES À INOVAÇÃO... 178

GRÁFICO 8.21–INTERVALOS DE CONFIANÇA PARA A INTENSIDADE TECNOLÓGICA... 190

GRÁFICO 8.22–DISTRIBUIÇÃO DAS EMPRESAS POR CATEGORIAS SOBRE NÍVEIS DE INOVAÇÃO... 194

GRÁFICO 8.23–DISTRIBUIÇÃO DAS EMPRESAS POR RELACIONAMENTOS NO ÂMBITO DA INOVAÇÃO... 195

GRÁFICO 8.24–LOCALIZAÇÃO DOS PARCEIROS DE INOVAÇÃO... 196

GRÁFICO 8.25–REPARTIÇÃO DAS DESPESAS DE INOVAÇÃO POR NÍVEIS DE INOVAÇÃO... 197

(13)

SIGLAS UTILIZADAS

CAE – Classificação das Actividades Económicas CE – Comunidade Europeia

CEDE – Centro de Estudos e Documentação Europeia

CIS II – Community Innovation Survey II - Segundo Inquérito Comunitário às Actividade de Inovação nas Empresas Industriais Portuguesas

CIS III – Community Innovation Survey III - Terceiro Inquérito Comunitário à Inovação CISEP – Centro de Estudos sobre Economia Portuguesa

EUROSTAT – Statistical Office of the European Commission FGUE – Ficheiro Geral de Unidades Estatísticas do INE

GEPE – Gabinete de Estudos e Planeamento e do Ministério da Economia IDEIA – Apoio à Investigação e Desenvolvimento Empresarial Aplicado INE – Instituto Nacional de Estatística

NEST – Novas Empresas de Suporte Tecnológico

NUTS III – Nomenclature of Territorial Units for Statistics

OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico

OCT – Observatório das Ciências e das Tecnologias. Actualmente denomina-se: OCSE – Observatório da Ciência e do Ensino Superior

PROINOV – Programa Integrado de Apoio à Inovação SPSS – Statistic Package for Social Sciences

UE – União Europeia

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1 – ENQUADRAMENTO DO PROBLEMA

1.1 – IMPORTÂNCIA DO TEMA

Face à crescente globalização da actividade económica e à integração dos mercados, a melhoria contínua da competitividade das empresas torna-se fundamental para assegurar a sua sobrevivência e desenvolvimento em meios envolventes caracterizados pela complexidade e incerteza. O contexto actual em que a empresa se insere é fortemente orientado por um novo tipo de competição, não baseado unicamente no preço, mas principalmente na construção de competências específicas para a aquisição de conhecimento e de inovação.

A inovação assume-se cada vez mais como um factor chave da competitividade. Porter (1990) afirma que as empresas geram e conservam as suas vantagens competitivas primordialmente através da inovação. Também Kaufmann e Tödtling (2001) referem que, se a inovação for bem sucedida, melhorará a posição competitiva da empresa no mercado em que opera. Igualmente Becattini (1999:4) afirma que, no mercado corrente caracterizado pelo rápido aumento da saturação da procura, a competitividade das empresas tende a ser mais determinada pela capacidade inovadora do que pela produtividade. Deste modo, a procura de vantagens competitivas sustentáveis passa a depender cada vez mais da capacidade de inovação da empresa.

Desde a década de 80, evidenciou-se a importância das empresas inovadoras na competitividade e desenvolvimento das empresas, sectores, regiões e nações. Perante este facto, as administrações públicas de diversos países e de todas as ideologias políticas começaram-se a interessar-se por estabelecer medidas de apoio à inovação.

Em Portugal, o interesse por este assunto, por parte da administração pública, assumiu maior relevo desde o início dos anos 90, com a realização de diversos trabalhos sobre o estudo da inovação das empresas portuguesas (CISEP/GEPE, 1992; Monitor, 1994 e Simões, 1997). Recentemente, face ao diagnóstico desfavorável da actividade inovadora das empresas portuguesas, o papel da inovação mereceu particular interesse, do ponto de vista da política económica, com os anunciados programas: Programa IDEIA (2002), Programa NEST (2002) e o Programa Integrado de Apoio à Inovação - PROINOV (2001).

(15)

Na realidade, as empresas portuguesas continuam na cauda da Europa relativamente aos indicadores da inovação. Estudos comparativos a nível comunitário constatam a fraquíssima actividade inovadora das empresas portuguesas e a progressiva perda de competitividade das mesmas (PROINOV, 2001; Conceição e Ávila, 2001). Assim, o Programa IDEIA pretende estimular a investigação e o desenvolvimento empresarial aplicado através da colaboração entre empresas e instituições. Enquanto o Programa NEST promove a criação e arranque de novas empresas de suporte tecnológico, o programa PROINOV, por sua vez, visa estimular a capacidade de inovação das empresas, a qualificação das pessoas e a criação das condições favoráveis à inovação. Como a economia portuguesa se caracteriza como uma economia aberta e, consequentemente, sujeita aos efeitos da globalização, a análise do processo de inovação das empresas portuguesas assume importância crucial.

No seio da comunidade académica portuguesa, o interesse sobre a temática da inovação surgiu desde o início dos anos 90. A partir dessa data realizaram-se vários estudos sobre a inovação nas empresas portuguesas (Godinho, 1990, 1993; CISEP/GEPE, 1992; Fontes, 1995; Laranja, 1995; Bonfim e Ribeiro, 1996; Sousa, 1996; Barañano, 1997; Laranja, Simões e Fontes, 1997; Simões, 1997; Corvelo, 1998; Godinho, Sousa e Carvalho, 1998; Martins, 1999; SOTIP, 1998 e Conceição e Ávila, 2001). Apesar de as metodologias utilizadas nestes estudos não serem inteiramente coincidentes, têm em comum o facto de se centrarem na análise dos “factores económicos e do foro da gestão que influenciam as actividades de inovação nas empresas portuguesas” (Godinho, 1999:231). No entanto, muitos destes estudos apresentam um foco estritamente sectorial ou consistem em estudos de casos relativamente a um conjunto de empresas com origem sectorial determinada ou pouco diversificada. Em contraste com estes estudos, existem outros que evidenciam uma cobertura multi-sectorial, contudo, nestes ressalta o facto de relegarem para segundo plano aspectos que se podem considerar de natureza sistémica e contextual, nomeadamente: contactos com parceiros externos, localização geográfica, políticas públicas, restrições ambientais, entre outros.

