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PARTE II DA TEORIA À PRÁXIS: CONTEXTOS DA PRÁTICA

Capítulo 6 – Prática em Contexto do 4 ° Ano do 1 ° CEB

6.2.1 Momentos de aprendizagem significativa e ativa

6.2.1.2. Construção de raciocínios matemáticos em grupo

No contexto das aulas de Matemática, uma das dificuldades detetadas em consideração ao grande grupo foi a capacidade de formular estratégias para resolver problemas, operações e outras situações que envolvessem o raciocínio matemático. Face à problemática identificada, direcionei a minha atenção para o desenrolar de uma atividade em que os alunos trabalhassem estes critérios de uma forma mais ativa, criativa e partilhada.

De acordo com o Programa e Metas Curriculares de Matemática do Ensino Básico (Bivar et al., 2013), uma das finalidades do ensino da Matemática prende-se com a habilidade de estruturar o pensamento, na medida em que a apreensão de conceitos matemáticos fomenta o raciocínio hipotético-dedutivo, ou seja, a capacidade de observar, analisar e comunicar de forma objetiva. Optei, então, por uma dinâmica de aula em que os alunos construíssem o seu saber, tentassem alcançá-lo através da interação entre os colegas de turma numa atividade em que eu, como professora, desempenhasse um papel de dinamizadora da aprendizagem (Ponte & Serrazina, 2000).

Com o objetivo de permitir uma expressão despreocupada dos seus pensamentos e ideias, organizei a turma em pequenos grupos, juntando os alunos com mais dificuldades com os alunos com menos dificuldades e fomentando um trabalho cooperativo de partilha de descobertas e de estratégias de resolução de problemas entre ambos (Matos & Serrazina, 1996; Ponte & Serrazina, 2000; Lopes & Silva, 2009).

Uma vez que os conteúdos a trabalhar se centravam na resolução de problemas segundo estratégias de raciocínio lógico-matemático, os alunos teriam de relacionar e operar sem conhecer previamente um

processo mecanizado para a solução. No sentido de auxiliar a compreensão do significado das relações entre as operações numéricas, e de motivar sem renegar o rigor necessário, preferi utilizar recursos manipulativos, tais como o Material Multibásico (MAB) e outros materiais para facilitar a compreensão de conceitos matemáticos (Alsina, 2004).

A atividade, pensada para

Figura 78. Utilização do MAB para resolver os

problemas (07-11-2018).

responder a estas referências, foi planeada para, aproximadamente, 1 hora e consistiu numa sequência de momentos, com uma organização lógica, destinados à utilização de estratégias para resolver problemas33. Primeiramente, teria de ser introduzido o conceito, isto é, preparar o raciocínio da turma pela resolução, em conjunto, de um problema que fosse familiar, apresentando duas estratégias distintas para chegar ao resultado. Como tal, recorri à temática da obra estudada em Português, estabelecendo uma ligação com o real. Em seguida, constituí 5 grupos de trabalho seguindo um critério de heterogeneidade, em que os alunos com mais dificuldade são ajudados pelos que dominam, relativamente, a matéria, criando um espaço de interajuda (Alsina, 2004). Organizado o espaço de sala de aula, de forma a promover um melhor ambiente de aprendizagem entre o grupo, distribuí um problema a cada, acompanhado de uma folha em branco.

O objetivo desta atividade, que foi explicado previamente, residia na exploração dos materiais dispostos, numa mesa à parte, tais como folhas coloridas, o MAB, tesouras, cola e canetas de feltro, para construir a forma de raciocínio utilizada na resolução do problema. Na folha branca tiveram de colar primeiro o problema e, depois de discutidas as estratégias e o material a utilizar, apresentar a solução na mesma folha, para posterior comunicação e explicação à turma.

33 Para Planificação 3, dia 7 de novembro de 2018, ver Pasta 2 – APÊNDICES DA PARTE II (Prática III

Relatório de Estágio de Mestrado Parte II – Da Teoria à Práxis: Contextos da Prática Pedagógica Ao recorrer a estes materiais, com o propósito mencionado, os alunos foram

facilitando a construção de conceitos matemáticos, que se notou aquando da comunicação dos resultados ao grande grupo, promovendo, assim, um processo de ensino- aprendizagem apenas entre alunos (Ponte & Serrazina, 2000). Importa referir que os problemas distribuídos a cada grupo eram adequados à intenção predefinida, pelo que não transpareciam logo que cálculo concretizar, mas estimulavam à descoberta para compreender o contexto e consciencializar-se acerca das múltiplas estratégias possíveis para a sua resolução (Matos & Serrazina, 1996).

Figura 79. Resolução em grupo, e com materiais diversos, dos problemas matemáticos

(07-11-2018).

A dinâmica de trabalho em grupo revelou-se essencial pois, enquanto que, os alunos com menos confiança, inicialmente, se mostravam passivos, os alunos mais desinibidos puxavam por eles, estabelecendo uma “ligação de sucesso/persistência” (Matos & Serrazina, 1996, p. 172). Esta interação positiva entre os elementos do grupo

Figura 80. Algumas criações/resoluções dos problemas matemáticos.

desenvolveu a capacidade, de aprender e de trabalhar os conteúdos matemáticos, de todos os alunos.

Um dos aspetos mais evidentes do sucesso desta atividade, aliada ao fator- motivação, manifestou-se nos níveis de interesse e empenho, pelos alunos, aquando do momento de comunicar/apresentar os seus problemas e as suas estratégias de resolução. A comunicação, no contexto matemático, é imprescindível para a compreensão do processo de raciocínio dos alunos e implica a reflexão acerca de conceitos matemáticos e de como colocá-los em prática de uma forma mais clara. Ao desempenhar o papel de professor, os alunos, utilizando a linguagem icónica, para explicar aos colegas o seu raciocínio, não só clarificam as suas estruturas cognitivas, como também ajudam na aprendizagem dos outros alunos (Matos & Serrazina, 1996; Ponte & Serrazina, 2000).

No termo desta atividade compreendi que a realidade que nos circunda cada vez menos nos dá oportunidades de explorar significados e pensar estrategicamente, pelo que é função da escola colmatar esta fraqueza. A possibilidade de construir aprendizagens através da resolução de problemas matemáticos alia-se ao desenvolvimento das capacidades criativas e críticas dos alunos dentro da sala de aula. O professor deverá, então, conhecer a sua turma de forma a cumprir uma função de acompanhamento das interações entre alunos, deixando-os partilharem livremente as suas ideias. Na prática, pretendi a promoção de aprendizagens significativas, em que os alunos tivessem um papel ativo, desenvolvendo as habilidades de comunicar matematicamente.

Relatório de Estágio de Mestrado Parte II – Da Teoria à Práxis: Contextos da Prática Pedagógica Concluindo, os objetivos distinguidos na planificação foram atingidos, tendo em

conta que, além de haver uma apreensão de conceitos matemáticos, constatou-se uma evolução de capacidades a nível cognitivo e social.