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Reflexão Crítica sobre a Prática Pedagógica em Contexto de Creche/EI

PARTE II DA TEORIA À PRÁXIS: CONTEXTOS DA PRÁTICA

Capítulo 4 – Prática em Contexto de Creche/EI

4.3 Reflexão Crítica sobre a Prática Pedagógica em Contexto de Creche/EI

Conhecidos os desenvolvimentos teóricos e práticos desta intervenção pedagógica, importa refletir sobre todo o processo, de forma a transparecer a minha evolução a nível profissional e, também, pessoal. Os objetivos desta componente interventiva centraram-se na integração dos conhecimentos teóricos, considerando as características do grupo e as opções metodológicas privilegiadas, numa realidade que foi, numa primeira semana, observada e analisada. O colmatar de todo o processo formal objetivou, principalmente, a promoção e o desenvolvimento do meu perfil como educadora.

Ao longo da prática pedagógica, optei por adotar os pressupostos metodológicos e pedagógicos das teorias de Piaget, Vygotsky, Papert, Oliveira-Formosinho, Hohmann e Weikart, na medida em que procurei proporcionar aprendizagens significativas, realizadas de forma ativa, assentes na pedagogia em participação, valorizando a autonomia e a livre expressão. Estes princípios constituíram a base para todas as estratégias que foram delineadas, com a finalidade de comprovar, na prática, os conhecimentos teóricos de que as crianças, desde precoce idade, são capazes de explorar e realizar tarefas autonomamente e têm um maior desenvolvimento quando aprendem através dessas ações.

Segundo as OCEPE (Silva, Marques, Mata & Rosa, 2016), o educador de infância tem a responsabilidade de construir e gerir o currículo, planeando e agindo com

intencionalidade educativa, perante as particularidades do grupo de crianças, refletindo sobre as mesmas, mas, mais importante, sobre a sua prática pedagógica. Implica, portanto, que, nesta fase inicial, reflita sobre o contexto em que interage, de forma a adaptar e melhorar a sua prática em favor do mesmo. No entanto, não se pode restringir a práxis pedagógica a instantes pré-definidos, com todos os passos bem traçados, mas sim elaborar e preparar propostas e previsões, tendo sempre em consideração a intencionalidade educativa. Assim, as várias intervenções foram planeadas atendendo aos interesses e necessidades das crianças, mas, também, à diversidade de experiências, materiais e espaços físicos disponíveis.

As temáticas trabalhadas pretenderam abordar, de uma forma global e no contexto, objetos e sujeitos reais, tornando significativa e motivadora a aprendizagem e proporcionando uma melhor diversidade e qualidade da educação. As estratégias e atividades desenvolvidas ocasionaram momentos de interação entre as crianças e adulto- criança, no sentido de valorizar a expressão individual e promover dinâmicas colaborativas. As crianças, através da experimentação autónoma e guiada das atividades, desenvolveram a sua expressão individual, de acordo com os seus interesses, o espírito cooperativo, o entusiasmo e a participação direta, construindo o seu saber sustentado (Oliveira-Formosinho & Formosinho, 2012).

Relativamente à questão de investigação acerca do desenvolvimento da expressão verbal, teoricamente não existem estratégias específicas e unicamente direcionadas para o objetivo de estimular a linguagem oral, sendo que deverá ser abordada de forma natural e interligada com outras temáticas. No entanto, deve ser dado sempre espaço à criança para se expressar, respeitando a sua vontade e liberdade, ao consolidar com o desenvolvimento da sua linguagem. Neste sentido, como educadora/estagiária pretendi proporcionar momentos de estimulação, colmatando as dificuldades que existiam. O processo é, e foi, longo, mas não implica uma focalização num só problema, mas sim uma abordagem transversal a nível de todas as DDA. Concluo que este projeto se revelou incompleto, considerando que não foi possível verificar grande evolução, dada a escassez de tempo. A questão-problema ficou definida um pouco mais tarde do que era esperado, o que provocou um atraso na planificação e operacionalização das estratégias. Todavia, este trabalho foi continuado pelas educadoras, no sentido de promover o bom desenvolvimento das crianças deste grupo.

Segundo a Lei-Quadro da Educação Pré-Escolar (Lei n.º 5/97, de 10 de fevereiro, capítulo IV, artigo 10.º), um dos objetivos da Educação Pré-Escolar é “incentivar a

Relatório de Estágio de Mestrado Parte II – Da Teoria à Práxis: Contextos da Prática Pedagógica participação das famílias no processo educativo e estabelecer relações de efectiva

colaboração com a comunidade” (p. 671). Como tal, é notório que o processo de colaboração com a comunidade e com os encarregados de educação tem efeitos positivos na educação das crianças, particularmente na perspetiva da socialização, bem como no desenvolvimento e na aprendizagem dos adultos intervenientes na mesma. Neste sentido, foram desenvolvidas várias intervenções que procuraram envolver a comunidade educativa, mais concretamente centradas nas épocas festivas como o Pão-por-Deus e o Natal. Os valores privilegiados nestas intervenções interligaram-se harmoniosamente com o lema orientador do Projeto Educativo de Escola 2016-2020 intitulado “Escola em valores: saber mais, ser melhor e viver feliz”, possibilitando a promoção de um ambiente educativo ajustado ao contexto.

Por fim, é necessário reafirmar que, no decorrer da prática pedagógica, a reflexão foi sempre um elemento presente pois, à medida que desenvolvia alguma estratégia, utilizava algum material ou abordava determinado tema, analisava também as reações e as manifestações das crianças. Esta análise teve por objetivo adaptar a minha intervenção, procurando sempre melhorá-la. Assim, a permanente atitude reflexiva acerca da funcionalidade e adequação dos materiais permitiu uma melhor organização e consequente modificação de acordo com as necessidades e a evolução do grupo. Um fator importante no reconsiderar da prática pedagógica e da adequação de estratégias e atividades consistiu na partilha e comunicação com a educadora cooperante e a equipa da sala, permitindo a troca de impressões acerca das ocorrências diárias e possíveis condicionantes.

Em suma, esta prática pedagógica, além de me proporcionar uma excelente experiência a nível profissional, permitiu-me um grande desenvolvimento a nível pessoal. Aprendi com os exemplos e indicações dadas pela educadora cooperante, que também me deu total liberdade para desenvolver a minha intervenção, o que contribuiu para o resultado final que assumo ser positivo. Posso afirmar que as circunstâncias do fator tempo foram as que mais condicionaram o trabalho desenvolvido, mas não condicionou a aprendizagem significativa nem o desenvolvimento das competências das crianças, pretendidas à priori. Tais circunstâncias só me ajudaram mais a estar pronta para todo o tipo de percalços que surjam quando me auto proponho a concretizar os objetivos delineados.