Na generalidade dos estudos realizados em Portugal sobre os factores que influenciam a inovação, verificou-se que os aspectos relacionados com a envolvente empresarial no estímulo à inovação das empresas permanecem pouco clarificados. Por esta razão, tornam-se necessárias mais investigações que estudem os aspectos externos, sistémicos e relacionais do processo de inovação empresarial, conjuntamente com os factores internos que influenciam as actividades de inovação das empresas portuguesas.

(16)

Simões (1996:5) refere igualmente que o “conhecimento sobre as determinantes e os padrões do processo de inovação nas empresas industriais portuguesas permanece limitado”. O mesmo investigador acrescenta que “faltam estudos aprofundados sobre a gestão da inovação em ambientes empresariais”. Por estas razões, torna-se necessário um conhecimento mais aprofundado do processo de inovação numa perspectiva global e em ambientes empresariais, e, também, proceder a análises sobre os factores que estimulam e condicionam a capacidade inovadora empresarial. Conceição (2002) corrobora esta ideia ao afirmar que “importa recolher tanta informação quanto possível sobre o que se sabe relativamente ao que determina e condiciona o processo de inovação”, para que se possa avançar decisivamente com acções concretas que estimulem a inovação em Portugal. Deste modo, torna-se evidente a importância de investigações que procedam ao estudo dos factores que impulsionam e limitam a inovação empresarial.

Recentemente, Veciana (2002) apresenta os desafios que se colocam aos investigadores que estudam a temática da inovação. Segundo este investigador, os estudos devem centrar-se no processo de inovação, atender aos factores condicionantes da inovação e a investigação deverá obter resultados relevantes para a prática.

1.2 – OBJECTIVOS DE INVESTIGAÇÃO

Atendendo aos aspectos apontados e aos desafios que se colocam aos investigadores neste âmbito, o objectivo principal do presente trabalho consiste na identificação e descrição dos principais factores que influenciam o processo inovador das empresas industriais portuguesas e, consequentemente, a sua capacidade inovadora.

Neste sentido, a presente investigação tomará como quadro conceptual as abordagens actuais de referência sobre a temática da inovação empresarial, nomeadamente a abordagem sistémica da inovação e a abordagem das redes e das relações inter-organizacionais. A selecção destas abordagens deve-se à adequação apresentada pelas mesmas para o estudo dos factores que estimulam e limitam a capacidade inovadora empresarial.

(17)

Considerando a inovação empresarial como um processo não linear, evolucionário, complexo e interactivo entre a empresa e o seu meio envolvente, pretende-se, com este trabalho, desenvolver um suporte teórico assente nas actuais abordagens de referência e elaborar um suporte empírico que permita identificar e analisar os factores internos, relacionais e externos que estimulam e condicionam a actividade e o desempenho inovador das empresas industriais portuguesas.

De uma forma mais pormenorizada, nesta investigação, procuram-se analisar os seguintes aspectos:

1. Caracterizar as inovações introduzidas pelas empresas industriais portuguesas (inovação do produto e/ou processo e/ou organizacional; inovação incremental / radical, novo para a empresa / novo para o mercado);

2. Identificar e descrever as variáveis empresariais e contextuais que estimulam ou limitam a capacidade inovadora empresarial, nomeadamente as capacidades tecnológicas, esforço tecnológico, sector de actividade, dimensão empresarial, região onde a empresa se insere, orientação de mercado e apoio financeiro público;

3. Identificar e descrever os parceiros externos que têm um papel relevante no desenvolvimento de actividades de inovação empresarial. Analisar se os relacionamentos externos estabelecidos no âmbito da inovação empresarial contribuem para a implementação de avanços inovadores por parte das empresas. Caracterizar as empresas industriais portuguesas relativamente à cooperação em actividades de inovação (traçar o perfil destas empresas relativamente às que não cooperam).

Desta forma estes aspectos estão directamente ligados com a análise do processo de inovação das empresas industriais portuguesas, e com os factores que influenciam a capacidade inovadora dessas mesmas empresas.

1.3 – QUESTÕES DE INVESTIGAÇÃO

Face ao atrás exposto, a principal questão de investigação que se coloca é a seguinte: quais os principais factores que influenciam o desenvolvimento, uso e difusão da actividade inovadora nas empresas industriais portuguesas e que repercussões têm na capacidade inovadora dessas mesmas empresas?

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Com a investigação empírica procura-se responder às seguintes questões:

• As capacidades tecnológicas que a empresa possui, os recursos que a empresa dedica à realização de actividades inovadoras e a frequência de actividades de I&D na empresa influenciam a capacidade inovadora empresarial?

• Quais os principais parceiros externos em actividades de inovação? Qual a importância dos parceiros externos para a adopção e desenvolvimento de actividades de inovação? A proximidade espacial dos parceiros tem influência na capacidade inovadora empresarial? Qual a importância da informação fornecida pelos parceiros externos no âmbito da inovação? Que tipos de interacções/relacionamentos se estabelecem com os parceiros externos no âmbito das actividades de inovação? A capacidade inovadora empresarial é influenciada pelo estímulo das instituições de suporte à inovação?

• O ambiente em que a empresa está inserida, a dimensão, o sector de actividade, a orientação de mercado e os apoios financeiros públicos influenciam a capacidade inovadora empresarial?

1.4 – ESTRUTURA DA TESE

Após o enquadramento do problema no qual se descreve o objectivo do estudo e as questões a que se pretende responder, referidos nas páginas anteriores, o estudo que se segue está dividido em duas partes.

Na primeira parte, de índole teórica, apresentam-se os principais conceitos e definições. Posteriormente, desenvolve-se a revisão da literatura sobre a inovação empresarial mostrando a perspectiva histórica e as actuais abordagens de referência. Assim, o ponto 3 centra a atenção nos enfoques teóricos que suportam a visão tradicional da inovação e a sua evolução até as abordagens actuais. Inicia-se o ponto 4 com a abordagem sistémica da inovação e dos vários enfoques que partilham do princípio de que as interacções assumem um papel fundamental na alimentação do processo de inovação. Posteriormente, segue-se a abordagem

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de redes e das relações inter-organizacionais, na qual se destacam quatro perspectivas que, apesar de oriundas de correntes teóricas diversas, são vistas mais como complementares, no estudo do processo de inovação empresarial, do que como contraditórias. No final deste ponto sintetizam-se as principais teorias adoptadas nesta área de investigação. No quinto ponto descrevem-se os principais factores impulsionadores e limitadores da capacidade inovadora empresarial. No último ponto da parte teórica, ponto 6, propõe-se um modelo conceptual que servirá de suporte à investigação empírica.

Na segunda parte, de índole prática, é conduzida uma investigação empírica para analisar os factores que influenciam o processo de inovação das empresas industriais portuguesas e, consequentemente, a sua capacidade inovadora. A segunda parte da tese inclui 3 grandes pontos. No primeiro deles, o sétimo da tese, apresenta-se a metodologia fundamental que se escolheu para desenvolver o estudo empírico, em que se descreve o desenho do estudo empírico, são definidos os objectivos específicos, formulam-se as hipóteses que se pretendem testar e apresentam-se os métodos utilizados na investigação empírica. No oitavo ponto, efectua-se a análise e discussão dos resultados obtidos. Na última secção da tese, ponto 9, apresentam-se as principais conclusões obtidas na investigação, bem como algumas limitações do estudo e orientações para futuras investigações nesta temática.

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PARTE I

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2 – INOVAÇÃO EMPRESARIAL

Numa era de informação e de comunicação o conceito de inovação surge tendencialmente associado ao aparecimento de novas tecnologias (tecnologias de informação, biotecnologia, novos materiais) e ao desenvolvimento de base tecnológica. Na maior parte dos estudos sobre inovação empresarial, tende-se a associar a noção de inovação às actividades de I&D ou à ideia de tecnologia material, compreendendo a aquisição de novos equipamentos com vista à introdução de novos produtos ou de novos processos.

Na realidade, o conceito de inovação não se restringe somente a estas dimensões, mas remete para uma abrangência que ultrapassa largamente a fronteira da tecnologia material e do I&D. Nesta investigação, o termo inovação empresarial define-se como um processo não linear,

evolucionário, complexo e interactivo de aprendizagem e de relacionamentos entre a empresa e o seu meio envolvente. Os resultados deste mesmo processo designam-se por capacidade

inovadora empresarial. Assim, adoptou-se, nesta investigação, o termo capacidade inovadora empresarial para integrar as diversas componentes resultantes do processo de inovação de

uma empresa, designadamente: inovação do produto, inovação do processo e inovação organizacional. Assim, a capacidade inovadora empresarial compreende a criação e lançamento de novos produtos ou processos e as melhorias tecnologicamente significativas introduzidas nos produtos ou processos, bem como abarca novas formas de negócio, de organização do trabalho, de gestão das empresas e de relacionamentos internos e externos.

A definição de capacidade inovadora empresarial foi adoptada para abarcar um vasto conjunto de inovações que as empresas poderão implementar e desenvolver. Também a definição de inovação empresarial pretende evidenciar que o processo de inovação é mais amplo do que a mera realização de actividades de I&D e que se caracteriza pelos atributos que se apresentam a seguir.

Considera-se a inovação como um processo não linear, uma vez que esta é estimulada e influenciada por muitos actores e fontes de informação quer dentro quer fora da empresa. Nesta perspectiva, a inovação não será somente efectuada por cientistas e especialistas em I&D ou pelos directores de topo, mas será também fruto de interacções e reacções às experiências de produção, marketing e de interacções com os clientes nas primeiras fases do processo de inovação (Kaufmann e Tödtling, 2001).

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O processo de inovação torna-se complexo devido à multiplicidade de inputs e de actores que contribuem para o aparecimento da inovação e posterior difusão (Godinho, 2002). A complexidade do processo de inovação, segundo Conceição e Ávila (2001:4), resulta “do facto de haver inovações que não decorrem directamente de investimentos de I&D ou de empresas ou indivíduos que não são formalmente cientistas ou engenheiros”. Também Andrez (2001:63) refere que a “complexidade do processo de inovação reflecte a natureza sistémica em que se manifesta, dependendo de um conjunto variado de actividades e de diferentes agentes, por um lado, e das ligações multidireccionais, “intra” e inter” actividades e agentes, interdependentes, por outro lado”.

A inovação é vista como um processo evolucionário, que emerge com a produção de novo conhecimento, fruto das interacções estabelecidas entre os vários actores e que posteriormente será difundido e utilizado como conhecimento economicamente útil (Nelson e Winter, 1982; Pavitt, 1984, Kline e Rosenberg, 1986; Lundvall, 1992).

Segundo Kaufmann e Tödtling (2001), a interactividade do processo de inovação refere-se à colaboração interna entre os vários departamentos da empresa (I&D, produção, marketing, distribuição, entre outros), bem como à colaboração externa com outras empresas (especialmente clientes e fornecedores), com outras instituições fornecedoras de conhecimento (universidades, consultores, organizações de transferência de tecnologia, entre outras), com instituições financeiras, com instituições de formação e com a administração pública.

Cada vez mais se compreende o processo de inovação como um processo interactivo de aprendizagem, realizado com a contribuição de variados agentes económicos e sociais que possuem acesso a diferentes tipos de informação e conhecimentos. Este processo interactivo de aprendizagem revela-se como:

- Aprendizagem pela própria experiência no processo de produção - learning-by-doing (Arrow, 1962);

- Aprendizagem na comercialização e uso de produtos, maquinaria e inputs -

learning-by-using (Rosenberg, 1982);

- Aprendizagem resultante da busca de novas soluções tecnológicas nas instituições de I&D e noutras menos formais - learning-by-searching (Malerba, 1992);

- Aprendizagem pela interacção com fontes externas - learning-by-interacting-, sejam estas os fornecedores de matérias primas, de equipamentos ou componentes, clientes, utilizadores,

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consultores, universidades, instituições de pesquisa, prestadores de serviços tecnológicos, laboratórios públicos, organismos de apoio, entre outros (Lundvall, 1988, 1992).

Verifica-se, assim, que a “inovação corresponde a um processo interactivo e cumulativo de aprendizagem que ultrapassa as fronteiras formais da I&D” (Simões, 1996:1) e onde as relações das empresas com um vasto conjunto de parceiros podem desempenhar um papel fundamental na assimilação e difusão da inovação (Sternberg, 1999, Kaufmann e Tödtling, 2000, 2001).

Nesta perspectiva, consideramos o conceito de inovação de acordo com a óptica de processo em si mesmo. Contudo, é também importante considerar a inovação na óptica dos resultados desse mesmo processo de inovação. Assim, proceder-se-á à caracterização da inovação, das áreas em que ocorre e, posteriormente, à apresentação da sua tipologia.

2.1 – CARACTERIZAÇÃO DA INOVAÇÃO EMPRESARIAL

No actual contexto, fortemente orientado por um novo tipo de competição não baseado unicamente no preço, reconhece-se geralmente a importância da inovação para a criação de vantagens competitivas sustentáveis. Na empresa, a procura destas vantagens, passa a depender cada vez mais da inovação aos níveis do produto, do processo e organizacional. Um quadro muito simplificado das áreas em que a inovação ocorre para a competitividade das empresas pode ser representado (Figura 2.1) da seguinte forma:

Figura 2.1 - Áreas de Inovação Empresarial

Fonte: Elaboração própria Empresas Competir pela Diferença Inovação ao nível Organizacional

Novas formas de relacionamentos Novos métodos de gestão e de negócio Inovação ao nível do Produto Novos materiais Novas funcionalidades Elementos intangíveis Inovação ao nível do Processo

Novos métodos de distribuição Novos métodos de produção

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Dosi (1988) sugere a classificação da inovação por produto, processo e organizacional. Esta classificação enquadra-se na linha de pensamento de Schumpeter, segundo a qual a inovação compreende: a introdução de novos produtos, novos métodos de produção, novos mercados, descoberta de novas fontes de matérias primas ou de semi-produtos, e o estabelecimento de novas formas de organização (Schumpeter, 1942). Os estudos empíricos não consideram as fontes de aprovisionamento e centram-se principalmente nas áreas de inovação referidas por Dosi (1988).

O Manual de Oslo da OCDE, (1992, 1997) tendo em vista operacionalizar a extensão da inovação, definiu os seguintes conceitos: inovação no produto, inovação no processo e inovação organizacional. Neste trabalho far-se-á igualmente a distinção entre estas três áreas de inovação e adoptar-se-ão as definições destes manuais.

A inovação do produto abarca não só a criação e lançamento de produtos novos, como também melhorias tecnologicamente significativas introduzidas nos produtos (OCDE, 1997). Segundo o Manual de Oslo (OCDE, 1997), é importante definir produtos tecnologicamente novos e distingui-los dos produtos tecnologicamente melhorados. Estas mesmas definições são efectuadas com base no Manual de Oslo e encontram-se explicitadas no 2º Inquérito Comunitário às Actividades de Inovação nas Empresas Industriais, conhecido pelo CIS II (Community Innovation Survey II).

Assim, no CIS II (1999:2), define-se um produto novo como “o produto cujas características tecnológicas ou o uso a que se destina diferem significativamente das de produtos anteriormente produzidos. Estas inovações podem envolver tecnologias radicalmente novas, basear-se em novas combinações de tecnologias existentes, ou resultar da aplicação de novos conhecimentos”.

“Um produto tecnologicamente melhorado é um produto já existente cujo desempenho foi significativamente alargado ou desenvolvido. Um produto simples pode ser melhorado (em termos de melhor desempenho ou de menor custo) através da utilização de componentes ou materiais de características técnicas mais avançadas. Um produto complexo, composto por um conjunto integrado ou subsistemas técnicos, pode ser melhorado através de mudanças parciais em um dos subsistemas” (CIS II, 1999:2),

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A inovação dos produtos, incluindo bens e serviços, corresponde a uma inovação no leque de produtos da empresa, quer pela via de factores tangíveis, através de novas e melhoradas características e de diferenciados usos a que se destinam esses mesmos produtos, quer pela via do design (modelos e desenhos), da moda, da marca, da qualidade, entre outros factores de inovação que representam activos intangíveis das empresas.

Portanto, a inovação no produto consiste na introdução de funcionalidades radicalmente novas, utilização de novos materiais ou de novos produtos intermédios, ou ainda na introdução de elementos intangíveis no produto, designadamente através do design, da moda, da marca, entre outras utilizações/ introduções específicas inerentes ao sector de actividade em que a empresa se insere.

A inovação do produto considera-se a partir do momento em que se introduz o produto (tecnologicamente novo ou melhorado) no mercado, independentemente do seu fracasso ou sucesso (Kaufmann e Tödtling, 2001).

Inovação dos processos diz respeito à forma como os produtos e processos são fabricados. Assim, a inovação nos processos consiste na “adopção de métodos de produção novos ou significativamente melhorados, incluíndo novos métodos de distribuição de produtos” (CIS II, 1999:3). O CIS II (1999:3) esclarece que “estes métodos podem envolver alterações no equipamento, na organização da produção, ou uma combinação destas mudanças e podem resultar da aplicação de novos conhecimentos. Tais métodos podem ter como objectivo a produção ou a distribuição de produtos tecnologicamente novos ou melhorados, que não possam ser produzidos com base em métodos de produção convencionais. Ou podem ter como objectivo o aumento de eficiência da produção ou distribuição de produtos existentes”.

O resultado da inovação do processo pode ter um impacto significativo na produção, na qualidade dos produtos e na redução de custos de produção e de distribuição.

A inovação organizacional é a que ocorre na componente organizacional e consiste na introdução de novas práticas de gestão, novos processos administrativos e no desenvolvimento de cooperação com outras empresas ou estruturas de competência técnica (OCDE, 1992).

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Para Kovács (2002:2), “a inovação organizacional significa a aplicação de novos princípios, de uma nova lógica à produção de bens e serviços, novas estruturas, novo tipo de relacionamentos entre pessoas e modelos de conduta (valores, mentalidades e atitudes)”. Segundo esta autora, a inovação organizacional ocupa, hoje em dia, lugar de destaque no meio académico, bem como no meio empresarial, pois “a procura de novos padrões organizacionais com vista à redução de custos e melhoria da qualidade e o aumento da flexibilidade, tornou-se uma questão de sobrevivência das empresas. A inovação dos produtos e processos requer uma maior integração entre áreas (produção, I&D, marketing), comunicação e cooperação eficaz entre especialistas e trabalhadores, entre empresas produtoras, empresas fornecedoras e clientes, bem como entre produtores e consumidores” (Kovács, 2002:4).

Na literatura sobre inovação empresarial recolhida, verifica-se que, na óptica dos resultados do processo de inovação empresarial, a inovação compreende a criação e lançamento de novos produtos ou processos e as melhorias tecnologicamente significativas introduzidas nos produtos ou processos. Para além disso, inovação também abarca novas formas de negócio, de organização do trabalho, de gestão das empresas e de relacionamentos internos e externos. Portanto, na óptica dos resultados do processo de inovação empresarial, inovação engloba três tipos de categorias: inovação do produto, inovação do processo e inovação organizacional. A divisão da inovação segundo categorias torna-se importante e necessária porque tal desagregação é fundamental para identificar os determinantes da inovação (Edquist 2001). “As diferentes áreas em que a inovação ocorre têm diferentes determinantes” (Edquist, 2001:7), pelo que o estudo empírico dos factores impulsionadores e limitadores da capacidade inovadora empresarial contemplará o tratamento separado de cada uma das três dimensões da inovação empresarial.

2.2 – TIPOLOGIAS DE INOVAÇÃO EMPRESARIAL

A partir dos primeiros estudos sobre inovação, emergiram diferentes tipologias que evidenciam os diferentes níveis de inovação nas várias áreas em que ela ocorre. A literatura sobre a tipologia da inovação é muito vasta e, por vezes, alguns autores utilizam diferentes

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termos para designar o mesmo conceito1. Assim, das várias classificações acerca dos níveis de inovação, destacam-se as seguintes no Quadro 2.1:

Quadro 2.1 - Tipos de Inovação segundo as variáveis de classificação

Categorias de Inovação Variáveis de classificação Autores

ƒ Inovações incrementais ƒ Inovações radicais

ƒ Mudança do sistema tecnológico ƒ Mudança do paradigma tecno-económico

Grau de novidade/modificação resultante do processo de inovação relativamente à empresa

e ao sector Freeman (1982) Freeman (1987) Freeman e Perez (1988) Freeman e Soete (1997) ƒ Inovações tecnológicas

ƒ Inovações não tecnológicas

Grau de novidade/modificação do

produto/processo/organização Godinho (2002) ƒ Novo para a empresa

ƒ Novo para o mercado

Grau de novidade/modificação para a empresa/para o mercado

(Kaufmann e Tödtling, 2000) (Kaufmann e Tödtling, 2001). Fonte: elaboração própria

Relativamente ao resultado do processo de inovação industrial, Freeman (1982, 1987), Freeman e Perez (1988) e Freeman e Soete (1997) distinguiram quatro categorias de inovação.

Inovações incrementais ocorrem mais ou menos continuamente de acordo com a taxa de

inovação da empresa ou do sector. Inovações radicais correspondem a eventos descontínuos e resultantes da actividade de investigação e desenvolvimento das empresas, universidades e organismos públicos; são inovações de extrema importância para a criação de novos produtos e para expansão de novos mercados. Mudanças do sistema tecnológico afectam várias áreas dos novos sectores da economia emergente. Por último, mudanças no paradigma

tecno-económico, também denominadas revoluções tecnológicas, compreendem algumas mudanças

no sistema tecnológico, cujo alcance e efeitos produzem grandes transformações em alguns sectores da economia. Este tipo de mudanças ultrapassam as transformações nos novos produtos e processos, influenciando também a estrutura de custos, bem como as condições de produção e de distribuição através do sistema.

Relativamente a esta tipologia, constata-se que as duas últimas categorias têm maior importância no impacto económico do que as duas primeiras. Contudo, verifica-se na realidade, que as duas primeiras categorias são usualmente utilizadas em grande parte dos estudos empíricos sobre inovação empresarial, através da dicotomia: inovações incrementais

versus inovações radicais.

1 O nível de inovação radical (Freeman e Soete, 1997) é denominado por Henderson e Clark (1990) pela mesma

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As inovações incrementais dizem respeito a melhorias nos produtos e processos existentes, “verificam-se de uma forma mais ou menos contínua, se bem que a sua intensidade varie de indústria para indústria” (Marques e Laranja, 1994:28). As inovações incrementais “decorrem de pequenos passos dados, especialmente no seio das empresas e respeitando as melhorias de processo, conduzindo a aperfeiçoamentos da qualidade dos produtos ou a economias conseguidas na produção” (Oliveira, 2001:26).

Desta forma, estas mudanças incrementais podem ser geradas, simplesmente, pela introdução de factores de novidade e diferenciação no produto ou processo, que incrementam o já existente e lhe concedem um carácter diferenciado. O carácter diferenciado do produto pode ser apercebido pelo cliente como uma mais-valia, conferindo ao produto valor acrescentado, e consequentemente, possibilita o aumento da competitividade da empresa. A introdução de factores de inovação no processo pode traduzir-se numa redução de custos, permitindo à empresa o estabelecimento de preços mais competitivos.

A inovação incremental é feita, predominantemente, dentro das empresas. Contudo, pode existir a necessidade de efectuar consultas a instituições de investigação e de inovação, tendo em vista o aconselhamento sobre o aperfeiçoamento de produtos/processos, como também a resolução de problemas com que as empresas se deparam (Oliveira, 2001).

As inovações radicais, verificam-se de “forma descontínua e não podem ser obtidas como resultado da acumulação, modificações ou melhorias em produtos ou processos existentes” (Marques e Laranja, 1994:29). As inovações radicais “têm especialmente a ver com novos produtos ou serviços que alteram profundamente os padrões de consumo, substituindo na totalidade ou largamente outros bens que, dessa forma se tornaram obsoletos, ou pelo menos não competitivos” (Oliveira, 2001:26). A inovação radical apresenta-se como algo de novo para o sector de actividade, onde a empresa pertence (Johannessen, Olsen e Lumpkin, 2001). A inovação radical caracteriza-se por um longo processo, desenvolvido dentro da própria empresa ou em parceria com instituições de investigação e inovação, envolvendo relações que não podem ser transitórias, mas que devem adquirir os contornos de uma relação de cumplicidade (Oliveira, 2001).

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Godinho (2002:8) apresenta a dicotomia inovações tecnológicas versus não tecnológicas. “A inovação tecnológica engloba:

• O produto novo ou melhorado que é introduzido no mercado • O processo novo ou melhorado que é empregue na produção. A inovação não tecnológica compreende:

• Os novos modos de organização na empresa (produção, distribuição); • Novos modos de organização na extra-empresa (redes, consórcios); • Logística;

• Design e apresentação do produto (bem ou serviço); • Novo produto financeiro;

• Nova regulamentação de segurança; • Entre outros”

Perante esta tipologia, verifica-se que, em muitos dos estudos sobre inovação empresarial no sector da indústria transformadora, se considera a dimensão tecnológica da inovação (Fritsch e Lukas, 1999, 2001, Kaufmann e Tödtling, 2000, 2001, Romijn e Albaladejo, 2002), dado que, habitualmente, analisam dois tipos de inovação: inovação do produto e inovação do processo. Nestes estudos, assume-se que a inovação do produto visa captar valor acrescentado através da diferenciação e que a inovação do processo permite aumentos de eficiência técnica, que se reflectem em reduções de custos e, consequentemente, em redução de preços. Portanto, a inovação de tipo tecnológico está estreitamente associada com a actividade principal da empresa, enquanto, o tipo de inovação não tecnológica se encontra relacionada com a estrutura, com a organização da empresa, com os processos administrativos e com os recursos humanos (Damanpour, 1992).

Os tipos de inovação podem também ser diferenciados através da dicotomia: “novo para

empresa” versus “novo para o mercado”. Esta dicotomia é usada em investigações empíricas

sobre o estudo da inovação dos produtos ou dos processos (Kotabe e Swan, 1995; Kaufmann e Tödtling, 2000, 2001).

A categoria de inovação “novo para empresa” engloba modificações e melhoramentos nos produtos/processos existentes na empresa, bem como em produtos/processos que são novos para a empresa, estendendo ou substituindo determinados itens (Kaufmann e Tödtling, 2000).

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A inovação de tais produtos compreende uma mudança na variedade dos produtos da empresa, pequenos melhoramentos de design ou modificações de características técnicas de um ou mais produtos, bem como a introdução de novos produtos. A inovação do processo, neste contexto, consiste na adaptação de tecnologia existente, bem como em novos desenvolvimentos dessa mesma tecnologia. Usualmente trata-se de inovações incrementais com pequenas mudanças técnicas que resultam da aplicação do conhecimento globalmente disponível.

A categoria de inovação “novo para o mercado” compreende produtos/processos que são novos tanto para a empresa como para o mercado (Kaufmann e Tödtling, 2000). Tais produtos oferecem novas qualidades, serviços ou funções que até esse mesmo momento, não estejam disponíveis noutro sítio do mercado. A inovação de tais processos compreende a adopção de novos desenvolvimentos tecnológicos, novos para o mercado. Portanto, tais produtos/processos não têm concorrência de outros produtos/processos, o que conduz, momentaneamente, a um monopólio temporário e, com frequência, dirigem-se a mercados muito especializados (Kaufmann e Tödtling, 2001). Usualmente estas inovações requerem muito mais do que desenvolvimentos incrementais. O âmbito do progresso técnico ligado a este tipo de inovações é muito global. As maiores inovações radicais podem, também, ser a base de novas trajectórias tecnológicas, definindo oportunidades tecnológicas para futuras inovações, o desenvolvimento de aplicações complementares e a emergência de um grupo de mercados relacionados (Nelson e Winter, 1977; Dosi, 1988).

As categorias sobre os níveis de inovação, expostas anteriormente, apresentam a vantagem de não serem ambíguas, logo são relativamente fáceis de operacionalizar e portanto adequadas para usar em questionários (Kaufmann e Tödtling, 2001). Nesta perspectiva, a inovação empresarial é vista na óptica dos resultados do processo de inovação, considerando que inovar é fazer novo e fazer diferente, ou seja, inovar consiste em criar algo com novos elementos ou criar algo usando diferentes combinações de elementos já existentes.

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3 - PERSPECTIVA HISTÓRICA SOBRE INOVAÇÃO EMPRESARIAL

Ao longo dos últimos anos, o conceito de processo de inovação empresarial sofreu mudanças consideráveis. Entre as décadas de 50 e 80, grande parte das discussões, em torno da natureza e características do processo de inovação e dos factores que podem conduzir ou retrair o processo de inovação, centrou-se na importância relativa das componentes “mercado” e “ciência”. Mais recentemente, a perspectiva sistémica da inovação e das redes de inovação ganharam terreno neste campo, pois acrescentam e realçam a importância de outros factores que influenciam o processo de inovação.

3.1 – AS TESES DE SCHUMPETER

As teorias de Schumpeter sobre inovação e mudança tecnológica, além de constituírem uma ruptura com as teorias neoclássicas, influenciaram a pesquisa teórica e empírica sobre inovação até aos dias de hoje.

Com efeito, as teorias de Schumpeter representaram uma ruptura com as teorias neoclássicas, uma vez que o autor apresenta a inovação como endógena, ao considerar que a mesma faz parte das actividades económicas da própria empresa e, também, porque considera que a situação de monopólio conduz ao avanço tecnológico. Assim sendo, a inovação é estimulada pela estrutura de mercado e pelas actividades de I&D da empresa.

Schumpeter (1942) defende que a inovação tem essencialmente origem nas grandes empresas com base em actividades de I&D. Esta posição vem contrariar a tese neoclássica que considera “a tecnologia e a inovação como factores exógenos à empresa e ao sistema económico” (Nelson, 1987). Segundo esta linha de pensamento, as empresas são apresentadas como utilizadores passivos dos avanços tecnológicos gerados exogenamente. Também a posição de Schumpeter se desmarca da linha de pensamento dominante na altura, quando considera que a situação de monopólio conduz ao avanço tecnológico. Segundo os clássicos e neoclássicos, os monopólios eram considerados como estruturas ineficientes de mercado que conduzem a elevados preços. Schumpeter, considera esse facto verdade se a competição for feita através dos preços. Contudo, se a competição for feita com base no desenvolvimento de novos produtos, só as empresas em situação de monopólio conseguem lucros elevados para suster e financiar a I&D (Schumpeter, 1942).

(32)

A literatura de Schumpeter apresenta duas fases importantes na sua obra. A primeira fase diz respeito às posições assumidas em 1912, na “Teoria do Desenvolvimento Económico” (The

Theory of Economic Development), centradas na acção individual do empresário. Nesta obra,

Schumpeter sublinha a importância do empresário ou inovador, como a pessoa que introduz novas combinações de recursos (humanos e materiais) disponíveis, sob a forma de novos produtos ou métodos de organização. Na linha de pensamento de Schumpeter, a principal função do empresário consiste em inovar, sendo este o agente da “destruição criadora”. Esta traduz-se num processo permanente de inovação que gera sucessivos desequilíbrios no sistema económico, provocando por sua vez novos processos de inovação. Toda esta sucessão constitui um factor essencial de desenvolvimento económico.

A segunda fase surge em 1942, com a obra clássica “Capitalismo, Socialismo e Democracia” (Capitalism, Socialism and Democracy), que continua a atribuir as origens da inovação ao empresário, o qual se encontra no seio das grandes empresas. Nesta linha de pensamento, o empresário individual é substituído pelo empresário colectivo como o principal protagonista do processo de inovação e as grandes empresas apresentam capacidades internas de I&D, apropriadas para o desenvolvimento sofisticado de inovações tecnológicas. Neste sentido, Schumpeter realça a importância do papel da I&D no progresso tecnológico, assumindo a I&D como determinante da inovação.

As teses de Schumpeter tiveram repercussões nas duas abordagens que se seguiram, nas quais grande parte das discussões sobre a natureza e características do processo de inovação se centrou na importância relativa das componentes “mercado” e “ciência”.

3.2 - ABORDAGEM TECHNOLOGY-PUSH

A abordagem conhecida por technology-push ou science and technology push considera que a inovação é impulsionada por descobertas científicas e defende que a inovação tem como base os conhecimentos científicos (Figura 3.1). Os defensores desta abordagem, nos quais claramente se inclui Schumpeter, dão ênfase com às actividades de I&D -Investigação e Desenvolvimento- e argumentam que a inovação procede de invenções (ideias, conceitos) sem

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que haja qualquer tipo de estímulo proveniente do mercado. Em muita literatura esta abordagem é associada a Nelson (1959).

Figura 3.1 - Modelo de Technology-push

Fonte: Rothwell (1994)

Neste modelo a inovação apresenta-se como uma sucessão de estádios, desde as actividades científicas de base até a introdução dos novos produtos no mercado. Esta abordagem assenta nos seguintes pressupostos:

ƒ Uma empresa, que possua uma boa equipa de investigadores, detecta mais facilmente as possibilidades oferecidas pelos conhecimentos científicos e consegue transformá-los em possíveis aplicações comerciais;

ƒ A actividade inovadora depende em muito da base de conhecimentos da empresa.

Segundo estes pressupostos, a empresa que detenha um bom quadro de investigadores tem maiores possibilidades de inovar; tal como refere Rothwell (1994:40) “mais I&D significa mais resultados inovadores”.

3.3 - ABORDAGEM MARKET-PULL

A abordagem oposta, conhecida por market-pull ou demand-pull innovation considera que a procura estimula a inovação. Os defensores desta abordagem argumentam que o progresso tecnológico é determinado por factores económicos e sociais (Schmookler, 1966). Assim, o impulso para o aparecimento de inovações tecnológicas surge primordialmente de oportunidades de mercado (Figura 3.2).

Figura 3.2 - Modelo de Demand-pull

Fonte: Rothwell (1994) Ciência

de Base

Design e

engenharia Fabrico Comercialização Vendas

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Nesta abordagem, os relacionamentos entre o pessoal da produção e de marketing condicionam a capacidade de resposta às necessidades e às solicitações do mercado, na procura de soluções e oportunidades de negócio.

Estas abordagens tradicionais, apesar das diferenças existentes entre elas, representam a inovação numa perspectiva linear, na qual se pressupunha que a investigação e o desenvolvimento resultariam em invenções que seriam posteriormente comercializadas. Esta visão linear vigorou durante muito tempo e dominou o debate sobre a mudança tecnológica. No entanto, foi alvo de posteriores críticas, devido nomeadamente, quer à excessiva ênfase dada à I&D, esquecendo os outros factores de inovação (OCDE, 1992), quer, ainda, à divisão de etapas isoladas sem ter em conta o processo de interacção e retroacção.

3.4 - MODELO INTERACTIVO DA INOVAÇÃO

No final da década de 70, na sequência do estudo empírico realizado na indústria química por Freeman (1979), teve lugar uma a ruptura com a perspectiva tradicional, com o modelo interactivo da inovação, que combina os factores das abordagens demand-pull e

technology-push. Surge uma visão interactiva do processo de inovação que considera como principais

forças impulsionadoras da inovação, as oportunidades científicas e tecnológicas, combinadas com as necessidades económicas que emergem do mercado e da sociedade (Freeman, 1979). Segundo afirma Freeman (1979:210), os resultados do seu estudo empírico parecem apoiar ambos os lados do debate e considera que os resultados do seu trabalho são “como uma refutação de abordagens simplificadas, bem como, uma base para uma perspectiva mais adequada, se bem que mais complexa das interacções entre avanços científicos, técnicos e económicos”.

Os estudos empíricos que se seguiram, sobre o tema da inovação, vieram mostrar que os modelos lineares de demand-pull e technology-push, eram simplificações da realidade, uma vez que não reflectiam os diferentes factores e a natureza das inovações salientadas nesses mesmos estudos (Nelson, 1981). As evidências estatísticas desses estudos foram realçadas pelos evolucionistas através dos seguintes aspectos:

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• Existe uma interacção entre as estratégias tecnológicas das empresas e os mecanismos de selectividade do mercado. Esta relação constitui o ponto central do modelo evolucionista de Nelson e Winter (1982). De acordo com o trabalho desenvolvido por estes evolucionistas e posteriormente consolidado por Nelson (1987), a inovação é introduzida no sistema por novas técnicas de produção, mas esse mesmo sistema dispõe de um mecanismo que promove a selecção entre as entidades do sistema, através das quais umas se tornam mais importantes do que outras. O mecanismo é a pressão competitiva do mercado em que se situam os diversos agentes, seleccionando as boas ideias inovadoras das restantes e o lucro representa a parte visível do mérito. • Na perspectiva evolucionária, a inovação apresenta-se como um processo cumulativo

onde se evidenciam mecanismos de aprendizagem na produção (learning by doing) e na utilização (learning by using); este aspecto foi realçado por Rosenberg (1982) e posteriormente retomado por Lundvall (1992).

• Na teoria evolucionária considera-se que o progresso técnico é determinado pelo esforço de I&D realizado pelas empresas, mas também pelo esforço de I&D realizado pelo Estado. Ao Estado é atribuído um papel importante pelo estímulo que pode ter na promoção de programas de investigação que associem as universidades e as empresas. As universidades também são vistas neste quadro teórico como detendo um papel importante na investigação fundamental, mas sobretudo no desenvolvimento de novas oportunidades de aplicação do conhecimento tecnológico em articulação com a investigação empresarial.

Estes aspectos são representados no modelo interactivo de inovação ligada em cadeia

(Chain-linked model - Figura 3.3) de Kline e Rosenberg (1986).

Figura 3.3 - Modelo Interactivo de Inovação Ligada em Cadeia (Chain-linked model)

Investigação Conhecimentos Mercado

potencial Invento e/ou desenho do modelo

Detalhe do

modelo e teste Revisão do modelo e produção

Distribuição e comercialização

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Este modelo coloca a ênfase no processo de retroacção (feed-back) existente entre os estádios a jusante e a montante do modelo linear, evidenciando as interacções entre a ciência e a tecnologia ao longo das diversas fases de grande parte dos processos de inovação. Neste modelo, a inovação envolve avanços e recuos, o envolvimento de várias unidades funcionais da empresa, e não só do departamento de I&D, ligações com centros não empresariais de I&D em que os fluxos de conhecimento envolvem rectroacções.

O modelo interactivo da inovação caracterizava a inovação através de processos de aprendizagem interactiva que ocorrem predominantemente dentro das fronteiras de uma empresa (departamento de I&D), e entre esta e actividades a montante (fornecedores de bens, serviços e tecnologia) ou a jusante (marketing e distribuição, clientes industriais, consumidores finais).

Neste modelo, a empresa está inserida num mercado e num contexto de ciência e tecnologia, com o qual interage e do qual retira inputs para as complexas actividades internas de inovação. Nessas actividades internas, diferentes áreas funcionais interagem entre si e a inovação resulta dessas mesmas interacções, das trocas de informação e das ligações de retorno, tendo em vista as necessidades da economia e as pressões do mercado.

Apesar de este modelo considerar que alguns factores externos influenciam o processo de inovação, ainda subestima o papel dos factores externos mais gerais. Esta mesma deficiência viria a ser colmatada pela abordagem sistémica da inovação, desenvolvida desde os finais da década de 80 e que se irá expor de seguida. Contudo, convém referir que existe uma afinidade muito próxima entre a teoria evolucionária e a abordagem sistémica da inovação e que esta mesma ligação se torna muito importante para compreender o processo de inovação (Edquist, 2001).

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4 – ABORDAGENS ACTUAIS DE REFERÊNCIA SOBRE INOVAÇÃO

EMPRESARIAL

4.1 – ABORDAGEM SISTÉMICA DA INOVAÇÃO EMPRESARIAL

Como se depreende do que foi escrito anteriormente, as perspectivas acerca do processo de inovação empresarial mudaram consideravelmente nos últimos anos. Hoje em dia, o conceito de “sistema” está profundamente enraizado na teoria da inovação.

A perspectiva sistémica da inovação desenvolveu-se em meados da década de 80 (Freeman, 1987, 1988; Lundvall, 1985,1988,1992; Nelson, 1993 e Edquist, 1997) e veio enriquecer a análise da inovação, considerando factores para além dos tradicionais, tais como a organização institucional, a cultura e a história dos países e regiões, onde a inovação ocorre e se dissemina.

No desenvolvimento conceptual de sistema de inovação, Lundvall (1992) torna explícito que os desenvolvimentos teóricos da abordagem do sistema de inovação foram influenciados por diferentes teorias de inovação tais como: teoria da aprendizagem interactiva e teoria evolucionária. Lundvall (1992) estabelece claramente uma relação entre sistema de inovação e a teoria da inovação, dando ênfase ao processo de aprendizagem e à interacção entre utilizador-produtor.

Recentemente, conceitos teóricos mostram que não existe um simples e específico sistema de inovação, mas, pelo contrário, vários sistemas sociais participam no processo de inovação. Kaufmann e Tödtling (2001) diferenciam e destacam três sistemas sociais: sistema político, sistema de indústria (negócios) e sistema de ciência. Segundo Kaufmann e Tödtling (2001), não existe uma sobreposição entre os sistemas mas uma interacção entre eles (Figura 4.1:25). Estes sistemas têm diferentes modos de interpretação, regras de decisão, objectivos e normas de comunicação. O sistema de indústria (negócios) está orientado para o lucro e as comunicações fazem-se por via do mecanismo de preços, enquanto, o sistema de ciência está orientado para a produção de conhecimentos e a comunicação se efectua por via das publicações. As interacções entre estes dois sistemas: -Indústria e Ciência- podem proporcionar resultados positivos na inovação empresarial.

Referências

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